AgroBrasil - @gricultura Brasileira Online

+ LIDAS NA SEMANA

segunda-feira, julho 11, 2016

Embrapa Pantanal atende demandas e leva conhecimento a outros países






Guilherme Ferraz - Mapa mostra atuação da Embrapa Pantanal em países como Bolívia e Camarões, além de países parceiros em publicações
Mapa mostra atuação da Embrapa Pantanal em países como Bolívia e Camarões, além de países parceiros em publicações



Instalada em Corumbá (MS), município que faz fronteira com a Bolívia, a Embrapa Pantanal tem sido frequentemente requisitada por instituições para colaborar com o desenvolvimento da agropecuária do país vizinho. O pesquisador Alberto Feiden, da equipe de agricultura familiar, foi procurado em abril para transferir tecnologias a produtores bolivianos que pretendem cultivar hortaliças no modelo agroecológico.



Eles representavam a Secretaria de Desenvolvimento Produtivo do Governo de Santa Cruz, a FTE (Fundacion Trabajo Empresa) e a Sedacruz (Serviço Departamental Agropecuário de Sanidade e Inocuidade Agroalimentar de Santa Cruz). A preocupação dessas entidades é com o uso de agrotóxicos pelos agricultores familiares bolivianos.

No dia 30 de junho, a primeira ação prática foi realizada no assentamento 72, em Ladário (MS). Em parceria com a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a Embrapa Pantanal transferiu tecnologias a um grupo de agricultores familiares bolivianos.

As demandas da Bolívia não são tão recentes. Em julho do ano passado, um grupo formado por autoridades do Governo Departamental de Santa Cruz e por representantes da WWF Bolívia e WWF Brasil realizou uma visita técnica à Embrapa Pantanal e ao campo experimental Fazenda Nhumirim afim de realizar uma troca de experiências.

Essa visita foi uma demanda do Governo Departamental de Santa Cruz /Bolívia que, há dois anos, lançou um programa de Boas Práticas na Produção Pecuária para conhecer os trabalhos que a Embrapa vem desenvolvendo sobre a prática da pecuária sustentável e sobre o sistema de controle de trânsito animal no Brasil, que eles querem implantar no país vizinho. 

Na ocasião, o secretário de Desenvolvimento Produtivo de Santa Cruz, Luis Alberto Alpire, afirmou que o aprendizado com a Embrapa é de suma importância, pois Santa Cruz havia acabado de se tornar área livre de febre aftosa. "Para a conquista de mercados além mar é preciso ter um eficiente trabalho de vacinação, controle de entrada e saída de animais, manejo de gado, rastreabilidade, entre outros, e a Embrapa Pantanal é um exemplo em modelo de pesquisa nesta área, por isso queremos poder contar com uma parceria com a instituição, onde temos muito a aprender e a ensinar também."

A partir desta visita, foi iniciado um estudo sobre possível convênio entre o Governo Departamental de Santa Cruz de La Sierra e a Embrapa Pantanal com o objetivo de transferir tecnologias, gerar intercâmbio de conhecimentos e produzir publicações técnico-científicas e eventos científicos em conjunto.

Em junho deste ano, cerca de 40 estudantes do curso de veterinária da Udabol (Universidade de Aquino daBolívia) estiveram em Miranda (MS) para conhecer parte do trabalho realizado no curso técnico em agropecuária oferecido aos alunos da Fundação Bradesco. A Embrapa é parceira da fundação e organizou esse intercâmbio.

O pesquisador Frederico Lisita, da Embrapa Pantanal, também participou da visita para conversar com os alunos sobre o uso da bocaiuva, mandioca e moringa na alimentação de aves poedeiras – um trabalho de pesquisa desenvolvido por ele e pela pesquisadora Raquel Soares, da mesma instituição, em parceria com a Fundação Bradesco.

Os mesmos pesquisadores e seus conhecimentos sobre a alimentação alternativa para galinhas poedeiras estiveram recentemente envolvidos com pesquisas em agricultura familiar desenvolvidas em Camarões, na África. Um projeto desenvolvido naquele país abordou o uso de moringa e mandioca na alimentação das poedeiras de sistema semiextensivo em substituição ao milho e à soja. "A raiz da mandioca substitui o carboidrato do milho; a proteína da soja pode ser trocada pela da moringa", afirmou Raquel. Os resultados são relevantes para a região, pois Corumbá não produz soja e milho.

Em um segundo momento, outro projeto foi aprovado pelo CNPq, reunindo a Embrapa Pantanal, a Fundação Bradesco (Miranda-MS), a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e o pesquisador africano Christian Keambou Tiambo, da Universidade de Buea, em Camarões. Eles fizeram experimentos na Fundação Bradesco e na África confirmando que a bocaiuva poderia ser usada como um aditivo alimentar, uma fonte de energia da dieta das galinhas.


PUBLICAÇÕES
A atuação internacional da Embrapa Pantanal se reflete também em publicações com cientistas de outros países. O pesquisador Guilherme Mourão, do Laboratório de Vida Selvagem da Embrapa Pantanal, tem publicado ao longo de sua carreira artigos com parceiros internacionais. Nos últimos cinco anos, há registros de publicações com pesquisadores da University of Missouri, na Columbia, e do Southeast Ecological Science Center, na Florida (Estados Unidos), Blaustein Institute for Desert Research (Israel), Royal Zoological Society of Scotland (Escócia), Fundacion Amigos de la Naturaleza (Bolívia), além da coautoria com a francesa Nicole Duplaix, que está na Oregon State University (Estados Unidos). Outro artigo recente do pesquisador foi produzido em conjunto com cientistas da University of Queensland e da James Cook University, ambas da Austrália. 

Na área de limnologia, a pesquisadora Márcia Divina mantém parcerias consolidadas com os cientistas Steve Hamilton (Estados Unidos) e Renata Claudi (Canadá), atuando em publicações conjuntas e trocando experiências frequentemente com esses dois países em sua área de atuação.

O pesquisador Ubiratan Piovezan publicou artigo sobre circovirose com autores de outras instituições, incluindo Giovanni Franzo, da Universidade de Pádua na Itália. "É um artigo que vem sendo bastante citado internacionalmente", comenta. Ubiratan conta que o estudo está relacionado à origem e evolução dos circovírus, encontrado em várias regiões do mundo e também no Pantanal. "Uma cepa havia sido descrita apenas na década de 1980 na Dinamarca. Como explicar a diversidade encontrada, de onde surgiram as cepas?", questiona.

Também com a Itália, o pesquisador vem mantendo uma parceria que estuda a utilização dos pelos guarda na caracterização de raças bovinas locais brasileiras, trabalho que virou tese de doutorado defendida em junho pela bolsista da Embrapa Pantanal Gisele Aparecida Felix, orientada por Ubiratan. Gisele desenvolveu parte de seus estudos em Pádua. A técnica foi aplicada pela primeira vez na área da produção animal na caracterização de raças de ovinas autóctones da região do Veneto. O estudo com raças bovinas de corte é inédito.

Em 2011, Ubiratan publicou um artigo em coautoria com Arnaud Desbiez, da Royal Zoological Society of Scotland (Escócia), Alexine Keuroglian, da WCS (Wildlife Conservation Society-Brazil) e Richard Ernest Bodmer, da University of Kent, no Reino Unido. Até o momento, é um dos artigos mais citados do pesquisador e relata que o porco substitui espécies nativas como alvo da caça no Pantanal.

Ubiratan integra o grupo de especialistas em cervídeos (Deer Specialist Group) da IUCN – International Union for Conservation of Nature, bem como a Species Survival Comission, comissão que coordena esses grupos de especialistas.

O livro Dynamics of the Pantanal Wetland in South America (Dinâmicas do Pantanal na América do Sul), organizado pelos pesquisadores Ivan Bergier, da Embrapa Pantanal, e Mario Assine, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) foi lançado no início de 2016. Nele, participam cientistas da University of Kentucky (Estados Unidos), da Université de Toulouse (França) e da Linköping University (Suécia).

Também no início deste ano, o Pantanal ganhou visibilidade internacional com a publicação Freshwater Fisheries Ecology, livro editado pela Wiley Online Library, do Reino Unido. Na coletânea, o pesquisador Agostinho Catella relata o funcionamento da pesca profissional artesanal e amadora (ou recreativa) no Pantanal e sua relação com o ambiente.

Essas são algumas das parcerias registradas recentemente entre a Embrapa Pantanal e a comunidade internacional. Outros pesquisadores também têm se empenhado em produzir em coautoria com cientistas de outros países. Esses trabalhos têm sido divulgados por meio das próprias publicações e serão, oportunamente, difundidos em matérias como esta.

NO PAÍS
A atuação da Embrapa Pantanal no Mato Grosso do Sul e em outros Estados brasileiros também tem sido intensa. Apesar de o foco dos cientistas ser o Pantanal, o conhecimento acumulado por eles ao longo dos últimos anos tem sido requisitado por instituições parceiras. Esse intercâmbio é favorável também para a Unidade, pois a troca de experiências com outras regiões e outros biomas enriquece o trabalho de pesquisa desenvolvido no Pantanal.

Confira algumas dessas atuações:



Raquel Brunelli d'Avila
Jornalista - DRT/MS 113
Embrapa Pantanal
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Corumbá/MS

raquel.avila@embrapa.br

Fone: +55 (67) 3234-5882
Fax: +55 (67) 3234-5815



A vacinação de bovinos e o potencial de proteção dos animais


Emanuelle Baldo Gaspar, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul 
Lenita Ramires dos Santos, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte

Vacinas são produtos biológicos gerados a partir de vírus, bactérias e outros microrganismos causadores de doenças. Estes produtos podem conter os microrganismos vivos, inativados ou apenas partes destes. As vacinas têm a função de prevenir doenças pela estimulação do sistema de defesa do animal, também chamado sistema imunológico, e não devem ser confundidas com medicamentos, que são drogas (produtos químicos) usadas para tratar doenças. Enquanto medicamentos têm efeito imediato, as vacinas demoram pelo menos cerca de 15 dias para começar a fazer efeito.

Embora muitas pessoas tratem como termos semelhantes, vacinação e imunização não são sinônimos. Enquanto que vacinação refere-se ao ato de inocular a vacina, imunização diz respeito à proteção adquirida contra a doença. Uma imunização de 100% da população ou do rebanho seria, obviamente, o ideal, porém, este valor é virtualmente impossível de se alcançar. Mesmo vacinas consideradas boas têm, muitas vezes, índices de efetividade ao redor de 85 a 90%. Mas por que isso ocorre?

O sistema imunológico do animal é composto por células e órgãos que têm a habilidade de identificar e diferenciar aquilo que é estranho daquilo que é próprio ao organismo. Acontece que, assim como várias características - tais como cor de pelagem, cor dos olhos, altura, taxa de conversão alimentar - variam de indivíduo para indivíduo, a habilidade do sistema imunológico em reconhecer o que é estranho também varia individualmente. Para que uma vacina seja eficaz, os microrganismos que a constituem, ou suas partes, têm que ser reconhecidos como estranhos e estimular o sistema de defesa a montar uma resposta adequada que vai proteger contra futuras infecções. Assim, uma mesma vacina pode ser reconhecida com eficácia (e induzir imunidade) pelo sistema imunológico da maioria dos indivíduos, mas não ser por alguns outros. Essas diferenças entre indivíduos de uma população têm origem genética e não podem ser alteradas. Porém, diversos outros fatores que influenciam negativamente a resposta à vacinação são manipuláveis e podem ser minimizados pelas boas práticas de vacinação. 

Dentre os fatores não genéticos que podem influenciar na imunidade do animal, podem ser citados: idade, estado nutricional, estresse e prenhez, entre outros. Os anticorpos (principais componentes do sistema imunológico a atuar contra o estabelecimento de doenças em animais vacinados) são proteínas e, portanto, animais subnutridos ou submetidos a dietas com baixa quantidade de proteínas podem apresentar queda da imunidade. Em animais muito jovens ou idosos o sistema imunológico tende a não funcionar tão adequadamente quanto em animais adultos. O estresse, por sua vez, gera a liberação de alguns mediadores químicos que podem diminuir a imunidade. Além disso, em animais doentes, o sistema imunológico está mobilizado para combater aquela doença e, quando vacinados, não responderão à vacina de forma adequada. Já a prenhez afeta negativamente as defesas do animal, pois requer a supressão da imunidade materna, para evitar a rejeição do feto. 

Porém, nem todos os fatores que colaboram para a não eficiência completa das vacinas são intrínsecos aos animais que as recebem. Fatores relativos à produção e conservação das vacinas também podem influenciar na qualidade destas e na geração de resposta imunológica adequada após a vacinação. Embora o produtor não tenha o controle sobre o processo de fabricação, ele deve ficar atento para só adquirir vacinas licenciadas pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Quanto à conservação das vacinas, cabe ao produtor garantir a manutenção da qualidade das mesmas. Vacinas devem ser mantidas refrigeradas (temperatura de geladeira) o tempo todo, inclusive durante o transporte e manejo, pois quando esquentam ou congelam perdem ou comprometem a eficiência. Assim, adquirir vacinas de varejistas idôneos, que garantam a manutenção das vacinas sob refrigeração, até o momento da venda, e manter sempre as vacinas na geladeira ou em caixa térmica com gelo após sua aquisição, são medidas simples que devem ser observadas. Além disso, se não agitadas adequadamente antes de serem aplicadas, alguns animais podem receber mais do "princípio ativo" da vacina (imunógeno) que o necessário e outros podem receber menos, não imunizando o rebanho de forma correta. Produtos de frascos abertos (sobras) ou vencidos não devem ser usados. 

Mesmo que as vacinas não sejam capazes de proteger todos os indivíduos, ao considerarmos a população imunizada, a vacinação gera o que conhecemos como "imunidade de rebanho", que significa que, se a maioria dos animais está protegida pela vacinação, a circulação do agente causador da doença naquela população diminui e o risco de infecção em animais sadios também. Este fenômeno é tão importante que algumas doenças, como a varíola humana e a peste bovina, já foram erradicadas em todo mundo. Para outras doenças, tais como a febre aftosa, mesmo não havendo erradicação mundial a condição de área livre da doença pode ser atingida com o uso sistemático da vacinação. 

Para minimizar os riscos e aumentar a eficiência da vacinação, listamos abaixo algumas medidas simples que podem ser adotadas, tais como:

· Adquirir apenas vacinas licenciadas pelo MAPA e dentro do prazo de validade;
· Revisar as instalações de manejo antes da vacinação, para assegurar a segurança tanto das pessoas envolvidas no processo, quanto dos animais a serem vacinados e permitir a contenção adequada durante o manejo;
· Estocar as vacinas de forma adequada (entre 2 e 8 ºC, na geladeira), inclusive durante o transporte ou no dia do manejo (em caixa térmica contendo três partes de gelo para cada parte de vacina). O frasco da vacina em uso também deve ser mantido dentro da caixa térmica, mesmo no curto intervalo de tempo entre o preenchimento das pistolas (ou seringas). Também as pistolas devem ser mantidas sobre o gelo entre uma embretada e outra, se houver líquido dentro;
· Evitar estressar os animais antes, durante e após o manejo – não manejá-los com truculência e gritaria, não deixá-los longos períodos presos, sem acesso à água e comida; disponibilizar sombra aos animais;
· Evitar vacinar animais em mau estado nutricional, como, por exemplo, durante período prolongado de seca, ou animais debilitados por outras doenças;
· Utilizar agulhas de tamanho adequado, com bom estado de conservação, limpas e desinfetadas (o que pode ser feito por fervura durante 15 minutos). Seringas ou pistolas também devem estar limpas e desinfetadas. A cada dez animais a agulha deverá ser trocada, descartando agulhas desgastadas e/ou tortas, lavando e desinfetando agulhas em condições de ser reutilizadas. Ao final do procedimento o material deve ser guardado limpo e seco; 
· Usar uma agulha exclusiva para a retirada da vacina do frasco, não a usando em nenhum animal, para evitar contaminações;
· Aplicar a dose recomendada pelo fabricante, na via adequada (intramuscular ou subcutânea);
· Preferencialmente vacinar na tábua do pescoço, ou atrás da escápula, no caso das vacinas subcutâneas, evitando a aplicação na garupa. Como algumas vezes pode-se formar abcessos ou hematomas após a vacinação, deve-se evitar injeções em áreas de carnes nobres;
· Ficar atento para as vacinas que requerem mais de uma dose na primo-vacinação (primeira vez que os animais são vacinados) e observar corretamente intervalo entre uma vacinação e outra;
· Fazer revacinações anuais ou semestrais quando estas forem indicadas nas bulas dos produtos.

Embora apenas as vacinas contra febre aftosa e brucelose sejam obrigatórias para bovinos no Brasil, vale a pena definir um calendário sanitário anual que inclua outras vacinas. Este planejamento deve ser feito junto ao médico veterinário, que é o profissional indicado para identificar as doenças que ocorrem em sua região/propriedade. Embora a vacinação possa representar trabalho extra e tenha um custo, este é normalmente muito menor que as perdas ocasionadas pelas doenças, tanto com a perda de animais, quanto com a queda de produtividade e desempenho. Ainda que uma eficácia total de imunização possa ser difícil de ser alcançada, em algumas situações, com o processo de vacinação, ao adotar estas medidas simples listadas acima, o produtor maximizará o efeito da vacina aplicada no rebanho, prevenindo o aparecimento ou minimizando os impactos de doenças que podem comprometer os aspectos produtivos ou reprodutivos do rebanho.





Informações: Kadijah Suleiman
Jornalista, MTb RJ 22729JP
Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO)
Embrapa Gado de Corte
Campo Grande/MS
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Telefone: +55 (67) 3368-2203 

Levantamento de informações sobre pesca monitora atividade na região pantaneira





Levantamento de informações sobre pesca monitora atividade na região pantaneira

Equipe de pesquisadores avalia os dados obtidos pelo Sistema de Controle da Pesca de MS

Nicoli Dichoff - Equipe de pesquisadores avalia os dados obtidos pelo Sistema de Controle da Pesca de MS

Pesquisadores da Embrapa Pantanal e Instituto de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul – Imasul concluem entre julho e agosto deste ano as análises de dados obtidos pelo Sistema de Controle da Pesca de Mato Grosso do Sul – SCPesca/MS em 2015. As informações são coletadas por meio das Guias de Controle de Pescado (GCPs), preenchidas pela Polícia Militar Ambiental (PMA) durante as vistorias de pescado no estado. Dessa forma, os pesquisadores monitoram a atividade pesqueira, tanto profissional quanto amadora, na Bacia do Alto Paraguai. 

"O primeiro índice que nos chama a atenção é o número de guias preenchidas. Em 2014 foram emitidas 4.140 GCPs. Em 2015, esse número subiu 27% e foi para 5.259 guias", afirma Agostinho Catella, pesquisador da Embrapa Pantanal. Ele e as biólogas Fânia Campos e Selene Albuquerque, fiscais ambientais do Imasul, são responsáveis por avaliar os dados recolhidos anualmente pelo 15º Batalhão da PMA/MS. "Nós percebemos que esse aumento aconteceu, principalmente, em função do maior número de registros da pesca profissional artesanal", afirma. 

De acordo com Fânia, o número de pescadores profissionais subiu de 1.921 em 2014 para 3.759 em 2015. "Para renovar a autorização ambiental, todos os pescadores profissionais precisam comprovar que estavam em atividade, comercializando ou transportando o pescado. Uma maneira é apresentar a Guia de Controle de Pescado, que comprova que aquele material é fruto de seu trabalho". 

Embora o registro de pescadores profissionais tenha subido consideravelmente, Agostinho esclarece que esse aumento não teve o mesmo impacto na quantidade total de pescado capturado pela categoria. "Apesar do número de pescadores ter praticamente dobrado, a captura teve um incremento de 32%: subiu de 136 toneladas em 2014 para 180 toneladas em 2015. Nós percebemos que isso aconteceu em função do aumento dos pequenos desembarques de pescado. Os pescadores que capturam pequenas quantidades foram aqueles que passaram realizar registros com mais frequência, aumentando a emissão de guias". 

Ainda de acordo com os dados levantados pelos pesquisadores, houve um pequeno aumento de pescadores amadores registrados: o número passou de 13.242 em 2014 para 13.647 em 2015. A captura de pescado da categoria subiu de 170 para 183 toneladas. Já a quantidade total de pescado capturado por ambas as categorias foi de 306 toneladas em 2014 para 363 toneladas no ano passado, com 19% de aumento. As espécies mais capturadas foram cachara, pintado e pacu, nesta ordem. A equipe de pesquisa constatou também um maior rendimento da pesca amadora (a quantidade de pescado capturado em quilogramas por pescador e por dia de pesca). De acordo com Agostinho, em sete dos oitos meses de pesca de 2015, o rendimento foi maior do que no ano anterior.

Influência das cheias

O pesquisador destacou que a quantidade de peixes no ambiente, assim como o rendimento da pesca, estão diretamente relacionados à intensidade das inundações do Pantanal. "Quanto maior é a área inundada, maior se torna o ambiente para alimentação, abrigo e crescimento dos peixes. Em 2013 houve uma cheia mediana de 4,26 metros, mas em 2014 nós tivemos uma grande cheia, com pico de 5,42 metros no rio Paraguai (marcado na régua de Ladário, MS). Em 2015, esse pico foi de 4,60 metros – ou seja, uma cheia razoável. O Pantanal encheu nos três últimos anos e esse é um bom cenário para os peixes. Os aumentos que estamos vendo na pesca são uma resposta a essas grandes inundações – principalmente à de 2014, que se refletiu em 2015", diz o pesquisador.

Agostinho ressalta que, embora alguns parâmetros analisados no SCPesca/MS 2015 tenham apresentado crescimento em relação a 2014, esses números estão dentro da normalidade para a região pantaneira. A bióloga Selene Albuquerque pontua que, no momento, a equipe realiza apenas as primeiras análises dos dados de 2015. "Estes dados vão se juntar aos anteriores para embasar estudos sobre das tendências de médio e longo prazo da pesca", afirma. Selene destaca, ainda, que essas atividades só são possíveis graças à parceria firmada entre as instituições envolvidas. "O trabalho da PMA, por exemplo, é extremamente importante porque a coleta de dados é feita pela corporação em todo o estado", afirma. "Acho fundamental atuarmos juntos e dar continuidade a esse trabalho, que já tem mais de 20 anos".

O boletim completo contendo as últimas análises do SCPesca deverá ser lançado até o final de 2016.



Texto: Nicoli Dichoff


Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO)
Embrapa Pantanal/ Corumbá - MS 
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa

Embrapa: Dia de Campo da Embrapa mostra como produzir carne sustentável nos trópicos


Novo conceito poderá virar selo e reduzir impactos da emissão de gases de efeito estufa da bovinocultura

No dia 22 de julho, a Embrapa Gado de Corte realiza dentro da etapa InterCorte de Campo Grande, o Dia de Campo Carne Carbono Neutro, na Fazenda Boa Aguada (Grupo Mutum), em Ribas do Rio Pardo (cerca de 150 km de Campo Grande), a partir das 8 horas. No evento será apresentada a marca-conceito Carne Carbono Neutro (CCN), desenvolvida pela Embrapa com a finalidade de atestar a carne bovina produzida com alto grau de bem-estar animal, na presença do componente arbóreo, em sistemas de integração do tipo silvipastoril (pecuária-floresta, IPF) ou agrossilvipastoril (lavoura-pecuária-floresta, ILPF). Nessas condições, as árvores neutralizam o metano entérico exalado pelos animais, um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa que provoca o aquecimento global.

Entre o público-alvo do dia de campo, com 300 vagas disponíveis, estão produtores rurais, técnicos e extensionistas, pesquisadores, empresários e microempresários da cadeia produtiva da carne e do setor florestal. A programação inclui palestra sobre conceitos gerais do CCN e estações técnicas com apresentações sobre componentes florestal, forrageiro, animal e financeiro dentro dos sistemas. As inscrições podem ser feitas no endereço eletrônico http://intercorte.com.br/

"Inserir o Dia de Campo Carne Carbono Neutro na programação da Intercorte é oportuno para promover esse novo conceito de produção, e apresentar a produtores rurais, parlamentares e atores chaves da cadeia produtiva da pecuária de corte, o primeiro sistema de produção sustentável de carne, alinhado a esse novo conceito, em uma propriedade comercial de Mato Grosso do Sul", diz o chefe-geral da Embrapa Gado de Corte, Cleber Soares.
Desde 2015, a Fazenda Boa Aguada vem sendo avaliada para a produção do primeiro lote experimental de animais com base no protocolo CCN. O abate dos animais experimentais ocorreu no dia 19 de maio deste ano.

 "A InterCorte é uma plataforma para disseminar conhecimentos e tecnologias, além de fomentar a discussão de melhorias para a pecuária. Oferecer em parceria com a Embrapa um dia de campo que mostra, na prática, um tema tão inovador e necessário é uma grande alegria e reforça a nossa missão de contribuir para o desenvolvimento sustentável do setor", destaca Carla Tuccilio, diretora da Verum Eventos, que promove o Circuito InterCorte.

CCN

Carnes bovinas frescas, congeladas ou transformadas, para mercado interno ou exportação, poderão num futuro próximo ter um selo para certificar a sustentabilidade ambiental de sua produção através da marca "Carne Carbono Neutro", já registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A certificação ainda dependerá de negociações com os setores público e privado para a sua implantação e posterior transformação em selo.

O pesquisador da Embrapa Gado de Corte (MS), Roberto Giolo, informa que a carne produzida no sistema com árvores pode ser certificada com a adoção do protocolo CCN. "O conceito pode impulsionar a exportação, principalmente para o mercado europeu que é muito exigente. A perspectiva é melhorar a visibilidade da carne brasileira e promover maior adoção dos sistemas ILPF e IPF no Brasil", destaca.

Por isso, Giolo acredita que o conceito CCN pode ser um facilitador para o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) do governo federal, que é resultado do compromisso assumido pelo Brasil, durante a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP15), realizada em 2009 na cidade de Copenhague, de reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) entre 36,1% e 38,9% até 2020. Compromisso reiterado no ano passado, durante a COP21, em Paris, quando o governo brasileiro se comprometeu com a redução de 37%, até 2025, e 43%, até 2030, das emissões de GEE.

Como funciona

Para garantir que a produção esteja de acordo com o conceito CCN, ela deve seguir as orientações do documento "Carne Carbono Neutro: um novo conceito para carne sustentável produzida nos trópicos" https://www.embrapa.br/gado-de-corte/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1042173/carne-carbono-neutro-um-novo-conceito-para-carne-sustentavel-produzida-nos-tropicos

O pesquisador da Embrapa, Valdemir Laura, acrescenta que o carbono neutralizado fica armazenado no tronco das árvores. "Isso pode ser medido por uma fórmula com a qual se calcula o volume de madeira e, consequentemente, a quantidade de carbono fixada no tronco da árvore. Você faz o inventário florestal [medidas de diâmetro e altura das árvores], calcula o volume de madeira e a quantidade de carbono estocado. É inquestionável", afirma.

Segundo ele, o sistema ideal deve ter entre 200 e 400 árvores por hectare. O estudo realizado na Embrapa Gado de Corte mostra que cerca de 200 árvores por hectare seriam suficientes para neutralizar o metano emitido por 11 bovinos adultos por hectare ao ano, sendo que a taxa de lotação usual no Brasil é de um a 1,2 animais por hectare.

Bem-estar animal

A presença de árvores influencia ainda no bem-estar animal. "A sombra natural, além de bloquear a radiação solar, cria um microclima com sensação térmica mais agradável. Assim, é oferecida uma condição de melhor conforto térmico, por se tratar de um ambiente com menor temperatura", explica a pesquisadora da Embrapa Fabiana Alves. Em experimentos realizados na Embrapa Gado de Corte, foi verificada a diminuição entre dois e oito graus Celsius na temperatura dentro do sistema. "Isso tem sido confirmado ao longo dos anos pela presença da sombra. Com o conforto térmico, o animal alcança maior eficiência, como o ganho de peso", complementa.

A maneira como a marca CCN será adotada está em processo de desenvolvimento e envolve negociações com o setor público e privado. Em 2016, foi aprovado um projeto piloto, financiado pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), para a avaliação de métricas da CCN em Mato Grosso do Sul. Além disso, um projeto recém aprovado na Embrapa, com previsão de início para agosto deste ano, prevê estudos para a validação do protocolo CCN em fazendas comerciais nos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Floresta Amazônica; análise e prospecção de mercado; valoração do produto e desenvolvimento de políticas públicas.

Texto: Kadijah Suleiman, jornalista da Embrapa Gado de Corte (MTb 22729/RJ)


+ LIDAS NOS ÚLTIMOS 30 DIAS

Arquivo do blog