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quinta-feira, março 02, 2017

Embrapa lança BRS Quênia, o capim que todos esperavam



É o segundo híbrido de Panicum maximum desenvolvido pela Embrapa Gado de Corte que chega ao mercado em agosto


O novo capim será lançado na Dinâmica Agropecuária – DINAPEC, entre os dias 8 e 10 de março na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande (MS). Resultado de décadas de estudos a BRS Quênia é a prova da experiência, dedicação e competência dos cientistas que trabalham com programa de melhoramento genético, no caso, de cultivares de Panicum maximum. “A BRS Quênia é uma combinação perfeita e por ser híbrida (resultado de cruzamento entre plantas) supera em todos os quesitos”. A afirmação é de sua criadora, a pesquisadora Liana Jank, que há dois anos juntamente com outros pesquisadores, lançou no mercado o primeiro híbrido de panicum, a BRS Tamani.


Os quesitos se referem à alta produção, qualidade da forragem e facilidade de manejo, tudo que se espera de uma planta e que o mercado precisa para intensificar a produção animal e suprir a demanda por plantas da espécie Panicum maximum. Trabalhar o melhoramento de plantas é uma necessidade para o Brasil que é o primeiro produtor e exportador mundial de carne. Sendo detentor do segundo maior rebanho bovino no mundo, com 209 milhões de cabeças (IBGE), com rebanho mantido basicamente a pasto, a busca por novas forrageiras, mais adaptadas e produtivas é uma constante. O trabalho de melhoramento genético é feito desde 1982 e a Embrapa já lançou várias cultivares como Tanzânia-1, Mombaça, Massai, Zuri, BRS Tamani e agora BRS Quênia com cruzamento realizado em 1990.


Os estudos passou por uma série de seleções entre elas: visual, resistência a pragas e doenças, desempenho animal, pastejo, resposta à adubação e produção de sementes. A planta se sobressaiu em todos os ensaios que foram conduzidos nos Estados de Mato Grosso do Sul, Brasília, Rondônia, Acre, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. 


Quanto ao desempenho animal – ganho de peso, taxa de lotação e produtividade, em experimento sob pastejo conduzido em Campo Grande por três anos, a planta superou outras cultivares de panicum tanto nas águas quanto na seca. A pesquisadora Liana Jank observa que mesmo não havendo diferenças significativas no ganho de peso, durante o período das águas, o desempenho animal foi 17,6% superior quando comparado com outra cultivar. E nos ensaios realizados sob pastejo no Bioma Amazônia, a cultivar BRS Quênia também foi superior no ganho de peso animal comparado ao capim Tanzânia, com peso vivo superior a 860 quilos por hectare na média dos dois anos de estudos, o que equivale a 28,7 arrobas por hectare por ano. Isso, segundo os pesquisadores, se deve ao fato de a BRS Quênia possuir colmos mais tenros, valor nutritivo superior com maior digestibilidade da matéria orgânica e maiores teores de proteína bruta. Ainda na região, em Rio Branco, no Acre, o comportamento da planta foi avaliado como intolerante ao encharcamento do solo, portanto, essa cultivar deve ser plantada em solos bem drenados – recomendam os pesquisadores. 


A BRS Quênia responde melhor em solos férteis
Para um bom e rápido estabelecimento dessa planta e para manter sua produtividade a fertilidade do solo deve estar equilibrada. A quantidade de fósforo a ser utilizada, por exemplo, depende do nível de argila do solo; em solo muito argilosos - maior que 60% - a quantidade de fósforo deve ser de 4 a 5 mg/dm³ e em solos menos argilosos, - menor que 15% - a quantidade de fósforo deve ser de 18 a 21 mg/dm³. Deve-se também verificar os níveis de potássio, zinco e outros nutrientes, o que deve ser feito por meio de análise e por profissionais habilitados. “Na fase de utilização da pastagem, os níveis de reposição de nutrientes devem ser equivalentes aos níveis de produção animal, a fim de não diminuir a longevidade do pasto e a produção de carne ou leite”, recomenda a pesquisadora Liana. 


Indicações de plantio e a superioridade da planta 
O solo deve ser bem preparado para receber as sementes. A recomendação é utilizar de 3 a 4 quilos de sementes puras viáveis por hectare em uma profundidade de 2 a 5 cm. A semeadura também pode ser em plantio direto, dizem os pesquisadores envolvidos nos trabalhos. Eles afirmam que normalmente, 10 a 20% das sementes puras viáveis de panicum se estabelecem, e nesse caso, 20 plantas por metro quadrado é o mínimo para um estabelecimento razoável. Ainda segundo os especialistas, um número maior de plantas – 30 a 60 por metro quadrado – garante uma boa formação do pasto. Esta maior população proporciona uma rápida formação do pasto e cobertura do solo, além de reduzir a presença de plantas daninhas, evitar o escorrimento de água e a erosão do solo possibilitando com maior rapidez a utilização da pastagem e maior produção animal. Já o primeiro pastejo pode ser feito de 50 a 60 dias após o surgimento das plantas. E a altura ideal para entrar com animais é de 70 cm, “passou disso o pasto acama, mas mesmo assim o animal come, e essa é mais uma característica positiva e interessante desse novo hibrido”, diz Liana Jank. 


Seis Unidades da Embrapa, incluindo a Gado de Corte, como Acre, Cerrados, Gado de Leite, Pecuária Sul e Rondônia participaram dos estudos e a conclusão é de que o híbrido BRS Quênia possui alta qualidade de forragem e alto potencial produtivo quando cultivado em solos bem drenados, sendo indicado para sistemas intensivos de produção animal. “O principal diferencial da BRS Quênia, em relação às cultivares Tanzânia e Mombaça é a melhor arquitetura de planta, com touceiras de menor tamanho, maior densidade de folhas verdes e macias, colmos tenros e menores porcentagens de material morto, facilitando o manejo do pastejo e a manutenção da estrutura do pasto mais favorável ao elevado consumo da forragem pelo gado”, revela Liana Jank.

As boas características dessa nova cultivar foi também percebida por um grupo de 19 pecuaristas que classificaram 23 tipos de Panicum maximum. A cada um dos capins foi atribuído uma nota sendo a BRS Quênia quem obteve a melhor classificação superando as cultivares Mombaça, Tanzânia, Milênio, Massai e Aruana.




Os estudos com a BRS Quênia continuam com análises de sua potencialidade para produção leiteira na Embrapa Gado de Leite, em Coronel Pacheco (MG) e na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP). 
Informações detalhadas de todo trabalho realizado podem ser encontradas no comunicado técnico nº 138 intitulado: O capim BRS Quênia (Panicum maximum Jacq.) na diversificação e intensificação das pastagens.


Redação: Eliana Cezar (MTb 15.410/SP), jornalista Embrapa
Núcleo de Comunicação Organizacional - NCO
Embrapa Gado de Corte
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Campo Grande/MS



Telefone: +55 67 3368-2142

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