O novo Ministro da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa), Neri Geller, assumiu a Secretária de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), em 3
de janeiro 2013.
Agricultor e empresário, o gaúcho de Selbach Neri
Geller está na região de Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, desde 1984.
Conhecedor do mercado agrícola, desenvolve atividade de plantio e
comercialização de grãos, como soja e milho, em sua propriedade. Geller
também tem empresa no setor de combustíveis e foi deputado federal em
2007 e 2011. Além disso, exerceu o mandato de vereador em Lucas do Rio
Verde (1996 e reeleito em 2000).
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja)
de Mato Grosso, Carlos Fávaro, aprovou o convite ao secretário de
Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller para que
assuma o comando da pasta. 'Sabemos que o compromisso só aumenta como
ministro da Agricultura, mas por Neri ser um agricultor nato e
competente não precisaremos convencê-lo dos problemas que o setor
enfrenta', disse Favaro em nota
Segundo ele, pesou no convite feito nesta quarta-feira, 12, pela
presidente Dilma Rousseff 'a união e o amadurecimento das forças
políticas do setor, o papel do senador Blairo Maggi e o próprio
desempenho de Geller como secretário de Política Agrícola'.
A principal missão de Geller é alavancar o acordo entre os governos brasileiro e cubano
para aprimorar a cooperação entre os dois países na área de pesquisa
agropecuária e capacitação, envolvendo o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Embrapa e a Embaixada de Cuba.
A cooperação governamental entre Brasil e Cuba foi iniciada em 1987, com
a assinatura do Acordo de Cooperação Científica, Técnica e Tecnológica.
O estreitamento dessa parceria para a área agrícola veio em 2000,
quando foi assinada uma carta de intenção com a Embrapa para pesquisas envolvendo gado de leite, pastagens e espécies forrageiras.
De
lá pra cá, a interação técnico-científica entre os dois países vem
crescendo significativamente em prol da agropecuária e hoje já envolve
pesquisas para o melhoramento de cana-de-açúcar, tabaco, citros, café,
arroz, batata, feijão e gado, que são os principais produtos da economia
cubana, além de tecnologias voltadas à sanidade animal e vegetal,
biotecnologia, biossegurança e propriedade intelectual.
Na Presidência, Lula assegurou a Cuba os financiamentos do BNDES que
bancaram a maior obra de infraestrutura da ilha comandada pelos irmãos
Raúl e Fidel Castro, o Porto de Mariel. Coisa de US$ 682 milhões em três
anos. No usufruto da condição de ex-presidente, ele deseja catapultar a
produtividade da agricultura cubana.
Em viagem encerrada nesta
quinta-feira (27), Lula fez uma visita sentimental às instalações de
Mariel, inauguradas pela pupila Dilma Rousseff há um mês. Depois,
acompanhado do senador Blairo Maggi (PR-MT), um dos maiores produtores
de soja do mundo, foi à cidade de Ciégo de Ávila. Ali, inspecionou a
fazenda da Cubasoy, uma estatal agrícola militar. Assumiu novos
“compromissos” com a ditadura companheira. “Começa agora um novo tipo de
cooperação”, disse. Envolve duas iniciativas. Numa, Lula comprometeu-se
em satisfazer o “desejo dos companheiros de Cuba de que a Embrapa mande
técnicos seus para ficar aqui mais tempo.” Não especificou os prazos, a
quantidade da mão de obra nem os custos. “Eu acho que o governo
brasileiro vai permitir”, limitou-se a dizer, como que se autoinvestindo
na condição de presidente paralelo do país.
Noutra iniciativa, Lula assumiu o papel de intermediário do acesso dos cubanos às modernas lavouras de Maggi no Mato Grosso.
“O nosso companheiro Blairo Maggi, já
avisou aos ministros da Agricultura e da Defesa que ele está disposto a
receber quantos companheiros cubanos quiserem ir ao Brasil para
acompanhar o ciclo —do plantio até a colheita— da soja, para ver o que
pode ser feito para aumentar a produtividade da soja e do milho”
plantados em Cuba.
Na avaliação de Lula, com mais Embrapa e com o auxílio do agronegócio do Brasil, a produção cubana dará um salto.
“O melhor jeito de ajudar é levar conhecimento, fazer com que as pessoas tenham acesso a tecnologias modernas.”
Maggi saberá o que fazer para ajustar a ajuda às conveniências da caixa registradora.
Resta informar que vantagens o contribuinte brasileiro leva com o envolvimento da Embrapa no negócio.
Embrapa: uma empresa de sucesso, mas ainda contaminada pela ideologia companheira
A Embrapa é uma realização brasileira que poderia ter emergido em quaisquer circunstâncias, pois corresponde ao que pode ser chamado de especializações ricardianas, ou seja, as vantagens comparativas relativas, inteiramente cobertas pela teoria do comércio internacional de David Ricardo (uma teoria rejeitada por companheiros mais obtusos, que a confundem com alguma fatalidade do essencialmente agrícola).
Quis o destino -- e nossa trajetória política e tecnológica -- que ela surgisse durante o governo militar, mais exatamente em 1971. Ela se fez, como ocorreu com a "substituição de importações" na pós-graduação de maneira geral, com base na formação de quadros, ou seja, de capital humano, no exterior e no desenvolvimento de tecnologia própria, adaptada ao Brasil.
Trata-se do maior sucesso técnico em matéria de agricultura tropical do mundo, e sua experiência pode ser estendida a todas as demais regiões com biótipos relativamente semelhantes aos do Brasil, e mesmo diferentes, pois o essencial está na P&D adaptada ao ambiente geográfico, ecológico.
Com os companheiros no poder, quiseram transformar a Embrapa em auxiliar da pequena agricultura camponesa, o que é uma estupidez monumental, pois agricultura responde a condições técnicas e a dados de mercado, independente de quem está atrás da máquina ou da propriedade. Agricultura de sucesso é aquela que produz ao menor custo com o maior volume possível, ponto.
O mercado se encarrega do resto, e guia, justamente, os passos dos técnicos que precisam responder aos incentivos e estímulos de mercado para orientar a agricultura.
Tentar transformar a Embrapa em instrumento de justiça social, de redistribuição de renda é criminoso, pois ela foi feita para resolver problemas técnicos, não sociais, que devem ser resolvidos na esfera das políticas públicos, ao maior nível de eficiência possível.
Essa coisa da "diplomacia Sul-Sul" é uma estupidez em si, para si, e para o Brasil, pois é ideologia misturada ao interesse nacional.
A Embrapa deve colaborar com outros países da mesma faixa de latitude pois é nisso que residem suas vantagens comparativas, não porque se pretenda fazer política da agricultura, ou de uma instituição como ela. Ela deve disseminar sua tecnologia pois é do interesse da humanidade, não do governo companheiro.
Ela deve ajudar na produtividade agrícola de outros povos pois é nisso que reside sua vocação, sem qualquer exploração política ou ideológica, ou restrição de natureza partidária.
Enfim, uma Embrapa liberta das loucuras companheiras seria uma Embrapa melhor, e mais eficiente.
Paulo Roberto de Almeida no
Blog Diplomatizzando
SINPAF estreita relações com causa trabalhista em Cuba
O SINPAF foi fundado em 1989, com o Brasil recém-saído do Regime
Militar. A inflação medida pela Fundação Getúlio Vargas atingiu o índice
de 1.700% e a moeda em vigor era o Cruzado Novo. O Brasil se acostumava
à Constituição Cidadã e se preparava para eleger seu primeiro
presidente por voto direto desde o golpe militar de 1964.
O sindicato foi fundado por um grupo de trabalhadores da Embrapa, com
o nome de Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Instituições de
Pesquisa Agropecuária e Florestal. O objetivo de seus fundadores era
criar uma entidade que representasse os trabalhadores das instituições
brasileiras de pesquisa e desenvolvimento agropecuário, que somente com a
Constituição de 1988 tiveram direito à organização sindical.
Nos seis primeiros meses de fundação, o SINPAF organizou a primeira
grande greve dos trabalhadores da Embrapa por melhoria salarial. Por
seus resultados positivos, o sindicato chamou a atenção de outras
categorias, como as da área de desenvolvimento agropecuário, fomento e
abastecimento. Logo, tornou-se também sindicato dos trabalhadores da
Codevasf, distritos de irrigação, Pesagro e Emepa.
Em 2000, o SINPAF lutou para manter a existência da Embrapa e da
Codevasf, ameaçadas pela PEC nº 20, do governo FHC, que previa a
extinção de empresas públicas dependentes do Tesouro Nacional. Oito anos
depois a entidade enfrentava nova ameaça: o projeto de lei complementar
222/08, que autoriza a abertura de capital da Embrapa. Mais uma vez, a
atuação do sindicato foi fundamental para a manutenção da Embrapa como
empresa pública. A matéria é de autoria do senador Delcídio Amaral e
ainda tramita na Câmara, embora contenha vício de origem.
Em 2010, a eleição de uma nova Diretoria Nacional garantiu a
continuidade do espírito combativo e formulador que caracterizou o
sindicato em seus primeiros anos de existência. “Novas lutas e desafios
certamente demandarão outras mobilizações e novas bases tendem a
somar-se ao SINPAF. Nesse contexto, novas vitórias serão contabilizadas.
Que venham outros 22 anos!”, disse Vicente Almeida, em sua posse como
presidente do sindicato.
O SINPAF foi convidado para participar de uma missão em Cuba,
durante as comemorações do 1º de maio de 2013. O convite partiu da
Central dos Trabalhadores de Cuba (CTC) e do Sindicato dos Trabalhadores
Científicos, organização que engloba trabalhadores do setor de pesquisa
agropecuária.
“O interesse é que nossas organizações aprofundem as relações, a
solidariedade e as experiências na área de formação sindical e que
nossos colegas do sindicato dos (trabalhadores) científicos possam
trocar delegações em vários eventos”, disse, via e-mail, Ernesto
Rodríguez, dirigente sindical do CTC.
Para o SINPAF, o intercâmbio é importante tendo em vista a presença
de estatais brasileiras, como a Embrapa, em dezenas de outros países.
“Queremos trocar experiências com outros trabalhadores em realidades
dieferentes. O SINPAF tem que iniciar suas relações com organizações de
trabalhadores dos outros países dada a internacionalização da Embrapa.
Por que não começar pelos países vizinhos da América Latina? Além de
Cuba, a Venezuela já manifestou interesse em receber uma delegação do
SINPAF por reconhecer sua atuação em defesa dos interesses dos
trabalhadores, mas também por suas bandeiras de luta pela reforma
agrária, Campanha Contra os Agrotóxicos e pela Vida, pela democratização
da gestão nas empresas públicas, pela liberdade de expressão
científica, saúde, entre outras que são defendidas pela classe
trabalhadora em qualquer parte do mundo”, avalia Mirane Cosa, diretora
de saúde do trabalhador e meio ambiente do SINPAF.
A aproximação também se relaciona com o Plano de Lutas do SINPAF,
estabelecido no 10º Congresso da categoria, no que tange à cooperação
internacional e à troca de experiências entre os sindicatos
latino-americanos. “Ainda não foi definido o perfil dessa missão, mas
ela pode se estender à área da pesquisa, da saúde do trabalhador e da
formação sindical”, adiantou Mirane.
Fonte: SINPAF