Capital pernambucana deixa a política de lado em luto a Eduardo Campos
Aliados e adversários do ex-governador fecharam comitês e retiram campanha das ruas
POR CAIO BARBOSA NO O DIA
Recife (PE) - A capital pernambucana respira política. Ainda mais com um candidato a presidência da República. Mas a morte do ex-governador Eduardo Campos tirou o povo das ruas. Aliados e adversários fecharam comitês e retiraram os cavaletes com propaganda política das esquinas em respeito ao filho da terra, morto nesta quarta-feira, num trágico acidente aéreo, em Santos (SP). Mais seis pessoas morreram na queda do avião.
No comitê central da campanha de Campos, no bairro Parnamirim, tudo fechado. E uma imensa faixa preta em sinal de luto. Na porta, apenas o seu Ricardo, camelô que vende café sempre fresquinho aos socialistas do Recife.
"Eduardo era muito respeitado aqui no Recife. Por todos. E os que não gostavam dele, respeitam por causa do avô. Igual ao Velho Arraes não tinha, não. Era o homem que parava Pernambuco, querido na capital e no Sertão. O Estado está de luto em respeito ao neto do Arraes, um homem sem igual", contou Ricardo, de 57 anos.
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Amigo da família e militante do PSB, Artur Cunha disse que a cidade só voltará a falar de política após o enterro de Eduardo Campos. "Ninguém tem cabeça para isso. Não faz sentido fazer campanha num momento como este. Está todo mundo muito chocado com a notícia. Vamos esperar tudo acabar para ver o que fazer", disse Cunha.
Os correligionários de Armando Monteiro Neto (PTB), candidato ao governo do Estado que lidera as pesquisas e é adversário de Eduardo Campos, também retiraram a campanha das ruas. "O chefe mandou retirar tudo. Na política é preciso haver respeito", disse um dos garotos que carregava um cavalete de Armando Monteiro.
Recife amanhece falando em 'atentado' contra Campos
Eduardo Campos, morto no mesmo dia que o avô, o também ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, já virou lenda no Recife, capital de Pernambuco, cidade onde nasceu e construiu sua vida política. Nas ruas, não se fala em outro assunto. E pouco importa o que dizem os jornais. Para a maioria dos pernambucanos, simpatizantes ou não de Eduardo Campos, a morte não foi acidente, mas atentado.
"Ele sabia que corria esse risco. A família sabia. Tanto que nunca viajava no mesmo avião que o primogênito, João. Assim como ele também evitava viajar no mesmo avião que o avô Arraes. Político que pensa no povo não pode durar muito porque os poderosos não deixam", insinuou Múcio Santana, garçom num restaurante de Boa Viagem, bairro nobre do Recife.
Querido pelos amigos e respeitado pelos adversários, que retiraram a campanha das ruas após o anúncio da morte do ex-governador, Eduardo Campos, para os pernambucanos, fez como o ex-presidente Getúlio Vargas, deixou a vida para entrar para a história.
"Não tem um pernambucano que não desconfie dessa morte. O avião virou uma bola de fogo em pleno ar. Como assim? Era um dos aviões mais modernos do mundo. Tem treta nisso daí, pode crer que tem", apostou Marivaldo Gomes, jornaleiro.
A família de Eduardo Campos ainda não levantou a hipótese de atentado. Ainda muito abalados com a tragédia, segundo amigos, todos creem que tenha sido mesmo uma fatalidade.
O coordenador da campanha de Eduardo Campos no Rio de Janeiro, Rubens Bomtempo, prefeito de Petrópolis, também não acredita que o amigo e companheiro de partido tenha sido vítima de nenhum atentado.
"Prefiro nem acreditar numa coisa dessas. Acho que não dá para descartar nada nesse mundo, mas acho que não foi isso. É natural que os pernambucanos tenham esta impressão, já que Eduardo era um grande líder e virou uma espécie de herói regional. Mas prefiro crer que não", disse Bomtempo, ainda abalado com a tragédia.
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Fonte: O Dia
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