POR LUCIANO AYAN
Hoje fui questionado a respeito da minha afirmação a respeito da sobrevivência de Aécio nesta eleição. Minha resposta novamente foi afirmativa: “Sim, ele está vivo”. Como tenho dito, isso é ainda mais verdadeiro após a divulgação do escândalo do Petrolão e a recente desconstrução de Marina feita pelo PT.
Em relação a esta última, parece que o PT realmente lançou um “overkill” contra ela e as diversas contradições da candidata começaram a aparecer: a relação com o Itaú, os programas copiados, as mudanças de posição, os problemas com o jatinho, e, agora, o caso da doação do “fantasma” de Eduardo Campos de 2,5 milhões para o PSB. Para piorar, a comoção com a morte de Eduardo parece ter passado.
Grande mérito do serviço fica com o PT, mas as pesquisas que começam a ser divulgadas amanhã devem mostrar uma queda de Marina. E, pasmem, até uma ligeira queda de Aécio Neves. E uma melhoria na posição de Dilma. Mas vamos ver.
Diante desse quadro, o que Aécio deve fazer para tentar ganhar esta eleição?
Para início de conversa, abandonar os planos mirabolantes (como dizer “daqui duas semanas eu supero a Marina”, o que, como já sabemos, não deu certo), e partir para um planejamento por fases, onde a cada semana deve ser possível avaliar o sucesso ou não dos resultados.
Para isso, deve ser feita uma projeção em torno do que é possível. E, atenção, não digam que “isso não vai acontecer”, pois o plano não é um determinador do futuro, mas das metas que devem ser atingidas em torno de um resultado. Olhem para as metas semanais que é muito melhor, mais realista e com isso evitamos perder o foco.
Neste plano, excluo Dilma (que deve ficar sempre entre 30% e 35% até o final do primeiro turno), e considerei metas possíveis para Aécio em uma competição direta com Marina pelo lugar no segundo turno.
Eis as projeções:
11/09 – Marina 30% – Aecio 14%
18/09 – Marina 27% – Aecio 17%
25/09 – Marina 24% – Aecio 20%
02/10 – Marina 21% – Aecio 23%
O que estou dizendo aí em cima é que a cada semana Aécio precisa ganhar 3 pontos, em média, e Marina precisa perder também 3 pontos. Isso sem contar um ou outro pontinho a ser retirado de Dilma. Não é nenhum bicho de sete cabeças.
E quais as diretivas básicas para isso funcionar? Ei-las:
Deixar Dilma desconstruir Marina durante as próximas duas semanas, o suficiente para que esta perca mais uns 6% até a pesquisa de 25/09. Note que o PT quase não está atacando o PSDB.
Montar um plano de desconstrução do PT durante as mesmas duas semanas. Este trabalho já deve ser iniciado no máximo neste fim de semana. Mas não é para deixar nada (eu disse nada) passar batido: todas as listinhas de méritos levantadas pelo PT devem ser desconstruídas. Não é difícil fazer isso, mas é preciso de levar o trabalho a sério.
Nesse meio tempo, atacar Marina principalmente com ataques transversais, pois não se deve deixar Dilma “escapar”. Ela é a que tem mais poder de fogo, e, curiosamente, também está vulnerável.
Trazer temas novos ao debate (incluindo o Decreto 8243 e o Foro de São Paulo), mas sempre usando todas as técnicas possíveis de guerra política (sim, vão me chamar de iludido, mas este é um “plano” possível – se será executado bem são outros quinhentos).
Tendo feito isso é importante manter os 6 princípios de Horowitz em mente:
Política é guerra conduzida por outros meios
Política é guerra de posição
Na guerra política, o agressor geralmente prevalece
Posição é definida por medo e esperança
As armas da política são símbolos que evocam medo e esperança
A vitória fica do lado do povo
Para qualquer um de nós que quiser pressionar o candidato a usar todas as técnicas possíveis (por e-mail, contatos com amigos, o diabo a quatro), já listo os 16 textos da série “Guerra Política 2014″ feitos até o momento, repletos de dicas de aplicações das técnicas com vários exemplos:
- 01 – Falando ao Coração
- 02 – Shame on you!
- 03 – Verdades duras, mas necessárias
- 04 – Da urgência do conflito
- 05 – Da necessidade dos mártires
- 06 – E a tal “superação da política”?
- 07 – Resumo da baixaria alheia
- 08 – Disparando a metralhadora
- 09 – Auxílio na “criação” de notícias
- 10 – A estratégia “no way”
- 11 – Da importância de fazer o oponente gastar tempo e esforço
- 12 – O ataque transversal
- 13 – Confiantes X não-confiantes
- 14 – Medo e esperança
- 15 – Atacando mesmo nas piores condições
- 16 – A urgência do senso de urgência
Em especial, as técnicas não devem valer só para o candidato, mas para todos que o apoiem.
Por exemplo, para todos os seus apoiadores, os textos em especial são os de número 9, 10, 13 e 16. Mas todos são importantes e trazem insights relacionados a aplicações práticas na guerra política.
Essa, enfim, é minha sugestão de plano para Aécio chegar ao segundo turno das eleições. Se ele chegar lá, aí deve ser feito um outro plano. Mas aí já são outros quinhentos contos. O negócio agora é foco em uma meta específica: chegar ao segundo turno.
Pelo “ativo” que o candidato tem, e pelo caminhão de m… lançado sobre as duas candidatas da ponta (o Petrolão e a crise brasileira sobre Dilma, e a desconstrução do PT contra Marina), é só levar a coisa a sério que podemos tirar o PT do poder e nem ter sustos com um PSB que pode fazer como os petralhas, colocando sua mão boba em planos bolivarianos.
Fonte: Ceticismo Político
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