MOMENTO DE ESPECULAÇÕES — Com a colheita de café ganhando corpo no Brasil, volta à tona a temporada de especulações a respeito do tamanho de nossas safras, com o intuito único de tentar pressionar as cotações no mercado.
O CNC acredita que o País colherá, em 2017, um volume próximo aos números oficiais projetados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 45,5 milhões de sacas de 60 kg, mas a certeza virá somente por volta de setembro, quando os trabalhos de cata se aproximarão do encerramento e será possível observar a realidade da produção.
Mesmo em meio à precocidade para se confirmar os volumes a serem colhidos este ano, já surgem no mercado previsões para uma supersafra brasileira em 2018, o que é completamente inaceitável e incabível no mundo real. Entretanto, no universo especulativo, os prognósticos dos "profetas do apocalipse" têm certo peso e, nesse sentido, o CNC volta a orientar os produtores para que evitem participar desse exercício de futurologia, pois são os cafeicultores os mais desguardados e os que mais tendem a perder.
O que recomendamos é que o produtor faça a boa gestão e trabalhe ciente da realidade de seus custos de produção, planejando e realizando seus negócios sempre que o mercado apresentar momentos de rentabilidade, de preços superiores a seus gastos.
Na esfera institucional, temos mantido contatos junto à Conab para que seja divulgado o volume de nossos estoques de passagem, o que traria mais clareza ao mercado e combateria o movimento especulativo, contribuindo para evidenciar nosso potencial de oferta. Contudo, não há data definida para que se faça o anúncio, já que a estatal necessita do retorno das informações de todos os segmentos da cadeia produtiva para que os números não fiquem sujeitos a questionamentos.
O CNC também tem mantido gestões junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para que, pensando em uma safra maior devido ao ciclo bienal, em 2018, sejam garantidos recursos das Operações Oficiais de Crédito – 2OC caso venha a ser necessário o lançamento de programas de apoio à comercialização de café.
Por outro lado, lembramos que os agentes de mercado, cada vez mais demandantes de sustentabilidades social e ambiental na cafeicultura – com as quais concordamos e realizamos –, não podem se esquecer da contrapartida econômica aos produtores, pois a perda de competitividade gera redução dos tratos culturais e, automaticamente, da produtividade nos países exportadores.
130 ANOS DE IAC — Nesta semana, foi realizado um ciclo de eventos em celebração aos 130 anos do Instituto Agronômico (IAC) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Ao tempo em que o CNC aproveita para dedicar suas congratulações à entidade e a todos os seus profissionais, também externamos nosso agradecimento por todos os préstimos à cafeicultura brasileira.
Atualmente, cerca de 90% da atividade é oriunda dos trabalhos de pesquisa do IAC ou são evoluções das espécies descobertas pelo Instituto. Não à toa, desde 2014 o CNC atuou junto às esferas dos governos de São Paulo e Federal e obteve êxito para que fossem gerados recursos para a manutenção do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da entidade, que vivenciava dificuldades financeiras para sua preservação.
Entre os benefícios obtidos através das pesquisas do IAC para a cafeicultura brasileira constam a implantação, no campo, de variedades cafeeiras com ampla produtividade, melhor adaptação à diversidade geográfica do parque cafeeiro nacional, mais resistência a pragas e doenças e excelente qualidade de bebida. Por todos os benefícios gerados ao setor, o CNC reitera seu agradecimento à instituição.
45 ANOS DE IAPAR — O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) também comemora, nesta semana, seus 45 anos de fundação. Criado da percepção de que eram necessárias a modernização e a diversificação da agropecuária paranaense, o projeto de instalação foi viabilizado com recursos do Estado, da Organização Internacional do Café (OIC) e do extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC).
Os frutos desses investimentos já apareceram com os esforços para a recuperação da produção cafeeira do Paraná após a histórica geada de 1975, com o desenvolvimento do modelo de plantio adensado e foco na qualidade da bebida. O Iapar também foi, junto a entidades nacionais, como o IAC, e outras internacionais, responsável pelo desenvolvimento do sequenciamento do genoma do cafeeiro, a principal herança para o setor.
Atualmente, o Instituto mantem seus trabalhos no desenvolvimento ou no aprimoramento genético de variedades cafeeiras mais produtivas e resistentes a pragas e doenças e trabalha na investigação do mecanismo de formação dos frutos para alcançar frutos que proporcionem bebida de excelência, com características diferenciadas de aroma, corpo, sabor e acidez. Assim, reconhecendo a sua importância para o avanço da atividade cafeeira, o CNC externa parabéns e votos de gratidão por todo o profissionalismo apresentado pelo Iapar e seu corpo de funcionários.
MERCADO — Sem alterações nos fundamentos, os futuros do café continuam influenciados por indicadores gráficos, que visam ao lucro de curto prazo, e pelo movimento do dólar.
Acompanhando a tendência internacional, o dólar comercial perdeu força no Brasil até o fechamento de ontem, que se deu a R$ 3,2849, com queda de 1,6% em relação à última sexta-feira.
Na ICE Futures US, o vencimento setembro do Contrato C foi cotado, na quarta-feira, a US$ 1,2440 por libra-peso, registrando valorização de 140 pontos em relação ao final da semana passada. O vencimento setembro do contrato futuro do robusta, negociado na ICE Futures Europe, encerrou o pregão de ontem a US$ 2.092 por tonelada, acumulando alta de US$ 14 na comparação com a última sexta-feira.
Os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon acompanharam o movimento internacional e foram cotados, ontem, a R$ 440,51/saca e a R$ 402,92/saca, com ganhos, respectivamente, de 1,1% e 0,4%, frente ao fechamento da semana anterior.
Atenciosamente,
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