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sábado, janeiro 31, 2015

Fraudes do governo de Agnelo Queiroz são devassadas em Brasília: Além de quebrar as finanças, o governador petista deixou Brasília em situação de caos absoluto, com todos os serviços públicos em estado de penúria


Governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz, do PT (Elza Fiúza/ABr)







Agnelo Queiroz era um médico baiano recém-formado, tido como idealista, que se mudou para Brasília nos anos 80, envolveu-se com atividades sindicais na Associação Nacional de Médicos Residentes. Filiado ao PCdoB, tornou-se deputado distrital em 1990, e quatro anos depois se elegeria deputado federal, o que se repetiria em 1998 e em 2002. Foi então nomeado ministro do Esporte no governo Lula e ficou à frente da pasta entre 2003 e 2006, quando se licenciou do cargo para disputar uma vaga de senador, mas foi derrotado por Joaquim Roriz.

No Ministério do Esporte surgiram as primeiras acusações de corrupção, mas no governo Lula ninguém se preocupava com isso. Na época, o PT e seus aliados viviam em lua-de-mel com o poder, num estado de êxtase absoluto, em que a impunidade era considerada absoluta e ainda nem se sonhava com o surgimento do escândalo do mensalão. Por isso, Queiroz não se incomodava em dar demonstrações claras de enriquecimento ilícito e até comprou uma luxuosa mansão às margens do Lago Paranoá, em Brasília.

Queiroz estava sem mandato, Lula gostava dele e, como prêmio de consolação, em outubro de 2007 o nomeou diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Oportunisticamente, Queiroz então abandonou o PCdoB para se filiar ao PT, já acertado para ser o candidato do partido na eleição do governo do Distrito Federal, em 2010.

Mais acusações

Na Anvisa, surgiram novas denúncias de corrupção, mas Queiroz teve apoio decisivo de Lula e conseguiu se eleger governador do Distrito Federal no segundo turno, Agnelo foi eleito no 2º turno, contra a esposa de Joaquim Roriz, que o substituiu por causa da Lei da Ficha Limpa. Era uma esperança de renovação da política de Brasília, dominada por Roriz, José Roberto Arruda, Paulo Octavio, Luiz Estevão e outros personagens de igual teor. Mas seu fracasso administrativo foi impressionante, levando a cabo a pior gestão da História de Brasília.

Além de quebrar as finanças (o que já seria de se esperar, diante do currículo que ostenta), o governador petista deixou Brasília em situação de caos absoluto, com todos os serviços públicos em estado de penúria, e foi descansar em Miami, de onde monitora o andamento do inquérito a que responde no Supremo Tribunal Federal por favorecimento de um laboratório farmacêutico no período em que esteve à frente da Anvisa.

A imprensa de Brasília, é claro, está devassando a gestão de Agnelo Queiroz, mostrando que realmente houve um verdadeiro festival de corrupção. Esta semana, reportagem de Matheus Teixeira e Isa Stacciarini, no Correio Braziliense, sobre a chamada “Farra dos Cachês”, revelou o espantoso resultado de uma auditoria da Controladoria-Geral do DF, que aponta múltiplas irregularidades em contratos para a realização de eventos musicais.

Entre 2011 e 2013, do total de R$ 221 milhões empenhados no pagamento de shows, foram constatados problemas em pelo menos 456 contratos. São pagamentos superfaturados, contratação via empresa inexistente e direcionamento de projeto de convocação.

Bem, as investigações sobre Agnelo Queiroz mal começaram, vem muito mais coisa por aí. Para o PT, porém (como costuma dizer a presidente Dilma Rousseff), são apenas malfeitos…

ÓSCAR ARIAS SÁNCHEZ: O fim iminente da Revolução Bolivariana




Situação pela qual a Venezuela atravessa atualmente não só demonstra seu déficit fiscal, como também seu déficit democrático




Não sei quantas vezes acreditamos, ao longo dos últimos 15 anos, que a Venezuela está à beira da mudança, que já não pode suportar mais, que algo precisa ceder. O regime chavista, entretanto, persistiu apesar dos augúrios que desde seu começo vaticinam o fim iminente da revolução bolivariana. O que explica essa resiliência? Como é possível entender que um sistema claramente antidemocrático tenha conseguido resistir a tantas pressões e continue, pelo menos até agora, recebendo o apoio do eleitorado?

Sobre isso foram escritos volumes e ainda se escreverá muito mais. A Venezuela do começo do século XXI ainda continuará fascinando os acadêmicos e os analistas por décadas. Mas é inegável que duas pedras angulares da sobrevivência do regime chavista foram o desempenho econômico, sustentado pelo comércio do petróleo, e a popularidade de seu líder (Hugo Chávez em sua época e depois, em menor escala, Nicolás Maduro). Acredito que todos podemos concordar que estas duas forças encontram-se hoje no pior estado registrado desde 1999.


A acelerada queda no preço internacional do petróleo, e a consequente deterioração das condições fiscais de um governo que monopoliza quase a totalidade dos serviços essenciais, impactaram a vida cotidiana dos venezuelanos de uma forma que, agora sim, parece insustentável.

É um clichê dizer que o dilema atual do chavismo é a “crônica de uma morte anunciada”. Mas é a verdade. Maduro pode fazer todas as contorções retóricas possíveis, chamando a situação de “guerra do petróleo” e de tentativa de “colonização mediante o colapso econômico”, mas nenhum outro país em anos recentes dispôs de maiores recursos com resultados piores.

Nenhum outro governo dilapidou sua renda de maneira tão temerária. Ninguém além do regime chavista é responsável por isso. Não existe conspiração internacional que explique porque as filas para comprar farinha ou sabão duram dois dias. Isso só se explica pela existência de um governo corrupto, ineficiente, dedicado ao culto da personalidade e obcecado em ocultar o fracasso de um modelo que já não há como subvencionar.

Amartya Sen demonstrou celebremente que nunca se registrou fome em uma democracia consolidada. De certa forma, a situação pela qual a Venezuela atravessa atualmente não só demonstra seu déficit fiscal, como também seu déficit democrático. As instituições que foram socavadas ao longo dos anos, a iniciativa empresarial que foi obstruída, a oposição que foi suprimida, a separação de poderes que foi anulada, são forças que poderiam ter evitado que o país se aproximasse tanto da beira do abismo.

Uma democracia canaliza o descontentamento popular com eficácia. Uma democracia corrige erros com prontidão. Chávez e Maduro se encarregaram de acabar com essa capacidade de resposta. Agora, Maduro aperta o punho com maior força, tentando calar quem levanta a voz. Que Leopoldo López esteja na prisão, que María Corina Machado enfrente um julgamento digno de um romance de Arthur Koestler, não faz nada além de confirmar que o governo perdeu o controle.

Não devemos cometer o erro de dar por certo o fim de uma era. Antes, é a responsabilidade de todo democrata, e não só dos venezuelanos, ajudar para que a Venezuela consiga fazer uma transição democrática. A crise de legitimidade do regime chavista deve ter como oposição a legitimidade da oposição. Estamos diante de uma verdadeira conjuntura histórica. Cabe a todos nós colaborar para que aconteça uma mudança, e aconteça de forma pacífica.

A prioridade não deve ser remover uma pessoa específica. Isso é um erro que outros países cometeram, derrubando líderes cuja saída não teve efeito sobre a situação real. A prioridade deve ser a institucionalidade democrática.

É indispensável restabelecer o Estado de Direito e a separação de poderes. É indispensável abandonar a perversa intromissão das forças armadas na vida civil. A legitimidade da oposição deve derivar-se de sua adesão a certos princípios, não de seu ataque a certas pessoas. Deve derivar-se de seu compromisso com o respeito à institucionalidade e de sua negativa em utilizar a violência como moeda de troca. Nesse momento, nada é mais urgente do que a situação de desabastecimento e racionamento. Quanto trata-se das necessidades mais básicas, o risco de violência aumenta. Por isso, hoje quero realizar um pedido à oposição para que exerça uma liderança responsável.

E faço também um pedido à comunidade internacional para que volte seus olhos sobre a Venezuela. Conheço bem a dinâmica das relações internacionais. Sei que existe uma competição pela atenção a nível global, e que a Venezuela divide o cenário com regimes que apresentam risco mais próximo para as potências mundiais.

Quero frisar, entretanto, que estamos em um ponto de inflexão: em uma Venezuela prostrada economicamente, e isolada politicamente, a pressão internacional pode gerar resultados positivos. A primeira condição dever ser, como eu disse muitas vezes, a libertação de todos os presos políticos. Cada dia a mais que Leopoldo López passa na cadeia, a cada dia que oficiais eleitos ou estudantes são presos, é uma violação dos direitos humanos, à Carta das Nações Unidas e à Carta Democrática da Organização dos Estados Americanos.

A libertação dos presos políticos deve ser o primeiro passo de uma estratégia que leve a um pleno restabelecimento da democracia na Venezuela. Mesmo que eu compreenda as diferenças da situação atual na Venezuela com outras transições na história mundial, também acredito que existem lições que não deveríamos esquecer. Mandela não teria nunca conseguido o fim do apartheid se não tivesse pensado no próprio de Klerk, no Partido Nacional e no papel que deveriam ter na transição sul-africana para a democracia.

Não é a divisão nem a vingança que levará a Venezuela a um futuro melhor, mas a inclusão pacífica e inteligente. Eu acredito que a hora chegou. Acredito que os venezuelanos conseguirão reconhecer que o regime chavista pode ter tido, no começo, intenções nobres, mas seu fracasso é indiscutível. O modelo econômico que talvez em algum momento esteve inspirado na justiça social, desembocou na escassez e na necessidade. Não é preciso ser de direita ou de esquerda para admitir que não vale a pena preservar algo por sua promessa. As coisas são preservadas ou descartadas por seus resultados.

É hora de avaliar uma experiência política que, como tantas outras, sustentou-se sobre a miragem da bonança econômica que trouxe um boom nos preços de produtos primários. É hora de adotar um regime que se sustente, de uma vez e para sempre, sobre valores democráticos.

* Oscar Arias Sánchez foi presidente da Costa Rica de 1986 a 1990 e de 2006 a 2010 e Prêmio Nobel da Paz 1987. Arias enviou esta carta ao foro “Poder Cidadão e a Democracia de hoje”, realizado em 26 de janeiro em Caracas e ao qual não pôde comparecer, mesmo tendo sido convidado, junto com os ex-mandatários Sebastián Piñera, do Chile, Felipe Calderón, do México, e Andrés Pastrana, da Colômbia.

sexta-feira, janeiro 30, 2015

Rodrigo Constantino: Se o estado brasileiro fosse uma família, tinha quebrado e estaria na mão de um agiota




Uma “gestora eficiente”…

“Os governos nunca quebram. Por causa disso, eles quebram as nações.” (Kennet Arrow)

Qualquer administrador das finanças do lar compreende que não é possível gastar mais do que ganha indefinidamente. O “superávit primário” nada mais é do que poupar uma parte das receitas para ter condições de pagar o custo da dívida acumulada nos anos anteriores.

O mínimo que se espera de um governo responsável é um saldo positivo primário, pois o certo mesmo seria um saldo final positivo, o que significaria que o governo consegue pagar todas as suas despesas, incluindo a de juros, e ainda amortizar um pouco do estoque de dívida.

No Brasil, curiosamente, nossas esquerdas rejeitam até mesmo a necessidade de um superávit primário. Ou seja, é como se acreditassem que o governo é muito diferente de uma família, e que pode simplesmente gastar mais do que arrecada como se não houvesse amanhã.

Em um aspecto ao menos o governo é diferente de uma família, ainda que seja apenas o administrador dos recursos públicos em nome de todas as famílias brasileiras: ele tem o poder de arrecadar impostos e de emitir dinheiro (um imposto disfarçado).

Quando uma família perdulária gasta sistematicamente mais do que ganha, mergulha no vermelho de forma perigosa, adere ao cheque especial e eventualmente cai na mão de um agiota. Paga juros altíssimos e corre o risco de ter que declarar falência e perder todos os seus bens remanescentes.

Mas quando o governo gasta cada vez mais, sem a contrapartida na receita, ele pode sempre emitir mais moeda e gerar inflação (como fez o governo Dilma), ou decretar aumento de impostos (como fez o governo Dilma). Ele não quebra como uma família; mas ele acaba quebrando a nação!

Digo tudo isso, claro, para chegar ao lamentável fato ocorrido em 2014, divulgado agora: tivemos o primeiro déficit fiscal primário desde 1997! As “pedaladas” do governo Dilma foram criando uma bola de neve que, ao ser parcialmente reconhecida no final de 2014, levou a esse rombo superior a R$ 30 bilhões no consolidado.

Só para refrescar a memória do leitor, o governo falava em superávit primário de R$ 100 bilhões no começo do ano, depois revisto para R$ 80 bilhões. Entregou um déficit de R$ 32 bilhões. Primário, ou seja, sem levar em conta o serviço da dívida que, como qualquer indivíduo bem sabe, também é despesa.

Em outras palavras, Dilma rasgou a Lei de Responsabilidade Fiscal, jogou no lixo o legado mais importante da era FHC. E para não ser punida legalmente pelo crime de responsabilidade, ainda mandou ao Congresso uma alteração na Lei das Diretrizes Orçamentárias no apagar das luzes do ano passado, para se livrar das consequências de seus atos irresponsáveis. Quem paga por seus erros somos nós, trabalhadores, consumidores e pagadores de impostos.

Agora o governo Dilma fala em um superávit de 1,2% do PIB para 2015. E quem acredita? Não basta colocar ministro novo com fama de “fiscalista” ortodoxo. O esforço fiscal necessário para essa reviravolta seria homérico, especialmente em uma economia em crise, sem crescimento. Dilma vai mesmo entregar o que promete agora? Como?

O certo seria cortar na carne, bilhões e bilhões de despesas inúteis do governo, que aumentaram exponencialmente nos últimos anos, sem contrapartida alguma na melhoria dos serviços públicos. Quando analisamos que a receita do governo subiu de R$ 991,1 bilhões em 2013 para R$ 1,01 trilhão em 2014, fica claro que o problema não é falta de receita.

O problema é excesso de gasto. As despesas saíram de R$ 914,1 bilhões em 2013 para R$ 1,03 trilhão em 2014. Estamos diante de um governo gastador, perdulário, irresponsável e incompetente (já que nada disso significou melhoria nos serviços públicos).

Mas sabemos que Joaquim Levy e a presidente Dilma desejam ir pelo caminho mais fácil e proteger todos aqueles pendurados em tetas estatais, jogando o fardo uma vez mais nas costas dos pagadores de impostos. O caminho escolhido será o aumento de impostos, prerrogativa que só os governos têm, não as famílias.

Outra medida que as famílias endividadas podem tomar quando as contas apertam é a venda de ativos. Aquele carro extra, talvez um relógio ou uma joia, quem sabe as ações que guardavam para o filho? O estado tem ativos também. Muitos, no caso brasileiro, pois a União é dona de centenas de empresas.

Logo, a privatização seria outra alternativa para reduzir o rombo fiscal e abater endividamento, que subiu bastante e ultrapassou 62% do PIB. Mas aqui o governo Dilma também fez grandes lambanças (e onde não fez?). A Petrobras, sem dúvida o principal ativo, foi destruída pela incompetência e roubalheira. O valor de suas ações despencou. A empresa perdeu mais de R$ 20 bilhões de valor de mercado em apenas 3 dias!

Somando tudo, eis o que temos: o governo Dilma rasgou a Lei de Responsabilidade Fiscal e entregou o primeiro déficit primário desde 1997, fez isso aumentando arrecadação, mas aumentando ainda mais despesas, produziu uma inflação elevada e crescente para financiar sua irresponsabilidade, expandiu a dívida do governo, e destruiu o valor dos ativos do estado. E é nela que alguns depositam a esperança de consertar essa trapalhada toda?

AÉCIO NEVES: É uma vergonha. Destruíram a nossa maior empresa e não tiveram sequer a capacidade de agora, reconhecendo os desvios, minimizar essas perdas




Entrevista de Aécio Neves em Brasília nesta sexta-feira (30 de janeiro de 2015)


O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, em Brasília, nesta sexta-feira (30/01). Ele respondeu a perguntas sobre eleição na Câmara e no Senado, CPMI da Petrobras, rebaixamento de nota da Petrobras, economia, setor elétrico.

A seguir, a entrevista.

Sobre a eleição no Congresso, qual a orientação do PSDB?

A minha posição pessoal é muito clara e eu venho trazê-la hoje à nossa bancada como presidente do partido. No momento que existem duas candidaturas da base governista e uma candidatura que se coloca como independente e que surge a partir da iniciativa de um partido político que, inclusive no segundo turno esteve conosco na última eleição presidencial, o caminho natural do PSDB é fortalecer a candidatura do deputado Júlio Delgado. É a candidatura que, a meu ver, apresenta as melhores condições de garantir a independência fundamental que a Câmara dos Deputados não teve nos últimos anos.

E no Senado não é diferente. A candidatura do senador Luiz Henrique na verdade atende esta mesma aspiração: não termos um Legislativo acuado, submisso, e principalmente, submetido às vontades e às orientações do Palácio do Planalto, como assistimos durante todo este último período e de forma mais escancarada ainda no final do ano passado no momento em que, com uma violência enorme, o comando do Legislativo, atendendo a orientação do Palácio do Planalto, feriu de morte a Lei de Responsabilidade Fiscal ao operar a LDO.

Portanto, na minha visão, temos duas grandes oportunidades, em apoiar a candidatura de Julio Delgado na Câmara Federal, apresentando uma agenda para o Poder Legislativo que iniba mais uma vez a edição das medidas provisórias, que inclusive possa votar, e ele tem este compromisso, o projeto que relatei no Senado Federal, aprovado por unanimidade no Senado no início da legislatura passada e que ficou engavetado também por orientação do Palácio do Planalto na Câmara que impede que medidas provisórias possam tratar de temas não correlatos, criando uma mínima relação de respeitabilidade entre os poderes.

No Senado, da mesma forma, estaremos ao lado do senador Luiz Henrique. Inclusive, hoje a tarde, no ato de lançamento da sua candidatura que, a meu ver, é uma candidatura extremamente competitiva.

Os seus colegas de partido disseram que independentemente do que aconteça no domingo no Congresso, vai ser um ano muito difícil na Casa. O senhor concorda com eles, independentemente de quem estiver na presidência será um ano complicado para os parlamentares?

Acho que poderá ser um grande ano para o Poder Legislativo, sobretudo em razão da fragilização do governo federal. O que estamos assistindo no dia a dia é o atestado absoluto de falência do governo. Um governo que não tem sequer a hombridade, a dignidade de reconhecer os seus erros, que não se julga no dever de explicar à população brasileira o que o Brasil de hoje é tão diferente do Brasil cantado em verso e prosa na campanha eleitoral poucos meses atrás.

Este é o grande momento de afirmação do Poder Legislativo. Não podemos continuar submetidos única e exclusivamente como ocorreu ao longo dos últimos anos à agenda do governo federal. E mais do que isso, do ponto de vista das denúncias sucessivas, das denúncias que não cessam de irregularidades de corrupção no governo, devemos centrar fileiras para já, imediatamente, nesta semana colhermos as assinaturas necessárias à recriação da CPMI da Petrobras, além de outras que estão sendo também cogitadas.

A prioridade deve ser o Congresso Nacional retomar as investigações em relação aos desvios na Petrobras porque estamos ainda vendo a ponto do iceberg. Acho que temos a responsabilidade enquanto poder fiscalizador das ações do Poder Executivo, de avançarmos nessas investigações que já vem sendo feitas com competência pelo Ministério Público, pela Polícia Federal, mas o Poder Legislativo não pode deixar de dar também a sua contribuição.

As últimas medidas da Petrobras impactam fortemente alguns investimentos inclusive no Nordeste, região em que a presidente Dilma teve grande votação. Como o senhor avalia?

É uma vergonha. Destruíram a nossa maior empresa e não tiveram sequer a capacidade de agora, reconhecendo os desvios, minimizar essas perdas. Hoje, a perda de grau de investimento feita pela Moody’s (de Baa2 para Baa3) é uma sinalização clara de como o mundo vê o Brasil e não é só a Petrobras. Infelizmente, o que o Brasil hoje está provando é o veneno, o fel de um governo que agiu irresponsavelmente ao longo de todos os últimos anos. Tudo que denunciamos durante a campanha eleitoral hoje aparece para a população brasileira de forma absolutamente cristalina. Seja com relação aos dados da economia, aos dados fiscais do governo, seja com relação à corrupção na Petrobras, às denúncias cada vez mais grave em relação aos desvios nos fundos de pensão e no BNDES. Portanto, cada vez mais vai ficando claro que quem venceu as eleições foi a mentira.



Sobre a saúde na economia, registra o primeiro déficit primário desde 2001. Como a oposição pode colaborar para mudar este quadro.

Quem tem a responsabilidade por esse quadro é exclusivamente o governo. Cabe à oposição denunciar, fiscalizar e impedir manobras fiscais, manobras contáveis que vieram sendo feitas sem qualquer constrangimento ao longo dos últimos anos. Mas isso não dura para a vida toda. Estamos percebendo, agora, de forma absolutamente clara, que o governo não priorizou o Brasil. O governo priorizou as eleições. E medidas que agora estão sendo tomadas, se tivessem sido tomadas de forma responsável, e não foram, ao longo do ano passado, ao longo dos últimos anos, certamente minimizariam seus efeitos para a população brasileira.

Quem vai pagar a conta da incompetência e irresponsabilidade do governo da presidente Dilma são os mais pobres. E estamos vendo aí. A receita do atual governo não é nossa receita. Vou falar sobre isso hoje aqui. A receita do atual governo é fazer o ajuste pelo aumento de impostos por um lado e a supressão dos direitos trabalhistas por outro. Essa não é a receita do PSDB e não podemos deixar que isso seja confundido com ela.

O setor elétrico está tendo várias crises. A presidente Dilma falava tempos atrás em redução de tarifa e não é o que está acontecendo.

Mais um grande engodo. Me lembro muito bem que no Congresso Nacional quando eu alertava para os riscos da Medida Provisória nº 579 fui acusado diretamente pela presidente de pessimista e torcer contra o Brasil.

Não se faz redução de tarifas, sem que haja uma política fiscal responsável, sem que haja planejamento. O que a presidente fez com o setor elétrico é mais uma demonstração da marca autoritária do seu governo, do absoluto desconhecimento que ela tem sobre do setor, e isso se estende à Petrobras, comandada por ela com mãos de ferro, durante todos esses últimos 12 anos. E, mais uma vez, o preço está sendo pago pela população brasileira, pelo contribuinte brasileiro, com a perspectiva de aumentos expressivos na conta de luz, mais de 20% agora já no início do ano.

Cada vez mais, a cada dia que passa, se comprova que os nossos alertas eram os alertas corretos. A presidente da República não permitiu que o Brasil debatesse, durante a campanha eleitoral, medidas para superação da crise. Ela vendeu o país da fantasia: do conto da Carochinha, onde tudo ia muito bem, o país crescia, do pleno emprego e não havia necessidade de qualquer ajuste.

Hoje o custo dos ajustes é muito mais alto pela irresponsabilidade do governo, que não tomou, no momento que deveria ter tomado, as providências para conter esses equívocos todos e, infelizmente vai sobrar, mais uma vez, para o bolso do cidadão brasileiro, do contribuinte brasileiro.

EMBRAPA: Dinapec prepara-se para sua 10ª edição






Há dez anos, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, realiza a Dinâmica Agropecuária (Dinapec) na vitrine tecnológica da Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande-MS. Este ano, entre os dias 11 e 13 de março, 14 Unidades da Empresa estarão na feira de tecnologias, além de parceiros, apresentando roteiros tecnológicos e dinâmicas, oficinas, publicações e produtos.



Gratuitamente, produtores, técnicos e estudantes podem visitar os 32 hectares de área da Dinapec e percorrer os roteiros sobre Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), novas cultivares forrageiras, produção de novilhos precoce/Boas Práticas Agropecuárias (BPA), produção leiteira, sanidade animal e rastreabilidade, manejo de pastagens, Integração Lavoura-Pecuária (ILP), melhoramento genético animal, ovinocultura e alimentação de gado leiteiro em pequenas propriedades, com duração de quatro horas cada.



Também sem custo algum, serão ministradas oficinas de manejo de bezerras leiteiras e higiene na ordenha, Boas Práticas de Fabricação, aproveitamento de resíduos - briquetes (lenha ecológica), gestão de resíduos em propriedades rurais e prevenção e controle a incêndios florestais com instrutores da Embrapa e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MS). Os treinamentos teóricos e práticos acontecerão nos dias 12 e 13, com 25 vagas disponíveis e inscrições no site, www.embrapa.br/gado-de-corte, ou nos dias do evento.



“No ano passado inserimos clínicas tecnológicas atendendo ao público que buscava uma atenção maior dos especialistas, porém notamos que o tira-dúvidas acontecia durante as palestras, era um movimento natural e assim aprimoramos os roteiros de forma que levassem informações, aprofundamento e troca de experiências”, observa o analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Websten Cesário da Silva, um dos responsáveis pela Dinapec.



Para ele, que há seis anos está envolvido na organização da Dinâmica, a cada ano o evento adapta-se à realidade do produtor e ao mercado. Em edições passadas, as capacitações encorpadas foram o foco, com palestras e cursos; em outras, o Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura (Programa ABC) e ainda houve ano que as tecnologias para a agricultura familiar eram o destaque. “Buscamos acompanhar as transformações e as demandas e, hoje, o nosso visitante deseja dinâmicas ágeis, participativas, práticas e que traduzam sua vivência no campo”.



Novo capim – Pelo segundo ano seguido, a Embrapa e a Associação para o fomento à pesquisa de melhoramento de forrageiras (Unipasto) apresentam uma cultivar de Panicum maximum para a próxima safra. Em 2014, a BRS Zuri e em 2015, a BRS Tamani. A “cv. BRS Tamani vem para suprir uma demanda por uma cultivar de Panicum maximum de porte baixo, fácil manejo, resistente às cigarrinhas-das-pastagens, com maior valor nutritivo e perfilhamento. É uma importante alternativa para diversificar áreas plantadas unicamente com a cultivar Massai, contribuindo para uma pecuária mais intensiva e produtiva”, explica a melhorista da Empresa, Liana Jank. A gramínea forrageira tropical Panicum maximum é uma espécie de alta produtividade e qualidade responsável por grande parte da terminação de bovinos no Brasil, sendo as cultivares Tanzânia e Mombaça as mais difundidas.



Abertura – Na abertura oficial da Dinapec, dia 11, a Unidade lançará as obras “Nutrição de bovinos de corte - fundamentos e aplicações”, editada por Sérgio Raposo de Medeiros, Rodrigo da Costa Gomes e Davi José Bungenstab, e “Sistemas Agroflorestais, a agropecuária sustentável”, por Valdemir Antônio Laura, Fabiana Villa Alves e Roberto Giolo de Almeida.



Os dez estudantes do Projeto Agroescola também serão diplomados na abertura. A proposta transfere conhecimentos em pecuária de corte, com a tutoria da equipe de pesquisadores da Embrapa e esse acordo de cooperação técnica é entre a Prefeitura de Campo Grande, o Governo do Estado/Fundect, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e a Empresa. Hoje, já há 32 profissionais formados pelo Projeto atuando no setor.



História - A Dinapec teve sua primeira edição em 30 de março de 2006 denominada “Feira de Agroinovação”. O tema principal foi o Sistema de Integração Lavoura-Pecuária e o objetivo era destacar o conhecimento voltado para uma pecuária de corte sustentável. Nos 27 hectares disponíveis, dez Unidades da Embrapa reuniram-se demonstrando as várias possibilidades para se produzir carne bovina de qualidade.



Os anos passaram, o número de Centros de Pesquisa ampliou, assim como, a área da feira e, sobretudo, o objetivo. Para o atual chefe adjunto de Transferência de Tecnologia, Pedro Paulo Pires, “após dez anos, a Dinapec é uma vitrine da Embrapa e suas tecnologias. Cada Unidade participante transfere seus últimos lançamentos e o produtor conhece um pouco do que a Empresa desenvolve de melhor”.



A Dinapec está localizada na Avenida Rádio Maia, 830, zona rural, saída para Aquidauana, na capital sul-mato-grossense. Informações pelo telefone (67) 3368-2141 e www.embrapa.br/gado-de-corte.






Redação: Dalízia Aguiar (DRT/MS 28/03/14), jornalista Embrapa

--Núcleo de Comunicação Organizacional - NCO
Embrapa Gado de Corte
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Campo Grande/MS

UM ESTRANHO CASO DE AMOR: Dilma DuChefe e Desgraça Forte OU As assassinas da PETROBRAS



Direto do Blog do Coronel







É um absurdo a entrevista de Graça Foster, presidente da Petrobras, concedida ontem ao Jornal Nacional, na tentativa de desqualificar as graves denúncias de Venina da Fonseca, feitas ao jornal Valor Econômico e reiteradas ao vivo no Fantástico, no último domingo. A presidente da Petrobras disse que a sua subordinada nunca falou em corrupção, conluio, lavagem de dinheiro. E como poderia? Ela estava fazendo um alerta! Ninguém, a não a ser o MPF, pode indiciar alguém desta de forma. Venina não era a Polícia Federal para acusar frontalmente um esquema poderoso como o montado dentro da Petrobras. Graça Foster não ouviu sua colega e depois subordinada porque não quis e porque está envolvida. Ao que tudo indica, seu papel maior é blindar a atual presidente da República. Graça Foster queria o quê? Que Venina desenhasse para que ela entendesse que a funcionária estava buscando apoio para impedir o conluio, a corrupção, a lavagem de dinheiro? Obviamente, pela entrevista matreira, malandra, esperta concedida por Graça Foster, Venina Fonseca bateu na porta errada. Até quando este Urutu da Dilma vai continuar mentindo para o país, como o fez na CPI, neste troca-troca de proteção mútua com a Presidente da República, que mandou e desmandou na Petrobras nos últimos 12 anos?





Perceberam que o discurso de Dilma Rousseff, na tentativa de desqualificar as denúncias de Venina da Fonseca, é exatamente o mesmo de Graça Foster? Que tudo é tão ensaiadinho como se as duas tivessem passado a noite juntas, estudando e combinando cada palavra. Vejam o que Dilma Rousseff disse:


“Como é que você tipifica uma alegação sem provas? Tem alguma prova apresentada sobre qualquer conduta da presidente da Petrobras, Graça Foster? Eu conheço a Graça. Eu sei da seriedade da Graça. Sei da lisura da Graça. Acho que é importante saber qual é a prova que apresentou. Eu dizer que te falei, que eu quero? Eu tenho que provar que eu falei. Não há dúvida daquilo que a Graça já respondeu, que houve informação sobre aquela questão relativa – como é que chama? – a comunicação e houve alteração a partir dali. De outro lado, a Graça assumiu a direção da Petrobras e mudou toda diretoria”


“Nós precisamos da Polícia Federal, do Ministério Público, precisamos do Judiciário e de uma lei chamada delação premiada para descobrir o que ocorreu. Senão, você não descobre. Então, é de um simplismo absurdo supor que alguém tivesse noção do que estava acontecendo porque estava lá na diretoria, porque era encoberto. É próprio desses processos serem encobertos.”


As palavras de Dilma e Graça Foster, como colocamos no post anterior, apenas justificam a fortalecem a posição de Venina. Esta funcionária não poderia, sozinha, enfrentar os seus superiores corruptos, sob pena de sofrer duras retaliações. Não poderia fazer acusações diretas. Ela estava buscando apoio e não encontrou. Encontrou uma cúmplice de alguém ainda mais poderosa do que os diretores corruptos que a cercavam. É o que a Oposição, com toda a razão, está manifestando.


“As informações são extremamente graves. Quando a corrupção deixa de ser o fato feito por ausência de caráter de um indivíduo ou de um grupo político já é grave. Quando é algo institucionalizado dentro de uma empresa e as providências não são tomadas, mesmo com tantos alertas feitos, é realmente algo inédito na nossa história contemporânea. Eu acho que a presidente da Petrobras perdeu todas as condições de ficar à frente da empresa. Cabe à presidente da República substituí-la, e vai fazer isso no tempo”, comentou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente do partido.

“Após as declarações e os elogios da presidente Dilma Rousseff em apoio à presidente Graça Foster, a Graça Foster já não tem que responder por mais nada. A presidente puxou para si toda a responsabilidade do escândalo da Petrobras. O próprio procurador-geral da República já solicitou a mudança da diretoria da Petrobras, e ela insiste e avaliza todas as ações feitas pela Graça Foster?”, questiona o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).







Assistam à entrevista gravada por Dilma Rousseff em 18 de maio de 2009. Naquele momento, a atual presidente da República dirigia o Conselho de Administração da Petrobras. Também era a ministra da Casa Civil, tendo sido figura central para abafar uma CPI que se realizava para apurar diversas denúncias contra a estatal. Naquela oportunidade, também aconteciam fatos importantes no processo fraudulento de aquisição da refinaria de Pasadena. Em abril de 2009, a Câmara Arbitral dos Estados Unidos havia definido que a estatal brasileira estava obrigada a comprar a outra metade da sociedade com os belgas, por ter descumprido, de forma intencional, importantes cláusulas do contrato. Ficou estabelecido na ocasião o valor de US$ 466 milhões para os papéis, baseando-se no valor de mercado da usina em 1º de julho de 2008. A esse montante foram acrescidos US$ 173 milhões, correspondentes ao reembolso de parte de uma garantia bancária fornecida à companhia pelos sócios, juros, honorários e despesas processuais. Tudo isso foi abafado e escamoteado da opinião pública! Se Dilma não tivesse atuado para abafar a CPI da Petrobras realizada em 2009, muito do que está nas páginas policiais de hoje poderia ter sido evitado. Centenas de milhões de dólares não teriam sido roubados da estatal. Notem, no vídeo, como a presidente do Conselho de Administração, Dilma Rousseff, conhece detalhes da operação da empresa.

Sabe de tudo! E mente descaradamente! 


quinta-feira, janeiro 29, 2015

RECORDAR É VIVER: No AlertaTotal em 11/02/2012, O Marido da Cunhada Graça

Artigo no Alerta Total – http://www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão

A Maçonaria anda ouriçada. Em vários e-mails, maçons espalham a pergunta: Quem é o marido da Maria das Graças Foster, nova presidenta da Petrobrás? Eles respondem: o Grande Irmão Colin Vaughan Foster é o Grão-Mestre Distrital da Divisão Norte da Grande Loja Unida da Inglaterra, cujo “Grand Master” é o Príncipe Edward George Nicholas Paul Patrick – primo da Rainha Elisabeth.

Quem comanda a Grande Loja Unida da Inglaterra, junto com o príncipe, é Peter Lowndes membro do Royal Institution of Chartered Surveyors (RICS). Ou seja, a Maçonaria Britânica é um dos braços de comando da Oligarquia Financeira Transnacional que controla os principais negócios do mundo globalitário. Como os maçons constatam, o “primeiro-damo” da Petrobrás é gente forte na Maçonaria Universal. É o controlador atuando nos bastidores de uma das mais estratégicas empresas brasileiras!

Nos irônicos comentários dos maçons sobre a posse da Graça Foster, um chama atenção: “Pelo menos o vice-Presidente da República Michel Temer, que é maçom mas nega sempre que lhe é conveniente, terá a chance de dispensar um tratamento especial à nova presidenta da Petrobrás. Temer poderá chamar Graça de “cunhada” – que é como os maçons se dirigem às mulheres de seus irmãos de ordem.

Na foto acima, com as mãos sobre a mesa, o cada vez mais prestigiado Colin Vaughan Foster recebe homenagens e participa de eventos na Maçonaria Tupiniquim, onde muito “irmão” que não sabe onde tem a cabeça teria o maior prazer de tomar um whisky 18 anos, brindando e saudando o retrato da Rainha da Inglaterra, no intervalo das sessões maçônicas do Rito de York. Os maçons deviam propor um brinde ao marido da cunhada Graça. Ele merece!

Afinal, “God save the husband of the New Queen of Petrobrás". Quem sabe o Grande Arquiteto do Universo ajuda a melhorar os resultados da empresa...

Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.

RECORDAR É VIVER: Reinaldo Azevedo fala sobre o marido de Graça Foster

Reinaldo Azevedo escreveu em 14/11/2010

Meu marido, meu tesouro: Petrobras tem 43 contratos com marido de ministeriável

Por Fernanda Odilla, na Folha. Volto em seguida:


A empresa do marido de Maria das Graças Foster, nome forte para o primeiro escalão do governo Dilma Rousseff, multiplicou os contratos com a Petrobras a partir de 2007, ano em que a engenheira ganhou cargo de direção na estatal. Nos últimos três anos, a C.Foster, de propriedade de Colin Vaughan Foster, assinou 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes unidades da estatal. Entre 2005 e 2007, apenas um processo de compra (sem licitação) havia sido feito com a empresa do marido de Graça, segundo a Petrobras. A C.Foster, que já vendeu R$ 614 mil em equipamentos para a Petrobras, começou na década de 1980 com foco no setor de óleo e gás, área hoje sob a responsabilidade de Graça Foster.

Funcionária de carreira da Petrobras, Graça é cotada para um cargo no primeiro escalão do governo dilmista, como a presidência da Petrobras, a Casa Civil, a Secretaria-Geral da Presidência ou outro posto próximo da presidente eleita, de quem ganhou confiança. Foi por indicação de Dilma que Graça ganhou, a partir de 2003, posições de destaque no Ministério de Minas e Energia, Petroquisa e BR Distribuidora e, há três anos, assumiu a diretoria de Gás e Energia da Petrobras. Antes de a C.Foster firmar esses 42 contratos com a Petrobras, a relação de Graça com a empresa do marido, Colin Vaughan Foster, já havia gerado mal-estar. Em 2004, uma denúncia contra a engenheira, relacionada ao suposto favorecimento à empresa do marido, foi encaminhada à Casa Civil.

O então ministro José Dirceu pediu esclarecimentos ao Ministério de Minas e Energia, sob o comando de Dilma. A fonte da denúncia não é identificada nos documentos obtidos pela Folha. Na ocasião, foram listados dois contratos da C. Foster com a estatal: um de 1994, e outro, de 2000. Coube à própria Petrobras elaborar um ofício com explicações sobre duas investigações internas envolvendo Graça no período em que ela era gerente do Cenpes (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras).
(…)
 

O ofício diz que “não ficou caracterizada a existência de prática de crime ou improbidade administrativa”, mas enfatizava o temperamento difícil da engenheira. “Cumpre agregar que nas declarações prestadas, verificou-se que Maria das Graças era objeto de restrições por grande parte do pessoal de seu setor, dado principalmente, como veio externar a comissão, “o modo com que tratava seus subordinados’”, diz o ofício da Petrobras para a Casa Civil. Aqui

Comento
Que diabo acontece com as mulheres fortes de Dilma? Todas elas têm de ter um marido que atua justamente na área em que a mulher é chefe? O casal, por acaso, tem algum filho chamado “Israel”?  É uma leitura muito particular do “poder feminino”, que, de fato, inverteu o chavão: “Por trás de uma grande mulher, há sempre um homem prestando serviços”.


Mas que se louve o sentido clânico do petismo, né? A gente vê que toda a cadeia familiar gosta de se empregar num mesmo ramo. E sempre lidando com dinheiro público. Trata-se de um refinadíssimo senso de patriotismo.

Por Reinaldo Azevedo

RECORDAR É VIVER: Maria das Graças e seu marido. Ou: A família do petróleo & gás

Em novembro de 2010, reportagem de Fernanda Odilla, da Folha, informava — e não houve contestação — que, desde 2008, a C.Foster, de propriedade de Colin Vaughan Foster, marido de Maria das Graças, futura presidente da Petrobras, havia assiando 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes unidades da estatal. À época, ela cotada para o Ministério das Minas e Energia.

Huuummm… Talvez a C.Foster seja mesmo a melhor da área. Também entendo o fato de o casal ter interesse comum em petróleo, gás e coisa e tal. É comum os casais partilharem de certos gostos. O que é incomum — e seria em qualquer país democrático do mundo — é a mulher (ou o marido) presidir a principal empresa do Estado que compra serviços fornecidos pelo cônjuge. Collin e Maria das Graças podem ser dois franciscanos, dois Caxias, mais honestos e retos do que as freiras dos pés descalços. E daí? Isso é diferente da, por exemplo, “Rede Bezerra Coelho”?

Na própria base aliada, fosse outro o partido de Maria das Graças, que não o PT, e já haveria um enorme bochicho. Como é com petistas, sabem como é… A regra é a seguinte: os não-petistas, especialmente se oposicionistas, são sempre culpados ainda que não haja nem indícios contra eles. Já os companheiros são sempre inocentes, até mesmo contra as provas.
Eu olho para esse ar, vamos dizer, severo de Maria das Graças e só consigo pensar em sua dedicação aos derivados de petróleo. Gente que sabe fazer cara de brava sempre leva alguma vantagem sobre os de aparência mansa. Mas e daí? Ela terá de arbitrar, sim — ou algum subordinado dependente de suas graças o fará por ela — questões que dirão respeito aos negócios do marido. Se ele já mudou de ramo, não sei. Mas é claro que seria o caso, né?

A Petrobras até chegou a fazer uma investigação interna para saber se havia alguma incompatibilidade entre a atuação do marido de Maria das Graças e a da própria. Não se encontrou nada. No máximo, constatou-se que ela não era muito querida pela equipe porque parece compartilhar com Dilma certo gosto por, como direi?, dar um esculachos nos subordinados. Braveza de chefe, que deixa a equipe triste ou ressentida, é coisa do mundo da fofoca e de publicações de auto-ajuda. Para mim, é o de menos. Acho que Maria das Graças tem de ser, segundo reza o clichê ainda válido, como a mulher de César: não basta ser honesta; tem também de parecer honesta.

Ora, se o marido dela pode, por que os demais maridos e demais mulheres não podem? Não há de ser porque ela tem esse ar de quem só pensa em derivados de petróleo e gás.
Segue reportagem da Folha de novembro de 2010. Volto para encerrar.
 

A empresa do marido de Maria das Graças Foster, nome forte para o primeiro escalão do governo Dilma Rousseff, multiplicou os contratos com a Petrobras a partir de 2007, ano em que a engenheira ganhou cargo de direção na estatal. Nos últimos três anos, a C.Foster, de propriedade de Colin Vaughan Foster, assinou 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes unidades da estatal. Entre 2005 e 2007, apenas um processo de compra (sem licitação) havia sido feito com a empresa do marido de Graça, segundo a Petrobras. A C.Foster, que já vendeu R$ 614 mil em equipamentos para a Petrobras, começou na década de 1980 com foco no setor de óleo e gás, área hoje sob a responsabilidade de Graça Foster.

Funcionária de carreira da Petrobras, Graça é cotada para um cargo no primeiro escalão do governo dilmista, como a presidência da Petrobras, a Casa Civil, a Secretaria-Geral da Presidência ou outro posto próximo da presidente eleita, de quem ganhou confiança. Foi por indicação de Dilma que Graça ganhou, a partir de 2003, posições de destaque no Ministério de Minas e Energia, Petroquisa e BR Distribuidora e, há três anos, assumiu a diretoria de Gás e Energia da Petrobras. Antes de a C.Foster firmar esses 42 contratos com a Petrobras, a relação de Graça com a empresa do marido, Colin Vaughan Foster, já havia gerado mal-estar. Em 2004, uma denúncia contra a engenheira, relacionada ao suposto favorecimento à empresa do marido, foi encaminhada à Casa Civil.

O então ministro José Dirceu pediu esclarecimentos ao Ministério de Minas e Energia, sob o comando de Dilma. A fonte da denúncia não é identificada nos documentos obtidos pela Folha. Na ocasião, foram listados dois contratos da C. Foster com a estatal: um de 1994, e outro, de 2000. Coube à própria Petrobras elaborar um ofício com explicações sobre duas investigações internas envolvendo Graça no período em que ela era gerente do Cenpes (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras).
(…)


O ofício diz que “não ficou caracterizada a existência de prática de crime ou improbidade administrativa”, mas enfatizava o temperamento difícil da engenheira. “Cumpre agregar que nas declarações prestadas, verificou-se que Maria das Graças era objeto de restrições por grande parte do pessoal de seu setor, dado principalmente, como veio externar a comissão, “o modo com que tratava seus subordinados’”, diz o ofício da Petrobras para a Casa Civil.

Encerro
Não sei o regime de união do casal. Sendo um casamento ou uma união estável, na prática, Maria das Graças terá negócios privados com a empresa pública que ela preside. E por que o PT vai adiante? Porque está convencido de que pode tudo.
 
Por Reinaldo Azevedo

Liberdade de imprensa corre risco, afirma jurista



O presidente da Comissão de Reforma Política da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ives Gandra Martins, disse nesta quinta-feira, 29, ver com grande preocupação o risco que corre hoje à liberdade de imprensa. O jurista disse considerar uma ameaça à democracia a proposta de se analisar o controle da mídia, principalmente em um momento em que o governo federal se encontra fragilizado em meio a denúncias de corrupção e crise econômica. 


"Sempre que os governos pretendem controlar a imprensa, e não o conteúdo, eles começam por controlar as direções. Cada vez que se pretende redemocratizar o que se pretende, na verdade, é criar grupos financiados pelo governo para tornar aqueles canais de oposição em órgãos de governo", disse Martins após participar de um evento da OAB para discutir a reforma política.

Defensor do parlamentarismo, Martins avalia que o Brasil corre riscos de instabilidade institucional. Ele criticou o ministro das Comunicações por conduzir a iniciativa de "democratização" da mídia e também criticou a presidente Dilma Rousseff (PT) pelo decreto em que tentou criar conselhos populares. "O ministro Berzoini quer discutir o controle daqueles que detêm a imprensa, chamando de democratização. Por outro lado ela (Dilma) criou esse decreto, que a Câmara não aprovou, dos conselhos, que são mecanismos para pôr o legislativo de lado, aparelhar, dizendo que representam a sociedade, com grupos eles controlarão e que definirão políticas para os ministérios."

O jurista diz acreditar que o momento atual é promissor para fazer a reforma política necessária para garantir estabilidade à democracia brasileira. Martins avalia que é também o momento em que reformas se fazem mais necessárias para evitar rupturas institucionais. "Infelizmente, se nós não fizermos as reformas adequadas, nós correremos o risco de em uma crise ou, se o governo se fortalecer muito e a oposição enfraquecer, todo o sistema virar uma semi-ditadura. Venezuela seja talvez o caso mais claro disso", comentou.

Martins defendeu temas colocados pela comissão de Reforma Política da OAB em um documento que pretendem levar para o Congresso Nacional. Ele destacou a cláusula de barreira, para limitar o acesso de partidos a recursos do fundo partidário, o sistema de voto distrital misto e o mecanismos de controle sobre financiamento de campanha. Ao contrário do entendimento quase consolidado no Supremo Tribunal Federal (STF), a comissão da OAB é favorável à manutenção do financiamento privado, inclusive empresarial, às campanhas, contanto que com limitações e sob fiscalização. "O financiamento exclusivamente público seria a perpetuação no poder de quem está no poder, porque aqueles que detêm o poder têm uma campanha natural do seu trabalho", argumentou.

Fonte: Estadão

RECORDAR É VIVER: Como o Partido Totalitário esteve envolvido em um dos primeiros atos de TERRORISMO BIOLÓGICO no Brasil


A REVISTA VEJA, em sua Edição 1961, de 21 de junho de 2006, revelou uma intrigante estória de como PETITAS FANÁTICOS disseminaram a praga VASSOURA-DE-BRUXA com o objetivo de acabar com as lavouras de cacau no sul da Bahia. Apesar de parecer uma estória fantástica, pesquisas científicas (feitas na UNICAMP - Campinas - e na UESC - Ilhéus - com o genoma do fungo e análises filogenéticas) comprovaram toda a parte biológica dessa inacreditável história.

O artigo foi escrito pelo jornalista Policarpo Junior.





Terrorismo biológico



Petistas são acusados de disseminar a praga que destruiu a lavoura de cacau no sul da Bahia


Anderson Schneider

Franco Timóteo, que confessa o crime: o plano era minar a influência política dos barões do cacau

No dia 22 de maio de 1989, durante uma inspeção de rotina, um grupo de técnicos descobriu o primeiro foco de uma infecção devastadora conhecida como vassoura-de-bruxa numa plantação de cacau no sul da Bahia. A praga é mortal para os cacaueiros. Os técnicos, porém, se tranqüilizaram com a suposição de que se tratava apenas de um foco isolado. Engano. Em menos de três anos, de forma espantosamente veloz e estranhamente linear, a vassoura-de-bruxa destruiu as lavouras de cacau na região – e fez surgir um punhado de explicações para o fenômeno, inclusive a de que o Brasil poderia ter sido vítima de uma sabotagem agrícola por parte de países produtores de cacau da África, como Costa do Marfim e Gana. Reforçando, então, as suspeitas de sabotagem, técnicos encontraram ramos infectados com vassoura-de-bruxa amarrados em pés de cacau – algo que só poderia acontecer pela mão do homem, e nunca por ação da própria natureza. A Polícia Federal investigou a hipótese de sabotagem, mas, pouco depois, encerrou o trabalho sem chegar a uma conclusão. Agora, dezessete anos depois, surge a primeira testemunha ocular do caso. Ele conta que houve, sim, sabotagem, só que realizada por brasileiros.

Em quatro entrevistas a VEJA, o técnico em administração Luiz Henrique Franco Timóteo, baiano, 54 anos, contou detalhes de como ele próprio, então ardoroso militante esquerdista do PDT, se juntou a outros cinco militantes do PT para conceber e executar a sabotagem. O grupo, que já atuava em greves e protestos organizados na década de 80 em Itabuna, a principal cidade da região cacaueira da Bahia, pretendia aplicar um golpe mortal nos barões do cacau, cujo vasto poder econômico se desdobrava numa incontrastável influência política na região. O grupo entendeu que a melhor forma de minar o domínio político da elite local seria por meio de um ataque à base de seu poder econômico – as fazendas de cacau. "O imperialismo dos coronéis era muito grande. Só se candidatava a vereador e prefeito quem eles queriam", diz Franco Timóteo. A idéia, diz ele, partiu de Geraldo Simões, figura de proa no PT em Itabuna que trabalhava como técnico da Ceplac, órgão do Ministério da Agricultura que cuida do cacau. Os outros quatro membros do grupo – Everaldo Anunciação, Wellington Duarte, Eliezer Correia e Jonas Nascimento – tinham perfil idêntico: eram todos membros do PT e todos trabalhavam na Ceplac. 

Roberto Setton

O fazendeiro Ozéas Gomes, que viu seu negócio murchar com a praga: "Fiquei com muita raiva"

Franco Timóteo conta que, bem ao estilo festivo da esquerda, a primeira reunião em que o assunto foi discutido aconteceu num bar em Itabuna – o Caçuá, que não existe mais. Jonas Nascimento explicou que a idéia era atingir o poder econômico dos barões do cacau. Geraldo Simões sugeriu que a vassoura-de-bruxa fosse trazida do Norte do país, onde a praga era – e ainda é – endêmica. Franco Timóteo, que já morara no Pará em 1976, foi escolhido para transportar os ramos infectados. "Então eu disse: 'Olha, eu conheço, sei como pegar a praga, mas tem um controle grande nas divisas dos estados'." Era fim de 1987, início de 1988. Apesar do risco de ser descoberto no caminho, Franco Timóteo foi escalado para fazer uma primeira viagem até Porto Velho, em Rondônia. Foi de ônibus, a partir de Ilhéus. "Em Rondônia, qualquer fazenda tem vassoura-de-bruxa. Nessa primeira viagem, peguei uns quarenta, cinqüenta ramos. Coloquei num saco plástico e botei no bagageiro do ônibus. Se alguém pegasse, eu abandonava tudo." Nos quatro anos seguintes, repetiria a viagem sete ou oito vezes, com intervalos de quatro a seis meses entre uma e outra. "Mas nas outras viagens trouxe os ramos infectados num saco de arroz umedecido. Era melhor. Nunca me pegaram."

Franco Timóteo conta que, quando voltava para Itabuna, entregava o material ao pessoal encarregado de distribuir a praga pelas plantações. A primeira fazenda escolhida para a operação criminosa chamava-se Conjunto Santana, ficava em Uruçuca e pertencia a Francisco Lima Filho, então presidente local da União Democrática Ruralista (UDR) e partidário da candidatura presidencial de Ronaldo Caiado. Membro de uma tradicional família cacaueira, Chico Lima, como é conhecido, tinha o perfil ideal para os sabotadores: era grande produtor e adversário político. "Chico Lima era questão de honra para nós", diz Franco Timóteo. Foi justamente na fazenda de Chico Lima que foi encontrado o primeiro foco de vassoura-de-bruxa, em 22 de maio de 1989 – e a imagem dos técnicos, no exato momento em que detectam a praga, ficou registrada numa fita de vídeo à qual VEJA teve acesso. Como medida profilática os técnicos decidiram incinerar todos os pés de cacau da fazenda. Chico Lima ficou arruinado. Hoje, arrenda as terras que lhe restam e vive dos lucros de uma distribuidora de bebidas. Informado por VEJA da confissão de Franco Timóteo, ele lembrou que sempre se falou de sabotagem – mas de estrangeiros – e mostrou-se chocado. "Isso é um crime muito grande, rapaz. Os responsáveis têm de pagar", disse.

Os ataques às fazendas, todas situadas ao longo da BR-101, aconteciam sempre nos fins de semana, quando diminui o número de funcionários. O grupo tinha o cuidado de usar um carro com logotipo da Ceplac para criar um álibi: se eles fossem descobertos por alguém, diriam que estavam fazendo um trabalho de campo. "A gente chegava, entrava, amarrava o ramo infectado no pé de cacau e ia embora. O vento se encarregava do resto", conta Franco Timóteo. Para dar mais verossimilhança a uma suposta disseminação natural da vassoura-de-bruxa, o grupo tentou infectar pés de cacau numa lavoura mantida pela própria Ceplac. Não deu certo, devido à presença de um vigia, e o grupo acabou esquecendo, no atropelo da fuga, um saco com ramos infectados sobre a mesa do escritório da Ceplac. A operação criminosa, por eles apelidada de "Cruzeiro do Sul", desenrolou-se por menos de quatro anos – de 1989 a 1992. "No início de 1992, parou. Geraldo Simões disse que a praga estava se propagando de forma assustadora. Não precisava mais." 

Haroldo Abrantes/Ag. A Tarde

Geraldo Simões: ascensão política depois da sabotagem

Beto Barata/AE
Everaldo Anunciação: cargo no governo federal

Os sabotadores nunca foram pegos, mas deixaram muitas pistas. "Encontramos provas de que houve sabotagem em várias fazendas", conta Carlos Viana, que trabalhava como diretor da Ceplac quando a praga começou a se disseminar. Ele se lembra do saco plástico esquecido sobre a mesa do escritório da Ceplac numa das lavouras – e isso o levou, inclusive, a acionar a Polícia Federal para investigar a hipótese de sabotagem. "Uma coisa eu posso garantir: os focos não foram acidentais", diz Viana, que deixou o órgão e tem hoje uma indústria de óleo vegetal. Um relatório técnico e oficial, elaborado pela Ceplac logo no início das investigações, chegou a considerar a hipótese de que produtores do Norte do país teriam levado a vassoura-de-bruxa para as plantações da Bahia – mas movidos por "curiosidade ou ignorância". O relatório afirma que a chegada à Bahia da Crinipellis perniciosa, nome científico do fungo causador da vassoura-de-bruxa, "não pode ser atribuída a agentes naturais de disseminação". VEJA consultou Lucília Marcelino, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em Brasília, para saber se a história contada por Franco Timóteo seria viável. "Sob o ponto de vista técnico, sim", diz ela.

A sabotagem produziu um desastre econômico. Derrubou a produção nacional para menos da metade, desempregou cerca de 200.000 trabalhadores e fez com que o Brasil, então o segundo maior produtor mundial de cacau, virasse importador da fruta. Um estudo da Universidade Estadual de Campinas, elaborado em 2002, estima que a devastação do cacau na Bahia provocou, nos últimos quinze anos, um prejuízo que pode chegar à astronômica cifra de 10 bilhões de dólares. Mas, na mesquinharia política dos sabotadores, o plano foi um sucesso. Em 1992, no primeiro pleito depois da devastação, Geraldo Simões elegeu-se prefeito de Itabuna pelo PT – e presenteou os quatro companheiros de sabotagem com cargos em sua gestão. Everaldo Anunciação foi nomeado secretário da Agricultura – cargo que deixaria dois anos depois, sendo substituído por Jonas Nascimento, o outro petista sabotador. Wellington Duarte, também membro do grupo da sabotagem, ficou como chefe-de-gabinete do prefeito. E Eliezer Correia ganhou o cargo de secretário de Administração e Finanças. Como não pertencia ao PT, Franco Timóteo não ganhou cargo algum na prefeitura. Em 1994, com o recrudescimento de suspeitas de que a vassoura-de-bruxa fora uma sabotagem, ele resolveu deixar Itabuna e mudar-se para Rondônia. O prefeito lhe deu um cheque de 250.000 cruzeiros reais (o equivalente a 800 reais hoje) para ajudar nas despesas da viagem – paga, para variar, com dinheiro público. A operação consta da contabilidade da prefeitura, em que está registrada sob o número 2 467, e informa que o beneficiário era mesmo Franco Timóteo, mas, providencialmente, não há processo descrevendo o motivo do pagamento. "É estranho. Se havia algum processo, sumiu", diz o atual prefeito, Fernando Gomes, do PFL. 

Anderson Schneider

Francisco Lima, ex-presidente da UDR, foi a primeira vítima: de barão a vendedor de cerveja

Nos últimos anos, Franco Timóteo tem sido assaltado pelo remorso do crime que cometeu. Um dos atingidos era seu parente. Silvano Franco Pinheiro, seu primo, tinha uma empresa de exportação de semente de cacau que chegou a faturar 30 milhões de dólares por ano. "Perdi tudo", conta Pinheiro, que, há seis anos, ouviu a confissão de Franco Timóteo. "Falei para ele sumir da cidade porque seria morto", conta o primo. Para expiar sua culpa, Franco Timóteo também fez sua confissão para outro fazendeiro, Ozéas Gomes, que chegou a produzir 80.000 arrobas de cacau e empregar 1.400 funcionários – e hoje mantém ainda um padrão confortável de vida, mas emprega apenas 100 funcionários, A produção caiu para 15.000 arrobas. "Quando ouvi a história, fiquei com muita raiva. Mas, depois, ele explicou que não tinha idéia da dimensão do que fazia..." No fim do ano passado, Franco Timóteo confessou-se ao senador César Borges, do PFL baiano e plantador de cacau. "A história dele tem muitos pontos de veracidade diante do que a gente sempre suspeitou ter acontecido", diz o senador. O governador Paulo Souto, cujos familiares perderam tudo devido à vassoura-de-bruxa, também ouviu uma confissão de Franco Timóteo. O senador e o governador, porém, decidiram ficar em silêncio, segundo eles para evitar a acusação de exploração política.

Os acusados desmentem categoricamente qualquer envolvimento na sabotagem e dizem até que nem sequer conhecem Franco Timóteo. "Nunca vi esse louco", diz Geraldo Simões, que, no governo Lula, ganhou a presidência da Companhia das Docas da Bahia, da qual se afastou agora para concorrer a deputado federal pelo PT. "Essa história toda é fantasiosa", diz Eliezer Correia, que continua cuidando de cacau e hoje é chefe de planejamento da Ceplac, em Itabuna. "É um absurdo", diz Wellington Duarte, que, no atual governo, foi promovido a um dos chefões da Ceplac em Brasília. Everaldo Anunciação, que foi nomeado para o cargo de vice-diretor da Ceplac, diz que não liga o nome à pessoa. Jonas Nascimento – demitido a bem do serviço público na década de 90, voltou numa função comissionada, em 2003, no Centro de Extensão da Ceplac em Itabuna – é o único que admite conhecer Franco Timóteo, mas nega a história. Talvez seja o único a contar um pedaço da verdade. Ouvido por VEJA, o publicitário Ithamar Reis Duarte, ex-secretário de Meio Ambiente na gestão do petista Geraldo Simões, conta que essa turma toda – Franco Timóteo e os petistas – é de velhos conhecidos. "Era um grupo que se reunia sempre para planejar ações", diz ele, que participou de alguns encontros. "Fazíamos reuniões até no meu escritório. Se alguém negar isso, estará mentindo."

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