Caminhoneiros desistem de buzinaço e Palácio do Planalto nega reunião
Com uma faixa onde se lia o título 'Bandilma', uma servidora pública apoiava o protesto
Por Simone Kafruni no http://www.correiobraziliense.com.br/
Após a reunião entre caminhoneiros e parlamentares no Congresso, no final desta tarde de terça-feira (3/3), um dos líderes do movimento, Ivan Schmidt disse que foi convidado para se encontrar com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, no Palácio do Planalto. No caminho para a suposta segunda reunião, Schmidt confessou estar otimista quanto às negociações. Ele disse que a expectativa é só realizar "buzinaço" para "comemorar resultados". A assessoria da presidência, contudo, contesta a informação.
Os parlamentares convidaram líderes para audiência pública nesta tarde, quando foram visitá-los, no local onde o grupo estava concentrado, no estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha. Entre os manifestantes, uma mulher, que preferiu não se identificar, estava fantasiada com roupas que faziam alusão à figura da presidente Dilma Rousseff. Desde ontem (2/2), chegaram cerca de 30 caminhoneiros preparados para o protesto, marcado para hoje.
Com uma faixa onde se lia o título 'Bandilma', uma servidora pública de 45 anos, natural de Mossoró (RN), apoiava o movimento. O pai, que trabalhou por 45 anos como caminhoneiro, faleceu aos 74 anos, em 2007, e sempre se queixou das rodovias sucateadas e do baixo custo do frete. "É uma categoria injustiçada aos olhos do governo. Meu pai sofria para trazer um pouco de dinheiro para casa. Em muitas ocasiões, fiquei mais de um mês sem vê-lo", afirmou.
A pauta dos manifestantes inclui, entre outros: a redução do percentual do último aumento do PIS/Cofins sobre o Diesel, ou seja, diminuição no preço do combustível; que o governo defina a opção por uma tabela mínima de frete nas discussões que serão realizadas no próximo 10/3; abertura de linha de crédito especial para o transportador autônomo de cargas; carência de 12 meses para pagar as parcelas de financiamento da compra dos caminhões e o perdão de multas, notificações e processos judiciais aplicados durante as manifestações.
Os caminhoneiros começaram os bloqueios no final de fevereiro. No auge das manifestações, quarta-feira (25), foram 129 trechos bloqueados em 14 estados. No dia seguinte, na quinta-feira, o governo chegou a um acordo com representantes dos caminhoneiros, após longa reunião, com a presença de empresas transportadoras e líderes dos setores afetados pelos bloqueios das rodovias.
No entanto, havia divergência sindical - liderada por Ivar Schmidt - quanto ao acordo, e as paralisações continuaram, em menor escala. Até as 17h de ontem (2/2), tinham sido registradas 35 manifestações em seis estados — Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. O movimento perdeu força à noite, mas, às 19h, três estados (SC, MT, RS) ainda tinham 22 pontos de bloqueio em estradas.
A presidente Dilma Rousseff sancionou, sem vetos, a Lei dos Caminhoneiros ontem (2/3), como parte do acordo apresentado pelo governo para o fim das paralisações. No entanto, as pautas principais - a diminuição do preço do frete, do diesel e dos pedágeos - não havia sido contemplada.
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