Paulo Roberto Costa tem influência em diversos partidos, especialmente PP, PMDB e o PT, para o qual doou 10.000 reais nas eleições de 2010
Preso na manhã desta quinta-feira pela Polícia Federal, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa
é considerado uma espécie de “caixa-preta” da estatal. Detido no Rio de
Janeiro quando tentava destruir provas da chamada Operação Lava Jato,
Costa construiu a carreira na Petrobras desde os anos 1970. Chegou à
diretoria de Abastecimento da companhia em maio de 2004 pelas mãos do
ex-presidente Lula. Na época, foi indicado pelo PP ao posto, ampliando
sua influência política – já tinha respaldo de setores do PMDB e do
grupo ligado ao deputado petista Cândido Vaccarezza (SP). “Ele era
indicado do PP, mas depois virou [apadrinhado de] uma constelação de
partidos”, diz um político ligado à estatal. Na campanha de 2010, doou
10.000 reais para o PT do Rio de Janeiro.
Costa tem informações sigilosas, por exemplo, sobre a operação que levou a empresa brasileira de petróleo a comprar 50% da refinaria de Pasadena,
no Texas, e depois, por meio de uma cláusula contratual denominada Put
Option, pagar pelas ações da belga Astra Oil. O negócio, consolidado sob
a gestão do petista José Sergio Gabrielli à frente da estatal, custou
mais de 1 bilhão de reais aos cofres da empresa.
Após anos ocupando cargos na estatal – superintendência de produção
da Bacia de Campos, a gerência de exploração da Bacia de Santos e a
gerência-geral da logística da Unidade de Negócios Gás Natural da
Petrobras –, Costa decidiu montar há dois anos uma consultoria para as
áreas de combustível, engenharia e infraestrutura e se tornou uma
espécie de lobista do setor. A Costa Global Consultoria e Participações,
com sede no Rio, aliou-se a outra empresa do ex-diretor da Petrobras, a
REF Brasil, para atuar em um dos mais recentes projetos da companhia: a
instalação de uma refinaria em Carmópolis, principal bacia petrolífera
de Sergipe. O investimento previsto é de 120 milhões de reais, com
receita operacional de 480 milhões de reais.
Nesta quinta-feira, foi preso na
Operação Lava Jato da PF. Os policiais cumpriram seis mandados de busca
e apreensão em casas e endereços de Costa no Rio de Janeiro. Segundo as
investigações, ele ganhou um carro de presente do doleiro Alberto Youssef,
pivô do esquema de lavagem de dinheiro que movimentou cerca de 10
bilhões de reais. Na casa do ex-diretor da Petrobras foram apreendidos
700.000 reais e 200.000 dólares em espécie.
Fonte: Veja.com