AgroBrasil - @gricultura Brasileira Online

+ LIDAS NA SEMANA

segunda-feira, maio 29, 2017

EMBRAPA: Cheia no Pantanal deverá atingir cerca de quatro metros e meio na metade do ano




Embrapa prevê inundações dentro da normalidade para a região



O pico da cheia pantaneira de 2017 deve ocorrer em meados de junho, quando o nível do rio Paraguai deverá chegar a aproximadamente 4,5 metros na estação de Ladário (MS). As informações são do pesquisador Carlos Padovani, da Embrapa Pantanal, que realiza análises de dados meteorológicos, pluviométricos, hidrológicos e de outras áreas que possam influenciar a cheia anual da região. A inundação deste ano é considerada dentro da normalidade, diz Padovani, ainda que a fase de enchente tenha se prolongado em relação ao ano passado.

“Este ano, devido ao volume de chuvas registrado em toda a bacia do Alto Paraguai – tanto no norte quanto no sul – não é possível esperar que o nível dos rios suba muito. Não tivemos uma grande quantidade de precipitações para abastecê-los”, afirma o pesquisador. “As bacias do rio Paraguai, do rio Cuiabá e São Lourenço são as três maiores bacias que contribuem com as águas do Pantanal. Um grande volume de água da nossa cheia vem das chuvas que caem no Mato Grosso”, completa. 

Mesmo que o volume de chuvas não tenha levado a uma enchente acima do esperado, Padovani afirma que a continuidade das precipitações normalmente diminui a partir de março, mas as chuvas continuaram após esse período em 2017 e isso pode ter levado ao prolongamento da subida das águas. “Para a região logo acima e abaixo de Ladário, outro fator que deve ter influenciado a continuidade da subida das águas é o rio Taquari, que permaneceu acima da cota de alerta de 4 metros na altura da régua de Coxim durante vários dias nos meses de dezembro a março”.

As enchentes de 4 a 5 metros estão longe dos níveis mais altos atingidos pelo rio Paraguai na região, afirma Padovani. “Considerando que as maiores cheias já registradas na estação de medição de Ladário marcaram entre 6 e 7 metros, a de 2017 – com o nível máximo estimado entre 4 e 5 metros – está 2 metros abaixo dessas grandes inundações. Com o propósito de comparação, deve-se considerar, ainda, que o intervalo de nível máximo de cheia entre 5 e 5,5 metros para o rio Paraguai em Ladário é o mais comum, tendo ocorrido 30 vezes desde que se iniciaram as medições em 1900”.

De acordo com o pesquisador, o rio Paraguai praticamente não inunda o Pantanal quando atinge até 4 metros – a não ser no caso das regiões mais baixas, próximas às margens do rio. “Acima desse valor, temos a possibilidade de inundações maiores”, diz. É nesses casos que ele afirma haver um certo risco, seja para moradores de comunidades ribeirinhas ou para rebanhos bovinos mantidos nas áreas mais baixas, de que estes sejam afetados pelas cheias, tendo que ser removidos para partes mais altas.

Padovani ressalta, porém, que algumas regiões podem ser inundadas se houver um volume significativo de chuvas locais, embora não haja indicativos de uma grande cheia até o momento. “Os rios Aquidauana e Miranda são rios de bacias pequenas e com relevo bem acidentado em relação às outras. São bacias que respondem muito rapidamente às chuvas, em termos de horas. Se há chuvas muito intensas nas partes mais altas dessas bacias, eles podem subir alguns metros, já que respondem muito rapidamente”.





Nicoli Dichoff (Mtb 3252/SC)
pantanal.imprensa@embrapa.br
Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO)
Embrapa Pantanal
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Corumbá/ MS

quinta-feira, maio 25, 2017

Comunicado CNC: Projeto Café Forte e Prêmio CNC de Jornalismo



COMUNICADO

Projeto Café Forte e Prêmio CNC de Jornalismo
 
Nesta semana que celebramos o Dia Nacional do Café, em 24 de maio, o Conselho Nacional do Café (CNC) tem a satisfação de comunicar duas grandes novidades em prol de uma comunicação mais positiva e proativa para o setor cafeeiro: o projeto "Café Forte" e o "Prêmio CNC de Jornalismo".

CAFÉ FORTE
Com o objetivo de auxiliar o Brasil a ter um crescimento mais sustentável, fortalecer a imagem e a marca de seu café e criar uma base sólida e confiável de informação do setor, o CNC lançará, na sexta-feira, 26 de maio, o projeto Café Forte.

A iniciativa propõe uma conexão entre entidades, governo, cafeicultores, cooperativas, instituições de pesquisa e empresas para o desenvolvimento da cadeia produtiva e terá, como primeiro foco, a organização de dados, difusão de conhecimento e reflexão sobre a cafeicultura e seu planejamento estratégico.

O passo seguinte será disseminar, à cadeia produtiva e para a sociedade, através das diversas ferramentas que o projeto disponibiliza – TV, site, redes sociais e eventos –, a base de conhecimento sobre como é produzido sustentavelmente o café no Brasil, assim como sua responsabilidade social, gerando emprego e renda a milhares de famílias no País, e ambiental, com a preservação de nosso meio ambiente. Esse escopo permitirá, de maneira regular, contato com o público envolvido na atividade, desde a produção até o consumidor final da bebida.

Entre os objetivos do "Café Forte", estão: (i) fortalecimento do negócio, apoiando a produção nacional com sustentabilidade, rentabilidade e qualidade; (ii) celebração do café brasileiro, impulsionando a sua imagem para que haja ainda mais reconhecimento pela produção responsável dos pontos de vista social e ambiental; (iii) divulgação de informações confiáveis, consolidando as bases de dados e difundindo tecnologias, modelos de manejo, cases de sucesso, informação de mercado, clima e alertas agronômicos com regularidade e assertividade; (iv) promoção do setor, gerando encontros da cadeia produtiva para debates sobre os grandes temas e para fortalecer o modelo cooperativista.

O lançamento do projeto "Café Forte" ocorrerá na sexta-feira, 26 de maio, dentro do evento "Abertura da Colheita do Café", que será realizado na Fazenda Laranjeiras, em Alpinópolis (MG) – Rodovia MG 446, km 16,4. Haverá transmissão ao vivo pelo Canal Rural (TV e site – www.canalrural.com.br) e os telespectadores poderão interagir com aplicativo de mensagens, através do contato (11) 98527-0073.

PRÊMIO CNC DE JORNALISMO
Com o intuito de agregar valor às informações sustentáveis da cafeicultura brasileira na imprensa, o Conselho Nacional do Café realizará, este ano, o Prêmio CNC de Jornalismo. O tema será voltado exclusivamente à sustentabilidade da atividade cafeeira no campo, focando o trabalho desenvolvido por produtores filiados a cooperativas de produção, evidenciando suas ações, o emprego das boas práticas e/ou de tecnologias desenvolvidas por meio de pesquisas, a importância de ser um cooperado e os resultados obtidos na colheita e na comercialização.

A premiação total do Prêmio CNC de Jornalismo será de R$ 90 mil, distribuídos entre os três primeiros colocados de quatro categorias: TV, Rádio, Impresso (revistas e jornais) e Internet (apenas sites). O vencedor de cada módulo receberá R$ 10 mil. Os segundos colocados terão R$ 7,5 mil como prêmio, enquanto os terceiros lugares receberão R$ 5 mil.

O CNC informa que não serão aceitos trabalhos publicados ou veiculados em meios de comunicação de instituições setoriais, entidades de classe, acadêmicas, sindicais ou vinculados aos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário em suas esferas administrativas federal, estadual e municipal.

Em breve, o Conselho Nacional do Café revelará mais detalhes do prêmio e o prazo para a inscrição das reportagens através de seus canais de comunicação. Jornalistas, fiquem atentos e participem conosco de um processo de estruturação de comunicação positiva da cafeicultura brasileira.

Atenciosamente,
Silas Brasileiro
Presidente Executivo

CNC - Sede Brasília (DF)
SCN Qd. 01, Bloco C, nº 85, Ed. Brasília Trade Center - Sala 1.101 - CEP: 70711-902
Fone / Fax: (61) 3226-2269 / 3342-2610


Atos terroristas em Brasília foram planejados na Câmara com políticos do PCdoB, PT e PSOL



Por Marcelo Faria - 25/05/2017 no ILISP


Os atos terroristas que destruíram ontem (25) prédios e outros itens em Brasília construídos com dinheiro dos pagadores de impostos não apenas foram financiados com o dinheiro tomado a força dos trabalhadores por meio do imposto sindical, como foram planejados em conjunto com deputados do PCdoB, PT e PSOL.

De acordo com imagem divulgada no Twitter oficial do deputado federal José Guimarães (PT-CE), foi realizada uma reunião na Câmara dos Deputados, na tarde da última terça-feira (23), para tratar da organização dos atos terroristas. Participaram da reunião os deputados federais Assis Melo (PCdoB-RS), Enio Verri (PT-PR), Glauber Braga (PSOL-RJ), José Guimarães (PT-CE), Orlando Silva (PCdoB-SP) e Paulo Teixeira (PT-SP), além do senador Humberto Costa (PT-PE) e do líder terrorista Guilherme Boulos (MTST). O senador petista também divulgou uma foto do encontro em seu Twitter oficial.

EUGÊNIO BUCCI: O ‘grampo perdido’




Escuta da polícia não tem autonomia para atropelar a Constituição – artigo 5.º, inciso XIV




Por Eugênio Bucci (Jornalista, professor da ECA-USP), O Estado de S.Paulo, 25 Maio 2017


Há dois dias o Poder Judiciário mandou divulgar uma conversa telefônica de natureza privada entre o jornalista Reinaldo Azevedo e Andrea Neves, irmã de Aécio Neves. Foi uma violência inaceitável. Compreender essa violência – e repudiá-la – é imperioso, se é que queremos preservar a democracia.

Andrea Neves fez sua carreira em sintonia com a carreira do irmão, de quem é considerada o “braço direito”. Agora está presa em função das delações da JBS (Aécio só não foi para trás das grades porque tem foro privilegiado; seu encarceramento depende de autorização do Supremo Tribunal Federal). O diálogo entre ela e o jornalista foi capturado no bojo da investigação policial, em escutas telefônicas devidamente autorizadas pela Justiça. Primeiro ponto crítico: a investigada era Andrea Neves, não Reinaldo Azevedo.

Depois de feitas as transcrições, o conteúdo do grampo foi divulgado pelas autoridades judiciais, como tem sido hábito no curso da Lava Jato. Eram cerca de 2.800 conversas interceptadas e entre elas lá estava a troca de palavras entre Andrea Neves e o jornalista.

Segundo ponto crítico: o que os dois falam entre si não tem nada que ver com o objeto do inquérito e, sendo assim, não deveria ter sido entregue ao consumo das plateias. A lei que regula a interceptação telefônica para fins de investigação impõe que as gravações e transcrições figurem “em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal”, e manda preservar “o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas”. Em caso de divulgação, que pode ser autorizada pelo Judiciário, a intimidade das pessoas gravadas nunca deveria ser exposta – a não ser em eventuais trechos excepcionais que elucidem a prática do delito investigado. O respeito aos direitos da personalidade deveria ser a conduta óbvia: a intimidade e a privacidade são protegidas pela Constituição e uma escuta da polícia não tem autonomia para atropelar a Constituição.

Lamentavelmente, não é a primeira vez que somos surpreendidos por um abuso desse tipo. No ano passado, conversas telefônicas íntimas entre dona Marisa Letícia e um de seus filhos, sem nenhum vínculo com os crimes investigados, foram divulgadas e exploradas com escárnio em meios de comunicação. Agora, porém, há um aspecto que torna ainda mais grave a exposição irregular da privacidade.

Chegamos, aqui, ao terceiro ponto crítico. A interlocução de Reinaldo Azevedo e Andrea Neves configura com absoluta nitidez uma conversa entre um jornalista, no exercício de sua atividade profissional, e uma fonte, da qual ele espera obter informações exclusivas. Ao dar publicidade a isso, as autoridades violaram outra garantia constitucional: o sigilo da fonte, que é assegurado pelo artigo 5.º, inciso XIV, ao profissional de imprensa.

Quer dizer, o descuido ou a maldade que motivaram a decisão judicial de invadir a privacidade alheia agrediu a instituição da imprensa e, por desdobramento, o direito à informação, do qual todo cidadão é titular. Essa violência vem ferir todos nós que, bem ou mal, tentamos praticar jornalismo no Brasil. Todos somos as vítimas em geral desse abuso em particular. Para dizer a mesma coisa com mais precisão: nós somos, por assim dizer, a “vítima-meio”, quer dizer, somos a vítima por meio da qual se perpetra um mal maior, que é intimidar os praticantes do jornalismo crítico e privar o público da prática da investigação jornalística. A “vítima-fim” é o público.

O sigilo da fonte ocupa lugar de fundamento essencial para a imprensa livre. Como o senso comum não entende bem o que é isso, vale insistir um pouco na razão de ser desse fundamento. As investidas contra o sigilo da fonte são frequentes, não só no Brasil. Nos Estados Unidos, a segurança nacional tem sido um dos pretextos. Aqui e lá fora são muitos os que acreditam que quando está em jogo um bem supostamente maior, seja a proteção das fronteiras de um país ou o andamento célere de uma operação policial, o sigilo da fonte pode – e até deve – ser sacrificado. No Brasil, recentemente, o juiz Sergio Moro constrangeu o jornalista Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, a revelar uma fonte. Foi um dos capítulos tristes da Lava Jato. Moro cometeu um erro sério. Logo depois teve a humildade de voltar atrás. Falhou, mas não tardou a se corrigir.

Sem sigilo da fonte não há jornalismo. Se não pode conversar reservadamente com interlocutores que têm segredos para contar, segredos que são de interesse público, um jornalista não tem como cumprir o seu dever de fiscalizar o poder. E se não pode fiscalizar o poder, um jornalista é apenas imprestável: a sociedade não precisa dele. Os tipos humanos que contam segredos aos jornalistas são bons e são maus. Às vezes, são quase santos. Outras vezes, são escroques repulsivos. Todos sabem que estão cometendo inconfidências em algum nível. Se não puderem contar com a garantia, dada por aquele profissional, de que não serão expostas, eles ficarão mudos. O sigilo da fonte, portanto, é providencial para o jornalista, mas é também do interesse direto do cidadão.

Por tudo isso, a medida truculenta de quebra de sigilo ofende a instituição da imprensa, além de acarretar prejuízos pessoais a Reinaldo Azevedo. Manifesto aqui a minha solidariedade a ele. Não concordo com o que ele escreve, mas isso não importa. Eu também não concordo com boa parte do que escreve Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, mas me solidarizei com ele. É preciso estancar essa escalada anti-imprensa.

Balas perdidas disparadas pela polícia matam transeuntes inocentes no Rio de Janeiro. Agora estamos diante de uma tragédia parecida: o “grampo perdido”. Disparado contra suspeitos de corrupção, o “grampo perdido” destroça as garantias de um profissional da imprensa que não tem nada que ver com a investigação que estava em curso.

A quem isso beneficia?


EDITORIAL ESTADÃO: A responsabilidade do juiz




A inviolabilidade do sigilo da fonte é mais do que uma garantia do jornalismo, é sustentáculo da democracia





O Estado de S.Paulo - 25 Maio 2017


Engajadas em uma cruzada contra o sistema político-partidário, tomado como um mal em si, algumas autoridades do Ministério Público Federal (MPF), da Polícia Federal (PF) e do Poder Judiciário parecem consumidas por um deturpado senso de missão de purificação nacional que serve – aos olhos delas – como um salvo-conduto para transitar na contramão da lei, como se a ordem jurídica fosse um mero obstáculo a ser transposto em nome de seus impolutos desígnios. Só isso – ou razões que cabe tão somente àquelas autoridades esclarecer – para explicar o aviltante ataque contra o jornalista Reinaldo Azevedo que mais não fazia que exercer sua profissão.

Em abril deste ano, a PF interceptou – com a autorização do ministro Edson Fachin, responsável pelos processos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) – grande número de ligações telefônicas no âmbito do inquérito envolvendo a JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Uma das conversas interceptadas se deu entre Andrea Neves – irmã do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e uma das investigadas no referido inquérito – e o jornalista Reinaldo Azevedo, da Folha de S.Paulo, da Veja e da rádio Jovem Pan.

Embora a conversa entre o jornalista e uma de suas fontes não fizesse menção a qualquer atividade que pudesse sugerir a prática de um crime, constou de um lote de mais de 2 mil gravações entregues pelo STF à imprensa após o ministro Fachin decretar o fim do sigilo do inquérito da JBS. O texto não foi expurgado, como manda a lei que seja feito com todos os diálogos que não digam respeito à coisa investigada. Sua divulgação faz parte de uma “indústria de vazamentos” que se instalou no País e que só interessa às autoridades que a viabilizam ou a seus protegidos. Se as autoridades decidissem resguardar de fato o sigilo do qual são guardiãs, essa indústria já teria falido.

O criminoso vazamento da conversa havida entre Andrea Neves e o jornalista Reinaldo Azevedo configura um flagrante descumprimento da Lei n.º 9.296/1996, que regulamenta as interceptações telefônicas. Seu artigo 9 é taxativo. Não bastasse isso, há o inciso XIV do artigo 5.º da Carta Magna, que resguarda, no caso dos jornalistas, o sigilo da fonte.

Pela lei, a PF deve encaminhar ao Poder Judiciário todo o conteúdo das interceptações autorizadas pela Justiça. É dever do juiz da instrução – no caso, o ministro Edson Fachin, do STF – triar aquelas que são pertinentes à investigação, descartando as que não são. Em nota, a PF informou que “o referido diálogo não foi lançado em qualquer dos autos circunstanciados produzidos no âmbito da mencionada ação cautelar, uma vez que referidas conversas não diziam respeito ao objeto da investigação”. Da mesma forma, a Procuradoria-Geral da República (PGR) veio a público dizer que “não anexou, não divulgou, não transcreveu, não utilizou como fundamento de nenhum pedido, nem juntou o referido diálogo aos autos da Ação Cautelar 4.316, na qual Andrea Neves figura como investigada”. Ora, a ser verdade o que dizem tanto a PF quanto a PGR, resta saber como a conversa foi parar no lote divulgado para a imprensa pelo ministro Fachin. É dele que a sociedade deve exigir um pronto esclarecimento. O ministro, afinal, deveria estar preparado para fazer a precisa distinção entre uma prova e uma sórdida bisbilhotice. E, por favor, não se venha novamente com a desculpa esfarrapada de que os juízes estão vergados sob o enorme peso dos processos a julgar e não podem fazer tudo. Tudo, nesse caso, é apenas o que a lei manda. E se não podem fazer isso, não podem ser juízes.

A inviolabilidade do sigilo da fonte é mais do que uma garantia do exercício do jornalismo, é um sustentáculo da própria democracia, assegurado pela Constituição. Toda a sociedade perde com o ataque ao jornalista Reinaldo Azevedo. O País não pode transigir com uma ameaça tão grave ao livre exercício do jornalismo de opinião, menos ainda quando a ameaça parte das instituições que têm por obrigação defender um direito como esse. De vazamento em vazamento, corroem-se os alicerces da República.

Gen. Paulo Chagas: Os terroristas, a “oposição” e a sua vontade de produzir cadáveres! Publicado em 24 de maio de 2017





Caros amigos

É impossível avaliar o grau de mau-caratismo e de irresponsabilidade da chamada “oposição ao governo”, quando, na realidade, são opositores do Brasil e promotores do caos!

O que teria levado a Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP/DF) a “acreditar” que uma manifestação convocada por deputados e senadores que querem a volta de Lula ao poder e organizada por sindicatos, de quaisquer matizes, pudesse ser pacífica?

Seja qual for a resposta, o resumo só pode ser chamado de irresponsabilidade por incompetência ou por conivência! E isso é crime, na medida em que teve como consequências, intencionais ou não, atentados à integridade física de Policiais, depredação do patrimônio público, risco às vidas dos cidadãos que trabalham na Esplanada dos Ministérios, dos idiotas úteis que vieram a Brasília engrossar o caldo da baderna anunciada e dos próprios terroristas, amputados pela inépcia pessoal!

A simples prisão de operadores do terrorismo durante a ação não coíbe o crime ou disciplina as manifestações, mas a identificação preventiva dos líderes pela inteligência policial e a sua responsabilização por todas as consequências do atentado à ordem pública, sim.

500 ônibus de bandidos e de idiotas úteis juntaram-se aos residentes em Brasília sem que a SSP/DF tomasse providências efetivas para controlar ou impedir essa aproximação de meios! Repito, incompetência ou conivência?

Aos deputados e senadores, do PT e de seus aliados, patrocinadores do agravamento do caos, é importante que se diga que “o quanto pior só será melhor” enquanto o restabelecimento da ordem não estiver a cargo da tropa que evita o contato físico, não usa cassetetes, balas de borracha, spray de pimenta, granadas de gás lacrimogênio ou de “efeito moral”.

Essa tropa não conhece derrota! É a ela que a sociedade delega o emprego da violência legal e legítima para defendê-la, externa e internamente, quando os outros meios falham. Ela é adestrada e equipada para dissuadir pela letalidade!

A reação de pavor desses congressistas à simples notícia da mobilização dessa tropa demonstra que eles conhecem o perigo. Resta saber até onde vai o seu mau-caratismo, a sua irresponsabilidade e a sua vontade de produzir cadáveres de inocentes úteis.

Gen Bda Paulo Chagas

quarta-feira, maio 24, 2017

Vídeo: Em Brasília, baderneiro tenta jogar rojão contra PM e fica com a mão dilacerada


Em Brasília, um dos baderneiros, ao tentar atingir um policial militar com um rojão, teve ferimento na mão devido à explosão. O marginal foi socorrido por populares.




Leandro Narloch: Vingancinha contra Reinaldo Azevedo revela pessoas por trás do Estado



Em "O Mágico de Oz", Dorothy e seus três amigos acreditam que o grande mágico será capaz de resolver todos os seus problemas: dar um coração ao homem de lata, coragem ao leão covarde, um cérebro ao espantalho e mostrar à garota o caminho de casa. Ao encontrar o mágico, o grupo se decepciona. Ele não passa de um velhinho picareta, um ex-artista de circo sem grandes poderes.

Como Dorothy, os brasileiros acreditam que o Estado é capaz de curar todos os males da população. Damos ao Estado nomes pomposos como Procuradoria-Geral da República, Conselho Administrativo de Defesa Econômica e Supremo Tribunal Federal. Mas se olharmos direito vamos descobrir que por trás da fachada do palácio há velhinhos vaidosos e vingativos.

Lembrei dessa metáfora ao ler que o STF tirou o sigilo de uma conversa entre Reinaldo Azevedo e a irmã de Aécio Neves. Mesmo se Reinaldo não fosse jornalista haveria no ato um atentado à privacidade, pois não há na conversa nada que contribua com a investigação.

Mas o Estado são pessoas, e pessoas se ressentem. Gostam de desfrutar a vingança. No caso, foi uma vingancinha bem safada, daquelas de senhoras barraqueiras do núcleo cômico da novela das sete.

Quase diariamente Reinaldo Azevedo reclama da atuação de Rodrigo Janot como procurador-geral. Tem sido crítico aos atropelos da Lava Jato. Dificultou a nomeação de Edson Fachin ao STF mostrando que ele apoiava líderes do MST. Desde a semana passada vem repetindo que os grampos de Joesley são uma mutreta para derrubar Michel Temer.

Diga que você não ficaria tentado a fazer igual. Há anos um jornalista reclama de você e do seu trabalho, a ponto de ridicularizá-lo. As posições políticas e partidárias dele são opostas às suas. De repente cai na sua mesa uma conversa desse jornalista com uma investigada que acabou de ser presa. A conversa tem o poder de constranger o jornalista com a revista em que trabalha e com o público, ao provar o que todo mundo suspeitava —que ele tem relações bem próximas com os tucanos.

Ai, tendo em vista que a liberação da conversa renderia mais um ótimo capítulo do "House of Cards" brasileiro, eu, que sou de carne e osso, não tenho vocação para mágico de Oz, confesso que dificilmente me seguraria.



Ataque torpe de Janot aos direitos individuais de Reinaldo Azevedo marca fim do Estado de Direito no Brasil



Por Luciano Ayan

Neste 23/05 o Estado de Direito acabou no Brasil, pois o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, decidiu revelar um grampo entre o jornalista Reinaldo Azevedo e a irmã de Aécio, Andrea Neves.  Detalhe: a conversa não continha nenhum crime, dando mostras claras de implementação de um estado policial como nos moldes venezuelanos. Com isso, Azevedo pediu demissão da revista Veja, pois nos áudios vazados por Janot ele criticava o veículo. Num telefonema grampeado com a irmã do senador Aécio Neves, Andrea Neves, ele chamou o conteúdo de uma reportagem de capa sobre senador de “nojento”.
A matéria do R7 diz:
A gravação foi feita depois da meia-noite do último dia 13 de abril, quinta-feira. A conversa entre Azevedo e Andrea foi anexada pela Procuradoria-Geral da República aos aúdios do inquérito que investiga o senador e a irmã.
Durante a conversa, eles falaram da Lava Jato e da revista Veja. Reinaldo criticou uma matéria de capa que fala sobre Aécio Neves. Quando o grampo foi divulgado, o colunista pediu demissão.
Veja um trecho da conversa:
Andrea Neves – Agora, que está acontecendo na Veja, o que o pessoal fez…
Reinaldo Azevedo – Ah, eu vi. É nojento, nojento. Eu vi.
Andrea Neves – Assinaram todos os jornalistas e vão pegar a loucura desse cara para esquentar a maluquice contra mim.
Reinaldo Azevedo – Tanto é que logo no primeiro parágrafo, a Veja publicou no começo de abril que não sei o que, na conta de Andrea Neves. Como se o depoimento do cara endossasse isso. E ele não fala isso.
Andrea Neves – Como se agora tivesse uma coleção de contas lá fora e a minha é uma delas.
Reinaldo Azevedo – Eu vou ter de entrar nessa história porque já haviam me enchido o saco. Vou entrar evidentemente com o meu texto e não com o deles. Pergunto: essas questões que você levantou para mim, posso colocar como se fosse resposta do Aécio?
Andrea Neves – Nós mandamos agora para a Veja uma nota para botar nessa matéria.
Reinaldo Azevedo – Não quer mandar para mim também?
Andrea Neves – Mando.
Leia na íntegra a nota divulgada por Reinaldo Azevedo:
“Pela ordem:
Comecemos pelas consequências.
Pedi demissão da VEJA. Na verdade, temos um contrato, que está sendo rompido a meu pedido. E a direção da revista concordou.
1: não sou investigado;
2: a transcrição da conversa privada, entre jornalista e sua fonte, não guarda relação com o objeto da investigação;
3: tornar público esse tipo de conversa é só uma maneira de intimidar jornalistas;
4: como Andrea e Aécio são minhas fontes, achei, num primeiro momento, que pudessem fazer isso; depois, pensei que seria de tal sorte absurdo que não aconteceria;
5: mas me ocorreu em seguida: “se estimulam que se grave ilegalmente o presidente, por que não fariam isso com um jornalista que é critico ao trabalho da patota”.
6: em qualquer democracia do mundo, a divulgação da conversa de um jornalista com sua fonte seria considerado um escândalo. Por aqui, não.
7: tratem, senhores jornalistas, de só falar bem da Lava Jato, de incensar seus comandantes.
8: Andrea estava grampeada, eu não. A divulgação dessa conversa me tem como foco, não a ela;
9: Bem, o blog está fora da VEJA. Se conseguir hospedá-lo em algum outro lugar, vocês ficarão sabendo.
10: O que se tem aí caracteriza um estado policial. Uma garantia constitucional de um indivíduo está sendo agredida por algo que nada tem a ver com a investigação;
11: e também há uma agressão a uma das garantias que tem a profissão. A menos que um crime esteja sendo cometido, o sigilo da conversa de um jornalista com sua fonte é um dos pilares do jornalismo”.
Não é preciso acrescentar algo ao que foi dito acima. Se Reinaldo cometeu um crime, que alguém especifique o que foi. Alguém disse que ele “combinava pauta” em telefone, e qual o problema disso? Qual o crime disso?
O Brasil virou Venezuela e a partir de agora tudo pode acontecer.
Em tempo: já discordei de Reinaldo Azevedo quando ele apoiou a arbitrariedade do STF contra Jair Bolsonaro – que tomou processo por ter dito que Maria do Rosário “não merece ser estuprada” -, mas isso ainda não é motivo para tolerar essa arbitrariedade contra ele. Discordo de várias críticas que ele faz a Sérgio Moro, mas isso ainda não é motivo para violar suas garantias individuais. Há quem possa dizer: “ah, eu não gosto de ser chamado de direita xucra”. Ora, rotule-o também. Isso também não é motivo para violar os direitos à privacidade de Reinaldo.
Não importa se alguém discorda ou não de Reinaldo Azevedo: em nome do Estado de Direito, é preciso ficar do lado dele. Não necessariamente de suas opiniões, mas de seus direitos como cidadão.
Se não tivermos nem isso, de que valem as instituições? Hoje, infelizmente, o Estado de Direito acabou no Brasil. Tudo pode acontecer com qualquer um.

Um Conto do Destino: Divulgação da conversa de Reinaldo Azevedo é ilegal



Por ADOLFO SACHSIDA


Sejamos claros: a lei que autoriza a escuta telefônica (grampo) proíbe que conversas privadas, não relacionadas a investigação, sejam tornadas públicas. A lei Nº 9.296/96 em seu artigo nono especifica:

"Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada.
Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal".

Se você ainda duvida, então leia uma interpretação jurídica mais completa aqui. Você pode ler um resumo dos acontecimentos aqui. A Procuradoria Geral da República também emitiu uma nota sobre o caso, e você pode lê-la aqui.


O que vai acima é grave e ilegal. Que história é essa do STF tornar públicas conversas que não foram consideradas relevantes para a investigação? Isso é simplesmente ilegal! De acordo com o artigo nono exposto acima temos que as gravações que não interessarem a investigação devem ser inutilizadas, e não tornadas públicas.

Durante o processo de escutas telefônicas uma série enorme de conversas são gravadas, boa parte delas sem qualquer interesse ou conexão com a investigação. De acordo com a lei, tais conversas devem ser inutilizadas. Ao tornar tais conversas públicas coloca-se em risco a carreira profissional e a vida pessoal de uma série de pessoas inocentes.

O vazamento da conversa de Reinaldo de Azevedo é ilegal. Tão simples quanto isso. Usou-se de um subterfúgio para expor ilegalmente o jornalista. Qual subterfúgio foi esse: tornaram-se públicas um lote enorme de conversas privadas sem relação com a investigação, e duas delas referiam-se a Reinaldo de Azevedo. Ainda de acordo com a reportagem da Folha de São Paulo temos que: 

"Os áudios integram um lote de 2.200 gravações entregues à imprensa na semana passada pela assessoria do STF após o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, decretar o fim do sigilo do caso, na semana passada, a pedido da Procuradoria. Muitas delas não tratam da investigação". 

Essa história de tornar públicas conversas privadas não relacionadas a investigação é simplesmente ilegal. Quem procedeu com isso terá que responder por esse absurdo. Inaceitável e criminoso é o procedimento de tornar públicas conversas entre pessoas privadas não investigadas, com conteúdo não relacionado a investigação, com o único intuito de lhes causar constrangimentos de ordem pessoal ou profissional. A lei foi violada, resta agora saber se de maneira intencional ou por descuido.

Se até agora você ainda não se convenceu, então imagine que sua esposa ou sua filha liguem para um médico e comentem questões pessoais com o médico. Questões relacionadas a tratamentos de saúde e remédios que devem ser tomados. Cinco meses depois tais audios vem a público em decorrência do médico estar sendo investigado. Você acha isso correto? Que culpa tem sua esposa, ou sua filha, de se consultarem com um médico que elas confiavam (mas que era investigado pela polícia)? Ora, tais conversas privadas em nada ajudam a investigação. Contudo, sua divulgação pública pode denegrir, manchar a reputação, implicar numa demissão de emprego, ou causar constrangimentos consideráveis a pessoas inocentes.


terça-feira, maio 23, 2017

CASO REINALDO AZEVEDO: Violação de sigilo da fonte pela PGR é preocupante, diz Abraji



A Abraji vê com preocupação a violação do sigilo de fonte protagonizada pela Procuradoria Geral da República, que anexou transcrição de conversas gravadas entre o jornalista Reinaldo Azevedo e a irmã do senador afastado Aécio Neves (PSDB), Andrea Neves, a inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com o BuzzFeed News, a Polícia Federal não encontrou indícios de crimes nos diálogos, que não têm relação com o objeto do inquérito: a apuração do envolvimento de Andrea e Aécio em esquema de corrupção. A Lei 9.296/1996, que regula o uso de interceptações telefônicas em processos, é clara: a gravação que não interesse à produção de provas em processo deve ser destruída. O próprio Ministério Público, aliás, é que deveria cuidar para que isso aconteça.

A inclusão das transcrições em processo público ocorre no momento em que Reinaldo Azevedo tece críticas à atuação da PGR, sugerindo a possibilidade de se tratar de uma forma de retaliação ao seu trabalho.

A Abraji considera que a apuração de um crime não pode servir de pretexto para a violação da lei, nem para o atropelo de direitos fundamentais como a proteção ao sigilo da fonte, garantido pela Constituição Federal.

Diretoria da Abraji, 23 de maio de 2017

RODRIGO CONSTANTINO: VAZAMENTO DE CONVERSA ENTRE REINALDO AZEVEDO E IRMÃ DE AÉCIO NEVES REFORÇA O PONTO DO PRÓPRIO JORNALISTA




Reinaldo Azevedo está fora da Veja. Pediu demissão após quase 12 anos de blog, e a administração aceitou. O motivo? Uma conversa particular com Andrea Neves, irmã do senador Aécio, que foi vazada de forma criminosa, na qual o jornalista criticava a própria revista.
Sou daqueles que admirava muito Reinaldo, e que se decepcionou bastante com ele, com suas mudanças recentes. Ele “tucanou” demais da conta, passou a detonar não só quem merece duras críticas, como Rodrigo Janot, mas também a própria Lava Jato e até o juiz Sergio Moro. Achei estranha sua postura diversas vezes, e o critiquei quando julguei necessário.
Mas não é por isso que vou festejar sua demissão, ou pior: o motivo dela. Alguns podem preferir espetar o jornalista, que alegava ter vários empregos para cuspir na “direita xucra”. Não eu. Coloco os princípios acima dessas coisas. Não suportava mais, para ser sincero, a afetação de Reinaldo, sua arrogância, histeria, e mesmo suas contradições suspeitas. Mas isso não me faz rasgar os valores básicos da liberdade de expressão e do jornalismo.
Carlos Andreazza, editor e amigo de Reinaldo, foi direto ao ponto:
Pessoal, o pessoal que tem compromisso com a liberdade, muito cuidado ao festejar a conversa entre Reinaldo Azevedo e Andrea Neves.
Nada de comprometedor há ali. Nenhum crime. É diálogo de jornalista e fonte – algo absolutamente comum.
Reinaldo não integra o processo em questão. Não é investigado. Não era o grampeado. O que há de grave no caso, portanto, é a quebra do sigilo de fonte – sagrado para o livre jornalismo.
Falei acima em cuidado – e isto é o importante agora – porque é o que devem tomar doravante todos os que criticam a atuação do Ministério Público.
Isso é tentativa de intimidação.
Hoje contra Reinaldo. E amanhã?
Guilherme Macalossi também se mostrou preocupado:
Não há nenhum crime na conversa de Reinaldo Azevedo com Andrea Neves, mas há crime em divulgá-la, visto que é a conversa de um jornalista com sua fonte. Ou vocês acham que jornalistas não falam com políticos? No que consta transcrito, só existem as mesmas críticas que Reinaldo faz publicamente a Lava Jato e a Janot. Esse episódio é gravíssimo, e fere os mais basilares fundamentos da liberdade de expressão. A Lava Jato, querendo fazer justiça, está praticando justiçamentos.
Nós, jornalistas e formadores de opinião, não podemos nos calar diante de um claro abuso de poder só porque o alvo é nosso adversário ou desafeto. Essa postura é típica da esquerda. Reinaldo denunciava esse clima de “justiçamento” e, em minha opinião, havia muito de paranoia, de defesa velada dos caciques tucanos. Mas o vazamento criminoso dessa conversa deu força ao próprio jornalista, mostrou que ele tem um ponto sim, que há coisas muito estranhas acontecendo em nosso país.
Não gostar de Reinaldo, ou de suas ideias, não é motivo bom o suficiente para fechar os olhos para crimes cometidos pelas próprias autoridades. Uma das coisas que mais incomodaram Carlos Andreazza no caso da censura ao livro do pseudônimo Eduardo Cunha foi justamente o silêncio das demais editoras, dos jornalistas, pois se tratava de um editor “de direita”. Isso não é um critério razoável ou aceitável. Ao menos não para os liberais.
Reinaldo pode não ter meu apoio nas suas teses recentes, no seu estilo mais histriônico ou nas derrapadas “legalistas” que não víamos antes, mas ele tem minha solidariedade nesse caso específico. Foi vítima de uma safadeza. Pior: de um crime. Que os culpados sejam responsabilizados, pois não podemos aceitar o arbítrio de quem deve se ater ao cumprimento das leis.
Fecho com trecho do poema “No caminho com Maiakovski”, de Eduardo Alves da Costa:
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

segunda-feira, maio 22, 2017

JBS, Canal Rural e o preço da Soja

JBS comprou o Canal Rural da RBS por R$ 40 milhões

Uma das jóias da coroa do grupo JBS na área de mídia é o Canal Rural, normalmente de boa audiência no agro.

A JBS comprou o Canal Rural da RBS.

Um dos acionistas da emissora, sócia da RBS, era o atual deputado pelo PDT Afonso Mota.

As más previsões do Canal Rural e da RBS

Há meio ano, quando se avizinhava o início da colheita da nova safra de soja, o Canal Rural e a RBS insistiram que o preço da saca de 60 kg para o produtor poderia subir dos R$90,00 da época para até R$ 100,00.

Os produtores acreditaram e perderam.

Hoje, vendem abaixo dos R$ 60,00.

O Canal Rural foi comprado no dia 20 de fevereiro pelo grupo JBS.

Pagou R$ 40 milhões para a vendedora, a RBS.

Fonte: Jornalista Políbio Braga

RODRIGO CONSTANTINO: A carne é vermelha! Ou: Por que tanto sigilo com a JBS?



PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 13/11/2014

O BNDES adotou a política de seleção dos “campeões nacionais” durante a gestão de Luciano Coutinho, o mesmo que, na década de 1980, aplaudia a Lei da Informática. Os dois maiores beneficiados por tal visão nacionalista foram Eike Batista e o grupo JBS, cujos controladores são os irmãos Wesley e Joesley Batista.

Por isso brincam que é preciso ter Batista no sobrenome para conseguir bilhões de empréstimo a 4% ao ano, taxa nominal (ou seja, abaixo da inflação). Ambos receberam bilhões e bilhões subsidiados do governo, e até aporte de capital para sociedade direta.

O BNDESPar e a Caixa Econômica possuem, juntos, mais de um terço do capital votante da JBS. Além disso, o BNDES emprestou bilhões para a empresa, que saiu de um faturamento de poucos bilhões anos atrás para um conglomerado que fatura dezenas de bilhões hoje e possui ativos de quase R$ 80 bilhões.

Todos conhecem a empresa por meio de seu garoto-propaganda, o ator Tony Ramos, e sua marca mais famosa, a Friboi. Mas por trás dos panos há grande sigilo nesses empréstimos. O Tribunal de Contas da União (TCU) está, por isso mesmo, cobrando mais transparência, mas o presidente do BNDES resiste, e diz que isso seria quebra de sigilo bancário.

O relator do processo, ministro José Jorge, discorda: “Os recursos aplicados são públicos, a empresa aplicadora é pública, e a política orientadora é pública”. O BNDES talvez vá ao Supremo Tribunal Federal tentar se esquivar da cobrança do TCU. Por que esse sigilo todo?

A empresa de auditoria também não atesta conhecimento pleno dos fatos para dar seu parecer independente. A empresa BDO RCS Auditores Independentes diz em seu parecer no último balanço disponível:

Conduzimos nossa revisão de acordo com as normas brasileiras e internacionais de revisão de informações contábeis intermediárias (NBC TR 2410 – Revisão de informações contábeis intermediárias executada pelo auditor da Entidade e “ISRE 2410 – Review of interim financial information performed by the independent auditor of the entity”, respectivamente). Uma revisão de informações intermediárias consiste na realização de indagações, principalmente às pessoas responsáveis pelos assuntos financeiros e contábeis e na aplicação de procedimentos analíticos e de outros procedimentos de revisão. O alcance de uma revisão é significativamente menor do que o de uma auditoria conduzida de acordo com as normas de auditoria e, consequentemente, não nos permitiu obter segurança de que tomamos conhecimento de todos os assuntos significativos que poderiam ser identificados em uma auditoria. Portanto, não expressamos uma opinião de auditoria.

Resta saber o motivo disso. Por que não foi realizado um trabalho de auditoria mais profundo? Por que tanto mistério ronda a empresa?

Tudo fica mais bizarro quando lembramos que a JBS foi simplesmente a maior doadora de campanha para o PT e seus aliados, tendo distribuído quase R$ 200 milhões para vários candidatos da coligação. O quid pro quo salta aos olhos, não? É o retrato de nosso “capitalismo de laços” ou de compadres, em que o “amigo do rei” acaba se dando bem. As ações, à contramão do restante do mercado, espelham o relativo sucesso dos camaradas do poder.

Após tanta proximidade com o governo e tanta regalia, bem recompensada na montanha de recursos doada para as campanhas, circulam pelas redes sociais rumores de que Lulinha seria sócio oculto da empresa.

O filho do ex-presidente Lula saiu de monitor de zoológico para empresário milionário do ramo de tecnologia da noite para o dia, quando a Oi comprou sua empresa Gamecorp por R$ 5 milhões. Pouco depois o governo mudou a Lei Geral de Telecomunicações para que a mesma Oi pudesse comprar a Brasil Telecom. São muitas coincidências!

Se os boatos são verdadeiros ou não, eu não sei. Só sei que tudo é muito suspeito quando se trata dessa simbiose absurda entre grandes empresas e governo. Ainda mais com esse manto todo de sigilo cobrindo dados importantes da empresa e sua ligação com o BNDES. O TCU está mais do que certo em cobrar mais transparência. E a reação do BNDES torna tudo mais suspeito ainda.

A carne é mesmo vermelha. Rubro, escarlate, da cor do PT. E pode ser que esteja podre ainda por cima…

Friboi: O curioso caso do controlador fantasma



PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 29/10/2014


Por Geraldo Samor na Veja.com


Este é mais um caso de “não vi, não sei quem é, não sei de nada” — mais uma vez, de proporções épicas.

A JBS, uma das maiores empresas brasileiras em faturamento, dona da marca Friboi e responsável por aquisições bilionárias nos últimos anos, diz que não sabe quem é o detentor de 13% de seu capital.

A Blessed Holding, uma sociedade incorporada em Delaware, nos EUA, onde há menos exigências legais para a abertura de empresas, aparecia até semana passada como dona de 13% do capital da JBS… até que o jornal O Estado de São Paulocomeçou a fazer perguntas à CVM.

Na sexta-feira, a JBS alterou a participação da Blessed em seu capital em seu formulário de referência (um documento que as empresas têm que arquivar com a CVM), reduzindo sua participação na companhia para 6,6%, cujo valor de mercado é de cerca de 1,4 bilhão de reais.

Mas o mistério permanece. Quem está por trás da Blessed?

A empresa tem como acionistas duas seguradoras — a US Commonwealth Life e a Lighthouse Capital — sediadas em paraísos fiscais diferentes, mas com telefones e emails para contato iguais. Até agora, ninguém identificou as pessoas físicas por trás das seguradoras.

“Os donos da JBS costumam declarar que não sabem” quem é o dono da Blessed, escreveram no Estadão as repórteres Alexa Salomão e Josette Goulart.

Convém continuar perguntando. Uma empresa do tamanho da JBS não pode correr tamanho risco de imagem, ainda mais quando bilhões de reais do BNDES entraram na empresa nos últimos anos.

O BNDES já investiu mais de R$ 8 bilhões na JBS e hoje é dono de 25% da empresa. A Caixa é dona de outros 10%. Ou seja: dinheiro público é dono de mais de um terço da JBS.

Ao que tudo indica, a Blessed é a criança bastarda de um casamento forçado.

O BNDES foi o padrinho da união societária entre os Batista e os Bertin, famílias que não exatamente morriam de amores uma pela outra. O banco sempre foi credor e acionista tanto da JBS quanto de seu concorrente, o frigorífico Bertin.

Em 2009, com o Bertin vergando sob o peso de R$ 6 bilhões em dívidas, o BNDES decidiu que fazia sentido enterrar a dívida de uma empresa na outra, formando assim um ‘campeão nacional’ cada vez mais ‘too big to fail’.

Logo depois da fusão, a Blessed apareceu no formulário de referência da JBS como parte da cadeia societária que controla a empresa. E em meados do ano passado, virou pivô de uma briga feia entre as duas famílias, com os Bertin acusando os Batista de falsificar assinaturas e roubar-lhes 1 bilhão de reais. Há alguns meses, as famílias chegaram a um acordo pelo qual os Bertin sairão da sociedade, mas a Blessed continua sendo um ponto de interrogação.

Agora, a JBS se prepara para fazer o IPO de uma subsidiária, a JBS Foods. Nunca a necessidade de transparência foi tão grande.

Por Geraldo Samor

JORGE OLIVEIRA: BNDES TEM MEDO DE ABRIR A CAIXA PRETA DOS EMPRÉSTIMOS A FRIBOI



PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 24/03/2015




Luciano Coutinho prefere pagar a insignificante multa de 10 mil reais para o TCU a abrir a caixa preta do BNDES que dirige à sombra de Lula. O presidente do banco alega “sigilo bancário” para não informar ao Tribunal de Contas da União o total de empréstimos ao grupo JBS Friboi, uma negociata que é mantida a sete chaves. Ora, a discussão não é quanto a multa irrelevante pela desobediência mas a resistência de Coutinho em atender às ordens do tribunal que exige saber detalhes do investimento do banco no grupo Friboi, um dos maiores contribuintes da campanha da Dilma.

Coutinho certamente vai continuar ignorando a solicitação do TCU. Um dos mais longevos presidente do BNDES, espalha que é protegido de Lula e só a ele deve satisfação, o que impede a Dilma de decidir sobre a sua permanência ou não no banco. Não é a primeira vez que Luciano Coutinho nega informações sobre os nebulosos negócios do banco estatal que dirige. Foi assim com os empréstimos com clausulas de sigilo que fez a Cuba e aos ditadores africanos sob o pretexto de que as empreiteiras brasileiras precisavam ser financiadas para expandir seus trabalhos no exterior, como defendia o Lula na presidência e depois fora o cargo.

O BNDES também recheou os cofres do ex-bilionário Eike Batista que fiscalizava suas obras a bordo de um luxuoso jatinho na companhia do ex-presidente Lula, seu privilegiado lobista. Até hoje não se conhece como foram feitos esses empréstimos e se Eike vem cumprindo os contratos. O que se sabe de verdade é que o ex-bilionário já fez várias repactuações desses financiamentos. E para não contabilizar essa montanha de dinheiro como prejuízo o banco vem se submetendo a todas as propostas imorais de Eike.

O Tribunal de Contas já avisou ao presidente do BNDES que o próximo passo é aumentar a multa para 30 mil reais no caso de nova omissão e até evoluir para o impedimento dele exercer cargos púbicos. Mas Coutinho vai continuar zombando dos órgãos fiscalizadores do país. Ele dirige o banco como se fosse uma propriedade sua e não um patrimônio do povo brasileiro que se sente lesado por essa administração danosa aos cofres públicos. Até hoje, o Congresso Nacional não conseguiu abrir a caixa preta dos empréstimos feitos por ele aos países africanos, mesmo depois do seu comparecimento a várias comissões no Congresso Nacional para prestar esclarecimentos.

Espera-se que o TCU insista no cumprimento da lei, exigindo mais uma vez de Luciano Coutinho os contratos feitos sob sigilo já que esses negócios precisam ser conhecidos pelos brasileiros. A abertura da caixa preta pode provocar mais um grande escândalo em uma empresa estatal, onde o PT dá as cartas.

O TCU desconfia que os petistas continuam fazendo a mesma operação que levou muitos deles ao presídio. O dinheiro é desviado dos órgãos públicos, como ocorreu na Petrobrás, e chega ao caixa de campanha em forma de contribuição oficial, modelo de corrupção já descoberto e punido pela Policia Federal e pelo Ministério Público.

+ LIDAS NOS ÚLTIMOS 30 DIAS

Arquivo do blog