Meu amigo Leonel Brizola dizia que se pesquisa ganhasse eleição não precisava votar. Era só perguntar para a família Montenegro, dona do IBOPE, e preparar a cerimônia de posse. Muito mais fácil e mais barato. O país não precisaria encher o saco de milhões de eleitores que são obrigados por lei a comparecer às urnas nem gastar os tubos numa eleição desse porte, cujo resultado já teria sido antecipado.
Mas a verdade não é bem assim. Como diz o ex-governador Alberto Goldman em artigo de sexta na Folha de S. Paulo, “em eleição tudo pode acontecer”. E os exemplos abundam: em 1989, o desconhecido Fernando Collor embolsou a sucessão de Sarney; FHC perdeu a eleição para prefeito de São Paulo 48 horas antes da eleição, por causa de uma besteira que disse dois dias antes de confirmar as pesquisas; Luiza Erundina ganhou a Prefeitura de São Paulo na última semana, em 1988, atropelando o então poderoso Paulo Maluf, etc. etc. Portanto, temos que concordar com Brizola: só no dia 26 de outubro, data do segundo turno, saberemos quem vai ser o próximo presidente, ou presidenta.
Enquanto isso, a selvagem campanha de desconstrução de Marina vai surtindo seus efeitos, acendendo uma chama de esperança para Aécio. A rejeição a ela, que está sendo retratada em comerciais de TV como tirando a comida da boca das criancinhas ou como a Dilma com outra roupa, afogando a tese da renovação, está aumentando vertiginosamente (era 11% agora é 21%), enquanto o candidato do PSDB sobe uns pontinhos e o continuísmo já empata no segundo turno. Aliás, falando de continuísmo, se existe uma tal de “herança maldita” da era FHC é a da reeleição, que permite que o mandatário de plantão utilize ao seu bel prazer a imensa máquina estrutural e financeira que o governo proporciona, transformando o pleito numa disputa desigual. Menos na minha terra, o Rio Grande do Sul. Os gaúchos não reelegem ninguém para o Palácio Piratini. Se não foi bom governador em quatro anos certamente não o será nos próximos quatro, e renovam. Tanto é que a Ana Amélia vai ganhar fácil do Tarso Genro.
Quanto ao cenário nacional, paciência: vamos ter que esperar mais algumas semanas para saber se o PT vai continuar mandando e desmandando no País
Mas seja lá quem for eleito, a herança será pesada. Não só no âmbito social e econômico, cujos problemas crescentes estamos carecas de saber, mas principalmente na defesa da democracia.
Não fora o famigerado Decreto Lei Nº 8243/14 da Presidência da República, que institui a Nova Política Nacional de Participação Social, que na prática cria os sovietes, atentado despudorado contra o sistema representativo consagrado na Constituição de 1988, e sobre o qual não me canso de falar, estamos agora diante de outra punhalada de grandes proporções: impulsionada pelos “partidos da base”, está em julgamento no Supremo Tribunal Federal a Ação Direta de Inconstitucionalidade que proíbe doação de empresas privadas a partidos e candidatos que, por incrível que pareça, parece já contar com a maioria dos votos dos Ministros do STF…
Se esta insanidade for aprovada, é claro que vão crescer exponencialmente a doações ilegais, passando para os Alberto Youssefs e Paulo Robertos da vida o controle do caixa.
Como nos alerta o jornalista Reinaldo Azevedo na revista Veja, “será que não é emblemático que seja justamente o PT – um dos partidos que mais apelaram aos serviços de Yussef – a legenda especialmente empenhada em proibir as doações legais de empresas privadas e instituir o financiamento público de campanha?”.
Como eu venho dizendo constantemente, parece que o Brasil é mesmo o único país do mundo no qual a perspectiva é pior do que a realidade.
A não ser que possamos realmente reformar o processo, e mais do que isso, o pensamento político, sepultando de vez a filosofia dos Marx, Gramsi, Fidel Castro e Hugo Chaves da vida, cujos seguidores tupiniquins utilizam para intranquilizar nossas vidas e colocar em risco nossa liberdade.
Espero que não percamos esta oportunidade.
Faveco (Flávio Corrêa) é jornalista, publicitário e presidente da Brandmotion Consultoria de Fusões e Aquisições
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