Por Claudio Tognolli
Elías Jaua em foto de arquivo da Reuters
Este blog há uma semana noticiou com exclusividade que Elías Jaua, vice-presidente setorial do Desenvolvimento do Socialismo Territorial da Venezuela e titular do Ministério das Comunas, esteve aqui para treinar os militantes do MST.
Trouxemos também a carta que ele foi obrigado a escrever, pedindo desculpas por ter plantado seu revólver em sua babá, para poder invadir o Brasil armado, e assim, quem sabe, dar aulas de tiro ao alvo para o MST:
A mídia reverbera nosso furo uma semana depois informando hoje que o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, chamou na quarta-feira o encarregado de negócios da Venezuela, Reinaldo Segóvia, para manifestar a insatisfação do governo brasileiro com as atividades do vice-presidente e ministro para o Poder Popular das Comunas e Desenvolvimento Social, Elías Jaua, no Brasil.
Figueiredo afirmou a Segóvia que o governo brasileiro viu com “estranheza” o fato de Jaua ter vindo ao país sem informar e ter tido uma agenda de trabalho, inclusive com assinatura de acordos, e que isso poderia significar uma “interferência nos assuntos internos do país”. Figueiredo cobrou explicações do governo venezuelano.
De acordo com o ministro, o diplomata foi informado de que o Brasil considera que “o fato não se coaduna com o excelente nível das relações entre os dois países”. A decisão de chamar o representante diplomático da Venezuela - o embaixador está viajando - foi conversada com a presidente Dilma Rousseff depois de ter virado notícia o fato de Jaua ter usado seu tempo no Brasil, em que teoricamente estaria acompanhando a mulher em um tratamento médico, para assinar um convênio com o Movimento Sem Terra (MST), além de outras ações relativas a seu cargo de ministro.
Na Venezuela, a ação do ministro não se atém somente a um discurso 'bolivarianista'. Uma comunidade sugestivamente chamada "Brasil", no estado de Sucre, a ação doutrinária é mais formal. É possível notar o discurso anti-imperialismo farsesco do ministro até nos textos do site do ministério.
“As Brigadas Populares de Comunicação são grupos de crianças e adolescentes que estão aqui com o objetivo de transmitir, através de vários meios, as conquistas de progresso na criança e adolescente revolucionários, bem treinados como futuros jornalistas para servir o país…Com a participação de 26 crianças e adolescentes da comunidade do Brasil, no estado de Sucre, e durante uma semana, as Brigadas Populares de Comunicação, que terão entre suas funções a transmitir todos os avanços relacionados a instalar a ideia da revolução bolivariana”.
A retórica de formatação da verdade do governo "bolivarianista" não se limita à ação estatal sobre as comunidades venezuelanas. Estudantes brasileiros também fazem parte do escopo "bolivarianista" sendo levados às comunidades, para aprender sobre "o ocultamento que os meios de comunicação fazem" e "valores bolivarianos". Quanto essas integrações "educacionais" chavistas trazem de benefícios aos estudantes brasileiros ou aos contribuintes que bancam essas viagens resta sendo uma incógnita.
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