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sábado, agosto 16, 2014

EDITORIAL ESTADÃO: Desfigurando a verdade

Contra fatos não há argumentos, mas em desespero de causa sempre se pode tentar desqualificá-los, na expectativa de que outro dito se confirme - o que diz que uma mentira repetida muitas vezes acaba virando verdade. O primeiro fato, no caso, foi a revelação sustentada em evidências irrefutáveis de que, não bastasse a presidente da Petrobrás, Graça Foster, o seu antecessor José Sérgio Gabrielli e o ex-diretor da empresa Nestor Cerveró conhecerem de antemão as perguntas que lhes seriam feitas na CPI no Senado que focaliza notadamente o escândalo da compra de Pasadena, elas foram escolhidas a dedo para produzir respostas convenientes - também elas, aliás, combinadas com os depoentes.


O segundo fato inconteste foi a identificação do coordenador da armação que mobilizou dirigentes da estatal, assessores parlamentares petistas e a liderança do Planalto no Congresso, cujo titular, o senador José Pimentel, do PT, é nada menos do que o relator da CPI. (Dez de seus 13 membros, por sinal, integram a base governista na Casa.) O principal operador da farsa - veio a se saber, como tudo o mais, pela imprensa - chama-se Luiz Azevedo e exerce a função de secretário executivo da Secretaria de Relações Institucionais, comandada pelo ministro Ricardo Berzoini, calejado quadro petista. As primeiras pistas não chegavam tão longe, fixando-se no assessor especial da Secretaria, Paulo Argenta. Ele havia sido citado numa comprometedora conversa cuja gravação um dos presentes passou adiante.

A descoberta de um Pasadenagate envolvendo diretamente o braço direito do ministro responsável por fazer a ponte entre a Presidência da República e o Poder Legislativo eliminou quaisquer dúvidas que ainda pudessem subsistir sobre a razão de ser da escabrosa articulação - muito mais do que defender a elite dirigente da Petrobrás, blindar a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Desde que ela confessou a este jornal, em março último, ter aprovado em 2006 a aquisição de metade da refinaria então em posse de um grupo belga, a história que parecia ter sido abandonada no freezer em seguida aos depoimentos de Gabrielli e de Graça Foster nas duas Casas do Congresso, ano passado, ressurgiu no micro-ondas.

Afinal, foi na condição de presidente da mais alta instância decisória da Petrobrás, o seu Conselho de Administração, que Dilma - fundamentando-se apenas em um resumo "técnica e juridicamente falho", do negócio em preparo, como diria ao Estado - abriu caminho para o maior vexame da petroleira em seus 61 anos de existência. Uma sucessão de erros primários - como o de recorrer, por decisão de Dilma, de uma sólida sentença judicial americana que dava ganho de causa à parceira da Petrobrás, depois que se desavieram - abriu na estatal um rombo histórico de US$ 792,3 milhões, segundo os cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU). Não será surpresa se um dia a cifra for revisada para cima. Ou se for constatado que, além de equívocos, grossas falcatruas contribuíram para a catástrofe financeira.

A primeira tentativa da presidente de brigar com os fatos da manipulação da CPI consistiu em se distanciar deles. "É uma questão que deve ser respondida pelo Congresso", lavou as mãos. Desmoralizado o "incluam-me fora disso" ao se comprovar na semana passada que a farsa havia sido concebida dentro do Palácio, esperou o que seria o melhor momento para desfigurar a verdade. Para aparecer na televisão no domingo à noite, convocou pouco antes uma entrevista no Alvorada, a residência oficial dos presidentes, a pretexto de mandar uma saudação pelo Dia dos Pais. E esperou o momento de ser perguntada sobre a armação na CPI para dizer que não é correto "misturar eleição com a maior empresa de petróleo do País".

Foi essa rota alegação que o governo invocou ao tentar de tudo - em sociedade com o dilmista Renan Calheiros, presidente do Senado - para impedir que a oposição abrisse na Casa uma CPI sobre os presumíveis malfeitos na Petrobrás. Barrado na Justiça o rolo compressor, o Planalto apropriou-se da investigação chegando aos extremos denunciados - para Dilma, apenas "um factoide político". Fez lembrar o seu mestre Lula negando o mensalão.

DOUGLAS DURAN: Este governo está acabando com o Brasil

O Brasil está definitivamente nas mãos de um “grupo” e se existisse justiça muitos já estariam na cadeia há tempos.


Vejam a situação na qual nos encontramos. Todos os dias são reveladas novas falcatruas escabrosas envolvendo o governo como um todo. Aqui, entenda o que significa “governo como um todo”: Lula, Dilma, políticos do PMDB, PT e PP, pessoas desqualificadas ocupando cargos nas empresas que o governo controla, setores do governo, ONGs de fachada, prefeitos do PT e seus vereadores, parentes de políticos, para ficar só por aqui.

Os veículos sérios e seus jornalistas, blogueiros, economistas, analistas do Brasil e do exterior e as empresas de consultorias não só revelam, como apresentam provas concretas deste desmando “nunca visto” na história do Brasil. O governo só desmente o que todos sabem. Já é pública esta situação vergonhosa. Não há necessidade de entrar em detalhes. É só sumarizar algumas coisas:

1. Se o PIB não cresce (para quem não entende é o crescimento da nossa economia);

2. Se as empresas Petrobras, Correio, Eletrobras e muitas outras estão em estado precário do ponto de vista econômico e financeiro;

3. Se a inflação não para de subir;

4. Se o desemprego já bateu na porta da sua casa. O jornal Estado de São Paulo de hoje (11.08.14) revela que o desemprego teve o pior resultado para o primeiro semestre desde 2007;

5. Se as indústrias brasileiras já estão com seu parque industrial sucateado e o empresariado tem medo de investir;

6. Se no Sistema de Saúde falta até maca e esparadrapo;

7. Se no Sistema de Ensino falta até giz;

8. Se os fundos de pensão das empresas do governo registram rombos que irão prejudicar seus participantes no futuro;

9. Se a imprensa livre sofre pressão – pela força da verba de publicidade do governo – para não dar ênfase a este cenário horrível;

10. Nós brasileiros honestos, temos todos os dias nossa privacidade invadida por hackers contratados por este governo – pagos com nossos impostos – ; o que mais nós precisamos para decidir de forma pacífica e com apenas a única arma poderosa, chamada “título de eleitor” a fim de dar um BASTA nesta palhaçada?

Eu vejo algumas oportunidades para consertar este país:

A. Mais da metade dos “petistas” são pessoas do bem, mas infelizmente, por não serem muito ligados aos verdadeiros problemas do Brasil, acabam sendo levados por esta “mentira” do Lula e seus companheiros de que nos últimos 12 anos fizeram pela classe menos favorecida um governo de dar “inveja” (mentira!) Devemos ir para cima desta parcela de eleitores postando informações que mostram a verdade. Acho que são cidadãos que mudariam o seu voto. Para isto, entrem nos grupos do PT (Facebook) e postem mensagem revelando esta situação. Ora, eles invadem os grupos do Facebook que são simpáticos à alternância do poder, porque então os que querem mudanças não podem fazer o mesmo?;

B. Vamos começar postar mensagens contra estas grandes empreiteiras que só vivem de contratos com o governo, super-faturando obras, criando contratos fictícios e todo tipo de falcatruas para gerar dinheiro para políticos corruptos e para a caixa preta do fundo de campanha do PT. Um novo presidente não precisará destas empreiteiras. Aqui e no exterior tem empresas mais sérias. A revista Veja desta semana trás uma denúncia de Meire Poza, ex-contadora do doleiro Youssef – aquele que está preso e é o “cara” com envolvimento em tudo que é falcatrua- numa riqueza de detalhes que dá revolta em qualquer cidadão sério.

C. Vamos postar mensagens para as empresas sérias, para que parem de doar dinheiro para políticos e partidos que fazem parte deste esquema. Com esta atitude, estes empresários fajutos, supostamente sérios, estão arranhando a “marca” de seus produtos. Se continuarem doando dinheiro para esta turma podem estar correndo o risco de boicote na compra de seus produtos.

D. Não vote em nenhum candidato do PT, PMDB e PP. Todos estão “fechados” com este governo que está desviando dinheiro de nossos impostos de forma escancarada;

E. Não vote em branco e nem anule o seu voto. Se fizer isto estará ajudando a manutenção da roubalheira no Brasil;

F. Pelo relato desta Meire Poza, se no seu município o prefeito for do PT, a probabilidade dele e de seus vereadores estarem envolvidos em falcatruas é perto de 100%;

J. Oriente seus amigos e filhos para o risco que o Brasil corre de termos um quebra-quebra sem precedente se esta situação de “destruir o Brasil” continuar por mais 4 anos;



Esta eleição está tendo por parte dos atuais governantes a prática de uma série de crimes que não passariam em branco se o Congresso e o Senado tivessem mais políticos interessados em mudar o Brasil. Por muito menos, o Collor perdeu o mandato.

Não vou ser leviano dizendo que com um novo presidente o ano de 2015 vai ser fácil. O novo presidente vai precisar de um tempo para arrumar esta bagunça. Mas, é muito melhor ter 2015 com ajustes difíceis que ter um Brasil quebrado em muito pouco tempo.

Por trás do discurso do Lula que diz querer reduzir as diferenças entre as classes sociais, tem sim uma verdade: não existirá esta diferença, porque seremos 200 milhões de miseráveis. Menos aqueles que são dessa turma e que já têm seu patrimônio bem escondido.

Prestem atenção no que significa:

- Com Dilma, um governo de continuidade do que vem sendo feito nos últimos 12 anos (caos para sempre);

- Com um novo presidente, interrompe-se este ciclo maléfico e abre-se as portas de um Brasil mais promissor;

Este site www.douglasduran.com.br foi tirado do ar 4 vezes nas últimas 3 semanas. Isto não é crime?

Estou neste momento contratando um especialista em segurança de informática e, se eu descobrir de que computador está partindo esta invasão da minha privacidade e da minha liberdade de expressão, irei revelar para a imprensa em geral e abrir um processo contra os mandantes deste crime.

BLOG DO CORONEL: Imprensa de esquerda irritadinha porque Aécio foi muito bem na bancada do JN


Os colunistas estão espumando. Os petistas idem. Aécio Neves (PSDB) passou ontem pela duríssima bancada do Jornal Nacional. Não deixou nada sem resposta e acabou de vez com a pauta "aeroporto". Particularmente vindos da Folha de São Paulo, ouve-se gritinhos das jornalecas e ranger de dentes dos jornatralhas. Não acredito que haverá moleza para Eduardo Campos (PSB) e Dilma Rousseff (PT). Isso acabaria com a carreira de Willian Bonner e Patrícia Poeta. O PSDB só tem contra ele Eduardo Azeredo e o tal aeroporto. O PT tem dezenas de casos de corrupção em pleno andamento. Coisas tenebrosas como Pasadena, além de ter a alta cúpula cumprindo pena na Penitenciária da Papuda. Cabe ressaltar que Ricardo Noblat foi preciso na sua avaliação sobre o dia de ontem. Publico abaixo por concordar com ele.



Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente da República, foi claro, sereno e arguto ao responder, há pouco, a perguntas de William Bonner e de Patrícia Poeta, apresentadores do Jornal Nacional. 

A entrevista de 15 minutos abriu a série de entrevistas do Jornal Nacional com os presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto.

Amanhã será a vez de Eduardo Campos (PSB). Na quarta, de Dilma Rousseff (PT). E na quinta do Pastor Everaldo (PSC).

A pergunta sobre a construção de um aeroporto em terras da família de Aécio foi a que poderia tê-lo deixado numa saia justa. Mas não. Ele a respondeu da melhor maneira possível – o que não significa que tenha sido convincente.

Pareceu convincente quando se esquivou com habilidade da pergunta sobre Eduardo Azeredo, protagonista do escândalo do mensalão mineiro, e que é visto sempre ao seu lado. “Ele está me apoiando e não o inverso”, chegou a dizer quase baixinho. Para completar (cito de memória):

- O PT tratou como heróis nacionais seus dirigentes condenados e presos. Isso não faremos.

Bonner quis saber o que Aécio fará para pôr em ordem uma economia desajustada. Certamente repetirá a pergunta quando entrevistar os demais candidatos.

Aécio driblou a pergunta em duas ocasiões. Como os demais candidatos farão. Nenhum deles admitirá que medidas impopulares deverão ser tomadas para que o país volte a crescer.

Ao se despedir dos espectadores, Aécio usou um recurso simpático e eficiente. Citou eleitores que conheceu para destacar os principais problemas que enfrentará caso se eleja. Não foi de graça que privilegiou eleitores do Norte e Nordeste, regiões onde está mais fraco.

É uma pena que o jornalismo dos canais abertos de televisão só nos ofereça entrevistas francas – ou quase isso - às vésperas de eleições. A política poderia ser melhor se isso ocorresse com regularidade.

MERVAL PEREIRA: A banalização do crime



Sem ter como desmentir as recentes denúncias de manipulação criminosa, os governistas e sua vasta rede de militantes que atuam na internet passaram a uma bem orquestrada ação de banalização dessas atividades ilegais, como se fossem corriqueiras. É o caso da preparação dos ex-diretores da Petrobras para depoimentos na CPI que apura a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, acusada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de prejudicial aos cofres da empresa.

A própria presidente Dilma abriu essa discussão ao acusar publicamente o ex-diretor Nestor Cerveró de ter produzido um relatório falho tecnicamente que induziu o Conselho Administrativo da Petrobras, presidido por ela na ocasião, ao erro de aprovar uma transação que se mostrou equivocada.

Pois bem, como é sabido a Petrobras demitiu Cerveró, que àquela altura trabalhava na BR Distribuidora, e a própria presidente da estatal, Graça Forster, admitiu no Congresso que aquela não fora uma boa compra. Descobre-se agora que a Petrobras está pagando as multas com que os ex-diretores foram punidos pelo TCU e que todos eles, inclusive o culpado pelo prejuízo, estavam recebendo orientações especiais e treinamento para o depoimento na CPI da Petrobras.

Não bastasse a estranheza de a estatal prejudicada bancar a defesa de ex-diretores acusados de malversação de dinheiro público, gravações de uma reunião na sede da Petrobras revelaram que a chegada de Cerveró à sede da empresa foi cercada de preocupações e cautelas para que sua presença não fosse notada. E que as perguntas que seriam feitas a ele e a outros diretores já estavam previamente preparadas pelos próprios membros da CPI da base aliada do governo.

O ministro das Comunicações Paulo Bernardo, para justificar essa tramoia, deu uma declaração absolutamente absurda: segundo ele, desde Pedro Álvares Cabral as CPIs são arranjadas. Esqueceu-se de que a CPI que derrubou o então presidente Collor foi liderada pelo PT, e que outras, como a dos Correios, acabaram levando à cadeia diversos líderes petistas envolvidos no mensalão.

Na verdade, as CPIs, um instrumento das minorias, sempre tiveram papel importante no desvendar de atos corruptos, e só quando a maioria resolve boicotá-la é que se transforma em uma farsa como a da Petrobras. Na própria gravação é possível ouvir os advogados da Petrobras procurando uma maneira segura de enviar as perguntas a José Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, o que não seria necessário se não fosse um ato escuso.

Treinar os depoentes em CPIs é uma coisa, montar uma farsa com perguntas previamente combinadas é outra muito diferente. A mesma coisa acontece com o caso dos perfis da Wikipédia alterados por pessoas de dentro do Palácio do Planalto.

Que a Wikipédia é um ambiente aberto a todos, ninguém discute. Mas a inclusão de informações inverídicas e calúnias no perfil de alguém não pode ser considerada normal. Especialmente se essas ações são feitas no Palácio do Planalto, de onde saíram mais de 200 alterações em diversos perfis, muitos para incluir elogios a pessoas do governo, outras para atacar jornalistas independentes como Miriam Leitão ou Carlos Alberto Sardenberg.

A própria presidente Dilma, ao repudiar a ação, cometeu um ato falho ao dizer que “nesse caso específico, é algo que quem quiser fazer individualmente que faça, mas não coloque o governo no meio." A fala da presidente é reveladora de uma maneira de pensar a luta política: distorcer informações sobre pessoas consideradas inimigas do governo pode ser uma atividade política que alguns utilizam, desde que não coloque embaraços para o governo.

Que a guerrilha virtual é uma atividade corriqueira dos petistas, já é sabido. A novidade, que agrava a situação, é que agora esta prática criminosa está sendo feita de dentro do Palácio do Planalto, numa demonstração de que não há mais um mínimo de separação entre o governo e a campanha eleitoral, até mesmo nas ações mais baixas. 

É uma ação de guerrilha de dentro do palácio do governo. Como a presidente pode lavar as mãos? Não há cadeia de comando? Nem dentro do Planalto? Como o Gilberto Carvalho pode dizer que foi “uma bobagem” e ficar tudo bem?

Nesse caso, pelo menos politicamente, o ônus da prova se inverte. É a Presidência que precisa entregar o culpado e provar que era um aloprado celerado agindo por conta própria. Caso contrário, é como se o Nixon dissesse que quem instalou aquelas escutas no prédio Watergate foram uns aloprados do Partido Republicano.

MARCO ANTONIO VILLA: O PT usará de todos os meios para se manter no poder



Os jihadistas tupiniquins
O auge do jogo sujo será justamente na breve campanha do segundo turno, onde calúnia tem muito mais efeito eleitoral


Estamos a menos de dois meses das eleições. Mas não parece. Há um clima de desânimo, de desinteresse, de enfado. Acreditava-se que, após o fim da Copa do Mundo, as atenções estivessem concentradas no processo eleitoral. Ledo engano. A pasmaceira continua a mesma. Agora, o divisor de águas é o horário gratuito que começa dia 19. Para o PT, este é o clima ideal para a eleição presidencial. Quanto menor o interesse popular, maior a chance de permanecer mais um quadriênio no poder. O partido tem, inclusive, estimulado discretamente campanha pelo voto nulo ou branco. Sabe que muitos eleitores estão desanimados com a política, justamente com as mazelas produzidas pelo próprio petismo.

A desmoralização das instituições foi sistematicamente praticada pelo partido. A compra de maioria na Câmara dos Deputados, que deu origem ao processo do mensalão, foi apenas o primeiro passo. Tivemos a transformação do STF em um puxadinho do Palácio do Planalto. O Executivo virou um grande balcão de negócios e passou a ter controle dos outros dois poderes. Tudo isso foi realizado às claras, sem nenhum pudor.

Não há área do governo que nos últimos anos tenha permanecido ilesa frente à sanha petista. Todos os setores da administração pública foram tomados e aparelhados pelo partido. Os bancos, as empresas estatais e até as agências reguladoras se transformaram em correrias de transmissão dos seus interesses partidários.

Imaginava-se que, após a condenação dos mensaleiros, o ímpeto petista de usar a coisa pública ao seu bel-prazer pudesse, ao menos, diminuir. Nada disso. Os episódios envolvendo a Petrobras demonstram justamente o contrário. E mais: neste caso levaram ao descrédito total os trabalhos de uma Comissão Parlamentar de Inquérito e desmoralizaram mais uma vez o Legislativo.

As ações seguem um plano de que o partido é o elemento central da política, nada pode ocorrer sem a sua anuência. Esta estrutura tentacular tem enorme dificuldade de conviver com a democracia, a alternância no governo e com o equilíbrio entre os poderes. A insistência em impor o projeto dos conselhos populares — uma espécie de sovietes dos trópicos — faz parte desta visão de mundo autoritária.

O maior obstáculo para o PT é a existência do Estado Democrático de Direito. O partido tem como objetivo estratégico miná-lo diuturnamente. Suas ações chocam-se com a “institucionalidade burguesa”.

O PT usará de todos os meios para se manter no poder. Manteve até aqui a campanha em banho-maria, como era do seu interesse. Mas com a permanência de Dilma em um patamar que vai levar a eleição para o segundo turno — isto hoje é líquido e certo —, o partido vai abrir a sua caixa de ferramentas, como o fez em 2006 e 2010.

O uso da internet para desqualificar seus opositores é realizado há um bom tempo. O PT tem um verdadeiro exército de jihadistas prontos para o ataque. O recente episódio de mudanças no perfil de jornalistas na Wikipedia é café pequeno frente ao que vem por aí. O auge do jogo sujo será justamente durante a breve campanha do segundo turno, onde uma calúnia tem muito mais efeito eleitoral, principalmente se divulgada às vésperas da eleição.

As modificações ocorridas no Tribunal Superior Eleitoral passaram em branco. É bom que a oposição fique atenta, pois quem vai presidir a eleição é um ex-funcionário do Partido dos Trabalhadores e ex-advogado de um sentenciado no processo do mensalão, José Dirceu. O presidente do TSE é o ministro Dias Toffolli.

Neste processo chama a atenção a ação de Lula, seu líder máximo — e único, na verdade. Tem se mantido — até o momento — discreto na campanha eleitoral. Visitou alguns estados e mesmo em São Paulo tem participado pouco das atividades. Pode ser que tenha sentido um cheiro de derrota no ar e está buscando preservar sua figura. No caso da eleição paulista, isto já é definitivo. Seu candidato já está derrotado. Esperto como é, pode já estar iniciando a campanha de 2018. E com o figurino de salvador da pátria.

Frente a este quadro é que a oposição precisa exercer o seu papel. Nesta eleição tem agido com mais consistência, buscando alianças regionais e um discurso mais simples e compreensível para o eleitor. Tem atuado melhor, mas distante do que se espera de uma oposição no grave momento histórico que vivemos.

Eduardo Campos tenta — mas tem muita dificuldade — de encarnar o figurino oposicionista. Afinal, permaneceu mais de um decênio apoiando o governo, inclusive exercendo função ministerial. Mas teve ousadia em se lançar candidato.

É Aécio Neves que tem de exercer o papel de opositor do petismo. Tem se esforçado, é verdade, porém a campanha ainda não empolgou. Conseguiu habilmente construir bons palanques estaduais. Diversamente de 2010 rachou o apoio petista no trio de ferro da política brasileira. Em Minas Gerais deve ter uma grande vitória. Em São Paulo, se conseguir colar a sua candidatura à de Geraldo Alckmin, pode ter a maior vitória do partido no estado desde o restabelecimento das eleições diretas. Conseguiu um raro feito no Rio de Janeiro, rachando o bloco de apoio à petista que foi importante em 2010. Deve surpreender no Nordeste tendo uma boa votação, rompendo com o domínio petista, como na Bahia. Mas ainda é pouco.

A máquina autoritária petista pode ser derrotada. Os dois próximos meses são decisivos. O PT vai usar todas as suas armas. Sabe que é uma batalha de vida ou morte, pois longe do aparelho de Estado não consegue mais sobreviver.

Marco Antonio Villa é historiador

EDITORIAL O GLOBO: Cresce o escândalo de corrupção na Petrobras




Contadora de Youssef, ao confirmar montagem de esquema dentro da estatal, para subtrair dinheiro de empreiteiras, amplia a dimensão das suspeições sobre a empresa

EDITORIAL O GLOBO em 12/08/2014


Enquanto o escândalo do mensalão estourou de uma vez, na denúncia feita pelo mensaleiro acuado Roberto Jefferson, do PTB , à “Folha”, o caso da montagem de um o esquema de corrupção dentro da Petrobras tem emergido aos poucos. Na última edição de “Veja”, contornos desse esquema ficaram mais nítidos, com a entrevista de Meire Poza, contadora do doleiro Alberto Youssef, cumprindo prisão preventiva em Curitiba.

Youssef, acusa a Polícia Federal, é o principal gerente de uma bilionária lavanderia de dinheiro sujo remetido por empreiteiras, tendo como beneficiários finais políticos do “PT, PMDB e PP”, revela a contadora. Também como o doleiro, cumpre prisão preventiva em Curitiba, base de operação de Youssef, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa — tudo indica, o primeiro elo do sistema de bombeamento de cifras incalculáveis neste propinoduto. Os dois, apanhados na Operação Lava-Jato, da PF.

Paulo Roberto, mostram investigações e Meire Poza, fazia o clássico papel de criador de dificuldades para vender facilidades. Podia-se deduzir que o ex-diretor da estatal havia sido peça-chave na quadrilha, no tempo em que presidiu o conselho de administração da obra da refinaria Abreu e Lima, um monumento ao desvio de dinheiro público, como já atestam auditorias do TCU. Não é sempre que um projeto orçado em US$ 2 bilhões custa, ao final da obra, US$ 20 bilhões.

Com a decisão de Meire Poza de contribuir para as investigações da PF, as evidências de roubalheira na Petrobras e suposições de drenagem de dinheiro da estatal para financiar políticos do PT e aliados do governo passam a ter a sustentação de documentos e do testemunho de alguém que trabalhou nas armações. Pode-se dizer que o escândalo começa a ganhar dimensões de outro mensalão de petistas, este em sociedade com aliados próximos. É exemplar o pagamento de empreiteiras a empresas fantasmas de Youssef e a pelo menos uma “consultoria” de Paulo Roberto Costa. Ciosas, revelou O GLOBO, empreiteiras declararam à Receita Federal o que pagaram ao esquema de Youssef e Costa. Ou, pelo menos, parte.

A contadora pode contribuir para jogar luz na outra ponta desta lavanderia, a dos políticos. Até agora, haviam sido citados o Deputado André Vargas, sem partido, fora do PT devido às ligações com Youssef, e Luiz Argôlo (SDD-BA). Meire confirma um depósito para o senador Collor, já noticiado. O petista Cândido Vaccarezza, de São Paulo, também foi ajudado, para saldar dívida de campanha. E ela colocou na lista dos beneficiários Mário Negromonte (PP), ex-ministro das Cidades É certo que a contadora sabe mais, a considerar as “malas e malas” de dinheiro que ela diz ter visto passar à sua frente. A presidente Dilma diz que a Petrobras é alvo de “factoides políticos”. Não parece. Alvo ela foi de um aparelhamento que resultou em um escândalo formado por dois negócios desastrosos: as refinarias de Pasadena e Abreu e Lima. E ele começa a crescer.


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