Conforme este blog previu, a balança de conta corrente do país deve fechar com déficit de R$ 85 bilhões, no ano de 2014. O déficit da balança comercial de outubro ficou em US$ 8,1 bilhões, o pior resultado para o mês de outubro desde que começou a série histórica em 1947.
Por outro lado, a entrada de investimento estrangeiro direto (IED) nos últimos 12 meses, terminado em outubro, registrou US$ 66 bilhões. O investimento estrangeiro direto no final do ano deve terminar com a entrada líquida menor que US$ 60 bilhões.
A reserva cambial nos últimos meses tem permanecido inalterado nos níveis de US$ 375 bilhões. Isto significa que no final do ano, o investimento estrangeiro especulativo, o dinheiro dos agiotas internacionais, estará cobrindo o déficit da balança de pagamentos para terminar o ano em nível estável.
Vou tentar explicar para os leigos o que significa o déficit da balança de conta corrente. Considerando que final do ano o déficit da balança de conta corrente termine em US$ 85 bilhões, será necessário que os investimentos estrangeiros diretos (IED) em US$ 60 bilhões e investimentos estrangeiros em títulos do Tesouro em US$ 25 bilhões cubram o furo. Percebe-se, claramente, que a situação do país não é nada boa.
Os números mostram que tudo que o Brasil exporta em produtos e serviços não cobrem o que o Brasil gasta em produtos e serviços, juros, fretes, royalties. O Brasil não consegue cobrir o que se gasta no exterior. O Brasil ficaria devendo no final do ano US$ 85 bilhões, se não houvesse ingressos de moedas estrangeiros na mesma proporção.
Do total de US$ 85 bilhões, para manter o equilíbrio na balança de pagamentos, o Brasil precisará de ingresso de moeda estrangeiro em forma de investimentos diretos US$ 60 bilhões e em forma de capitação de empréstimos junto aos agiotas internacionais em US$ 25 bilhões, para não queimar a reserva cambial brasileira.
É como aquele comerciante que no final do ano, fica devendo R$ 85 mil, após venda de tudo que foi possível. Para o comerciante poder se manter, busca dinheiro de um novo sócio ou dos sócios antigos para investimentos no seu negócio em R$ 60 mil e ainda faz novo empréstimo com o agiota de R$ 25 mil para poder fechar a conta do ano.
O Brasil está como o comerciante citado. O Brasil precisa de capital estrangeiro de investidores e de agiotas, como um sertanejo precisa de água para poder continuar sobrevivendo no semi-árido nordestino. Brasil tornou-se dependente do capital estrangeiro, ao contrário do que Lula e PT afirmam a quatro cantos.
Acontece que o Brasil, para piorar, não consegue equilibrar entre receitas e gastos internos. Resumindo, o Brasil, além de não conseguir pagar as contas externas nem tão pouco consegue fechar a conta das contas internas. Brasil, toma dinheiro do mercado pagando juros Selic a mais alta do mundo para financiar os gastos do governo.
Não adianta nomear novo ministro da Fazenda. Qualquer um que entre, terá que enfrentar a situação caótica que encontra a economia do país. Pior de tudo, o fundo do poço da crise econômica está longe de alcançar. Quanto mais tarde tomar medidas corretivas o buraco o fundo do poço fica cada vez mais fundo. Tomara que não precise de "socorro" e imposições de política econômica dos organismos internacionais como o FMI.
O desequilíbrio da balança de conta corrente é decorrente do "real valorizado" ou "dólar desvalizado". A eventual "desvalorização do real" provocaria a perda de "sensação de poder de compra" ou a "sensação do bem estar". Isto parece ser assunto inquestionável pela Dilma. Dilma não vai deixar o novo ministro da Fazenda fazer ajustes que quebrem o paradigma.
Brasil, por opção, continuará no fundo do poço!
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