Por Paulo Eneas
O PT e seus aliados na grande imprensa iniciaram essa semana uma forte
ofensiva contra o movimento pró-impeachment, usando a mesma e única
estratégia política que a esquerda conhece: a de mentir. A mentira da
vez é a de que o PT está sendo “vítima” de uma suposta campanha de ódio
pelas redes sociais. Quem verbaliza essa mentira não são apenas os
porta-vozes oficiais do petismo, mas seus vocalizadores ideológicos ou a
soldo nas redações dos principais jornais do país. Ao se colocar como
uma suposta vítima de uma imaginária campanha de ódio, o PT sinaliza
duas coisas: que na condição de vítima, ela se encontra no direito de
reagir com a força que achar conveniente. E ao enfatizar onde esse
suposto ódio se manifesta, nas redes sociais, o partido mais uma vez
aguça o apetite partidário para imposição da censura e do cerceamento à
liberdade de expressão nas redes sociais, como fazem todas as ditaduras,
justamente sob o pretexto de combater supostos crimes e manifestações
de ódio.
É preciso dizer as coisas às claras: quem introduziu a
palavra ódio no vocabulário político nacional foi o PT. Inicialmente de
maneira sutil, ainda durante o governo Lula que, surfando no alto de
sua popularidade momentânea, procurava desqualificar aquela que era
então uma minoria da população que reprovava seu governo. Essa minoria
de então foi atacada pelo próprio presidente, taxada de “elite branca
paulista racista” que odiava os pobres, que se recusava a aceitar que os
pobres melhorassem de vida. Lula e o PT usaram de todos os preconceitos
possíveis e imagináveis contra os pobres, preconceitos esses que no
fundo são deles e de toda a esquerda, como forma de desqualificar um
segmento da população que exercia legitimamente o direito de dizer que
não estava contente com o governo.
A introdução do ódio como instrumento de luta política, para
desqualificar não apenas seus oponentes no embate político direto, mas
para deslegitimar segmentos inteiros da sociedade civil que não aderiram
ao petismo (uma prática tipicamente nazifascista e autoritária de quem
não aceita as regras do jogo democrático) continuou em diversos outros
momentos:
a) Durante a implantação das políticas de cotas raciais, o PT e seus
aliados tratavam como racistas todo e qualquer indivíduo, ainda que
fosse negro(!), que se opusesse a essa política segregacionista baseada
numa falsificação histórica, bloqueando qualquer discussão racional a
respeito.
b) Quando especialistas alertaram para a sandice que a presidente Dilma
estava fazendo no setor elétrico ainda em 2013, ao forçar
artificialmente a baixa nas contas de luz, mostrando que tal medida iria
estourar o setor mais adiante e levaria a um aumento ainda maior e
inevitável das contas de energia, como ocorre agora, a resposta do PT e
do governo foi imediata: os que se opunham estavam contra os pobres e
estavam apenas expressando seu ódio ao PT por ser um partido que só faz
coisas boas em benefício dos pobres.
c) Durante a implantação da farsa do Programa Mais Médicos (que
investigações recentes apontam para a suspeita de não passar de um
esquema fraudulento para envio de milhões de reais para a ditadura
cubana) a discussão pública também foi bloqueada pelo PT, que passou a
acusar a categoria profissional inteira dos médicos de serem uma elite
branca discricionária, preocupada apenas em ganhar dinheiro e que,
obviamente, odiava os pobres. Além disso, o partido procurou o tempo
todo atribuir aos profissionais médicos a responsabilidade exclusiva
pelo péssimo serviço de saúde pública que o governo oferece, e que
somente piorou nos doze anos de gestão petista.
Por fim, durante a campanha eleitoral, o discurso de ódio petista chegou
ao seu extremo: o candidato Aécio Neves foi chamado de nazista por Lula
durante um comício. O eleitorado paulista e do sul do país passou a ser
tratado pelo PT como se fosse formado inteiramente de uma elite branca
racista que odeia nordestinos. Críticas que fossem feitas ao uso
eleitoral do Bolsa Família eram automaticamente transformadas pelo PT em
supostos discursos de ódio contra os pobres. Após a vitória eleitoral
de Dilma, as primeiras manifestações contra o governo foram
imediatamente associadas pelo PT a um suposto discurso de ódio dos que
perderam. Essa associação espúria ainda é feita quase todo dia na grande
imprensa, onde blogueiros ou colunistas procuram caracterizar o
movimento de oposição como uma expressão de ódio das elites, derrotadas
nas eleições.
Portanto, quando o PT fala que está sendo vitima de um suposto ódio, ele
está simplesmente mentindo. Mais do que mentira, é um cinismo e um
delírio político do qual dirigentes do topo da cadeia de comando petista
seguramente estão cientes. Pois na verdade estão apenas fazendo aquilo
que a tradição leninista bolchevique ensinou: “acuse-os daquilo que você
é, denuncie-os de fazer aquilo que você faz.”
O fato é que quem tem discurso de ódio e pratica o ódio é o PT. O ódio
do PT é o ódio à democracia, o ódio de saber que sua estratégia de
hegemonia não funcionou, o ódio de saber que seu projeto autoritário de
poder está fracassando e vai fracassar. Os milhões que estão indo às
ruas não o fazem por ódio ao PT. As pessoas estão indo às ruas
justamente contra o ódio que o PT tentou instigar na sociedade
brasileira para assegurar sua permanência no poder. As pessoas estão
indo às ruas legitima e democraticamente para expressar sua rejeição ao
PT e ao que ele representa. As pessoas estão indo às ruas não por ódio,
mas por amor e apreço à liberdade e à democracia. E liberdade e
democracia não combinam com ódio. E muito menos com o PT.
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