O dia 28 de outubro foi um dia de alívio para os republicanos. Dois dias após o término das eleições, a Câmara havia derrubado o Decreto 8243, que estabelecia os sovietes de Dilma.
As perspectivas eram animadoras. O Decreto 8243 também seria derrubado no Senado e o PMDB estava se preparando para engavetar as propostas de censura de mídia.
Passadas quatro semanas, o governo obteve vitórias simbólicas devastadoras ao censurar Rachel Sheherazade no SBT e conseguir cortar as verbas de publicidade da Veja. Com isso, já fez com que todo o resto da mídia começasse a dar uma “forcinha” maior ao governo, muito mais do que fariam antes dessas medidas.
O governo também caminha a passos largos para modificar a lei que exigia superávit fiscal. Ao mesmo tempo, está bem próximo de engavetar a votação do Decreto 8243 no Senado.
É de se perguntar: “o que deu errado?”
O fato é que a direita, como parte da oposição ao governo, resolveu se organizar, mas ignorou as questões vistas acima. Sem foco, algumas das manifestações começaram a pedir impeachment e anulação das eleições. Não avançaram um milímetro em nenhuma das duas demandas. Ocupados, deixaram as outras posições desguarnecidas. (Justiça seja feita, este blog reconhece que divisões já organizam manifestações mais pragmáticas, como exemplo o Movimento Brasil Livre)
O Congresso atual só funciona quando devidamente vigiado. Mas todos se esqueceram de vigiar o Congresso. Como resultado, o governo do PT encontrou terreno fértil para obter seus resultados naquilo que é mais importante para ele.
A continuar por esse ritmo, não serão necessários nem seis meses para eles aprovarem a censura de mídia. Basta para eles que essa direita continue pedindo demandas irrealizáveis (que só servirão para que sejam rotulados, facilitando a vida do PT), enquanto eles tenham terreno livre para continuar seus projetos golpistas.
Mas eis que ontem, 26/11, a votação da Lei do Calote (que alteraria as metas de superávit primário) foi adiada por falta de quórum. Seria a famosa “mão de Deus”.
Enquanto a direita dormia no ponto, a insatisfação da base aliada, além de uma pressão brutal por parte dos oposicionistas do PSDB e do DEM (incluindo a guerra regimental, que, como lembrou a petista Tereza Cruvinel, foi tão bem praticada pelo PT no passado), cuidou para que não existisse quórum. A votação ficou para a próxima terça-feira.
O que cabe à direita manifestante agora? Usar os próximos dias antes da votação para pressionar o Congresso nos termos mais fortes possíveis.
E, de novo, que se deixe a bandeira de impeachment abaixada por uns dias, pelo menos. Pois, do jeito que as manifestações tem sido planejadas (não as do dia 6/12, mas as do dia 29/11), o discurso é manjado: “quero impeachment, e motivos nós arrumamos”.
Melhor seria pedir exigência do cumprimento da lei, por parte da presidente (ela que se vire para cortar despesas, incluindo Lei Rouanet, verbas de anúncios, etc.). Esse é o momento ideal para exigir que as verbas para a companheirada sejam cortadas. Existe um melhor momento político para questionar o uso de verbas estatais para dar vida boa para a companheirada do que esse? Difícil.
É o momento de deixar de lado um pouco as demandas irrealizáveis e politicamente frágeis e focar em uma das melhores estratégias da guerra política: bater aonde dói.
Aos que erraram em suas demandas, no curso das últimas semanas, apresenta-se uma oportunidade rara de redenção e mudança de rota, para, enfim, conseguirem fazer algo pelo povo brasileiro, atingindo o governo naquilo que lhe é mais caro: o uso da verba estatal para manutenção no poder.
Em tempo: se faltava um líder político, agora já existe um, falando as coisas adequadas no tom necessário. Seu nome é Ronaldo Caiado. Demonstrem apoio a ele, além de acompanhar seus discursos na página de Facebook.
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