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quarta-feira, dezembro 10, 2014

IMPEACHMENT DE DILMA: MILAGRES DO PETISMO – Fornecedor da campanha do PT muda de ideia e agora diz ser o verdadeiro dono de empresa com faturamento milionário e que tem um motorista como sócio…




Que pitoresco! Vocês se lembram daquela empresa, a Focal Comunicação, à qual o PT teria pagado R$ 24 milhões por serviços prestados na campanha presidencial de 2014? Pois é… Um dos sócios é um motorista — isso mesmo! — que tinha, até o ano passado, um salário de R$ 2 mil. Chama-se Elias Silva de Mattos. Carla Cortegoso seria sua sócia na empreitada. Localizado pela reportagem, Mattos afirmou não ter nada a ver com a empresa. E quem falou em nome da Focal? Carlos Cortegoso, pai de Carla…

Pois é… Nesta terça, Carlos mudou a versão apresentada no dia anterior e disse à reportagem da Folha que é ele o verdadeiro dono da empresa, aberta em 2003 — primeiro ano da gestão petista, diga-se. Segundo afirmou, como estava inadimplente, resolveu abrir a empresa em nome da filha. Com a saída de um sócio, homem generoso que é, pôs o motorista no negócio.

Cortegoso, cuja empresa apareceu como destinatária de dinheiro distribuído por Marcos Valério, o operador do mensalão, explica a “chance” dada a Mattos: “As pessoas brincam que eu tenho uma queda por motoristas. Eu digo que tenho mais queda por garçom porque eu fui garçom. Eu pretendo deixar minha empresa para todos os funcionários”. Ele disse ainda ser de sua natureza dar chance para a ascensão de seus empregados. Que alma boa!

Então ficamos assim: a segunda empresa que mais recebeu do comitê eleitoral petista — só perdeu para a de João Santana (R$ 70 milhões) — pertence a um destinatário de dinheiro do mensalão, que foi, segundo disse, multado em R$ 1,5 milhão naquele processo. Como o seu dono tem uma natureza peculiar, dá uma chance a um motorista esforçado e o faz sócio da empresa — que, atenção!, estava em nome da filha.

A Focal tem site na internet e tudo! Há, ali, alguns clientes privados, como vocês podem ver em clientes. Mas, entre todos os logos, dois se destacam: o dos Correios e a da Petrobras. Bacana!

A CPI do mensalão, não custa lembrar, chamava-se, na verdade, CPI dos… Correios — já que foi nessa estatal que apareceu a primeira ponta daquele esquema de roubalheira. A empresa certamente não vê uma concorrente mais imaculada para lhe prestar serviços — sei lá quais. Quanto à Petrobras, dizer o quê?

Encerro lembrando que Cortegoso poderia ter dado essa resposta à reportagem da Folha anteontem, quando foi procurado a primeira vez. Preferiu vir com a conversa mole de que os pobres têm direito à ascensão social. Ocorre que as notas fiscais fornecidas pela Focal estão entre aquelas que os técnicos do Tribunal Superior Eleitoral consideram irregulares na prestação de contas da campanha de Dilma.

O relator das contas no TSE, Gilmar Mendes, pode apresentar nesta quarta a sua decisão: ou acata o parecer dois técnicos, que recomendaram a rejeição, ou as aprova. Vamos ver. Se a empresa que responde pelo segundo maior gasto é assim, como serão aquelas que respondem pelos demais?






Fornecedor de campanha diz agora que é dono de empresa


Comitê do PT pagou R$ 24 milhões a firma registrada em nome de ex-motorista

Carlos Cortegoso nega que o ex-motorista seja um laranja: 'Vou colocar um laranja junto com minha filha?'

ANDRÉIA SADI NA FOLHA


O empresário Carlos Cortegoso admitiu nesta terça (9) que a segunda maior fornecedora da campanha de Dilma Rousseff é dele, mas está em nome de outras pessoas, uma filha e um ex-motorista.

"Eu que toco a empresa e sou o responsável. Eu precisava e ele [o ex-motorista] merecia. Ele era quem mais reunia méritos para ser recompensado'', disse.

Como a Folha revelou, a Focal Confecção e Comunicação Visual recebeu R$ 24 milhões da campanha, só ficando atrás da empresa do marqueteiro João Santana, destinatária de R$ 70 milhões.

A firma, que declarou serviços na área de montagem de eventos, teve notas fiscais apontadas como irregulares por técnicos do Tribunal Superior Eleitoral que analisam as contas da petista. O julgamento da prestação de contas ocorrerá nesta quarta (10).

Cortegoso nega que o ex-motorista Elias Silva de Mattos seja um laranja: "Quem me dera o menino ser um laranja. Só se for um Citrosuco, só se for esmagado. Vou colocar um laranja junto com a minha filha?", questionou.

Segundo o empresário, ele estava inadimplente em 2003 quando a empresa foi montada e pediu à sua filha, Carla Cortegoso, que fosse a titular do negócio. Juntou-se a ela José Marcos Bortalaia, funcionário de confiança dele. Com a saída de Bortolaia, em 2013, Cortegoso foi pressionado por seu contador a manter um segundo sócio. Cortegoso diz que não quis misturar a Focal com outra empresa.

"A Focal, muito voltada para campanha política, ficou muito marcada em função do mensalão e ia me restringir no mercado privado." Cortegoso e a Focal aparecem como destinatários de dinheiro do esquema do mensalão, segundo a lista entregue pelo empresário Marcos Valério à CPI dos Correios, ao Ministério Público e à Polícia Federal.

Cortegoso diz que foi autuado no período e pagou uma multa de R$ 1,5 milhão. A saída para a Focal, segundo ele, foi convidar Mattos para assumir a sociedade.

Ele disse que não tinha outra pessoa de confiança, como alguém de sua família, para assumir a empresa.

Cortegoso disse que é da sua natureza'' dar chances para funcionários seus ascenderem e que não é estranho'' o motorista ser o dono da empresa."As pessoas brincam que eu tenho uma queda por motoristas. Eu digo que tenho mais queda por garçom porque eu fui garçom. Eu pretendo deixar minha empresa para todos os funcionários".

RELAÇÃO COM PT

Sobre o valor de R$ 24 milhões que recebeu da campanha de Dilma para montar eventos pelo país, mais de 50, ele afirma que merecia o dobro''. "O João Santana é o mago e a gente que tem que carregar os ferros para colocar tudo aquilo em pé", disse.

Cortegoso disse ter parceria muito boa" com o marqueteiro. Seu primeiro contato no PT foi em 2002 com Paulo Okamotto, assessor de Lula. Depois com os tesoureiros do PT Delúbio Soares, Paulo Ferreira e João Vaccari Neto.

Cortegoso diz que é líder no mercado e que faz comícios do PT desde 2006: "É muito difícil atender o PT. Ninguém aguenta. É muito dinâmico, tem cinco a seis eventos por dia em sete Estados".

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