PT PROCESSA BLOGUEIRA DE CUIABÁ POR DANOS MORAIS
FILIADA AO PDT, ADRIANA VANDONI É CANDIDATA A DEPUTADA ESTADUAL NAS ELEIÇÕES DE OUTUBRO
O PT entrou com ação contra a economista e blogueira Adriana Vandoni, de Cuiabá (MT). O PT quer R$ 50 mil a título de danos morais por causa de um comentário de Adriana Vandoni, transmitido pela TV Pantanal, no dia 20 de março passado. Ela critica o negócio que envolve a Petrobras na compra da refinaria de Pasadena (EUA) e diz: "Para com esse negócio de roubar xampu, de roubar pinga, nada, forma uma quadrilha, junta seus amigos, filiem-se ao PT e roubem, mas roubem muito."
A ação do PT foi revelada pelo Folhamax, site de Cuiabá. A reportagem, assinada pelo jornalista Rafael Costa, é intitulada "PT nacional processa blogueira que acusa sigla de proteger bandidos".
O processo contra Adriana Vandoni foi distribuído para a 7.ª Vara Cível de Cuiabá. O juiz Yale Sabo Mendes determinou que a assessoria jurídica do PT anexe aos autos do processo o estatuto do partido e a ata na qual comprova que Rui Falcão é presidente nacional da sigla.
Filiada ao PDT, Adriana Vandoni é candidata a deputada estadual nas eleições de outubro. Seu blog, Prosa & Política, é muito acessado e bastante polêmico, sobretudo pelas críticas pesadas ao PT.
Em seu comentário, que provocou a ira do PT, a economista falou da compra da refinaria de Pasadena, após denúncia divulgada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" - negócio que provocou prejuízo de US$ 1,18 bilhão ao Tesouro. "Roube bilhões e bilhões de dólares e depois na hora que te pegarem fale que você não sabia", diz Adriana Vandoni.
Na petição inicial, divulgada pelo site Folhamax, o diretório nacional do PT alega que Adriana Vandoni extrapolou o direito fundamental garantido na Constituição de livre opinião e expressão. "Nos dizeres da ré, filie-se ao PT e pratique crime, pois sob o amparo da instituição política, não há o que temer. Tais dizeres não apenas extrapolam o cunho informativo ou opinativo da notícia, ao contrário, visam desqualificar a pessoa jurídica perante a sociedade, ofendendo uma das balizas mais importantes de toda e qualquer pessoa, seja física ou jurídica, sua dignidade."
O PT repudia o trecho da manifestação de Adriana Vandoni em que ela diz que a filiação ao PT garante proteção em ilícitos penais. "A ilação, a acusação, desrespeita o Partido dos Trabalhadores que busca, como todos os demais partidos políticos, atrair mais pessoas para a agremiação política, aumentando a participação política da sociedade e elevando o nível da discussão política. Portanto, a acusação fere frontalmente o cerne do partido político, sua capacidade de mobilizar o cidadão para a discussão e evolução política e da sociedade."
Além da transmissão na TV Pantanal, o comentário de Adriana foi disponibilizado no site You Tube e conta com 90.457 visualizações.
LEIA A INTEGRA DO COMENTÁRIO DE ADRIANA VANDONI SOBRE O PT:
“Olá. Boa Tarde. Hoje nós vamos contar uma historinha de dois vizinhos. O seu vizinho comprou um carro velho e pagou quarenta e dois mil reais. Aí, todo dia você passava lá e olhava aquele carrinho velho. Um dia você chegou pro vizinho e falou assim: – Olha, eu quero comprar metade do seu carro. Vamos fazer esse negócio? – E o vizinho falou: – Opa! Vamos! Trezentos e sessenta mil – Aí, tudo bem. Você vai lá, foi lá assinou o contrato que está comprando a metade do carro por trezentos e sessenta mil reais. Mas não era só isso, lá no contrato, na cláusula, tinha uma cláusula que falava assim: se o vizinho desistir da compra do carro, você é obrigado a comprar a outra metade. Ótimo, beleza. Passou um tempinho, seu vizinho, que não é bocoió nem nada, desistiu do carro e exigiu que você cumprisse aquela cláusula. Você foi obrigado a comprar outra metade, só que não era mais trezentos e sessenta mil, era oitocentos e vinte mil reais. Então, presta atenção, o carro custou quarenta e dois mil reais, você pagou por uma metade trezentos e sessenta e pela outra metade oitocentos e vinte, um milhão e pouco. Que negócio de louco é esse, só um idiota faria. Sabe quem fez isso com você, comigo, com nós todos que pagamos impostos? A Petrobrás. No caso, não foi com o carro, foi a refinaria de petróleo de Pasadena. E o vizinho, é uma empresa belga. E o valor não foi um milhão e pouco de reais, foi um bilhão de dólares. Isso que a Petrobrás fez. Quem que fez esse negócio? Quem que assinou essa compra maravilhosa? A atual presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, que hoje é secretário estadual na Bahia; e o atual governador da Bahia, o Jaques Wagner. Eles assinaram, todos eles petistas e todos eles trabalhando em cargo público. E não foram só eles, ainda teve mais, a competentíssima Dilma Rousseff também assinou essa maravilhosa transação. Aí agora, na semana passada, quando a notícia veio a público através do jornal O Estado de S. Paulo. O que a presidente Dilma disse? Que ela não sabia, tal qual seu mestre Lula no episódio do mensalão Dilma também não sabia. Ela assinou essa compra e não sabia. Aí eu fico aqui me perguntando: Vocês perceberam que são quatro, mais a Dilma, cinco? Será que dá formação de quadrilha? Não, não vai dar formação de quadrilha. Sabe por que? Porque eles são do governo. Então, temos que dar um conselho pros ladrões de galinha: – Para com esse negócio de roubar xampu, de roubar pinga, nada, forma uma quadrilha, junta seus amigos, filiem-se ao PT e roubem, mas roubem muito. Porque não é xampuzinho que vai te fazer ficar cada vez mais alto num cargo público. Roube bilhões e bilhões de dólares e depois na hora que te pegarem fale que você não sabia. – Voltamos amanhã, com mais um comentário.”
A polêmica blogueira Adriana Vandoni informou que ainda não foi notificada da ação do PT. Ela afirma que sofre intimidação de adversários políticos. Por meio de sua assessoria de imprensa, argumenta que “uma das formas mais cruéis e covardes de intimidação contra a humanidade é barrar o livre direito de expressão; essa tortura, disfarçada em ações judiciais, é uma arma antiga e que tem sido usada de forma incisiva contra a economista e blogueira”.
O VÍDEO QUE PROVOCOU A IRA DO PT
Fonte: Época Negócios / Estadão
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