Por João B. P. B. em comentário no Blog do Rodrigo Constantino
13/10/2014 às 18:23
Sou delegado de polícia. Na qualidade de funcionário público, da polícia civil do estado de São Paulo, muitos supõem que eu jamais sufragaria meu voto numa legenda tal qual o PSDB.
Trata-se de um rematado e rombudo engano. Fruto, claro, de um reducionismo muito comum e próprio de pessoas atrasadas.
Notem bem: o que rege meu voto não é um qualquer interesse periférico, subalterno e particularista.
O maior prócer do partido do trabalhadores, muito provavelmente o Lula em pessoa, poderia interpelar-me pessoalmente, a dizer: – “Vote no Padilha, companheiro. Vote na Dilma, meu filho. Vote em qualquer dos quadros do PT, e eu lhe prometo que ao cargo de delegado serão atribuídas todas as garantias asseguradas aos juízes de direito bem como estendível os mesmos vencimentos.”
Decerto, muitos não crêem, e me considerem demagogo, porém eu responderia com um sonoro NÃO.
Lógico que minha interdição não se circunscreve ao PT. Rigorosamente, ela alcança todo e qualquer partido de esquerda.
Alguém então, mais versado em política e na salada geral de nossas legendas, poderia redarguir: – ora, o PSDB e o PT têm a mesma pia batismal.
Verdade. Ocorre que o PSDB, de uns tempos a esta parte, malgrado ainda parcialmente, vem abdicando dos anacronismos muito típicos da esquerda.
O candidato Aécio fala abertamente em reduzir o tamanho do estado, algo em que eu acredito de modo pio.
Um estado agigantado, a se imiscuir nos mais diversos segmentos, não serve para nada. Apenas onera o cidadão.
Para mim, o estado tem de ser diminuto, enfeixando incumbências mínimas, e delas de desincumbindo com excelência. Serviços de truz, circunscritos às atribuições prementes.
Esse negócio de estado empresário é uma enormidade.
Juro, eu tenho preguiça de discutir com quem acredita nessas bobagens. Os exemplos são tantos e tão elucidativos. Alguém acredita genuinamente que se a Petrobras fosse privada, ela teria sido pilhada da forma que foi e se transmudado na sinecura dos companheiros. A exemplo dela, todas as demais estatais.
Claro, isso é só um aspecto mais, como dizer?, perfunctório da coisa.
As razões de fundo, penso, tê-las esmiuçado, senão todas, algumas. Mas não me custa e volto à carga.
Um indivíduo de esquerda acredita que somos todos iguais. Nossas capacitações, aptidões, anseios, vocações etc seriam, com efeito, niveláveis. Tem-se, para o empedernido esquerdista, um lógico consectário: faríamos jus a mesma renda, mereceríamos todos a mesma e indistinguível recompensa.
Então, eu já penso de modo absolutamente diverso. Acredito piamente que uns são muito mais capacitados que outros. Que somos essencialmente diferentes. Uns mais belos. Uns mais feios. Uns mais inteligentes. Outros mais burraldos. E assim indefinidamente. Claro, uns têm maior elã. Claro, outros maior pendor para o trabalho, seja intelectivo seja braçal. Uns empreendem.
O meu consectário lógico: a recompensa de alguns, justamente, tem de ser maior que a de outros, às vezes, infinitamente maior.
E, a rigor, não me faz tanta diferença assim. Porque, para mim, a riqueza de outrem é virtuosa. Eu não a invejo, como um bom esquerdista. Ao contrário, eu a admiro. Para mim, a riqueza de outrem se espraia. A do empreendedor, ela cria empregos, numa espiral auspiciosa. Para o esquerdista, trata-se de algo inconcebível. E ele vocifera: – absurdo, absurdo, vamos dividir o que ele conquistou.
Claro, o esquerdista sempre presumem que os ricos são essencialmente maus. Já o pobres, imaculados. Afinal,que esquerdista não bebe em Rousseau.
Digo: não sou teísta. Sem embargo, defendo ardorosamente os valores que conformaram nossa civilização judaico-cristã. Já um esquerdista, não. Para ele, tudo o que nossa civilização concebeu é algo a ser superado. Tudo: nossas tradições, nossa alta cultura, nossas religiões, sumamente tudo. Afinal, é ele um revolucionário. Ele acredita que, destruindo tudo, um novo ser humano exsurgirá puro e aperfeiçoado.
E tem mais, muito mais. Embora na retórica, um bom esquerdista diga que todos devam ser padronizados, no mundo fenomênico, onde as abstrações soçobram, eles são pródigos em estabelecer distinções. Eis que surgem as muitas minorias: negros, gays, mulheres, índios, funcionários públicos etc. Todas a reclamar direitos especiais, todas a reclamar uma justiça reparativa, como se elas fossem, desde sempre, apenas oprimidas pelos malvados homens brancos e heterossexuais.
Como se negros não houvessem seviciado…negros na história. Como se gays fossem só candura com outros…gays, segue-se um infindável etc.
Outra: um bom esquerdista já viceja com um inimigo figadal elegido: a igreja católica, ou num sentido mais lato, o cristianismo.
Isso mesmo. O mesmo cristianismo que concebeu o ser humano intransitivo, outorgando-lhe dignidade cristã desde a concepção. Não, a igreja católica, para um bom esquerdista é um monstro terrível. A inquisição, um período dos mais dantescos da humanidade. Claro que ele prefere ignorar que comparativamente, e num período risivelmente menor, o comunismo ceifou muito, mas muito mesmo, mais vidas. Ele prefere ignorar que, há muito, a igreja católica passou por seu iluminismo, e desde sempre fora um pilar inquebrantável das nossas mais significativas conquistas.
Mas tudo bem, um esquerdista não se dignará mesmo a estudar. Afinal, ele acredita que tudo o mais é uma bosta, apostando suas fichas num futuro redentor que ele moldará de acordo com a “perfeita dogmática esquerdista”.
Ele ainda acredita que o Partido, como o bom e insuperável “imperativo categórico”, deve mesmo ser gigante e de tal sorte capilarizado que a consciência de todo o mundo seja por ele regida.
Eu poderia me estender por longa linhas, a explicar o que distingue um conservador de boa cepa de um esquerdista estupidificado. Mas não o farei.
Quem se interessar pelo assunto, terá uma vasta gama de livros sobre ele versando. Na lista dos escritores contemporâneos, não poderá faltar: Olavo de Carvalho, Reinado Azevedo, João Pereira Coutinho, Pondé, Rodrigo Constantino, Felipe Moura Brasil, Guilherme Fiuza, Lobão, Leandro Narloch e outros.
Gustavo Corção e Nelson Rodrigues são insuperáveis.
Finalizo, então, como comecei: SOU DELEGADO DE POLÍCIA do estado de São Paulo, um partido que historicamente remunera mal a categoria, nada obstante, meu voto foi em Geraldo Alckmin, foi em Aécio e será desse último de novo.