Segunda Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Dilma Rousseff e a cúpula petistas conseguem mesmo se superar em termos de incompetência. É simplesmente temerária e catastrófica a escolha de Aldemir Bendine para presidir a Petrobras. A não ser que o objetivo seja que Bendine possa explicar aos investigadores da Operação Lava Jato como funcionou o estranho esquema de um fundo chamado BB Milenium 6 - que é alvo de denúncias de investidores, inclusive em atas de assembleias da Petrobras. Se não for isto, a solução Bendine é suicídio político de Dilma.
Com a ida de Bendine para a Petrobras, Alexandre Abreu, que é vice-presidente de Varejo do Banco do Brasil, assumirá a presidência do BB. Uma coisa já se pode escrever, sem medo de errar. Bendine será o atalho para o impeachment de Dilma. Sua nomeação desencavará o abafadíssimo Rosegate. Também ficou claro que nada muda na Petrobras. O acionista controlador, o governo da União, continua mandando e desmandando. Até para fazer escolhas catastróficas como a de Bendine.
Aldemir Bendini é alvo de uma investigação sigilosa do MPF, por indícios de lavagem de dinheiro. A culpa é de um motorista que trabalhou para Bendini durante seis anos. Sebastião Ferreira da Silva, conhecido como “Ferreirinha”, também dirigiu para a melhor amiga de Luiz Inácio Lula da Silva, a poderosa Rosemary Nóvoa Noronha, ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência da República em São Paulo, investigada por tráfico de influência.
Foi o então presidente do BB, Aldemir Bendine, quem ajudou a escolher onde funcionaria o escritório paulista da Presidência, em um andar da sede do BB. Bendine atendeu aos pedidos do ex-presidente Lula e de sua amiga Rosemary. Foi por influência e amizade também que Rose emplacou o ex-marido como suplente de conselheiro na Brasilprev ou seguradora Aliança.
Foi o Ferreirinha (ex-piloto da Rose, na foto) quem revelou à procuradora federal Karen Kahn que realizou vários pagamentos em dinheiro vivo a pedido do presidente do BB. O motorista também testemunhou ter visto Bendini carregar sacolas de dinheiro para encontros com empresários. Um caso concreto, relatado por Ferreirinha, envolve a entrega de uma bolsa lotada de maços com notas de R$ 100 ao empresário Marcos Fernandez Garms.
Ferreirinha tem a memória viva de muitos esquemas petistas. Em 2002, ele trabalhou para a campanha presidencial de Lula – na época do conturbado assassinato de Celso Daniel. Em 2003, ele passou a dirigir para a repartição de Rosemary, que funcionava em um dos andares do prédio do Banco do Brasil, em São Paulo. Em 2007, Ferreirinha teria brigado com a poderosa Rosemary, mas não foi despedido. Acabou virando motorista de Bendini, que agora vai dirigir a Petrobras. A previsão é de desastre.
Reportagens requentadas lembram que Bendine foi acusado de favorecimento à socialite Val Marchiori por meio de empréstimos concedidos pelo BB. De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o banco emprestou R$ 2,7 milhões para Marchiori a partir de uma linha subsidiada pelo BNDES, o que contrariaria normas internas dos dois bancos, já que a empresária teria crédito restrito por não apresentar capacidade financeira, além de não ter pago empréstimo anterior ao BB. Bendine negou as irregularidades. Para rebater a denúncia, o banco afirmou que a análise do empréstimo foi dada por três comitês, que envolveram no mínimo 17 técnicos de carreira antes do aval do BNDES.
O jornal O Globo também recorda que, em agosto do ano passado, o novo presidente da Petrobras pagou multa de R$ 122 mil à Receita Federal após ser autuado por não comprovar a procedência de aproximadamente R$ 280 mil informados na sua declaração de Imposto de Renda. Segundo a Receita, os bens do executivo aumentaram mais do que seria possível com sua renda. Ele entrou no radar do Fisco depois da denúncia da compra de um apartamento no interior de São Paulo, por R$ 150 mil, pagamento feito em espécie.
O Petrolão vai se linkar com o Mensalão e o Rosegate. A Polícia Federal investiga relações da quadrilha apanhada pela Operação Porto Seguro com negócios incomuns feitos por fundos de pensão. O principal caso sob análise resulta de queixas feitas por investidores sobre uma eventual influência da quadrilha em decisões estratégicas sobre aplicações feitas pelo poderoso Previ (Fundo de Previdência dos empregados do Banco do Brasil) – um dos aplicadores líderes de nosso sistema capimunista tuiniquim. A Lava Jato já apura as ligações perigosas entre os principais fundos de pensão (Previ, Petros, Funcef e Prece), além do sistema BNDES e BNDESpar, com vários negócios bilionários em que petistas e aliados estão envolvidos.
O principal alvo das investigações é descobrir se existe um elo de negócios entre a influente “Doutora Rosemary” e um outro grande amigo pessoal dela, Ricardo Flores, ex-presidente da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) e que se tornou presidente da Brasilprev - uma das maiores empresas de previdência complementar no Brasil, com 1,4 milhão de clientes. Virou “fato público relevante” que Rosemary tentou influenciar em indicações e cargos da cúpula do Banco do Brasil, aproveitando-se da amizade com Bendine. Rose toureava as pressões petistas por posições estratégicas no BB junto com o então ex-vice-presidente da área de governo do banco, Ricardo Oliveira.
A escolha de Bendine revela o dilema da Presidenta da República. Ou ela é mesmo muito anta para tomar uma decisão equivocada como esta substituição forçada da amiga Graça Foster. Ou ela é totalmente refém e marionete da cúpula petista que coloca, de novo, no comando da Petrobras, um sujeito da mais alta confiança de Lula, como foi o agora quase em desgraça José Sérgio Gabrielli. Bendine foi a pior opção possível. O mercado já reage pessimamente. As ações da Petrobras tendem a despencar - facilitando os planos de quem deseja conseguir o controle da empresa, na bacia das almas. E, por ironia, muita grana desviada no Petrolão pode até ser esquentada nesta operação supostamente feita por "estrangeiros".
Nesta zona toda do Petrolão, só morrendo de chorar ao lembrar o que o gênio Lula proclamou, em 23 de setembro de 2007, sete anos antes da descoberta de que foi ele quem instalou na direção da Petrobras os quadrilheiros que transformaram uma empresa petroleira em fábrica de bandalheiras bilionárias:
“Os companheiros que dirigem a Petrobras têm capacidade para chefiar qualquer empresa do ramo em qualquer lugar do mundo”.
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