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terça-feira, outubro 28, 2014

Christina Lemos: Derrota com sabor de vitória turbina Aécio




Na gangorra eleitoral da campanha de 2014, o candidato do PSDB, Aécio Neves, esteve em todas as possíveis posições, do fundo do poço ao topo das intenções de voto, e encerra a disputa com um derrota para lá de honrosa, que recoloca o partido como segunda força política nacional e o projeta como líder natural da oposição.

Aécio só teve a lucrar, nos últimos setenta dias de campanha. Como homem público, sai, sem dúvida maior, ao resistir à mais dura das provas: amargar o terceiro lugar, com desempenho pífio, por longas semanas do primeiro turno - período em que quase "virou suco", como registrou esse blog -, sem esmorecer ou dar sinais de fraqueza.

Acabou favorecido, na ocasião, pela eficiente operação petista de desmonte a Marina Silva. A campanha de Dilma Rousseff errou a mão. Focou na ameaça maior daqueles dias, mas a dose foi exagerada e o veneno acabou virando vitamina para outro adversário mais perigoso. O tucano passou ao segundo turno, levado em grande medida pelos eleitores convencidos pelo próprio PT de que Marina não era boa opção de voto.

O tucano foi favorecido pelo erro de cálculo petista, mas também fez a lição de casa. Aécio trabalhou como nunca na articulação de apoios de segundo turno, equilibrou-se entre promessas e meias palavras, desenhou alianças improváveis - para isso, Minas lhe deu régua e compasso. Mas lhe tirou a vitória em seu próprio berço político.

O candidato também mostrou lealdade a líderes partidários, como Fernando Henrique Cardoso, de uma forma que nenhum outro candidato tucano havia logrado fazer, até então. Explorou os pontos frágeis do governo Dilma com eficiência, forçando a oponente a malabarismo indisfarçáveis. Mas ainda não convence a numerosa e majoritária parcela mais pobre da população.

Assim como Lula teve de se reinventar em 2002, para convencer os mais ricos, que temiam o raivoso "sapo barbudo", o tucano aparentemente terá de passar pela transformação que as urnas parecem exigir dele e fazer justamente o caminho contrário, se quiser chegar ao Planalto.

Nos próximos quatro anos, no entanto, Aécio terá a confortável tarefa de oposição a um governo fadado a sérias dificuldades, seja na política, seja na economia. Se não se desconcentrar da tarefa e se mantiver no centro da arena política, o tucano tem meio caminho andado para a disputa de 2018.

Será um candidato conhecido, diante de um sucessor de Dilma que ainda está por ser construído. Aloysio Mercadante foi colocado na Casa Civil - a escola petista de presidentes, mas, nos dias de hoje, parece não ser páreo à altura.

Um embate improvável, mas não impossível, poderia ser com o ex-presidente Lula. Mas esta é uma história que ainda precisa passar pelos próximos quatro anos de governo Dilma - desafio que as urnas acabam de recolocar no colo do PT.

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