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terça-feira, maio 13, 2014

EMBRAPA: Para conhecer sua propriedade comece pela amostragem de solo


O solo é um recurso natural renovável, em estado estacionário já que sua formação é muito lenta e acontece ao longo de milhares de anos, fundamental para os ecossistemas, em especial, o agrícola. Em uma visão holística pode ser considerado um patrimônio coletivo, pois seu uso equivocado leva à degradação química, física e biológica, erosão e, em casos mais extremos, desertificação, atingindo centenas de pessoas.  

A amostragem de solo é a primeira etapa de um programa de avaliação da fertilidade do mesmo. A operação é crucial, uma pequena quantidade de terra representará as características de uma grande área. Assim, apesar de a avaliação laboratorial ser mais elaborada, instrumental e operacionalmente, ela não corrige uma coleta deficiente capaz de comprometer os processos seguintes.

“O maior erro dos resultados está na amostragem e se isso acontecer, o laboratório não tem muito a fazer, nem os técnicos que vão recomendar a adubação e correção do solo, porque vão trabalhar em cima de resultados advindos de uma amostragem de solo incorreta ou mal planejada”, destaca o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, doutor em Ciência do Solo, Alexandre Romeiro de Araújo.

Produtor e colaboradores estão aptos a realizar a amostragem. O procedimento inicia-se com a identificação de glebas homogêneas para a coleta. Cor do solo, topografia, histórico de uso, textura e vegetação são fatores que o operador consegue identificar, facilmente, para separar a terra em talhões semelhantes. “Para a pecuária extensiva, reconhecidamente com propriedades de maiores proporções, recomenda-se que a área a ser amostrada não ultrapasse 30 hectares. Para usos mais intensivos, estejam eles sob pecuária, lavoura ou sistemas integrados de produção, recomenda-se que a gleba a ser amostrada seja em torno de 10 hectares, desde que atendam a identificação de homogeneidade. No entanto, o bom senso e os estudos caso a caso não devem ser deixados de lado”, aconselha Alexandre Araújo.

Na realização da amostragem, o responsável pelo procedimento representará toda a área fazendo várias amostras simples, entre 20 e 30, para tirar uma composta. “Vale lembrar que a amostra composta, que pesará em torno de 500 gramas, representa uma área de 20 a 30 hectares”, reforça. O pesquisador enfatiza ainda que formigueiros, cupinzeiros, locais de descanso de gado, depósitos de adubos e calcários, regiões próximas a terraços, estradas e trilhas são pontos a desconsiderar em uma coleta.

Equipamentos como trado holandês, de caneco, sondas e até mesmo uma pá de corte ou um enxadão são opções à disposição, desde que estejam limpos, secos e sem resíduos. O técnico retira as amostras, evitando ao máximo a contaminação, em diferentes profundidades, por caminhamento aleatório em ziguezague, ressaltando que quanto maior a gleba, maior o número de pontos amostrais, os quais precisam estar livres de resíduos culturais não decompostos e outros materiais, e as deposita em um balde de plástico, também higienizado. “Há no mercado amostradores hidráulicos e automatizados que podem ser acoplados em triciclos e veículos automotores utilizados na agricultura de precisão. Quando a área e o volume de amostras forem grandes a utilização desses equipamentos talvez seja viável, porém a grande maioria é realizada com trado”, observa.

Para a implantação de um pasto, as profundidades recomendadas para amostragem, segundo Alexandre Araújo, são de 0 - 20 cm e 20 - 40 cm. No entanto, para uma melhor avaliação da fertilidade, amostras adicionais de 40 a 60 e 0 a 10 cm são indicadas em algumas ocasiões. O especialista explica que “especificamente para área de pecuária, depois de implantada a forrageira, com um bom manejo de pastagens, muito dificilmente o pecuarista terá oportunidade de revolver o solo novamente e a aplicação dos corretivos e fertilizantes será realizada em superfície. Nesses casos, a amostragem de 0 - 10 cm pode contribuir para a avaliação da qualidade química do solo, isso por que alguns nutrientes de plantas são pouco móveis no solo e tendem a se concentrar na superfície quando a aplicação de fertilizantes é realizada a lanço”.

As amostras são identificadas com dados referentes à profundidade, época da coleta, nome da gleba, histórico da área, uso atual e últimas aplicações de insumos e encaminhadas em embalagem, na maioria das vezes fornecida pelo laboratório, para uma instituição credenciada para análise, frisando que “toda informação adicional é importante na avaliação da fertilidade e colabora para uma correta interpretação dos resultados”.

Grandes detalhes - Uma época exata para se realizar a amostragem de solo não existe, entretanto, para áreas de pastagens, a partir do final de março ou início de abril tem-se uma situação em que a terra ainda está com certo teor de umidade, o que facilita a retirada e homogeneização. Em lavoura ou sistemas integrados de produção, aconselha-se a operação após a colheita da segunda safra.

“Apesar de mais tardia, a amostragem após a safrinha indicará a condição química do solo antes do plantio da próxima safra de verão. Realizando as amostragens nessas épocas, o produtor terá os resultados de laboratório em mãos em julho/início de agosto, além de tempo hábil para a aquisição de corretivos e fertilizantes, baseados em análises laboratoriais”, esclarece o pesquisador da Embrapa. Em relação à frequência, conforme Araújo, assim como a época, não há uma programação específica e dependerá do manejo da propriedade e da intensidade em que são feitas as adubações. Vale a lógica: sistemas de produção mais intensivos, frequência maior; menos intensivos, frequência menor.

Todavia, nem sempre o problema da qualidade do solo é a fertilidade, lembra Alexandre Araújo. Deficiências relacionadas às propriedades físicas, como aumentos excessivos na densidade do solo, selamento superficial, maiores valores de resistência à penetração e dificuldades de infiltração de água, podem ocorrer. Nesse cenário, a aplicação de corretivos e fertilizantes talvez não cause o impacto almejado, sendo necessária a utilização de práticas de manejo para minimizar os efeitos negativos da degradação física. Desta forma, a adoção de rotação de culturas e o uso de implementos, como subsoladores e escarificadores, são alternativas a considerar. Esses equipamentos elevam a rugosidade da terra, diminuindo a compactação por meio do rompimento de camadas encrostadas em superfície e subsuperfície, aumentando a porosidade, sobretudo a macroporosidade, facilitando a infiltração de água.

“As análises físicas são complementares, porém não menos importantes. Dependendo do pasto e de sua degradação somente ajustar a adubação não seja o suficiente para conseguir ganhos de produtividade consideráveis. A lotação animal excessiva sobre uma determinada área, ao longo dos anos, causa degradação física e problemas de conversação do solo. O mau manejo não resulta só em degradação do pasto, mas também do solo”, adverte Araújo.

Pesquisas – Desde 2012, o pesquisador da Empresa coordena o projeto “Práticas de cultivo e rotação de culturas para avaliar a qualidade do solo em diferentes sistemas de manejo no Sudoeste dos Cerrados”, financiado pela Embrapa e Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), com experimentos na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande-MS, em três sistemas de cultivo, lavoura contínua, cultivo conservacionista e plantio direto.

Alexandre Araújo e equipe avaliam as diferentes práticas de preparo da terra, associadas à rotação de culturas, em diversos sistemas, levantando informações relativas às características químicas e físicas, indicadores de qualidade, medidas de resistência à penetração, do conteúdo de água no solo, dentre outras.

Até o próximo ano, o grupo de solos da Embrapa Gado de Corte, espera compreender melhor essas diferentes práticas de preparo, bem como, a utilização de índices que possibilitem deduções sobre a qualidade e sustentabilidade do solo.


Redação: Dalízia Aguiar (DRT 28/03/14/MS)
Jornalista Embrapa
Foto (arquivo): amostragem de solo feita com trado em experimento da Embrapa 

Núcleo de Comunicação Organizacional - NCO
Embrapa Gado de Corte
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Campo Grande/MS

Telefone: +55 67 3368-2000 + 55 67 3368-2150

RODRIGO CONSTANTINO: O PT, adotando a estratégia marxista, segregou o país em duas classes. Ou você endossa seu modelo, ou você é um “inimigo da nação”.



Mais um brilhante artigo do Rodrigo Constantino publicado no O Globo em 13/05/2014


O linchamento institucional
Nunca antes na história deste país se viu um partido no poder que cuspiu tanto, e de forma tão escancarada, nas regras do jogo

O Brasil ficou horrorizado com as cenas de barbárie ocorridas em Guarujá semana passada, quando uma dona de casa foi linchada até a morte após boatos disseminados pelas redes sociais. Mas há outro linchamento que vem ocorrendo há anos e também merece nossa atenção, pois tem profundo impacto em nossas vidas: o das nossas instituições.

É claro que não há causalidade direta entre um e o outro, mas é inegável que a completa perda de credibilidade do povo em nossas instituições tem produzido um clima de anomia propício aos “justiceiros” que se julgam acima das leis. Como a Justiça não só tarda como falha muito, a impunidade gera a desculpa perfeita àqueles que desejam “fazer justiça com as próprias mãos”.

O agravante é justamente que o mau exemplo vem de cima. Espera-se que as autoridades sejam os maiores ícones do respeito às leis. Mas e quando o próprio governo é o primeiro a ignorar a Constituição, o império das leis? Que tipo de mensagem chega ao povo?

Não vou dizer que o PT inventou tudo isso, claro; mas nunca antes na história deste país se viu um partido no poder que cuspiu tanto, e de forma tão escancarada, nas regras do jogo. Que outro partido abusa tanto da confusão entre governo e estado? Que outro partido encara cada instrumento estatal como um braço partidário?

Exemplos não faltam. O recente discurso da presidente Dilma na véspera do Dia do Trabalho vem à mente. Diante de uma prerrogativa de Estado para um comunicado oficial, a presidente usou as redes de televisão e rádio para fazer uma absurda campanha eleitoral, ainda por cima enganosa. É ridicularizar demais nossas instituições.

O PT aparelhou toda a máquina pública, infiltrou seus militantes em estatais, agências reguladoras, chegando até ao STF, corroendo feito cupins os pilares de nossa frágil democracia. Como cobrar obediência às leis depois? Como exigir que cada cidadão se coloque sob as mesmas regras se o próprio governo se julga acima delas?

Mas não é “só” isso. Toda a retórica revolucionária dos petistas sempre enalteceu criminosos sob o manto da ideologia. Ou, por acaso, os invasores de terra do MST não praticam crimes em nome da “justiça social”? E o que acontece em seguida? São recebidos com honra no Palácio do Planalto pela própria presidente e ganham verbas do BNDES!

Boa parte da esquerda trata bandidos como “vítimas da sociedade”, como se não houvesse volição, responsabilidade em seus atos, como se uma condição financeira menos favorável fosse justificativa para roubar e matar inocentes (visão ofensiva à maioria dos pobres brasileiros, gente trabalhadora e honesta). Como exigir respeito ao Estado de direito com esse discurso sensacionalista?

O Brasil sob o PT perdeu suas esperanças num futuro melhor, eis a triste verdade. Foram anos de muito cinismo, de imoralidade à luz do dia, de bolivarianismo explícito, de canalhice recompensada. Quando o ex-presidente Lula beija a mão de “coronel” nordestino dizendo que é uma aula de política, abraça o Maluf ou afirma que Sarney não pode ser julgado como um homem comum, qual mensagem transmite ao povo?

Quando petistas do mais alto escalão são julgados e condenados pelo STF, cuja maioria dos ministros foi escolhida pelo próprio PT, e o partido sai em defesa dos criminosos presos e ataca o Supremo, qual o recado que passa para o cidadão? Como demandar aderência às leis em seguida?

O PT, adotando a estratégia marxista, segregou o país em duas classes. Ou você endossa seu modelo, ou você é um “inimigo da nação”. Divergências e críticas construtivas? Nem pensar! Imprensa livre apurando e divulgando escândalos infindáveis? Mídia golpista, tratada como “partido de oposição”. Que país resiste a esse tipo de divisão, quando o que mais se precisa é justamente um sentido de união em prol de avanços comuns?

Poucas vezes se viu uma sensação tão derrotista como a atual, com várias pessoas falando em ir embora do país. Em plena época de Copa, e no Brasil, nunca se viu tanta indiferença. Há muita revolta, isso sim. Protestos, greves, centenas de ônibus depredados ou incendiados por vândalos, uma população cansada da tática do “pão & circo”. Um ambiente fértil para oportunistas de plantão, baderneiros, agitadores e “salvadores da pátria”.

Nada disso precisa ser assim. Não podemos nos entregar ao fatalismo. Escrevo essas linhas de Miami, a “América Latina que deu certo”. Aqui, os mesmos latino-americanos obedecem as leis, respeitam as regras. Por que vamos mirar no péssimo exemplo venezuelano? Por que não podemos ter algo muito melhor? O que nos impede?

Rodrigo Constantino é economista e presidente do Instituto Liberal


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