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Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Um manifestante vestido de Batman, nos jardins do Congresso Nacional, segurava ontem um cartaz, na hora da posse dos deputados e senadores, advertindo: "Dilma, seu tempo está acabando. A Lava Jato está chegando". Antes que o Petrolão piore a situação dela, a Presidenta já teve de suportar ontem a vitória de seu inimigo declarado, Eduardo Cunha, para a presidência da Câmara Federal, com 267 votos contra 136 de Arlindo Chinaglia, 100 de Júlio Delgado, 8 de Chico Alencar e dois votos em branco. A goleada no primeiro turno indica que a contagem regressiva para o impeachment começou...
O PT nem terá condições de se cuidar. A banda rebelde do PMDB quer tomar de assalto o poder federal. Até Michel Temer corre risco. O maçom inglês e marido da bela Marcela tende a perder o comando do partido. Eduardo Cunha quer mais que simplesmente ser o terceiro na linha sucessória presidencial, como substituto eventual da Presidente e do vice. Cunha planeja um trabalho de imagem para se credenciar para a sucessão de 2018. Não espera apenas ter o apoio do crescente eleitorado evangélico. Pretende se credenciar como o "anti-PT". A missão promete ser fácil...
Eduardo Cunha ganhou musculatura. Dilma ficou mais fraquinha do que já tinha sido deixada pela crise conjuntural (inflação, apagão e seca), além do Petrolão. Só um alto cinismo de gestão política pode salvá-la. Neste quesito, Dilma leva grande vantagem. Na prática, o novo "Presidentro" é o Eduardo. Até o apagado mito Lula ficou de fora, e pode atrapalhar a companheira se continuar alimentando a autofagia petista. Dilma terá de comer na mão do Eduardo. Se tiver estômago, sobrevive. Do contrário, deve procurar outro emprego.
A semana ameaça novas tragédias políticas para o desgoverno. O Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, deve pedir ao Supremo Tribunal Federal que devolva à 13a Vara Federal em Curitiba os nomes de políticos que perderam o foro privilegiado na Lava Jato. Alguns nomes podem causar grandes danos para Dilma - contra quem juristas de oposição estudam ações de improbidade administrativa em função do Petrolão. Depois do carnaval, deve sair a tão esperada lista negra de deputados, senadores e governadores acusados de envolvimento em um dos maiores escândalos de corrupção nunca antes visto na História do Brasil.
No discurso antes da vitória acachapante em primeiro turno, o peemedebista Eduardo Cunha alvejou fortemente estilo SS e Gestapo da turma nazicomunopetralha: "Vivemos uma campanha muito dura, na qual fui muito atacado, agredido, até porque sabemos que o PT não tem adversário, tem inimigo. Todos aqueles que ousam o enfrentar acabam se tornando vítimas de todo tipo de ataque".
Antes, Cunha indicara como o governo perderia a hegemonia no Congresso: "Essa casa tem que recuperar o seu orgulho, a sua altivez. Sabemos que as eleições não têm hegemonia eleitoral, tem vitória eleitoral. Há 8 anos o então presidente da Câmara, Aldo Rebelo, dizia que não podemos concentrar o poder no mesmo partido. Infelizmente isso não ocorreu e acabou tendo como consequência uma submissão".
Ainda antes da votação, Cunha fez o discurso de bom moço: "Agradeço a todos os partidos que estão me apoiando e mais aqueles parlamentares que mesmo estando em outros partidos estarão conosco. Como o voto é secreto, só teremos duas oportunidades nessa legislatura de exercê-lo: agora, ou daqui a dois anos para eleger o sucessor. A escolha errada vai dizer que vamos ter o mesmo poder do Poder Legislativo e no governo e seremos subordinados ao Executivo".
A escolha acabou certa para o Eduardo Cunha e erradíssima para o governo, que terá de ceder para o poderoso desafeto que tem ambição de ampliar poder. Eduardo espera recuperar os espaços que Dilma lhe tirou. A "inimiga" contrariou interesses que ele tinha, sobretudo no setor elétrico. Agora, a reconquista da hegemonia promete ser literalmente eletrizante ou chocante para o desgoverno que tem uma base fiel reduzida e mais volátil que nunca. Os dois anos de gestão do Eduardo Cunha (que pode se reeleger como presidente da Câmara) custarão muito caro aos petistas em ritmo de perda de hegemonia.
Se a crise econômica se aprofundar, combinada a desastres conjunturais climáticos, junto com a eclosão de merda nos processos judiciais da Lava Jato ou da Corte de Nova York contra a Petrobras, Dilma vai sentir o que significa disputar poder no inferno. O negócio está como o diabo gosta. Pode ficar ainda mais diabólico.
A contagem regressiva para o impeachment de Dilma começou... Mas isto não significa que o impeachment venha a acontecer... A capacidade política de promover negociatas políticas no Brasil já se demonstrou insuperável. Assim, Dilma tem chances de continuar agonizando no poder. É assim que Eduardo Cunha e a maioria do Congresso prefere mantê-la. Dilma só cai se as crises gerarem ódio popular, causando ameaças efetivas ao status quo da politicagem. Com medo, inimigos e aliados de ocasião a derrubam facilmente. Sem temor, tudo continua do mesmo jeito até a eleição de 2018.
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