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segunda-feira, março 30, 2015

Paulo Eneas: Quem introduziu a palavra ódio no vocabulário político foi o PT



Por Paulo Eneas

O PT e seus aliados na grande imprensa iniciaram essa semana uma forte ofensiva contra o movimento pró-impeachment, usando a mesma e única estratégia política que a esquerda conhece: a de mentir. A mentira da vez é a de que o PT está sendo “vítima” de uma suposta campanha de ódio pelas redes sociais. Quem verbaliza essa mentira não são apenas os porta-vozes oficiais do petismo, mas seus vocalizadores ideológicos ou a soldo nas redações dos principais jornais do país. Ao se colocar como uma suposta vítima de uma imaginária campanha de ódio, o PT sinaliza duas coisas: que na condição de vítima, ela se encontra no direito de reagir com a força que achar conveniente. E ao enfatizar onde esse suposto ódio se manifesta, nas redes sociais, o partido mais uma vez aguça o apetite partidário para imposição da censura e do cerceamento à liberdade de expressão nas redes sociais, como fazem todas as ditaduras, justamente sob o pretexto de combater supostos crimes e manifestações de ódio.
É preciso dizer as coisas às claras: quem introduziu a palavra ódio no vocabulário político nacional foi o PT. Inicialmente de maneira sutil, ainda durante o governo Lula que, surfando no alto de sua popularidade momentânea, procurava desqualificar aquela que era então uma minoria da população que reprovava seu governo. Essa minoria de então foi atacada pelo próprio presidente, taxada de “elite branca paulista racista” que odiava os pobres, que se recusava a aceitar que os pobres melhorassem de vida. Lula e o PT usaram de todos os preconceitos possíveis e imagináveis contra os pobres, preconceitos esses que no fundo são deles e de toda a esquerda, como forma de desqualificar um segmento da população que exercia legitimamente o direito de dizer que não estava contente com o governo.
A introdução do ódio como instrumento de luta política, para desqualificar não apenas seus oponentes no embate político direto, mas para deslegitimar segmentos inteiros da sociedade civil que não aderiram ao petismo (uma prática tipicamente nazifascista e autoritária de quem não aceita as regras do jogo democrático) continuou em diversos outros momentos:
a) Durante a implantação das políticas de cotas raciais, o PT e seus aliados tratavam como racistas todo e qualquer indivíduo, ainda que fosse negro(!), que se opusesse a essa política segregacionista baseada numa falsificação histórica, bloqueando qualquer discussão racional a respeito.
b) Quando especialistas alertaram para a sandice que a presidente Dilma estava fazendo no setor elétrico ainda em 2013, ao forçar artificialmente a baixa nas contas de luz, mostrando que tal medida iria estourar o setor mais adiante e levaria a um aumento ainda maior e inevitável das contas de energia, como ocorre agora, a resposta do PT e do governo foi imediata: os que se opunham estavam contra os pobres e estavam apenas expressando seu ódio ao PT por ser um partido que só faz coisas boas em benefício dos pobres. 
c) Durante a implantação da farsa do Programa Mais Médicos (que investigações recentes apontam para a suspeita de não passar de um esquema fraudulento para envio de milhões de reais para a ditadura cubana) a discussão pública também foi bloqueada pelo PT, que passou a acusar a categoria profissional inteira dos médicos de serem uma elite branca discricionária, preocupada apenas em ganhar dinheiro e que, obviamente, odiava os pobres. Além disso, o partido procurou o tempo todo atribuir aos profissionais médicos a responsabilidade exclusiva pelo péssimo serviço de saúde pública que o governo oferece, e que somente piorou nos doze anos de gestão petista.
Por fim, durante a campanha eleitoral, o discurso de ódio petista chegou ao seu extremo: o candidato Aécio Neves foi chamado de nazista por Lula durante um comício. O eleitorado paulista e do sul do país passou a ser tratado pelo PT como se fosse formado inteiramente de uma elite branca racista que odeia nordestinos. Críticas que fossem feitas ao uso eleitoral do Bolsa Família eram automaticamente transformadas pelo PT em supostos discursos de ódio contra os pobres. Após a vitória eleitoral de Dilma, as primeiras manifestações contra o governo foram imediatamente associadas pelo PT a um suposto discurso de ódio dos que perderam. Essa associação espúria ainda é feita quase todo dia na grande imprensa, onde blogueiros ou colunistas procuram caracterizar o movimento de oposição como uma expressão de ódio das elites, derrotadas nas eleições.
Portanto, quando o PT fala que está sendo vitima de um suposto ódio, ele está simplesmente mentindo. Mais do que mentira, é um cinismo e um delírio político do qual dirigentes do topo da cadeia de comando petista seguramente estão cientes. Pois na verdade estão apenas fazendo aquilo que a tradição leninista bolchevique ensinou: “acuse-os daquilo que você é, denuncie-os de fazer aquilo que você faz.” 
O fato é que quem tem discurso de ódio e pratica o ódio é o PT. O ódio do PT é o ódio à democracia, o ódio de saber que sua estratégia de hegemonia não funcionou, o ódio de saber que seu projeto autoritário de poder está fracassando e vai fracassar. Os milhões que estão indo às ruas não o fazem por ódio ao PT. As pessoas estão indo às ruas justamente contra o ódio que o PT tentou instigar na sociedade brasileira para assegurar sua permanência no poder. As pessoas estão indo às ruas legitima e democraticamente para expressar sua rejeição ao PT e ao que ele representa. As pessoas estão indo às ruas não por ódio, mas por amor e apreço à liberdade e à democracia. E liberdade e democracia não combinam com ódio. E muito menos com o PT.

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