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sexta-feira, novembro 07, 2014
Claudio TognollI: Exclusivo - ministro venezuelano que veio armado ao Brasil "importa" jovens para aulas de "revolução"
Por Claudio Tognolli
Elías Jaua em foto de arquivo da Reuters
Este blog há uma semana noticiou com exclusividade que Elías Jaua, vice-presidente setorial do Desenvolvimento do Socialismo Territorial da Venezuela e titular do Ministério das Comunas, esteve aqui para treinar os militantes do MST.
Trouxemos também a carta que ele foi obrigado a escrever, pedindo desculpas por ter plantado seu revólver em sua babá, para poder invadir o Brasil armado, e assim, quem sabe, dar aulas de tiro ao alvo para o MST:
A mídia reverbera nosso furo uma semana depois informando hoje que o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, chamou na quarta-feira o encarregado de negócios da Venezuela, Reinaldo Segóvia, para manifestar a insatisfação do governo brasileiro com as atividades do vice-presidente e ministro para o Poder Popular das Comunas e Desenvolvimento Social, Elías Jaua, no Brasil.
Figueiredo afirmou a Segóvia que o governo brasileiro viu com “estranheza” o fato de Jaua ter vindo ao país sem informar e ter tido uma agenda de trabalho, inclusive com assinatura de acordos, e que isso poderia significar uma “interferência nos assuntos internos do país”. Figueiredo cobrou explicações do governo venezuelano.
De acordo com o ministro, o diplomata foi informado de que o Brasil considera que “o fato não se coaduna com o excelente nível das relações entre os dois países”. A decisão de chamar o representante diplomático da Venezuela - o embaixador está viajando - foi conversada com a presidente Dilma Rousseff depois de ter virado notícia o fato de Jaua ter usado seu tempo no Brasil, em que teoricamente estaria acompanhando a mulher em um tratamento médico, para assinar um convênio com o Movimento Sem Terra (MST), além de outras ações relativas a seu cargo de ministro.
Na Venezuela, a ação do ministro não se atém somente a um discurso 'bolivarianista'. Uma comunidade sugestivamente chamada "Brasil", no estado de Sucre, a ação doutrinária é mais formal. É possível notar o discurso anti-imperialismo farsesco do ministro até nos textos do site do ministério.
“As Brigadas Populares de Comunicação são grupos de crianças e adolescentes que estão aqui com o objetivo de transmitir, através de vários meios, as conquistas de progresso na criança e adolescente revolucionários, bem treinados como futuros jornalistas para servir o país…Com a participação de 26 crianças e adolescentes da comunidade do Brasil, no estado de Sucre, e durante uma semana, as Brigadas Populares de Comunicação, que terão entre suas funções a transmitir todos os avanços relacionados a instalar a ideia da revolução bolivariana”.
A retórica de formatação da verdade do governo "bolivarianista" não se limita à ação estatal sobre as comunidades venezuelanas. Estudantes brasileiros também fazem parte do escopo "bolivarianista" sendo levados às comunidades, para aprender sobre "o ocultamento que os meios de comunicação fazem" e "valores bolivarianos". Quanto essas integrações "educacionais" chavistas trazem de benefícios aos estudantes brasileiros ou aos contribuintes que bancam essas viagens resta sendo uma incógnita.
LUCIANO AYAN: ONU acusa Venezuela de torturar presos políticos. Ou: por que devemos trazer escracho para todos os projetos bolivarianos do PT.
POR LUCIANO HENRIQUE NO
Conforme nos diz a Veja, a ONU acusou a Venezuela de torturar presos políticos. Leia mais:
O Comitê contra a Tortura da Organização das Nações Unidas (ONU) acusou a Venezuela nesta quinta-feira de ser responsável pela tortura, maus-tratos e humilhações em mais de 3.000 presos detidos após a onda de protestos do início do ano. A equipe da ONU apontou diversos fatos e citou números alarmantes sobre os muitos casos de abuso e a ineficácia do sistema judiciário venezuelano. Pela primeira vez em doze anos, a Venezuela compareceu ao Comitê, que entre hoje e sexta-feira analisará se o país cumpre com os acordos da Convenção contra a tortura e outros tratos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. Para a ONU, a Venezuela atua como se vivesse “em um estado de exceção”.Durante o discurso inicial, o chefe da delegação, José Vicente Rangel Avalos, vice-ministro de Política Interna e Segurança Cidadã, afirmou que a “Revolução Bolivariana é fiadora absoluta do proveito dos direitos humanos de todas e todos”. A afirmação foi rebatida através de perguntas por Jens Modvig, responsável pelo relatório sobre a Venezuela. “Em nosso país contamos com um modelo policial e de segurança humanista que respeita de maneira irrestrita os direitos humanos”, declarou o ministro. “Há denúncias de que, durante os distúrbios de fevereiro, houve mais de 3.000 detenções e que estas pessoas foram despidas, ameaçadas de violação, não tiveram direito a atendimento médico nem a um advogado, nem puderam ligar para a família, e outras denúncias de tortura. Que medidas foram tomadas para prevenir a tortura?”, questionou Modvig.Várias ONGs venezuelanas e internacionais denunciaram as violações, que ocorreram menos de um ano depois que a Lei Especial para Prevenir e Sancionar a Tortura e outros Tratos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes entrou em vigor no país. O relator lembrou que a lei doméstica estabelece a proibição da tortura quando a pessoa está “sob custódia das autoridades”, mas perguntou que normas se aplicam quando a pessoa não está oficialmente detida. “Há investigação quando as pessoas denunciam torturas sem estarem sob custódia?”, questionou. O especialista disse que houve “muitas denúncias” além das 183 violações aos direitos humanos e dos 166 casos de maus tratos oficialmente registrados. A comissão da ONU também apontou fragilidade na justificativa das prisões e informou ter conhecimento de presos que seguem encarcerados mesmo sem nenhuma acusação formal contra eles, num claro indício de perseguição aos opositores do governo do presidente Nicolás Maduro.Outro especialista, Felice Gaer, lembrou que “só doze funcionários públicos foram condenados por violações aos direitos humanos na última década embora, no mesmo período, mais de 5.000 denúncias tenham sido feitas”. Modvig questionou ainda por que a Comissão Nacional de Prevenção da Tortura não é independente do governo, visto que quase a metade de seus membros são representantes do Executivo. “Dos treze membros, seis são representantes do governo, portanto surgem dúvidas a respeito de sua autonomia”, disse. O relator também questionou a autonomia dos médicos que examinam as vítimas, pondo em xeque a maneira como os profissionais são escolhidos e quem os paga, assim como o trabalho dos legistas.Além de Modvig, os especialistas Abdoulaye Gaye, Essadia Belmir e Gaer perguntaram sobre o sistema judiciário e questionaram se é possível ser independente quando “pelo menos” 15% de seus membros são contratados como temporários e podem ser substituídos a qualquer momento. “O caso da juíza María Lourdes Alfioni é incrível, é a primeira vez que eu escuto algo assim. Uma juíza detida, agredida e violada por exercer suas funções?”, disse Gaer. María Lourdes Afiuni é uma juíza venezuelana que foi presa em dezembro de 2009, meia hora após conceder liberdade condicional ao banqueiro Eligio Cedeño, que estava há três anos em prisão preventiva acusado de evasão de divisas. A prisão domiciliar da juíza terminou em 14 de junho de 2013, contudo ela foi proibida de deixar o país e dar declarações para a imprensa.O especialista Alessio Bruni se aprofundou na grave situação do sistema penitenciário e citou o caso de uma prisão criada para receber 700 pessoas, onde agora vivem 7.000, uma população carcerária dez vezes maior. O presidente do Comitê, Claudio Grossman, perguntou se é correto 60% dos 53.000 réus ainda não terem sido julgados e criticou o atraso do sistema judiciário. Todos pressionaram a Venezuela para que o país convide relatores responsáveis por analisar casos de tortura para uma visita e questionaram o motivo pelo qual os pedidos de visita dos oito relatores não foram aceitos.A Venezuela enfrentou uma onda de protestos a partir de fevereiro devido à inflação, à falta de emprego e de produtos básicos – como papel higiênico, açúcar, farinha ou leite – e à altíssima violência que provoca em média 65 mortes por dia no país. Os protestos começaram com manifestações estudantis e depois ganharam o apoio da oposição e de outros setores da sociedade. Os confrontos entre manifestantes e forças de segurança resultaram em 43 mortos, mais de 400 feridos e mais de 3.000 detidos.
Preste atenção e entenda o que Dilma e o PT querem dizer quando falam em centralizar todas as políticas e basear seu governo no uso de coletivos não-eleitos para solapar o Congresso.
Veja o vídeo abaixo:
Já passou da hora de tratarmos todos os projetos totalitários do PT com mais contundência.
Nós não temos divergência de ideias com o PT. Nós temos que desmascarar projetos cujo único objetivo é dar poder totalitário a pessoas depravadas que, se implementadas, levarão não apenas à destruição econômica, mas também à violência contra seus cidadãos.
E para quem é cínico (ou leviano) o suficiente para dizer que a Venezuela é uma coisa e o Brasil do PT outra, basta lembrarmos esse vídeo:
E o que devemos fazer em relação ao PT? Como já escrevi aqui mesmo, devemos pressionar o Congresso a rejeitar todos os projetos totalitários do partido. Além de pressionarmos o próprio PT para que entreguem resultados reais, mas sem terem o direito de implantar uma ditadura para conseguirem abafar os escândalos de corrupção e os indicadores econômicos lastimáveis.
Em suma, não queremos que a “afinidade de pensamento” entre Lula e Chavez se converta em massacre do nosso povo.
RODRIGO CONSTANTINO: Jô Soares descarta risco de bolivarianismo no Brasil: não deveria!
O entrevistador Jô Soares, debatendo com as “meninas do Jô” sobre política e eleição, rechaçou totalmente qualquer possibilidade de o Brasil virar uma Venezuela ou seguir na rota bolivariana, chamando de “absurda” tal visão, por ignorar a dimensão de nosso país (tal dimensão, porém, não nos impediu de cair no regime militar).
Ainda elogiou Evo Morales, alegando que deve ser duro para a elite branca local aceitar um índio no poder fazendo um bom governo. Há controvérsias se é um bom governo, e é impossível ignorar seu autoritarismo, que jamais deveria ser negligenciado só por suas origens.
Por fim, não viu nada demais na parceria entre Venezuela e MST, e disse que o Brasil está se socializando, mas pelas vias democráticas. Seria o caso de perguntar: não foi exatamente isso que aconteceu na Venezuela? Chávez não usou a democracia para destruí-la de dentro? Vejam:
Em outra ocasião, Jô chegou a elogiar Fidel Castro. O pior é que foi durante uma entrevista com o renomado jurista Ives Gandra Martins, que explicava justamente como o PT, com o PNDH-3, tem um plano claramente bolivariano. Pelo visto, Jô não absorveu bem a mensagem de seu entrevistado:
Curiosamente, a própria presidente Dilma, em entrevista para jornalistas ontem, também recusou a ideia de que seu governo tenha qualquer semelhança com o bolivarianismo:
É uma vergonha tratar os dois países (Brasil e Venezuela) como iguais. É uma excrescência, porque não tem similaridade. Essa história de bolivarianismo está eivada de camadas de preconceito contra o meu governo. Geralmente, o uso ideológico de certas categorias distorce toda a compreensão da realidade. E se tem uma que é usada indevidamente chama-se bolivarianismo. O mais estarrecedor é que eu cheguei à conclusão que o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Conselhão), integrado pelo PIB brasileiro é bolivariano. Porque acusaram o governo de estar fazendo bolivarianismo com a questão da participação social. A maioria dos órgãos de participação monta desde 1935, a grande criação do governo Lula é o Conselhão, daí porque falei: “Bom, então se não é ao passado mais remoto (que se referem). Então somos nós. Nós criamos o quê?”
Não tem nada a ver com preconceito, e sim com observar os fatos e a própria declaração da alta cúpula do PT, inclusive do ex-presidente Lula, que já disse em várias ocasiões que admira o modelo venezuelano e gostaria de nos levar na mesma direção. Ninguém diz que o Brasil já é uma Venezuela, e sim que corre o risco de virar uma, se não impedirmos o avanço do chavismo, que o PT claramente deseja. O controle da imprensa é o passo mais importante nesse sentido, assim como aparelhar de vez o STF.
Jô Soares não precisa acreditar em mim. Basta ver a mensagem que o próprio Lula enviou aos venezuelanos, elogiando Nicolás Maduro:
Ou, se preferir, pode ver a mensagem que Maduro, por sua vez, proclamou ao saber da vitória de Dilma e de sua importância para o projeto revolucionário da esquerda latino-americana:
Como fica claro, absurdo é ignorar completamente o que a própria turma no poder diz. Claro que o Brasil, por vários motivos, oferece maiores obstáculos aos anseios bolivarianos do PT. Mas negar a intenção e desconsiderar o risco são atitudes equivocadas, quiçá irresponsáveis.
A menos que o apresentador não se importe de o Brasil caminhar nessa direção de “socialismo democrático”, que de democrático mesmo não tem nada além do nome. Nem mais as aparências consegue preservar nos casos mais avançados de chavismo.
Se Jô ainda assim não estiver convencido, aceito de bom grado ser convidado para seu programa, para apresentar outros argumentos e outras evidências, ao vivo, olho no olho. Tenho certeza de que Jô, em busca da verdade, não se negará a isso, pois teremos a oportunidade de trocar informações e opiniões, para ver qual lado está com a razão. É só dizer a hora e o local que estarei lá…
Em iniciativa pioneira, Angus realiza Treinamento de Boas Práticas de Fabricação na CooperAliança, em Guarapuava (PR)
Gerentes e funcionários da indústria frigorífica de Guarapuava (PR) estão reunidos no Sindicato Rural do município para o 1º Treinamento de Boas Práticas de Fabricação, oferecido pela Associação Brasileira de Angus, por meio do Programa Carne Angus Certificada, em parceria com a CooperAliança. O treinamento ocorreu de terça-feira (04) até hoje.
Dividido em dois módulos, um teórico e outro prático, o treinamento pioneiro visa preparar equipes da indústria frigorífica para o autocontrole das boas práticas na produção de carne, tanto no âmbito técnico, quanto no higiênico/sanitário, explica a técnica de coordenação do Programa Carne Angus Certificada, Ana Carolina Mendes Dias.
“Tivemos um primeiro dia de atividades teóricas, quando pudemos passar aos participantes uma visão externa do processo de boas práticas de fabricação. Na sequência, fomos para a parte prática, momento no qual desenvolvemos a análise de abate, dando atenção especial à higienização do ambiente, ao procedimento sanitário das operações e a características importantes na carne produzida”, conta Ana Carolina.
A receptividade dos presentes é um dos pontos destacados pela coordenadora regional do Programa Carne Angus Certificada no Rio Grande do Sul, Ana Doralina Alves Menezes, que levou aos participantes sua experiência no acompanhamento de abates certificados no Estado berço da raça Angus no Brasil. “Este treinamento surgiu de uma demanda da própria CooperAliança, interessada em promover o melhoramento constante dos processos na indústria frigorífica regional. É um formato que já demonstrou nesses dias seu sucesso e que podemos levar para outros parceiros”, destaca Ana Doralina.
A parceria entre o Programa Carne Angus Certificada e a CooperAliança completou dois anos de atividades em 2014. A Cooperativa, inclusive, já passou por auditoria da certificadora internacional AUSMEAT, na qual foi aprovada. Pela parceria, os técnicos da Associação Brasileira de Angus acompanham todo o processo de produção da carne, desde a chegada dos animais ao frigorífico até a embalagem do produto e destinação ao mercado.
Para mais informações sobre o Programa Carne Angus Certificada e seus parceiros, acesse www.carneangus.org.br.
Bruno Nogueira
TEXTO COMUNICAÇÃO CORPORATIVA
Tels. (+55) 11- 3039.4100 | (+55) 11- 95600-0971 (novo)
Skype: bruno.textoassessoria
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CLAUDIO HUMBERTO: DILMA ESTÁ ‘AINDA MAIS DILMA’, ÁSPERA E INTOLERANTE
Ministros e ex-ministros de Dilma estão impressionados com os efeitos da reeleição: nas conversas reservadas, nada lembra na presidenta o tom “conciliador” do discurso público. Ela parece ainda mais intolerante. “Está com sangue na boca”, diz um amigo vitorioso nas urnas, aliviado por agora ser ex-ministro. E a montanha de votos subiu-lhe à cabeça: ao contrário de 2010, ela não se sente devedora do ex-presidente Lula.
Interlocutores percebem uma recaída tardia: a irritadiça Dilma recorre agora a expressões esquerdopatas, radicais, em desuso há anos.
Ainda com certa ascendência, Lula insiste com Dilma em soluções políticas na formação do ministério, mas ela resiste.
Para agradar Lula, Dilma faz acenos públicos a aliados do PMDB, PSD e PP, mas em particular capricha no xingamento a todos eles.
Inconstante, Dilma anunciou o bolivariano “plebiscito”, para mudar de ideia 24 horas depois, adotando o “referendo” proposto pelo PMDB.
CARLOS EDUARDO SOARES GONÇALVES: E agora,Dilma?
Por Carlos Eduardo Soares Gonçalves no VALOR ECONÔMICO - 07/11
Aqui, um caminho de oito pontos para por a economia nos eixos (mais alguns para o entorno político).
Cara Dilma Roussef, presidenta reeleita. Há um montão de pedras no caminho. Por isso, rogo que leia com atenção este texto. Para o bem de todos nós, brasileiros que vemos com preocupação tanto a derrocada da economia advinda das escolhas feitas pelo governo nos últimos três anos como a cizânia que essa campanha criou na sociedade civil.
Na política, a coisa vai se complicar.
Primeiro, temos um Congresso mais fragmentado, o que, naturalmente, dificulta a costura de acordos, aumenta os custos das barganhas, gera procrastinação e inação. Segundo, dado que a campanha do PT foi virulenta acima da média, o mais provável é que a oposição, fortalecida pelas urnas, jogue um jogo diferente do praticado nos últimos 12 anos. O modus operandi, creio, vai caminhar na direção do "quanto pior melhor", até porque ser propositivo não gerou a vitória nas urnas, foi ineficiente politicamente.
Finalmente, o líder natural da oposição, o senhor Aécio Neves, agora não precisa se preocupar mais com retaliações do governo federal sobre seu Estado natal, está mais livre para atacar e vai, ao que tudo indica, tornar-se mais feroz no Senado, ao lado de outros nomes de peso.
Mais relevante do que tudo isso, talvez seja a inevitável eclosão do petrolão em 2015. As investigações que se seguirão às delações premiadas podem até não levar a um processo de impedimento da presidenta, mas fragilizarão sobremaneira a capacidade do governo de arregimentar apoio para qualquer coisa. Como diz um amigo meu, vai ser um "segura peruca" daqueles em Brasília. O caminho é bem pedregoso.
Palavras não trazem mudança. Vestidinho branco não pacifica a sociedade dividida. A senhora precisa agir, e logo. Na política, iniciar um novo modo de governar. O apoio ao governo tem que ser programático, o que inclui, sim, concessão de cargos. Mas dê o exemplo e comece a desmontar a lógica que ganhou raízes institucionais com o mensalão do Lula, a lógica do apoio em troca de dinheiro vivo perambulando em cuecas e malas. E ouça as críticas da oposição, até porque ela representa metade do país, e muito mais da metade do PIB. Ah, sim, e não tente alijar o Congresso. Isso é errado e vai lhe trazer problemas seríssimos.
Proposta de reforma política, algo extremamente complexo, precisa ser discutida lá, não lançada no colo da sociedade civil. A sociedade civil escolhe um Congresso justamente para que se encarregue desses temas mais especializados, multifacetados.
Na economia, tem muito o que consertar, mas muito mesmo. E seu discurso inicial foi ruim, no domingo da eleição.
A senhora sinalizou que vai dobrar a aposta nos incentivos localizados. Mas isso foi o que a senhora fez por quatro anos e o crescimento da economia foi a zero. Com inflação de 6,5%. Desculpe- me avisar assim tão diretamente, mas, para que o Brasil volte a crescer, a senhora precisará cometer estelionato eleitoral, como Lula sabiamente fez em 2003, aliás, se recusando a implementar as doideiras que havia prometido por 20 anos, e pondo técnicos competentes para cuidar do gerenciamento do dia a dia da economia.
O Brasil precisa urgentemente do seguinte. Primeiro, extirpar as leis de conteúdo nacional, que danificam a produtividade da economia e forçam a sociedade a pagar mais caro pelos bens finais consumidos. Segundo, gradativamente, acabar com o esquema de subsídios setoriais implementados pelo hipertrofiado BNDES. Isso gera direcionamento forçado da poupança da economia para quem tem o privilégio de ter acesso facilitado aos cofres dessa instituição. Não estou falando em corrupção ou favoritismos creditícios com base em amizades, mas de má alocação de crédito com base em critérios que não os de mercado, que objetivam outras coisas - lícitas, mas erradas - como a formação de campeões nacionais.
Terceiro, precisamos de uma reforma tributária, com ênfase em diminuição de custos de transação, simplificação de procedimentos, unificação de tarifas em torno de um imposto de valor agregado nacional. E precisamos reverter as desonerações setoriais, que geraram forte queda no superávit primário e, até onde a vista consegue alcançar, nenhuma melhora no desempenho da economia. Por fim, no front fiscal, o governo precisa parar de tentar maquiar as coisas. Isso pega muito mal, e ninguém sai ludibriado pelas prestidigitações do senhor Arno. O que esses passes de mágica geram é perda de confiança. A confiança está nos porões, presa, quer sair, mas não encontra ânimo. Não à toa, não por conta de elites maldosas.
Ela precisa ver a luz do sol; transparência é o nome do jogo.
Quarto, mais abertura comercial, menos proteção, menos viés ideológico na agenda internacional. O Brasil precisa se inserir nas cadeias globais de produção, precisa competir internacionalmente.
Isso, como mostra ampla evidência empírica, aumenta a produtividade da economia, nos deixa mais ricos, nos ajuda a produzir mais com menos insumos. Como a senhora pode fazer aqui? Comece com um cronograma de redução das tarifas de importação. Pode ser gradual, mas precisa ser implementado. E vá com vigor atrás de acordos comerciais com Europa e EUA. Esqueça os vizinhos bolivarianos, que estão se afundando e querem nos puxar para o buraco junto com eles.
Quinto, a produtividade do setor público precisa crescer. Em saúde e educação, principalmente, mas também nos outros bens públicos. Como? Com mais meritocracia. Precisamos de uma reforma administrativa que imponha remuneração variável ao setor público, como funciona na maior parte das empresas do setor privado.
Seus correligionários não vão gostar, mas os brasileiros agradecem. E a senhora é presidente dos brasileiros, não dos seus correligionários.
Sexto, avante com as concessões via leilões sem fixação prévia de rentabilidade.
A carência de investimento em infraestrutura é ominosa. Do portão da fábrica para fora, a coisa é negra. Isso, claro, afeta os outros investimentos, em máquinas e plantas.
Estudos empíricos sugerem que há efetiva relação de causalidade correndo de melhoras na infraestrutura para mais investimento em máquinas e equipamentos.
Sétimo, e hiperimportante, precisamos melhorar o ambiente de negócios por essas bandas. Recuperar dívidas e, principalmente, abrir e fechar negócios precisa ser algo muito mais ágil e célere. Isso facilita o surgimento de novas empresas e o fechamento das ineficientes. São as novas empresas, a propósito, que aumentam a taxa de inovação na economia.
Oitavo, a inflação está alta. Agora que acabou a competição eleitoral, é hora de reconhecer isso com humildade.
Isso significa que os juros estão baixos para o momento atual, e que o Banco Central precisa elevar os juros, senhor Tombini. Não muito, certamente, dado que não devemos estar muito longe da taxa de juro neutra da economia. Eu diria que Selic a 13% por um tempo ancoraria as expectativas hoje desancoradas.
Seguindo esse caminho - todos os oito itens - receberemos um aumento na nossa nota de classificação de risco em 2015. Se fizermos metade, manteremos a classificação atual. Se a lista for amassada e jogada na lata do lixo, vamos ser rebaixados, o câmbio vai dar uma fumada e a bolsa vai ladeira abaixo. O país irá ladeira abaixo, e os mais pobres sofrerão (os mais ricos também perdem, mas estão em melhores condições de segurar a bronca).
Suspeito que as pessoas não vão acreditar que a senhora implementará essa agenda. E elas não acreditarem é ruim, pois expectativas melhores ajudariam o crescimento antes mesmo de toda essa lista ser implantada.
Tem uma saída, contudo. É só a senhora chamar pessoas que sejam independentes, que pensem o oposto do que a senhora defendeu nos últimos quatro anos, para comandar a economia. Nomes não faltam, tem o H, tem o L, tem o A, tem o O, tem o T.
Com algum desses, a economia vai voltar a respirar. Tenha coragem e humildade.
Vamos lá, ajude o Brasil a retomar o caminho do qual se desviou.
Ossami Sakamori: Dilma, Obama não te quer!
Por Ossami Sakamori
Dilma mentiu, mais uma vez. Obama não ligou à presidente Dilma cumprimentando pela reeleição após o conhecimento do resultado das eleições no dia 26 de outubro. O porta voz do Palácio do Planalto informara à imprensa no dia da vitória, de que o presidente Obama teria telefonado para cumprimentar pela reeleição da Dilma.
Ontem, dia 6 de novembro, a White House, emitiu duas notas. A primeira nota se refere ao cumprimento do Barack Obama, presidente dos EEUU, cumprimentando a presidente Dilma pela reeleição e confirmando a relação de amizade entre os dois países. Digamos uma nota protocolar, com as palavras de praxe. Portanto, é mentira que a Dilma teria recebido telefonema do Obama no dia 26 de outubro.
Também, ontem, o Palácio do Planalto informou à imprensa e também a White House confirmou o telefonema dada pelo vice-presidente dos EEUU, Joe Biden, cumprimentando pela reeleição da Dilma, reafirmando a relação de amizade entre dois países e em nome do presidente Obama reiterando o convite formulado pelo mesmo a uma visita oficial àquele país.
Dois fatos a mim chamou atenção.
O primeiro fato é que a Dilma mentiu ou a secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto mentiu sobre o fato de Barck Obama ter ligado no dia 26 de outubro para a presidente Dilma cumprimentando pela reeleição. Pelas duas notas, a do presidente Obama e do vice-presidente Joe Biden, desmentem a afirmação do Palácio da Alvorda, à noite do dia 26 de outubro. Dilma mentiu.
O segundo fato é que o presidente dos EEUU, Barack Obama, só se lembrou de emitir uma "nota oficial" cumprimentando pela reeleição da Dilma, 10 dias após o conhecimento do resultado do pleito. Quanto ao telefonema, o presidente Obama, mandou o seu vice, Joe Biden, telefonar, somente ontem, dia 6 de novembro.
Na diplomacia, isto significa muito. Os EEUU deu o "troco" ao "cancelamento" unilateral de uma visita da Dilma na condição de chefe do Estado àquele país, no ano passado, alegando o motivo de espionagem revelado pelo segundo escalão de uma empresa terceirizada do Serviço Nacional de Segurança daquele país.
Apesar de problema de espionagem ter sido grave, não era o motivo suficiente para cancelamento de uma visita de chefe de Estado, programado com muita antecedência. Angela Merkel espionada também, não teria cancelado a visita, se fosse ela. A situação é mais ou menos a noiva dar o "bolo" ao noivo deixando à esperar no altar da igreja.
Se a Dilma é suficientemente inteligente, aceitar o convite formulado pelo Obama, via seu vice Joe Biden, seria admitir a sua completa ignorância da "linguagem" da diplomacia. Como os patetas do Itamaraty tem mente estreita, também, é capaz de aceitar o re-convite transmitido através de recado mandado dar pelo seu vice. É como Dilma mandar Michel Temer, convidar algum chefe do Estado para visita oficial ao Brasil.
Como a Dilma tem um certo grau de déficit na inteligência, é possível que ela interprete o recado do Joe Biden como trunfo o cumprimento tardio do Obama e do telefonema tardio do seu vice Joe Biden, creditando como "prestígio" pessoal. Com este gesto, o Obama fez clara demonstração do seu desapreço pela presidente Dilma e sua política externa. Lembrando que em diversos episódios mais recentes, o Itamaraty se posicionou contra os interesses dos EEUU.
Dilma, Obama não te quer!
ORLANDO TAMBOSI: A aflição de Dilma - vitória foi apenas eleitoral - e não política.
Por Orlando Tambosi
A vitória eleitoral foi obtida à base de "torpezas, como a de infundir na população mais desvalida o temor de que uma eventual vitória do tucano Aécio Neves seria o fim do Bolsa Família". Editorial do Estadão, observando que Dilma 2 não será diferente de Dilma 1:
A presidente Dilma Rousseff agarrou-se ao que seria a "consciência democrática" para dar um verniz de grandeza política à hipocrisia de propor o desmonte dos palanques em obediência ao imperativo de "saber ganhar e saber perder". A sua invocação, em um encontro com a cúpula do PSD de Gilberto Kassab - candidato a ministro das Cidades em troca de seu apoio ao Planalto -, não passa de uma tentativa esfiapada de ocultar o que de fato a aflige. Apesar da soberba e do senso de onipotência indissociáveis de sua personalidade, Dilma sabe que passou raspando pelo escrutínio popular para a conquista do novo mandato. O seu triunfo não foi político, mas estritamente eleitoral, obtido a torpezas, como a de infundir na população mais desvalida o temor de que uma eventual vitória do tucano Aécio Neves seria o fim do Bolsa Família.
Ela há de saber também que o enfraquecimento do PT, evidenciado na perda de 18 das suas 88 cadeiras na Câmara dos Deputados, contrastando com a ampliação da bancada do PSDB de 44 para 54 membros e incentivando as ambições hegemônicas do PMDB na Casa, a deixará ainda mais vulnerável do que neste último ano do atual mandato. Sinal dos tempos também, setores da base aliada parecem propensos a formar um bloco "independente", cuja lealdade ao governo, portanto, seria medida caso a caso. Políticos profissionais que são, não ignoram que uma coisa foi o desfecho aritmético da disputa pelo poder; outra é a persistência da rejeição a Dilma na opinião pública não petista. Eis o cenário que cerca desde já a segunda posse da presidente. E é em razão desse panorama adverso que ela se põe a desfilar como porta-bandeira da conciliação. "Se o nosso ritmo (sic) era de mostrar as diferenças, nós agora temos que fazer a trajetória inversa", apelou.
Ela seria mais convincente se tivesse a decência de pedir desculpas pela virulência com que o PT derrotado em 1998 tratou o governo Fernando Henrique. Não só aos berros de "Fora FHC", como se esgoelava, entre tantos outros companheiros, o hoje "moderado" governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (que, aliás, não conseguiu se reeleger). Mas também mobilizando os sindicatos do funcionalismo federal dominados pela CUT para afogar o governo em greves. À época, Lula teria preferido perder a mobilidade a descer dos palanques. Presidente, continuou aboletado neles durante oito anos, enquanto transpirava "a pretensão de ser o último grito em matéria de visão política", o que a oportunista Dilma hoje rejeita. O seu mentor, além disso, ficou afônico de tanto se queixar da "herança maldita" que teria recebido. Sem querer, a apadrinhada faz lembrar a expressão: "O passado nunca está morto. Nem sequer passado é".
E o que tem sido este primeiro período dilmista, se não a antítese do diálogo que deu de pregar - repetiu o termo cinco vezes no improviso ao lado de Kassab e sua turma. Nenhum setor da sociedade brasileira, nenhuma força política foi objeto natural dessa interlocução, uma conduta costumeira dos dois governantes tão diversos entre si que a antecederam. E quando, a insistentes rogos de Lula, os empresários foram autorizados a ascender ao santuário planaltino, dali saíram, como se diz, roucos de tanto ouvir. Sobram testemunhos disso. A solidão autossuficiente é o abrigo de Dilma. Segundo um ex-colaborador, citado pela revista Piauí, seria a marca psíquica que lhe deixou a clandestinidade de integrante de organizações de luta armada contra a ditadura militar. De todo modo, nada indica, além das palavras que já se desgastam de tanto ser repetidas, que Dilma II será diferente de Dilma I.
O que justifica inteiramente o ceticismo dos políticos, à semelhança de outros, diante da metamorfose prometida. Ainda ontem, este jornal noticiou que Lula está empenhado em construir uma firme base de apoio à afilhada no Senado. Ele teme que, se Dilma persistir no seu olímpico isolamento, o provável líder da frente de oposição à petista, Aécio Neves, atrairá senadores de partidos nominalmente alinhados com o governo, mas com sintomas de fraturas internas, como o PMDB, o PP e o PDT. O problema é que eles contam nos dedos as vezes em que Dilma se dignou a recebê-los.
JORGE OLIVEIRA: O IMPEACHMENT É LEGÍTIMO PARA DEMITIR GOVERNOS CORRUPTOS
Por JORGE OLIVEIRA no Diário do Poder
Brasília – Ao contrário de alguns analistas mais ortodoxos que condenam o impeachment sobre o pretexto de que devemos respeitar a maioria do povo brasileiro que legitimou o mandato da presidente, não acho que devemos ficar palitando os dentes enquanto o PT anarquiza as instituições brasileiras e quebra as grandes empresas como a Petrobrás e a Eletrobrás. Se confirmado realmente que a Dilma está envolvida com a quadrilha que roubou o país em mais de 10 bilhões de reais, como denunciou o doleiro Youssef em depoimento juramentado à Justiça e a Polícia Federal, o brasileiro tem o direito, sim, de pedir que ela renuncie ao cargo. Caso resista, o impeachment é a solução para limpar de vez o Brasil dos vampiros do dinheiro público.
Não faz muito tempo, o país viveu esse dilema com outro presidente. Collor resistiu à renúncia e foi banido do poder com o povo nas ruas. O ex-presidiário Zé Dirceu, que acaba de sair da prisão, foi um dos responsáveis pelo movimento que culminou com o impeachment de Collor. O Congresso foi pressionado pelos caras pintadas que se diziam escandalizados com as notícias de corrupção dos coloridos. PC Farias foi execrado porque se descobriu que ele era o chefe de uma suposta quadrilha que nas madrugadas esvaziavam os cofres públicos. Na verdade, os petistas incentivaram o motim depois que a polícia descobriu que Collor recebera de presenta um carro Fiat Elba, hoje avaliado em pouco mais de 15 mil reais.
Imagine, senhoras e senhores, como o Brasil evoluiu na área da corrupção. Hoje, fala-se em um desvio de 10 bilhões de reais. Isso mesmo, 10 bilhões!, que foram pilhados dos cofres públicos para as mãos de partidos políticos e de uma turma de privilegiados do PT, o mesmo partido que levou milhares de pessoas às ruas pela ética e pela decência política. Isso mostra que nesse quesito, corrupção, estamos anos luz à frente de todos os países do mundo. Até mesmo daqueles chefiados por déspotas para os quais BNDES continua financiando milhões de dólares – que nunca são pagos – com o dinheiro do contribuinte brasileiro.
O impeachment é uma forma legítima que o povo tem de apear do trono os governantes corruptos sem quebrar o esteio da democracia. Aqueles que condenam as manifestações que pedem a cabeça da Dilma, precisam também entender que o poder “emana do povo” e é o povo que decide manter ou não um governante hesitoso e desconectado com a realidade do país, como é o caso da senhora presidente. Apenas porque alguns gatos pingados pediram “os militares de volta” não significa que a manifestação estava carcomida pela ideologia fascista de direita. Muitos dos que estavam nas ruas de São Paulo exerciam o direito legítimo e democrático de chamar a atenção para a bandalheira que se instalou no país.
Não basta a Dilma, agora reeleita, fazer discurso de unidade, de acenar a bandeira da reconciliação com a população e com os políticos de oposição. Cabe a ela, no papel da primeira mandatária do país, dizer à nação quais as medidas que o governo está tomando para impedir que o seu partido saqueie dia e noite os cofres públicos. Mandar para o Congresso, como disse na campanha, projetos de leis mais duros que punam os corruptos. Que comece dentro da própria casa a faxina pela decência e pela moralidade pública que tanto os brasileiros exigem. Se isso não ocorrer e a Justiça chegar a conclusão de que a presidente perdeu o comando do país por inércia, conivência com a corrupção e inaptidão ao cargo, que peça a sua renúncia. Se não, o instrumento do impeachment, tão bem utilizado pelo antigo PT ético em outra época, que seja usado para varrer a podridão que fede debaixo do tapete desse governo despreparado e sem rumo.
CARLOS CHAGAS: TV Senado sabotou a transmissão do discurso de Aécio Neves
SABOTAGEM AO DISCURSO DE AÉCIO
Por CARLOS CHAGAS no Diário do Poder
Não se discute o conteúdo do discurso de Aécio Neves, quarta-feira, no plenário do Senado, assistido pela quase totalidade dos senadores, montes de deputados, funcionários e simpatizantes.Quase mil pessoas. O ex-candidato derrotado à presidência da República falou o que tinha de falar, até com brilho e convicção. Fez o dever de casa, diversas vezes aplaudido durante o pronunciamento.
Salta aos olhos, porém, a sabotagem que sofreu, sabe-se lá por parte de quem, ainda que não pareça difícil imaginar. Porque uma mensagem dessa importância não deveria limitar-se às paredes do plenário. Exaltada em proza e verso, a TV-Senado serviria para levar a palavra do chefe da oposição ao país inteiro, dados seus altos índices de audiência. Só que durante a hora em que Aécio se manifestava, foi interrompido nada menos do que treze vezes por falha jamais tida como técnica, por conta da excelência dos serviços daquela repartição legislativa. Inexplicavelmente, durante a fala de Aécio, desapareciam por alguns segundos o áudio e a imagem, obrigando-o a ficar aguardando o restabelecimento do sinal. Isso por treze vezes. Quem estivesse assistindo a transmissão espantava-se, primeiro, para irritar-se, depois, e quem sabe desistir, em seguida? Quantas centenas e até milhares de telespectadores acabaram desligando os aparelhos, ou mudando de canal?
Pior ficou quando começaram os apartes. Os oradores que se manifestavam favoravelmente ao presidente do PSDB tinham suas intervenções interrompidas, tornando incompreensíveis suas opiniões. Quando o orador respondia, via-se igualmente fora do ar, aí por dezenas de vezes.
Foi dito durante a campanha que o PT faria o diabo para vencer o adversário.Pois o Capeta parece não ter abandonado a tertúlia eleitoral, prejudicando sensivelmente o discurso e suas repercussões.
Indaga-se o porque de falha tão inusitada, já que o equipamento e o quadro de funcionários da TV-Senado primam por excepcional capacidade, ainda que submetida sua direção aos ditames do comando da casa. Aliás, quem faltou foi o presidente Renan Calheiros, deixando o comando dos trabalhos ao senador Morazildo Cavalcanti. No mínimo estranho que Renan não tivesse comparecido a um dos altos momentos da instituição que preside.
Longe de nós supor maléficos intuitos a uma trama abjeta e rasteira como a que turvou a sessão, mas não dá para omitir a evidência de que houve sabotagem. A quem interessava o crime? Quem quiser que conclua, mas essas coisas não acontecem por coincidência.
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