Do Blog do Rodrigo Constantino
O Banco Espírito Santo é um dos maiores de Portugal, e até pouco tempo era um dos mais sólidos. Não mais. O fundo soberano da Venezuela estará em posição de assumir uma posição relevante no Grupo Espírito Santo (GES) por reconversão de dívida em capital e de novos investimentos:
Esta terça-feira surgiram na comunicação social informações dando Amílcar Morais Pires como estando fora da corrida para substituir Ricardo Salgado e tendo sido recuperada a possibilidade de o próximo presidente executivo (CEO) do BES poder ser Joaquim Goes.
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A agência de rating Standard & Poor’s comunicou que reviu o outlook do BES e do Banco Espírito Santo de Investimento (BESI) de “estável” para negativo”, o que pode encarecer o custo a que as instituições se financiam. Para a S&P, “existem pressões crescentes sobre a situação financeira e sobre o negócio” e “a recente e inesperada demissão do presidente da comissão executiva do BES, bem como de vários dos seus administradores, a par das alterações propostas ao nível da gestão, no contexto de uma disputa entre os accionistas que controlam o banco, coloca desafios significativos à estabilidade da equipa de gestão e à sua focalização”.
Antes, o negócios.pt tinha avançado com a informação de que a Petróleos da Venezuela adquiriu centenas de milhões de euros de papel comercial de curto prazo de sociedades da esfera não bancária do GES. A associação à empresa estatal, que funciona como fundo soberano da Venezuela, e que tem relações comerciais com o BES (com uma operação bancária em Caracas), abre as portas à entrada da Petróleos da Venezuela na Rioforte ou na Espírito Santo International (dona da Rioforte). Ou por reconversão da dívida em capital ou por novos investimentos que possibilitariam à petrolífera assumir uma participação relevante, ainda que inferior a 50%.
Para quem não lembra, houve denúncias de remessas ilegais de dinheiro do PT justamente para Portugal, mais especificamente para esse banco mesmo. Rose, a “amiga íntima” de Lula, seria a encarregada da missão. Garotinho, hoje aliado de Dilma, chegou a denunciar tudo em seu blog:
Na nota anterior dei a pista sobre a existência de uma conta na cidade do Porto (Portugal), na agência central do Banco Espírito Santo, onde foram depositados no 25 milhões de euros. Imediatamente comecei a receber muitas ligações de jornalistas pedindo mais informações a respeito do assunto. Recorri à minha fonte que me deu mais detalhes esclarecedores de como tudo teria ocorrido. Vocês vão cair para trás.
Como já foi tornado público, Rosemary era portadora de passaporte diplomático, mas o que não foi revelado é que ela também era portadora autorização para transportar mala diplomática, livre de inspeção em qualquer alfândega do mundo, de acordo com a Convenção de Viena. Para quem não sabe esclareço que o termo “mala diplomática” não se refere específicamente a uma mala, pode ser um caixote ou outro volume.
Segundo a informação que recebi, Rosemary acompanhou Lula numa viagem a Portugal. Ao desembarcar foi obrigada a informar se a mala diplomática continha valores em espécie, o que é obrigatório pela legislação da Zona do Euro, mesmo que o volume não possa ser aberto.
Pasmem, Rose declarou então que havia na mala diplomática 25 milhões de euros. Ao ouvir o montante que estava na mala diplomática, por medida de segurança, as autoridades alfandegárias portuguesas resolveram sugerir que ela contratasse um carro-forte para o transporte.
A requisição do carro-forte está na declaração de desembarque da passageira Rosemary Noronha, e a quantia em dinheiro transportada em solo português registrada na alfândega da cidade do Porto, que exige uma declaração de bagagem de acordo com as leis internacionais. Está tudo nos arquivos da alfândega do Porto.
Portanto, quem diz é um aliado do PT hoje. Aquela parada “estratégica” da presidente Dilma justamente em Portugal após o Fórum Econômico Mundial, sem avisar, despertou suspeitas uma vez mais. A agenda oficial dizia que ela seguiria para Cuba, mas de forma sorrateira a comitiva do governo resolveu passar em Lisboa.
Outra parceria estranha entre PT e portugal está na Ongoing/Ejesa, conglomerado português que seria sócio controlador do portal iG, do jornal Brasil Econômico e com participação na Oi. O grupo é acionista do GES também, e suas atividades no Brasil chegaram a ser investigadas pelo Ministério Público:
Durante duas semanas, a Folha rastreou a movimentação do Ongoing. As informações fornecidas por empresários, executivos e políticos no Brasil e em Portugal sugerem que o grupo foi estimulado por membros do PT a implantar no país uma rede de comunicação alinhada com o governo que diminuísse o poder dos grandes grupos privados.
O principal interlocutor do grupo com o governo é o ex-ministro e ex-deputado federal (cassado no escândalo do mensalão) José Dirceu, colunista do Brasil Econômico. A namorada dele, Evanise Santos, é diretora de marketing institucional da Ejesa.
Ainda segundo a Folha apurou, o Ongoing usa serviços do escritório de consultoria de Brasília – JC&S Brasil Consultores – para ajudá-lo a buscar recursos para financiar seus projetos. Entre os alvos estão fundos de pensão estatais. O responsável pelo escritório, Júlio Silva, seria da confiança de José Dirceu.
Cuba, Venezuela, PT, Grupo Espírito Santo: o que todos têm em comum? Qual é o elo que os liga? Quantos milhões de motivos existem para tanta afinidade? É tudo muito suspeito, não resta dúvida. E agora, eis que o regime autoritário de Caracas resolveu cortar intermediários e virar sócio grande de uma vez do grupo português. Tem caroço nesse angu!
Rodrigo Constantino