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quarta-feira, março 11, 2015

Renan e Cunha pactuam para destronar PT, enquanto Toffoli se autoescala para julgar petrolão no STF





Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net


Eduardo Cunha e Renan Calheiros fecharam um pacto para tirar o PT do poder. O acordo prevê o desgaste total de Dilma Rousseff, até que seja forçada a renunciar. Se ela não fizer isto, os dois já consideram ter condições para iniciar, contra ela, um desgastante processo de impeachment. Os presidentes da Câmara e do Senado, mesmo investigados pela Lava Jato, avaliam que conseguem sobreviver porque têm amplo apoio no Congresso e muita sustentação no Judiciário, além de amplo apoio empresarial. Por isso, querem alijar o PT do Palácio do Planalto, para que o PMDB assuma, de vez e de fato, sua vocação governista.


A batalha do Petrolão ganha lances de dar nojo. A manobra de José Dias Toffoli se autoescalar para ir e presidir a segunda turma do Supremo Tribunal Federal, que julgará as broncas da Lava Jato com quem tem foro privilegiado, foi interpretada como um ato de desespero do desgoverno Dilma e do PT. A jogada de Toffoli pode significar um golaço contra. Simplesmente porque ele foi advogado do partido, assessor de José Dirceu e Advogado-Geral da União até ser alçado ao posto máximo de semideus supremo, sendo agora também presidente do Superior Tribunal Eleitoral, que deveria julgar, com isenção, as denúncias de crime eleitoral, por recebimento de dinheiro do petrolão na campanha de 2010.


O depoimento de Pedro Barusco na CPI da Petrobras já gerou os elementos mínimos para o pedido de impeachment de Dilma - conforme desejam Renan e Cunha. O ex-gerente da Petrobras confirmou que houve repasses da holandesa SBM Offshore, que tinha contratos com a estatal, para a campanha presidencial de Dilma, via tesoureiro do PT: "Foi solicitado à SBM um patrocínio de campanha. Não foi dado por eles diretamente, eu recebi o dinheiro e repassei num acerto de contas em outro recebimento. Foi para a campanha presidencial em 2010, na que teve José Serra e Dilma Rousseff. (A doação) foi ao PT, pelo João Vaccari Neto". Barusco só não soube dizer como Vaccari recebia esses recursos, se eram depositados no exterior, se iam direto para o PT como doações ou se eram entregues em espécie.



O impasse institucional brasileiro é gravíssimo. Falta poder moderador no Brasil. Estamos no regimes de burgos, um feudalismo pós-moderno, com partidos políticos corruptos, que apenas desejam um reformismo, para manter tudo como está, apenas com outra fachada! Setores do PSDB investem neste caminho. Avaliam que ainda é possível uma "conciliação" com o petismo - primo deles. Por isso, rejeitam impeachment ou qualquer forma de solução que passe pelas Forças Armadas. O espelho é o comportamento tradicional da social democracia. Compor, para não romper totalmente com o status quo estabelecido. O negócio deles é negociar nos bastidores uma coisa, e vender para a sociedade a imagem de briga moderada e oposição construtiva. Por isso, financia-se um megaprotesto agora, para obrigar os petistas a cederem, na corda do ringue político.


Já o PT joga claramente para a ruptura institucional. Seus estrategistas apostam que ganham no grito e na porrada. Não foi à toa que o "genérico" Lula convocou o "exército do Stédile". A petralhada, com a visão nazicomunobolivariana, aposta que vence qualquer confronto radicalizado. A tática imediata é assassinar a reputação de inimigos, e neutralizar os adversários mais medrosos, que sempre temem conflitos. Por isso, os petistas, incluindo seu líder máximo, acenam com a linha da "porrada".


No clima de caos e medo, eles raciocinam que pode-se investir em uma intervenção constitucional (só que tocada por eles, usando militares aliados, sem leitura correta da realidade), para uma consolidação do poder contra os chamados "inimigos do regime democrático". A intenção clara é promover uma "reforma constitucional". Dela, nasceria um novo regime. O Novo Estado estará implantado no Brasil - seguindo o receitado pelo Foro de São Paulo. Por isso, a crise atual (econômica, política e moral) interessa aos estrategistas do PT. São capazes até de promover medidas de efeitos especiais, como uma renúncia da Dilma, posando-se de vítima, para recompor o cenário, através de uma reação pelo "exército popular".


Bomba atômica




A grande dificuldade deles é convencer os demais parceiros - principalmente os do PMDB, que ensaiam um projeto de poder próprio para 2018, a partir do que conseguirem agora, encurralando Dilma Rousseff. A incredulidade peemedebista em relação ao PT aumenta quando Renan Calheiros e Eduardo Cunha são transformados em alvos do Ministério Público Federal. A cúpula partidária sabe que tal ataque, com lances de traição e covardia sem escrúpulos, tem o apoio do PT, nos bastidores. Os petistas jogam para uma ruptura - mesmo que isto seja alto risco para eles.


Mas o PMDB, sempre governista, não quer ruptura - da mesma forma que os tucanos e o resto da base amestrada. O melhor negócio, para eles, é compor. Isto é tudo que o PT deseja, quer e precisa. O problema é que, na interpretação de Renan-Cunha, os petistas exageraram na dose e os traíram. Por isso, planejam um troco, nos bastidores do Congresso Nacional. A tática de guerrilha da dupla vai desde sabotar votações de interesse do governo até ao ponto máximo do conflito: abrir caminho para um concreto impeachment da Dilma. A CPI da Petrobras é para isto...


A conjuntura é de radicalismo, tendendo para violência. O problema é quando isso sai do controle. A petralhada aposta que tem condições de gerenciar a "repressão". Não é à toa que o partido-seita conta com profissionais muito bem remunerados para a arte de manipular, subverter, mentir e, sempre que necessário, radicalizar com violência. Sindicalistas de resultados bem treinados sabem perfeitamente onde querem chegar. Eles ainda contam com ampla massa de manobra para atingir seu fim revolucionário ou para, simplesmente, manter a hegemonia no quarto mandato presidencial (apesar do imenso desgaste dos dirigentes).


O golpismo do PT é de pura malandragem. O discurso é de rosa, mas a prática é de porrada, implícita ou explícita. O chamado "presidencialismo de coalizão" pode evoluir para um "presidencialismo de colisão". Neste cenário, fica perfeita a invenção de algum "salvador da Pátria" (como sempre acontece na História do Brasil, de tempos em tempos). O negócio é prometer, sem se comprometer com o eleitorado. O único compromisso formal é com a "companheirada" que aparelha a máquina estatal capimunista. Quem faz parte do círculo do poder fica sempre numa boa... O Brasil nunca se pareceu tanto com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Só não temos aqui o frio siberiano...


Lula já teve este papel de "salvador da Pátria", cumprindo-o direitinho. Acha que pode repeti-lo, em 2018. Se não der, inventa outro nome, apadrinhado por ele e seus esquemas. A prioridade é superar o desgaste de agora - nunca antes visto na História deste PT... A visão dos stalinistas que infestam o PT é exatamente esta. Eles têm a "verdade histórica", revolucionária, contra os burgueses inimigos do povo trabalhador. Seus seguidores e comissários bem remunerados difundem esta "tese" no partido, nos sindicatos, nos movimentos sociais e na mídia controlada ou financiada pelos mais variados tipos de "mensalões". A mensagem chega à massa ignorante - que ainda aceita e legitima o PT como agente de transformação social.


Neste contexto, a guerra aberta da dupla Renan-Cunha contra Dilma-Lula promete momentos de alta tensão e alto risco, para ambas as partes. Os tucanos, sempre no muro, ficam na muda, piando, e negociando com ambas as partes, nos bastidores. A classe política faz o jogo dela, de sempre. O povo, que fica cada dia mais pt da vida, pode não aceitar as jogadas. No entanto, a politicagem sabe muito bem que só vai dar merda se a crise econômica se agravar. Do contrário, toda crise política se resolve por ela mesma, no Brasil do jeitinho e da impunidade - que hoje é um grande depósito de combustível, tendo um fósforo aceso se aproximando...

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