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sexta-feira, junho 20, 2014

JOÃO BOSCO RABELLO: Quem discordava dos militares era comunista e merecia ser calado; quem discorda do PT, é de direita reacionária e merece a mordaça das patrulhas


Macartismo às avessas

JOÃO BOSCO RABELLO - No O Globo - 20/06/14


O desmentido do ministro Gilberto Carvalho à tese do PT que atribuiu à “elite branca” as vaias e xingamentos à presidente Dilma Rousseff no estádio de futebol, é o retrato mais fiel da inconsistência das construções eleitorais do partido até agora.

A queda da presidente nas pesquisas, que reforça o descontentamento permanente do PT com sua candidata, lançou o partido na busca errática de narrativas que ajudem a reverter a trajetória descendente na aprovação de governo e candidata.

Já se produziu de quase tudo – da tão efêmera quanto ruim campanha do medo à do ódio, a conspiração da mídia , agora com lista negra de jornalistas subversivos, até a tentativa, ainda em curso de criação de conselhos populares para confrontar o Congresso Nacional.

Todas essas iniciativas cumprem um roteiro perigosamente autoritário, desde o patrulhamento ideológico até a versão esquerdista de impatriotismo utilizada pelo regime militar, nos anos em que o PT fazia oposição, para desqualificar seus críticos.

Lá, como cá, os militares tinham suas listas de subversivos, alguns levados literalmente às masmorras do regime , de onde muitos não voltaram às suas casas.

Não há diferença no método, apenas na consecução: quem discordava dos militares era comunista e merecia ser calado; quem discorda do PT e de seu projeto, é de direita reacionária e merece a mordaça das patrulhas.

É de se perguntar o que fariam os autores da lista macartista tupiniquim, se tivessem o poder das armas e a força da ditadura. Como lá, aqui também se tenta a censura à imprensa, sobre o pretexto da regulamentação da mídia.

É de se perguntar, como se materializaria esse controle, senão nos moldes dos censores em redações, como no passado sem liberdades.

A lista do vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, é um estímulo a uma militância que já se mostrou, em diversas ocasiões, capaz de tudo, pelo que foi apelidada pelo líder maior, o ex-presidente Lula, de “aloprada”.

É uma lista com uma dezena de jornalistas de grande evidência e profissionalismo reconhecido, mas a ameaça é a todos os que atuam com independência. Se tivesse sido concebida e divulgada às vésperas da morte do cinegrafista Santiago Andrade, o que poderia dizer hoje o PT e seu vice-presidente sobre o episódio?

A oposição, a intelectualidade e as entidades representativas de classe não se manifestaram a respeito do episódio, que se reveste de gravidade inédita.

Existe para o PT, mais que jornalistas que desagradam ao partido: existem profissionais que precisam ser expostos à sanha de sua militância e desqualificados pelo exercício livre da crítica – não só o bem maior da democracia, mas também a essência da profissão.

Nesse roteiro autoritário, o Supremo Tribunal Federal é político, por isso seu presidente deve ser constrangido nas ruas, o Congresso Nacional não está à altura de seu trabalho, por isso deve ser substituído por conselhos populares, a imprensa conspira contra o governo, por isso deve ser censurada, e a população de um estádio que vaia a presidente é uma “elite branca” que precisa ser eliminada.

Informa O Globo (20/06) que apenas 25% dos jovens com 16 anos, cujo voto é facultativo, tiraram o título de eleitor, o que não chega a ser uma tragédia, mas revela a alienação política, em grande medida decorrente da cooptação financeira de entidades sindicalistas e estudantis, caso da União Nacional dos Estudantes.

De promover a alienação da juventude, pela censura imposta à força, os militares também foram acusados pela oposição, da qual fazia parte o PT, muito embora ausente dos principais movimentos que resgataram a democracia, entre os quais a eleição de Tancredo Neves e a Constituinte de 88.

Nesse diapasão, se viáveis de materialização, os sonhos petistas o condenariam à solidão, pois não restaria pedra sobre pedra das edificações democráticas.

O partido reage da pior forma ao declínio do modelo que escolheu para governar, que exclui todos aqueles que pensam diferente de seu ideário – que, a essa altura, não se sabe mais o que seja.

JOSÉ NÊUMANNE PINTO: Dilma se comporta como chefe de uma facção política ou ideológica, dividindo o país que governa em “nós, os de boa-fé”, e “eles, os mal-intencionados”


O baixo calão e o “ódio ao PT”

Artigo de José Nêumanne Pinto


O PT de Lula e Dilma é “o” agente do ódio na luta de classes, e não sua vítima preferencial

Como tudo o que diz respeito ao futebol brasileiro, o grotesco episódio dos insultos à presidente Dilma Rousseff no Itaquerão, na partida de abertura da Copa do Mundo da Fifa de 2014 no Brasil, tem algo de malandragem e algo de paixão cega. Pois neste “país do futebol” tudo vira Fla-Flu. Como tudo o que concerne à política nacional, a grosseria é interpretada e utilizada como convém ao freguês, com excessos de oportunismo cínico e deslavada hipocrisia. Dar-lhe a devida medida depende apenas de respeitar os fatos.

Para começo de conversa, não foi o estádio que invadiu o palácio, mas o palácio que ocupou o estádio. Há sete anos Luiz Inácio Lula da Silva, que pode ser tudo na vida menos bobo, comemorou como feito histórico e obra de seu governo a escolha do País para sediar o mais importante torneio da mais popular atividade esportiva e de entretenimento do planeta. O Mundial de Futebol é organizado e explorado comercialmente pela Fifa, entidade global que não pode ser considerada, nem pelos mais néscios nem pelos maiores adoradores do esporte dado como bretão, um claustro de carmelitas descalças. O noticiário produzido em torno de suas atividades, entre as quais a escolha dos locais para sediarem suas biliardárias disputas, é mais assunto para notícia de polícia do que para ser impresso em breviários e edificantes biografias de santo. Seu presidente, o suíço Joseph Blatter, disputa mais uma reeleição sob suspeita de várias falcatruas.

Trata-se de um negócio privado em que se emprega muito dinheiro e se ganha muito mais em direitos de transmissão pela TV e publicidade do que em ingressos para os espetáculos nas chamadas arenas, cujas rendas movimentam apenas uma ínfima fração de seus emolumentos. É duvidoso se os países escolhidos para sede herdam um “legado” à altura dos dispêndios feitos para a montagem do circo gigantesco, mas não restam dúvidas de que os resultados em publicidade dos que se envolvem com o negócio são fabulosos. E aí repousava o olho gordo de Lula.

A ilusão de que a paixão popular reverte sempre em profusão de votos encanta os políticos brasileiros desde priscas eras. Nunca se constatou que essa mágica resulte em algo efetivo, mas os resultados positivos nas urnas de alguns astros do espetáculo ainda inspiram as ambições de gestores públicos ou políticos cegos a ponto de não perceberem óbvios exemplos históricos. Fala-se muito da derrota do Brasil para o Uruguai no Maracanã em 1950, mas poucos se lembram dos políticos que festejaram o título na concentração da seleção no campo do Vasco, em São Januário, à véspera da final. Como ratos num navio naufragado, foram os primeiros a fugir após o fiasco.

Os políticos têm tanta sede a matar por perto dos potes do poder que perdem os limites. Já se calcula em R$ 35 bilhões o dispêndio público no Brasil para armar o circo na “Copa das Copas”. Do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab à presidente Dilma Rousseff, passando pelo tucano Geraldo Alckmin e pelo petista Lula, não houve governante que não garantisse que para um evento em que somente empresas privadas auferem polpudos lucros o gasto público seria zero.

Agora Lula e seus devotos acusam a “elite branca”, que pagou ingressos caríssimos para frequentar as arenas na Copa, de falta de educação e de não saber tratar os outros. Fala como se tivesse exigido da Fifa a contrapartida de que seu eleitorado de gente pobre tivesse direito a entrada gratuita para ver os jogos, de vez que não usufrui o “padrão Fifa” nos hospitais desaparelhados nem nas escolas em ruínas com poucas vagas disponíveis para seus milhões de filhos descamisados. Ao contrário, a Fifa exigiu tudo e levou tudo e ninguém pensou em baixar os preços dos ingressos para permitir que os beneficiários do Bolsa Família pudessem aplaudir Lula e Dilma na abertura do evento. E Lula não justificou sua ausência em Itaquera para ver o jogo in loco.

Como Renato Maurício do Prado constatou em sua coluna no Globo, a expressão chula usada contra a presidente no Itaquerão não é useira e vezeira em comícios ou plenários, mas corriqueira em estádios. Torcidas a empregm contra rivais ou árbitros num festival de cafajestice que destes afasta pessoas recatadas que não têm por hábito usar palavrões à mesa do jantar em casa ou no escritório. Consta que a vítima dos insultos na abertura da Copa não recorre a expressões cochichadas em missas para repreender seus subordinados. Mas isso não é motivo para que ela seja alvo desse baixo calão.

Apesar de já ter contado que torceu pelo Atlético no Mineirão numa época em que o estádio ainda não havia sido construído, Sua Excelência não parece ter intimidade com a cafajestice que impera na atividade futebolística no gramado entre jogadores, na torcida entre torcedores e no convívio pouco amistoso de dirigentes de paixão desenfreada e boca suja. As feministas que atribuíram o xingamento ao machismo tampouco têm intimidade com a linguagem destemperada de nossa “pátria em chuteiras” (e não “de chuteiras”, por amor a Nelson Rodrigues!).

Pode ser que tenham alguma razão os que reclamam dos insultos à presidente pelo desrespeito ao cargo que ela ocupa.

Teriam toda a razão se Dilma se tivesse comportado depois da posse como a presidente de todos os brasileiros, entre os quais os que não votaram nela, e não como chefe de uma facção política ou ideológica, dividindo o país que governa em “nós, os de boa-fé”, e “eles, os mal-intencionados”.

Mas esse Fla-Flu começou quando, ao constatar que o tucano José Serra tinha sido majoritário nas regiões mais ricas e ele o fora nas mais pobres, Lula declarou guerra a quem se opusesse a seu projeto “socialista”. Agora, na convenção do PT paulista, pregou uma catilinária contra o “ódio ao PT”. Foi traído pela memória sempre falha: ele e a sucessora é que tornaram seu partido “o” agente, e não a vítima preferencial do ódio entre as classes.


(*) José Nêumanne Pinto é jornalista, poeta e escritor.

Fonte: Ucho.Info

COPA DO PT: O hino oficial da copa do PT


EI D I L M A VAI T... N... C...

O hino da COPA do PT surgiu no show do RAPPA ...






O que sobrou para a esquerda governista e parte da imprensa chapa-branca que suportam Dilma Rousseff e o governo do PT justificarem um protesto espontâneo contra a presidente, entoado por 60.000 pessoas na abertura da Copa? O de sempre. A velha pregação da luta de classes. Agora dizem que não havia negros no Itaquerão, que lá estava apenas a elite paulistana e a direita raivosa. E que por isso houve quatro ou cinco vaias contra a presidente. A mentira não para em pé.



O mesmo xingamento de ontem foi ouvido há duas semanas num show gratuito de rock, realizado em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Lá estava o rapper Falcão, um negro, band leader do Rappa. Antes do início do show, Falcão, um negro, fez uma crítica equilibrada e sensata sobre a Copa do Mundo. Espontânea e surpreendentemente 40.000 jovens endossaram as palavras de Falcão e passaram a entoar a mesma vaia repetida ontem por 60.000 pessoas no jogo da abertura. 



O que fica claro é a indignação dos brasileiros, indiferente de idade, raça ou posição social, contra a Copa do Mundo fora do campo. Não é contra o país. Não é contra a seleção brasileira. Não é contra o nosso Hino Nacional, maravilhosamente cantado à capela. É contra o governo do PT, ali representado pela Presidente da República. Uma indignação que está presa na garganta. Uma revolta. Um prenúncio. Só não vê quem não quer.











Aconteceu em Ribeirão Preto, São Paulo, a 13ª edição do João Rock, considerado o maior festival de música pop e rock do interior. Segundo estimativas, 40 mil pessoas estavam no evento. E eis o que aconteceu: milhares de pessoas começaram a xingar a presidente Dilma, mandando ela para um lugar não muito aprazível e que sequer posso mencionar aqui, para não ferir o decoro.



Sinais dos tempos? Artistas saindo da toca em quantidade cada vez maior, cansados do governo petista? O clima está realmente estranho. O PT conseguiu segregar mesmo a população toda. De um lado, aqueles pagos para defender o indefensável; do outro, o restante, de saco cheio de tanta incompetência, corrupção, mediocridade e ufanismo oportunista.


Vou torcer para o Brasil na Copa. Nosso país é maior do que o PT, e a seleção não tem culpa das falcatruas do governo. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Quero que nosso país seja campeão. Só não quero ver uso e abuso político disso depois, pelo governo, o que seria asqueroso. Mas acho, sinceramente, que a maioria do povo está ciente disso e poderia ser até um tiro no pé o PT tentar se aproveitar de uma eventual vitória.

Chega de PT! Viva o Brasil!

Rodrigo Constantino





O hino da COPA do PT conquistou os BRASILEIROS ...


Dilma é hostilizada durante abertura da Copa do Mundo em São Paulo


A presidente Dilma Rousseff foi hostilizada durante a abertura da Copa do Mundo em São Paulo nesta quinta-feira. Xingamentos contra a presidente foram ouvidos em dois momentos antes da partida: após a chegada de Dilma ao estádio e após a execução do hino nacional, já a poucos minutos do início do jogo. No segundo tempo, Dilma foi xingada mais duas vezes.

O vídeo abaixo mostra os gritos contra a presidente após a execução do hino. Houve também xingamentos contra a Fifa.

Os gritos com palavrões começaram na área VIP e se espalharam por outras partes das arquibancadas da Arena Corinthians.

Dilma não fez discurso durante a abertura. Vestida de verde, acompanhou o jogo ao lado do presidente da Fifa, Joseph Blatter, na Arena Corinthians, e Ban Ki-moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Fonte: O Globo



Torcida na Arena Pantanal, em Cuibá, manda seu recado para Dilma





Torcida no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, manda seu recado para Dilma


EDITAL ESTADÃO: Decreto 8.243 de DILMA é BOLIVARIANO e uma grande ameaça à DEMOCRACIA BRASILEIRA


O decreto e a realidade


EDITORIAL - ESTADO DE S.PAULO - 20/06/2014

Os sofismas são distorções da realidade. Captam um aspecto e extrapolam o seu âmbito, começam com uma meia-verdade e terminam com uma mentira completa. E esse é o percurso que o governo federal tem seguido na defesa do Decreto 8.243. Cria ele novos conselhos? Não. Se apenas criasse conselhos, não haveria maiores problemas. Seria "apenas" uma burocratização a mais na já burocratizada administração pública federal. Mas não foi isso que provocou reações contrárias a ele no Congresso.

O decreto cria algo de extremo interesse dos atuais ocupantes do Poder Executivo - uma "política de participação social" gerenciada por ele.

É algo mais profundo do que a mera existência de conselhos, e o seu perigo reside nas segundas intenções. Nada é dito explicitamente. E o governo trata os seus opositores como ignorantes, alegando que existem conselhos desde 1937. Só para lembrar: 1937 foi o ano em que o Brasil mergulhou na ditadura do Estado Novo. É assim que quer defender o decreto?

O governo sustenta que é piada de mau gosto da oposição chamar o Decreto 8.243 de bolivariano. Infelizmente não é. Alegar que são conselhos consultivos é fugir do problema, escorregando novamente para o sofisma. Chávez e seus "muchachos" não estrangularam a democracia em seus países dizendo que assim o fariam. Sufocaram a democracia com as mais belas palavras, "conferindo o máximo poder ao povo".

É verdade que o decreto não iguala Dilma a Chávez. O decreto está vigente e isso não nos transformou ipso facto numa Venezuela. Mas o decreto traz no seu bojo a mesma lógica, idêntica retórica. "A representação tem muitos defeitos", afirmou o ministro Gilberto Carvalho. É óbvio, mas não pode ser um ato do Executivo o meio legal para corrigir essa representação, e ainda por cima encarregando o próprio Executivo de coordenar essa nova representação, com a sua "política de participação social". Aí está o problema.

Na cortina de fumaça que é a defesa do decreto pelo Executivo, afirma-se que a oposição está criando um problema político. Não se trata de um "problema político", mas de um problema institucional, que logicamente afeta a vida política. A questão institucional, em sua essência, é a vontade do Executivo de "alterar" (se vai piorar ou melhorar é uma questão sobre a qual cada um terá sua opinião) a forma de participação social. Ora, não cabe a ele "reequilibrar" representação política nem muito menos proclamar-se gerente dessa nova "política de participação social".

Representantes do governo afirmam que estão dispostos a dar todas as explicações necessárias ao Congresso. Até o momento, tiveram inúmeras oportunidades para fazê-lo, mas o que deles só se ouviu foi mais do mesmo. Na prática, dizem: "Acreditem em nós, não faremos nenhum mal à democracia representativa com a nossa política de participação social". As instituições de um país são organizadas para diminuir a arbitrariedade pessoal, não para criar feudos e atribuí-los a "bonzinhos". A constitucionalidade de um decreto não depende das declarações de boa intenção dos seus criadores. Decorre do que está posto no papel, e o que lá está não é nada republicano.

Não é o medo da voz popular que leva o Congresso a se opor ao Decreto 8.243. É o receio de que alguns, sob a batuta do Executivo, se sirvam dele para monopolizar a voz da sociedade. Uma rendição dos deputados e senadores a este ato da Presidência significaria ferir o mandato que a sociedade brasileira lhes conferiu. É seu dever garantir a pluralidade de vozes da população, não apenas alguns corais ensaiados.

Criar e organizar os Conselhos pretendidos por projeto de lei - como sugerem alguns congressistas - não resolve o problema. Por lei ou por decreto, a ideia é ruim e perigosa, porque atropela as instituições ao dar ao Executivo o direito de organizar - ou melhor, domesticar - a "participação social". Por lei, o máximo que o Congresso poderá fazer é maquiar a ideia, dando-lhe ares de respeitabilidade e legitimidade. Por isso, a emenda poderá ser pior do que o soneto.

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