Por Dora Kramer
O PT comemora a recuperação de alguns pontos positivos para a presidente Dilma Rousseff nas pesquisas e atribui a boa nova à ofensiva de difamação contra a ex-senadora Marina Silva. Na avaliação do comando, depois de alguns desacertos a campanha acertou a mão. Por “acerto” entenda-se a seguinte narrativa da propaganda eleitoral petista: Marina é candidata dos banqueiros, a quem pretende entregar o país caso seja eleita presidente, permitindo que aquela gente malvada leve à miséria o povo brasileiro.
Se ao uso de invencionices é atribuído o resultado das pesquisas que apontam o empate entre a presidente e a ex-senadora – representando o estancamento da queda de uma e a parada da subida de outra –, evidentemente o recurso será cada vez mais utilizado. Aliás, já está sendo. A campanha do PT não está preocupada com a verdade dos fatos porque não está falando para os informados. Aposta na massa que não dispõe de dados nem discernimento suficientes para cotejar os fatos e conta uma história que parece fazer sentido.
Exatamente para esse público no horário eleitoral a presidente Dilma agora resolveu “explicar” didaticamente como, quando e porque seu governo deu combate sem trégua à corrupção, tema até então evitado na propaganda e só abordado em entrevistas mediante provocação.
Segundo ela, os escândalos dos últimos anos foram apenas uma “falsa impressão” de aumento da corrupção. Nessa nova versão esses casos viraram notícia só porque o governo assim decidiu. Isso a despeito de nenhum deles ter sido descoberto por iniciativa oficial, todos terem sido em princípio desmentidos, vários dos personagens envolvidos demitidos depois reincorporados aos ministérios, investigações escancaradamente barradas e denúncias reiteradamente ignoradas.
Está claro, pois, que a campanha do PT achou um atalho mais fácil para travar o atual combate: no lugar de tentar convencer, prefere enganar o eleitor. Campo no qual se sente bastante à vontade.
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