Por Jorge Oliveira no Diário do Poder
O depoimento cínico do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, à CPI que apura a corrupção na Petrobrás, a sua permanência na função e as provas de que ele era o intermediário do dinheiro roubado da empresa pesaram na hora do juiz Sergio Moro decidir sobre a sua prisão. Pelo menos é isso que se pode deduzir da entrevista do magistrado para explicar o recolhimento do tesoureiro ao xadrez da Polícia Federal: “Não se trata aqui de exigir seu afastamento voluntário ou o afastamento pela agremiação partidária, presumindo a culpa antes do julgamento, mas constatar que, mesmo diante de acusações graves, persistiu ele, sem abalo, na referida posição de poder e que lhe confere grande influência política.”
Amparado por uma liminar do ministro do STF, Teori Zavascki, que o desobrigava de falar a verdade, Vaccari debochou dos parlamentares quando negou todas as acusações das propinas que teria recebido ao longo dos últimos anos para financiar as duas campanhas da Dilma, segundo confessaram à Justiça os diretores da empresa na delação premiada. Preso, Vaccari já foi entregue às traças pelos companheiros que o destituíram da tesouraria do partido.
Mas a cúpula do PT está preocupada quanto as revelações do tesoureiro no processo que apura o desvio do dinheiro roubado da Petrobrás para a campanha da presidente. Fragilizado com a prisão que envolveu também a sua mulher e a cunhada acusadas de enriquecimento ilícito, não se pode prever até onde vai a lealdade de Vaccari ao partido já que agora está sozinho. Se não suportar a pressão do MP e da PF e resolver abrir o bico, suas revelações podem alcançar a Dilma e engordar as provas de que o dinheiro roubado foi parar realmente nas contas da campanha da presidente, indícios que ainda faltam para provocar o início do processo do impeachment.
Ao contrário do que ocorreu com Delúbio Soares, o primeiro tesoureiro do PT condenado por corrupção, dessa vez o caso é mais sério. Vaccari envolveu a família – a mulher, a filha e a cunhada – nas suas trapaças. Para proteger os familiares, pode facilitar o trabalho do Ministério Público confessando o que todo mundo já sabe: o dinheiro roubado da Petrobrás foi parar na campanha eleitoral da Dilma. Delúbio segurou o tranco porque recebeu a garantia dos companheiros de que voltaria ao PT, mas aos poucos se afasta definitivamente do partido que o deixou a pão e água dentro do presídio, a exemplo do que faz com todos os outros que caem em desgraça.
Os petistas flagrados com a mão na botija, têm agido como verdadeiros mafiosos. Em troca do silêncio recebem benefícios indiretos dos companheiros que ocupam cargos no governo. Assim, os chefes da organização criminosa podem gozar de liberdade e da impunidade enquanto a configuração atual do STF lhes for favorável. Isso, porém, pode acabar. O juiz Sergio Moro aproxima-se estrategicamente dos cabeças da máfia, apertando o cerco de todos os lados. A prisão de Vaccari deixa os chefes nervosos e apreensivos. A qualquer momento a Polícia Federal pode bater à porta deles, inclusive na de alguns que já foram condenados no mensalão, como o Zé Dirceu, por exemplo.
A prisão do tesoureiro do PT deixa outra certeza: a CPI instalada para apurar o desvio bilionário do dinheiro da Petrobrás até agora não contribuiu em nada para abrir a caixa preta dos subornos. O trabalho que está passando o Brasil a limpo é o do juiz Sergio Moro e da sua equipe, homens públicos, desassombrados, que pretendem chegar ao fim da linha salvaguardando os interesses do povo brasileiro que viu uma quadrilha ocupar o governo e dilapidar o patrimônio público para se perpetuar no poder. As CPIs, como já disse aqui, servem apenas para alguns manipularem o governo em troca das benesses que o poder oferece. O resto é conto da carochinha.
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