02/12/2014 - Por Ricardo Noblat
Quer saber o que é diálogo no entendimento da presidente Dilma Rousseff?
Em resumo, é o seguinte: eu mando e você obedece. Se obedecer será gratificado. Do contrário, prepare-se para sofrer represália.
Fui claro?
Ninguém foi mais claro do que a própria Dilma.
Na semana passada, os partidos aliados do governo fizeram corpo mole e faltou quórum para que o Congresso votasse o decreto assinado por Dilma que muda a meta fiscal de 2014.
Com esse objetivo, está marcada para esta noite uma nova sessão do Congresso.
O que fez Dilma para “convencer” senadores e deputados a aprovarem o decreto?
Editou outro decreto que condiciona uma nova liberação de R$ 444,7 milhões para pagamento das emendas individuas dos parlamentares ao Orçamento da União à aprovação do decreto que muda a meta fiscal deste ano.
É dando que se recebe, segundo São Francisco de Assis.
Os R$ 444,7 milhões garantem uma fatia de R$ 748 mil para cada um dos 513 deputados e 81 senadores – dinheiro a ser empregado em obras nos redutos eleitorais deles.
Se a meta fiscal não for mudada, adeus o dinheiro das emendas. É o que está dito no novo decreto assinado por Dilma.
Para que os parlamentares não sejam amanhã acusados de trocar o voto por dinheiro, Dilma se reuniu ontem à noite com 23 líderes de partidos (isso mesmo, 23 líderes de partidos) e pediu o empenho deles pela aprovação da nova meta fiscal.
Era a desculpa que queriam os líderes para justificar o voto dos seus liderados. Como recusar um pedido da presidente? E logo agora quando a caneta dela está cheia de tinta para assinar promoções e distribuir cargos?
Verdadeiramente espantosa a sem cerimônia com que Dilma 2, a pragmática, está se impondo à Dilma 1 - a ex-faxineira ética.
Sem cerimônia e sem vergonha.
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