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segunda-feira, outubro 30, 2017

Embrapa discute raças bovinas crioulas na fronteira com a Bolívia


O objetivo é buscar proximidade genética com as raças localmente adaptadas brasileiras

Foto: Pedro Paulo Horton
Pedro Paulo Horton - O objetivo é buscar proximidade genética com as raças localmente adaptadas brasileiras
O objetivo é buscar proximidade genética com as raças localmente adaptadas brasileiras
Durante uma palestra realizada em Arroyo Concepción, na Bolívia – a cerca de 10 km de Corumbá (MS) – a pesquisadora Raquel Soares, da Embrapa Pantanal, conversou com universitários do país vizinho sobre raças bovinas localmente adaptadas presentes na fronteira. “Queremos ver o que eles conhecem, entender quais são as expectativas e perspectivas para a conservação e uso dessas raças no país deles”, afirma a pesquisadora que busca a existência de rebanhos crioulos entre proprietários rurais, universidades e instituições de pesquisa locais.
O contato com os vizinhos da Bolívia, diz Raquel, é uma forma de procurar ´parentes´ da raça conhecida como bovino Pantaneiro, encontrada no Pantanal brasileiro, nas raças bovinas crioulas presentes em território boliviano. “Tenho notícias por publicações científicas e por conversas com os moradores daqui que existem pelo menos dois tipos de gado crioulo na região: o Yacumeño e o Chiquitano.  Mas não sabemos, ainda, qual é a proximidade desses animais – em termos de perfil genético – do nosso bovino Pantaneiro”.
O Pantaneiro, bovino que passou por quinhentos anos de seleção natural em meio aos extremos ambientais do bioma, desenvolveu uma rusticidade característica da raça. Ele pode pastejar em locais alagados, manter taxas reprodutivas satisfatórias mesmo em períodos com menor disponibilidade de alimentos como a seca, possui baixa exigência nutricional, habilidades maternas e diferenciais para a produção de carne e leite. Porém, existem apenas cerca de 500 animais comprovadamente Pantaneiros no país, atualmente – o que os coloca em risco de extinção e aumenta a urgência da conservação de seu material genético.
“Nos trabalhos que fizemos de genotipagem e comparação entre as raças, vimos que o bovino Pantaneiro tem uma proximidade com o Pilcomayo, que é um gado do Paraguai. Temos uma história que justifica isso: o sul de Mato Grosso do Sul (a região depois da Serra da Bodoquena), que também tinha bovinos Pantaneiros, faz divisa com o Paraguai. O gado de Porto Murtinho, por exemplo, provavelmente tem muita influência dos animais desse país. É de se esperar, portanto, que a nossa fronteira de Corumbá e do Mato Grosso, na região do Pantanal, também tenha alguma interferência genética entre as raças”, diz a pesquisadora.
Encontrar paralelos genéticos entre os animais do Brasil e da Bolívia poderia beneficiar a genética dos animais dos dois países. “A gente pode pensar em aumentar o nosso rebanho – dependendo da proximidade genética com o gado crioulo deles – usando o material genético que eles tiverem disponível. Podemos utilizar fêmeas de raças adaptadas bolivianas e introduzi-las no Brasil para cruzar com os machos Pantaneiros. Assim, teríamos uma raça próxima, com características adaptativas aproximadas da raça brasileira, com uma possível chance de recuperação: em cinco gerações, ela poderia ser absorvida pelo bovino Pantaneiro”.
Os primeiros contatos, como o que foi estabelecido por meio da palestra ministrada aos universitários, representam o início do trabalho de comparação entre as raças bovinas adaptadas. “Queremos analisar a genética desses rebanhos através de genotipagem por DNA e verificar a possibilidade de troca de animais ou embriões para tentar cruzamentos”, diz Raquel. “É interessante também verificar se a alguém na Bolívia tem interesse de desenvolver o trabalho de conservação genética do gado crioulo que eles possuem. Assim, podemos desenvolver trabalhos paralelos, mas que têm uma mesma finalidade, que é a conservação e o uso de raças localmente adaptadas”.
A Embrapa Pantanal mantém desde 1984 um núcleo de conservação in situ desses animais, mantido no campo experimental fazenda Nhumirim, no Pantanal da Nhecolândia. Para a pesquisadora, o trabalho em conjunto com os vizinhos bolivianos fortalece a expansão de uma linha de pesquisa que, hoje, possui abrangência local, principalmente. “Assim, mantemos a diversidade genética e difundimos melhor as informações com as quais trabalhamos”.

Nicoli Dichoff (Mtb 3252/SC) 
Embrapa Pantanal 

Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO)
Embrapa Pantanal
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Corumbá/ MS

sexta-feira, outubro 27, 2017

CNC - Balanço Semanal de 23 a 27/10/2017


BALANÇO SEMANAL — 23 a 27/10/2017

Conselho do Agro debate política de crédito agrícola e necessidade de modernização do seguro rural;

A pedido do presidente do CNC, colegiado também se manifestará favorável ao teor da Portaria nº 1.129 do Ministério do Trabalho


CONSELHO DO AGRO — O presidente executivo do Conselho Nacional do Café (CNC), deputado Silas Brasileiro, participou, na quarta-feira, 25 de outubro, da 10ª Reunião do Conselho das Entidades do Setor Agropecuário – Conselho do Agro, realizada na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A pauta do encontro focou em seguro rural, taxa de juros do crédito rural e política de crédito agrícola.

Na oportunidade, o presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), Sérgio Agapito Lires Rial, explicou que atualmente o produtor rural não tem capacidade para negociar, uma vez que quando vende sua produção para uma trading, embora não perceba, já estão embutidos os juros.

Em relação especificamente ao Seguro Rural, que onera o produtor, o prêmio pago do seguro agrícola no Brasil é da ordem de 6% a 7% devido ao fato de não existir um mercado competitivo para seguros. Para ele, visando a uma concorrência correta, é necessária uma proposta de um modelo privado de crédito e seguro rural, nos moldes do leilão tecnológico holandês, para que se possa competir de forma linear.

O presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), ministro Alysson Paolinelli, anotou que o crédito rural já foi exemplo na década de 80 e citou a transferência de recursos de crédito de investimentos na década de 60, como o Fundagro e o Funcafé, dentre outros. Ele disse, ainda, que desde o primeiro Plano Econômico o Brasil acabou com o crédito rural e o crédito de comercialização e concluiu que o grande desafio é saber como gerar a concorrência do seguro, mobilizando o setor financeiro.

O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, que coordenou a reunião, propôs um trabalho conjunto dos comitês do setor estratégico da CNA e da entidade para que possam olhar o futuro e traçar a melhor política para a agropecuária, de acordo com os interesses da produção. Segundo ele, o que o setor sente é a evolução do sistema financeiro privado, que nos propõe soluções para o financiamento da agropecuária brasileira no futuro, sem a participação governamental.

O presidente executivo do CNC manifestou seu entusiasmo com a construção de uma política futura do agronegócio, conduzida em conjunto pela representação da CNA e da OCB. Silas Brasileiro destacou uma grande conquista proposta pelo Conselho, com apoio da Organização, na Resolução do Banco Central do Brasil n.º 4.603, de 19 de outubro de 2017, a qual dispõe sobre ajustes nas normas de financiamento com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira, autorizando a redução do spread bancário nas operações com recursos do Funcafé (até então de 4,5%), já tendo exemplos de alguns agentes financeiros praticando um spread de 2,5% a 4%.

Ao tempo em que recorda que o CNC e as demais entidades do setor são contrários a todo e qualquer tipo de trabalho análogo à escravidão, assim como repudiam trabalho forçado, jornadas exaustivas e condições degradantes, ele propôs que o Conselho do Agro se manifeste oficialmente a respeito da Portaria n.º 1.129 do Ministério do Trabalho, que dispõe sobre os conceitos de trabalho forçado, jornada exaustiva e condições análogas à de escravo para fins de concessão de seguro-desemprego.

O presidente do CNC salientou, ainda, que o empecilho do setor é que a legislação trabalhista, datada de 1943, não dá a clareza devida a trabalho análogo à escravidão, degradante e exaustivo, o que causa uma enorme insegurança jurídica ao setor. A sugestão foi acatada unanimemente e, em nome do Fórum, a CNA produzirá minuta de texto que será encaminhada para aprovação dos conselheiros e posteriormente enviada aos órgãos competentes.

Por fim, o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins, anotou que o setor precisa ser proativo e colocar seu posicionamento junto ao Governo Federal, alertando que a proposta lançada pela CNF, de modelo privado de crédito e seguro rural, vem ao encontro do que tem sido defendido pelo setor do agro brasileiro.

MANEJO INTEGRADO DA BROCA

Também na quarta-feira, o CNC e as demais entidades da cadeia produtiva lançaram, durante a Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte (MG), um vídeo sobre o manejo integrado da broca do café, com o objetivo de auxiliar os produtores no combate à praga.

A iniciativa atende a um pedido da base produtora e do setor industrial, que demonstraram preocupação com um pequeno aumento da incidência da praga nos cafezais este ano.

O material, desenvolvido em parceria com a CNA, o Cecafé, a Abic e a Abics, apresenta as ações a serem adotadas no campo para evitar o ataque da praga, focadas principalmente na correta realização da colheita. Além disso, também são disponibilizadas informações a respeito das condições climáticas mais favoráveis ao aparecimento da praga e o método de controle do ciclo de vida da broca.

Entendemos que, ao possibilitar o correto manejo dessa praga, auxiliamos para que o produtor tenha um menor custo no controle da broca e, consequentemente, evite a depreciação do seu café. Recordamos que a qualidade dos grãos beneficia todos os elos da cadeia produtiva e, com o vídeo, demonstramos que é simples mantê-la em todo o processo. Saiba como fazer o manejo integrado da broca do café: https://youtu.be/Cvd2qLWaAW4.

FUNCAFÉ — De acordo com informações disponibilizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) até a manhã desta sexta-feira, 27, o volume de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira liberado aos agentes financeiros, com data de referência de 20 de outubro, chegou a R$ 2,508 bilhões (clique na tabela abaixo), representando 54,6% do total de R$ 4,598 bilhões solicitados na temporada cafeeira atual.

Do montante recebido pelas instituições, R$ 1,119 bilhão foi destinado para a linha de Estocagem; R$ 553,1 milhões ao Financiamento para Aquisição de Café (FAC); R$ 476,9 milhões para Custeio; e R$ 359 milhões para as linhas de Capital de Giro, sendo R$ 179,6 milhões para Cooperativas de Produção, R$ 124,8 milhões para Indústrias de Torrefação e R$ 54,6 milhões para o setor de Solúvel.

MERCADO — Em uma semana marcada por falta de interesse dos participantes no mercado internacional, os futuros do café registraram leves perdas. Em Nova York, o contrato C com vencimento em dezembro, permanece dentro do intervalo entre US$ 1,2300 e US$ 1,2550, tendo encerrado a sessão de ontem a US$ 1,2455, com queda de 70 pontos ante a sexta-feira passada. Na ICE Futures Europe, o contrato novembro do café robusta caiu US$ 25, negociado a US$ 1.995 por tonelada.

No Brasil, o clima no cinturão produtor vem melhorando, ocorrendo chuvas neste mês, mas alguns participantes entendem que as perdas nos cafezais já estão consumadas em função das elevadas temperaturas e da estiagem que prevaleceram nas semanas antecedentes.

Segundo a Somar Meteorologia, neste fim de semana o risco de temporais diminui na Região Sudeste, mas permanece a previsão para a ocorrência de precipitações em praticamente todos os Estados. O serviço alerta que as instabilidades estarão em Minas Gerais e Espírito Santo, com possibilidade de pancadas de chuva, sem elevados volumes, mas podendo vir acompanhadas por rajadas de vento e trovoadas.

Ainda de acordo com a Somar, o tempo fica firme apenas nas áreas de divisa com a Bahia, com as temperaturas continuando elevadas na parte da tarde devido ao sol que aparece no começo do dia e, por isso, a sensação é de tempo abafado.

Ontem, o dólar comercial manteve sua tendência de avanço em relação ao real, sendo impulsionado pela percepção de que dificilmente o Congresso Nacional aprovará uma agenda econômica com medidas impopulares, como a Reforma a Previdência, em função da proximidade das eleições de 2018. Na semana, a divisa norte-americana evoluiu 2,97%, cotada a R$ 3,2846.

No mercado físico, à medida que as cotações registravam movimento de alta, ocorreram alguns poucos negócios, apesar da baixa liquidez. Os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 448,51/saca e a R$ 374,61/saca, com variações de 0,5% e -1,1% na comparação com o fechamento da semana antecedente.



Atenciosamente,
Deputado Silas Brasileiro
Presidente Executivo


BCSEM lança Campanha Nacional contra Pirataria de Sementes


Objetivo da entidade é informar sobre os danos das sementes piratas tanto para o produtor, quanto para o mercado consumidor

 
A indústria sementeira de hortaliças tem enfrentado, ao longo dos últimos anos, um gravíssimo problema comercial: o crescimento indiscriminado do uso das chamadas sementes F2, também conhecidas comumente como "piratas" – material obtido a partir de sementes "salvas/tiradas" de lavouras que utilizaram híbridos comerciais disponíveis no mercado.

De acordo com o Diretor de Sementes da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM), Alécio Schiavon, estas sementes F2 (piratas) não conservam todas as características e atributos da variedade híbrida original, o que impacta diretamente na performance agronômica do material, além de expor o próprio produtor e o ambiente á contaminação por diversas doenças que podem se transmitidas por sementes obtidas sem os cuidados profiláticos necessários.  "Com esta prática, as companhias têm suas variedades comercializadas ilegalmente, inclusive, em alguns casos, com embalagens falsificadas, que imitam as originais, a preços bastante inferiores, já que não possuem os tratamentos e o potencial genético agregados durante o rigoroso processo de produção das sementes híbridas pela indústria", explica Schiavon.

Este problema bastante preocupante para a horticultura brasileira mobilizou todo o setor para o  lançamento da Campanha Nacional de Combate à Pirataria de Sementes de Hortaliças, liderada pela ABCSEM, com o apoio do Ministério da Agricultura. A ação irá divulgar para profissionais do setor e para a sociedade em geral, sobre os malefícios e as implicações jurídicas desta prática que é considerada crime no país, conforme artigo 190, Inciso I, do Decreto 5153/2004, o qual é caracterizado como proibido, e constitui infração de natureza gravíssima.

"Estamos certos de que a articulação conjunta, entre as entidades de classe, os órgãos governamentais e a iniciativa privada, possibilitará abordagens mais abrangentes e efetivas no combate à pirataria de sementes em todas as regiões do Brasil", afirma Steven Udsen, presidente da ABCSEM.

Riscos e Desvantagens das Sementes Piratas
As sementes piratas fazem parte de um comércio clandestino, de concorrência desleal, com sonegação de impostos, que provoca retração na economia e diminuição dos empregos formais na indústria e no campo.

No âmbito agrícola, as consequência desta prática são baixa qualidade dos frutos e queda de produtividade, além do aumento considerável das chances de presença de patógenos (agentes disseminadores de doenças) nestes materiais, ocasionando contaminação e perdas na lavoura. Já no âmbito comercial, o uso de semente piratas acarreta no descrédito do público consumidor, em detrimento da baixa qualidade dos produtos (com alterações no tamanho, formato, sabor, tempo de prateleira, etc.), dificultando a comercialização destas hortaliças junto à varejistas, atacadistas e supermercados, fazendo com que a economia inicial com o baixo custo das sementes, resulte em grande perda de rentabilidade no negócio.


Isabella Monteiro
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EMBRAPA: Pesquisa reúne informações para subsidiar recuperação ambiental no Brasil



Embrapa oferece ferramentas para elaboração de projetos na área

Dados e produtos do “Projeto Especial 8: Soluções Tecnológicas para implantação do Código Florestal” e do projeto Biomas, da Embrapa e parceiros, são usados atualmente como subsídio para estudos e políticas públicas que visam recuperar ambientes degradados e/ou alterados nos biomas brasileiros, diz o pesquisador Felipe Ribeiro, da Embrapa Cerrados. Ele foi um dos palestrantes do curso "Coleta, conservação de sementes, produção de mudas e estratégias de restauração ecológica nos Biomas Pantanal e Cerrado", realizado no campus de Aquidauana da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS.
Entre outros assuntos, a capacitação discutiu técnicas, espécies e alternativas de plantios e indução de regeneração natural disponibilizados pelas instituições envolvidas para promover a recuperação e o uso da vegetação nativa dos biomas Pantanal e Cerrado.
A legislação de Proteção da Vegetação Nativa, também conhecida como “Novo Código Florestal”, prevê que cada imóvel rural seja incluído no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Por meio das informações fornecidas, é possível determinar se essa propriedade possui ativos ou passivos ambientais, afirma Felipe.
"Após a inscrição no CAR, o cadastro vai permitir que o produtor entenda se tem um passivo ambiental (gerado por atividades que possam trazer impactos ao meio ambiente) ou um ativo de remanescente de vegetação nativa, chamado de Cotas de Reserva Ambiental. Quando se tem um passivo, o produtor vai ter que propor e executar o Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas ou Alteradas, o PRADA, depois de julgado e aprovado pelo órgão ambiental do estado".
O pesquisador ressalta que, no PRADA (que faz parte do Plano de Regularização Ambiental do estado de Mato Grosso do Sul), há um Termo de Compromisso acordado com o órgão ambiental que prevê a execução e monitoramento da recuperação em um prazo de 20 anos. Em MS, o responsável por aprovar o projeto é o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul - Imasul. “O produtor entende, muitas vezes, que a legislação que protege a vegetação nativa é uma punição, um problema com o qual ele vai ter que se preocupar sozinho. Ele ainda não viu que isto pode também ser uma solução econômica para o imóvel rural”.
Felipe ressalta que é possível beneficiar ao ambiente e à propriedade simultaneamente, já que, de acordo com a legislação, planos de manejo - principalmente para a Reserva Legal - podem trabalhar com atividades sustentáveis que usem espécies nativas de potencial econômico e que gerem serviços ambientais. "O agricultor não pode ficar isolado para o sucesso desta legislação. Ele tem que ser apoiado pelo conhecimento cientifico, pelos órgãos ambientais e, no final da cadeia, pelos consumidores que precisam valorizar os produtos da sociobiodiversidade".
Alternativas
Em apoio à elaboração desses projetos, a página da Embrapa oferece atualmente uma lista de espécies nativas recomendadas para a recuperação ambiental dos biomas Pantanal (elaborada pela Embrapa Pantanal e parceiros), Mata Atlântica e Cerrado (já disponível na página do Projeto Soluções Tecnológicas para implantação do Código Florestal em https://www.embrapa.br/codigo-florestal/especies-nativas-para-recuperacao).
A lista integrará a ferramenta online WebAmbiente, que tem previsão de lançamento para os próximos meses. “O WebAmbiente faz indicações de acordo com as condições da área descrita pelo produtor que for elaborar o projeto de recuperação”, conta. “O sistema faz algumas perguntas para o usuário identificar qual o potencial que a área tem para se recuperar sozinha ou com a ajuda humana”.
Ao receber dados sobre a área a ser recuperada, como as condições do solo, a presença ou ausência de remanescentes naturais, regenerantes e plantas invasoras, o sistema sugere estratégias de plantio, espécies e ainda oferece um leque de informações de boas práticas agropecuárias personalizado, considerando as condições informadas. O WebAmbiente reúne, até o momento, dados sobre 783 espécies nativas para os diferentes biomas brasileiros. “Estamos tentando trazer alternativas possíveis para o produtor tornar a propriedade inteira sustentável”.
A elaboração do sistema foi possível por meio do trabalho realizado no Projeto Soluções Tecnológicas para implantação do Código Florestal, Projeto Biomas e a parceria de instituições como a Embrapa, Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, Serviço Florestal Brasileiro, diversas universidades e instituições de pesquisa do país.  
No Pantanal
A chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pantanal, Catia Urbanetz, destaca algumas alternativas visando a sustentabilidade nas áreas de uso restrito (AUR) do bioma. “A AUR preconizada pelo Código no Pantanal prevê que o produtor pode conservar a vegetação manejando uma determinada carga específica de pastagens nativas, utilizando parte das áreas para pastagens cultivadas e, assim, mantendo a diversidade de paisagens, aspecto importante para a conservação”, diz.
“Dentro da atividade econômica do imóvel rural, ele pode conciliar a pecuária extensiva com o agroecoturismo, mostrando espécies nativas de valor econômico (principalmente para pastagem) e outras, com suas belezas e percepções, para trazer o turista para cá". Conhecer a fauna local também é muito atrativo nesse contexto, afirma Catia, tendo em vista a facilidade com que se pode avistar animais silvestres no Pantanal.
Ela destaca também o sistema de indicadores “Fazenda Pantaneira Sustentável”, desenvolvido pela unidade pantaneira de pesquisa da Embrapa para avaliar a sustentabilidade nas fazendas de pecuária da região. O FPS pode ser utilizado, ainda, para instrumentar políticas públicas, visando incentivos à conservação e ao desenvolvimento sustentável. "É necessário elaborar políticas públicas que recompensem, de certa forma, as ações que conservam ou recuperam o ambiente", diz a chefe-adjunta, encerrando a entrevista com um questionamento. "O grande desafio é mensurar tudo isso economicamente: quanto vale a conservação na economia do estado e no bolso daquele produtor?".
O curso “Coleta, conservação de sementes, produção de mudas e estratégias de restauração ecológica nos Biomas Pantanal e Cerrado” é uma realização da Embrapa Pantanal, Embrapa Cerrados, Confederação Nacional de Agricultura (CNA), Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e John Deere. O Projeto Biomas é fruto de uma parceria entre a Confederação Nacional de Agricultura e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), SEBRAE, Monsanto, John Deere e BNDES.

Nicoli Dichoff (Mtb 3252/SC) 
Embrapa Pantanal 
Telefone: +55 (67) 3234-5879



Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO)
Embrapa Pantanal
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Corumbá/ MS

segunda-feira, outubro 23, 2017

Produtores de Patrocínio (MG) e Domingos Martins (ES) vencem o Cup of Excellence - Brazil 2017


Produtores de Patrocínio (MG) e Domingos Martins (ES) vencem o Cup of Excellence - Brazil 2017

O café produzido por Henrique Leivas Sloper de Araújo, nas Montanhas do Espírito Santo, foi o melhor da categoria "Naturals". Já o café de Gabriel Alves Nunes, cultivado no Cerrado Mineiro, sagrou-se campeão da categoria "Pulped Naturals"


Em cerimônia de anúncio e premiação dos vencedores do Cup of Excellence – Brazil 2017, realizada na noite de domingo, 22 de outubro, no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), no Campus de Venda Nova do Imigrante (ES), o produtor Henrique Leivas Sloper de Araújo, com o café produzido na Fazenda Camocim, em Domingos Martins, nas Montanhas do Espírito Santo, foi o campeão da categoria "Naturals", com a nota 93,60 pontos. Já o café cultivado por Gabriel Alves Nunes, no Sítio Bom Jardim, em Patrocínio (MG), na Denominação de Origem do Cerrado Mineiro, sagrou-se campeão da categoria "Pulped Naturals" com a pontuação de 92,33 pontos.

O Cup of Excellence – Brazil 2017, realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Alliance for Coffee Excellence (ACE), é o principal concurso para cafés especiais do mundo e teve 57 vencedores no total, que obtiveram nota igual ou superior a 86 pontos (escala de zero a 100 pontos) do júri internacional, sendo 32 na categoria "Naturals" e 25 na "Pulped Naturals".

NATURALS
Dos 32 vencedores na categoria dedicada aos cafés colhidos e secos com casca, cinco obtiveram o título de café presidencial, com nota superior a 90 pontos. Além do campeão Henrique Sloper de Araújo, os lotes produzidos por Paulo Henrique Miranda, Fazendas Klem e José Bernardes Santana Junior, na região das Matas de Minas, e por Ismael José de Andrade, na Denominação de Origem do Cerrado Mineiro, completam o seleto grupo. A categoria também teve cinco cafés considerados "National Winners", que foram classificados com notas entre 84,00 e 85,99 pontos.

A região com o maior número de vencedores na categoria "Naturals" foi a Indicação de Procedência da Mantiqueira de Minas, com 13 amostras (35,1% do total). Na sequência, vieram a Denominação de Origem do Cerrado Mineiro, com oito amostras (21,6%); Matas de Minas e a Indicação de Procedência do Sul de Minas, com cinco lotes cada (13,5%); Indicação de Procedência da Alta Mogiana de São Paulo, com três amostras (8,1%); e Chapada de Minas, Média Mogiana de São Paulo e Montanhas do Espírito Santo, com uma amostra cada (2,7%). O resultado completo está disponível no site da BSCA: http://bsca.com.br/assets/CoE-Brazil-2017-ResFinal-NAT.pdf.

PULPED NATURALS
Já na categoria voltada aos cafés cerejas descascados e/ou despolpados, quatro amostras receberam o título de café presidencial, também obtendo nota superior a 90 pontos do júri internacional. Duas são originárias das Matas de Minas, dos produtores Luiz Henrique Macedo Teixeira e Luís Mauro Araújo Miranda, uma da Indicação de Procedência da Mantiqueira de Minas, do cafeicultor Paulo Sergio Noronha Barleta, além do campeão Gabriel Alves Nunes, da Denominação de Origem do Cerrado Mineiro. Houve, ainda, oito "National Winners", com notas entre 84,00 e 85,99 pontos.

No total, a região das Matas de Minas se destacou com 13 amostras (39,4% do total) vencedoras na categoria. Os demais ganhadores são oriundos da Chapada Diamantina, com cinco lotes (15,2%); Indicação de Procedência da Mantiqueira de Minas e Montanhas do Espírito Santo, com três amostras cada (9,1%); Denominação de Origem do Cerrado Mineiro, Média Mogiana de São Paulo, Indicação de Procedência do Norte Pioneiro do Paraná e Sul de Minas, com dois lotes (6,1%); e Chapada de Minas, com uma amostra (3,0%). O resultado completo está disponível no site da BSCA: http://bsca.com.br/assets/CoE-Brazil-2017-ResFinal-PN.pdf.

LEILÃO DOS VENCEDORES
O próximo passo do Cup of Excellence – Brazil 2017 é o disputado leilão, via internet, dos vencedores de cada categoria, que já pagou mais de *R$ 18 mil por saca ao campeão do principal concurso de qualidade para cafés especiais em 2016. Para os vitoriosos na "Pulped Naturals", o leilão dos vencedores ocorrerá no dia 28 de novembro, enquanto para os vencedores da "Naturals" será realizado em 7 de dezembro. Já os "National Winners" de ambas as categorias serão ofertados em leilão entre 26 de novembro e 9 de dezembro.

BRAZIL. THE COFFEE NATION
O Cup of Excellence – Brazil 2017 é ação integrante do projeto setorial "Brazil. The Coffee Nation", que é desenvolvido em parceria por BSCA e Apex-Brasil, e tem como foco a promoção comercial dos cafés especiais brasileiros no mercado externo. O objetivo é reforçar a imagem dos produtos nacionais em todo o mundo e posicionar o Brasil como fornecedor de alta qualidade, com utilização de tecnologia de ponta decorrente de pesquisas realizadas no País. O projeto visa, ainda, a expor os processos exclusivos de certificação e rastreabilidade adotados na produção nacional de cafés especiais, evidenciando sua responsabilidade socioambiental e incorporando vantagem competitiva aos produtos brasileiros.

Iniciado em 2008, a vigência do atual projeto se dá entre maio de 2016 ao mesmo mês de 2018 e os mercados-alvo são: (i) EUA, Canadá, Japão, Coreia do Sul, China/Taiwan, Reino Unido, Alemanha e Austrália para os cafés crus especiais; e (ii) EUA, China, Alemanha e Emirados Árabes Unidos para os produtos da indústria de torrefação e moagem. As empresas que ainda não fazem parte do projeto podem obter mais informações diretamente com a BSCA, através dos telefones (35) 3212-4705 / (35) 3212-6302 ou do e-mail exec@bsca.com.br.

* No leilão dos vencedores da categoria "Pulped Naturals" do Cup of Excellence – Brazil 2016, cada saca do lote campeão, do produtor José Joaquim Oliveira, da Fazenda Santa Bárbara, localizada em Piatã (BA), foi vendido por R$ R$ 18.921,67.

Mais informações para a imprensa
BSCA – Assessoria de Comunicação
Paulo André Colucci Kawasaki
(61) 98114-6632 / ascom@bsca.com.br


EMBRAPA: Calendário de Manejos, uma ferramenta para aumentar a produtividade


Solução tecnológica chega após três anos de pesquisa a campo

Permitir melhor planejamento e acompanhamento das atividades relacionadas a bovinos de corte em uma propriedade rural, esse é o principal objetivo do Calendário de Manejos Reprodutivo, Sanitário e Zootécnico, apresentado pela Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS) em parceria com a Universidade Brasil (SP). A ferramenta, disponível em planilha editável, é gratuita e chega após três anos de investigação a campo pela equipe formada por Danila Rodrigues Frias, Vanessa Felipe, João Batista Catto, Pedro Paulo Pires, Paula Barbosa Miranda, Luiz Otávio Campos da Silva e Cleber Soares. 

A estação de monta é a referência do planejamento, em um calendário organizado em manejos reprodutivo, sanitário e zootécnico e por categorias animais - maternal, desmama, pós-desmama e sobreano - além de touros e matrizes. A ferramenta também é diferenciada por cores e lotes para facilitar o entendimento e a identificação das atividades para cada categoria dentro de determinado mês. Outro destaque ainda é uma versão feita para impressão.

“O material foi idealizado a partir de um diagnóstico de situação em propriedades rurais produtoras de gado de corte, e adaptado aos manejos usuais das mesmas, de forma a interferir o mínimo possível na rotina e viabilizar a adoção das recomendações técnicas”, explica a médica-veterinária e professora Danila Frias, da Universidade Brasil. “O processo de diagnóstico, desde a história clínica dos animais a interpretação dos resultados dos exames, balizou toda a construção do modelo de calendário apresentado. Foi um instrumento clínico e epidemiológico. Saímos do campo das suposições e dados pulverizados e tivemos como comparar o antes e o depois em diferentes condições de criação”, acrescenta a virologista da Embrapa, Vanessa Felipe. 

Dentro da programação reprodutiva há recomendações para realização de exame andrológico, diagnóstico de gestação, descarte de matrizes, transferência para piquete maternidade, ingestão de colostro, tratamento de umbigo, identificação e pesagem. Na agenda sanitária, Felipe e Frias comentam que há observações sobre os manejos de controle de endo e ectoparasitas, como mosca-dos-chifres e carrapatos; e utilização de vacinas obrigatórias contra brucelose, febre aftosa e raiva, que devem ser realizadas conforme as exigências e as orientações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para cada Estado ou Região. 

Coleta de dados – O diferencial do trabalho foi mesmo o diagnóstico de situação feito nos rebanhos comerciais e de elite de dez fazendas de pecuária de corte de Mato Grosso do Sul. Entre matrizes, touros e bezerros, contabilizaram-se ao redor de 5.100 mil animais. Após a análise dos dados preliminares montou-se a primeira versão do calendário, que foi aplicado a campo e ajustado, inclusive, com sugestões dos técnicos das propriedades. 

O resultado final veio após um ano de aplicação da ferramenta. Para isso, Frias aplicou questionários junto aos responsáveis e proprietários dos estabelecimentos rurais participantes do projeto e levantou dados como índice de prenhez, taxa de abortos, fundo de maternidade e doenças recorrentes; seguido pela coleta  de amostras de sangue, fezes e esmegma. A equipe focou nas principais causas que impactam negativamente em todo processo produtivo da cadeia, não somente em doenças reprodutivas. Além disso, a saúde pública, a qualidade do produto final e o impacto ao meio ambiente também estavam no contexto. 

Antes da aplicação do Calendário de Manejos, as taxas médias nas fazendas eram de 70% de prenhez, 15% de fundo de maternidade e 10% de abortos. “Com um ano de adoção, detectamos que houve um aumento, em média, de 5% na taxa de prenhez e uma redução em 50% de fundo de maternidade e taxa de abortos”, afirma Frias. As suspeitas clínicas confirmaram-se nos resultados dos exames laboratoriais. 

Entre os achados, as veterinárias puderam romper com a falsa impressão daqueles que acreditam que rebanhos de seleção não têm problemas sanitários relevantes por seu valor genético e tratamento diferenciado. Entretanto, “as doenças infecciosas não fazem distinção entre animal comercial e de elite. É uma quebra de paradigmas”. Elas enfatizam que “com o devido acompanhamento técnico é mais econômico adotar práticas preventivas como as recomendadas no Calendário de Manejos, do que custear tratamentos curativos”. 

A pesquisa ainda é parte da formação em pós-doutorado de Frias, concluído em 2016, à época bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na Embrapa Gado de Corte e da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), sob orientação do melhorista Luiz Otávio Campos da Silva. Hoje, ela é professora na Universidade Brasil, no Campus de Fernandópolis (SP). 

Redação e foto: Dalízia Aguiar (MTb 28/03/14/MS), jornalista Embrapa

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terça-feira, outubro 17, 2017

CNC - Balanço Semanal de 09 a 13/10/2017



BALANÇO SEMANAL — 09 a 13/10/2017

Volume de recursos do Funcafé liberado aos agentes chega a R$ 2,458 bilhões
FUNCAFÉ — De acordo com informações atualizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) até a manhã desta quarta-feira, 12 de outubro, o volume de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) liberado aos agentes financeiros, com data de referência do dia 6 deste mês, é de R$ 2,458 bilhões (clique na tabela abaixo), respondendo por 53,5% do total de R$ 4,598 bilhões solicitados na temporada cafeeira atual.

Do montante recebido pelas instituições, R$ 1,114 bilhão foi destinado para a linha de Estocagem; R$ 549,1 milhões ao Financiamento para Aquisição de Café (FAC); R$ 435,8 milhões para Custeio; e R$ 359 milhões para as linhas de Capital de Giro, sendo R$ 179,6 milhões para Cooperativas de Produção, R$ 124,8 milhões para Indústrias de Torrefação e R$ 54,6 milhões para o setor de Solúvel.

RECURSOS PARA PESQUISAS — Desde o segundo semestre de 2016, o CNC tem coordenando trabalho junto às entidades nacionais da cadeia café para sensibilizar o Governo Federal da necessidade de excluir a reserva de contingência do Funcafé do Projeto de Lei Orçamentária - PLOA de 2018. A ação é de suma importância para que o setor, representado no Mapa pelo Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), possa implementar projetos e ações de seu interesse, como era feito anteriormente a 2013.

Entretanto, diante da crise fiscal por que passa o Governo Federal, o Ministério do Planejamento, à revelia dos pleitos da cadeia produtiva, optou por expandir o valor da reserva de contingência do Funcafé em 2018, decisão que impactou negativamente o orçamento disponível para o Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, executar suas atividades no próximo ano.

Ciente da importância da pesquisa cafeeira para o fortalecimento da competitividade da cafeicultura nacional, o CNC já iniciou gestões junto ao relator setorial de Agricultura, Pesca e Desenvolvimento Agrário da proposta de Lei Orçamentária 2018 no Congresso Nacional para que seja revertido o corte dos recursos para o Consórcio Pesquisa Café em 2018.

FLORADA E ESPECULAÇÕES — Em meio ao cenário especulativo normal para essa época do ano em relação à safra futura de café no Brasil, o retorno das chuvas no cinturão produtor do País possibilitou a abertura da primeira florada nos cafezais de arábica, após longo período de estiagem, que gerou perda acentuada de folha.

Como sempre, a abertura da florada marca um grande espetáculo da natureza do café, mas também atrai os especuladores de plantão para tentarem tirar proveito comercial ao iniciarem projeções irreais sobre a produção brasileira, como já temos observado diversos players internacionais falando sobre supersafra nacional.

O CNC, no exercício de seu papel de entidade de classe, volta a público para pontuar que isso é completamente inconcebível no atual momento, haja vista que: (i) é necessário que a chuva permaneça sobre as lavouras para a manutenção das flores e o consequente pegamento; (ii) também precisamos saber qual foi o impacto da seca nas plantas para saber se terão como suportar a florada; e (iii) devido à precocidade, não há a menor possibilidade de especular o tamanho da próxima safra com base nessa florada que não sabemos no que resultará.

A única certeza que podemos ter, nesse momento, é que está completamente descartada a possibilidade de uma supersafra como especuladores vêm divulgando recentemente. Isso porque o impacto do longo período de seca debilitou parte dos pés de café e diminuiu os níveis de armazenamento de água no solo para níveis aquém do necessário em muitas áreas. Garantias sobre o tamanho da produção serão possíveis somente por volta de fevereiro, quando o ciclo botânico dos cafezais já demonstrará o potencial produtivo.

Reiteramos, como sempre feito nessa época do ano, que projetar safras futuras abundantes é precoce e que essa atitude tem o intento único de pressionar as cotações, prejudicando o principal elo da cadeia produtiva, que é o produtor, o qual já possui elevados gastos para exercer sua atividade nas plataformas ambiental e social da sustentabilidade.

Atenciosamente,
Deputado Silas Brasileiro
Presidente Executivo

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