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terça-feira, agosto 26, 2014

PAULO CASTELO BRANCO: A MORTE DE EDUARDO E O ENTERRO DO PT




Como tudo na vida, a morte, sendo inevitável, provoca reações emotivas ou mesquinhas que transformam opiniões variadas sobre o morto. Depois do rompimento de Eduardo Campos com o governo, muitos ex-companheiros expressaram a sua frustração ao perder o líder regional que se apresentava como o novo, honesto, diligente, articulador e chefe de família exemplar.

As virtudes do candidato só eram reconhecidos em ambientes restritos e no seu estado natal onde se destacou e foi aprovado pela maioria dos pernambucanos. Quando Eduardo decidiu concorrer à presidência da República, os dirigentes do PT insistiram para que ele esperasse 2018, quando poderia ser apoiado pelo partido. Eduardo tinha pressa e saiu às ruas em busca do voto daqueles cansados da corrupção e descontrole da máquina pública.

Quase todos adversários na disputa reconheciam as qualidades do candidato, no entanto, consolidada a sua escolha pelo PSB para a disputa majoritária, imediatamente, os petistas começaram a acusá-lo de traição; de nada adiantou; Eduardo trabalhava dia e noite e assustava seus antigos aliados.

A campanha mais intensa seria o momento ideal para a divulgação das vantagens de Eduardo que, surpreendentemente, se aliou a Marina Silva com o discurso de mudança, unindo eficiência com sustentabilidade; infelizmente, o imponderável se apresentou, e tudo mudou!

Os planos de derrubada da candidatura socialista foi interrompido, e líderes petistas surgiram na mídia cantando loas ao adversário. Nos dias de luto, as boas referências e o carinho, antes recusado pelos ex-aliados, voltaram com intensidade como se fossem verdadeiros. Os falsos discursos feitos perante à urna funerária se tornarão, na campanha, boca de urna.

A realidade é que a situação da candidatura do governo se complicou. A coligação que apóia a reeleição da presidente perdeu o rumo e precisou recorreu ao seu grande líder para pedir votos, apelando para histórias da carochinha que já não se sustentam perante a maioria dos eleitores. A afirmação de que o segundo governo da era petista foi melhor do que o primeiro não é verdadeira, ao contrário, ao inventar uma candidata sem experiência eleitoral e sem capacidade de articulação política causou o desastre em que se transformou a economia do país e na desilusão que domina o povo brasileiro.

A medíocre administração pública, consequência do aparelhamento da máquina burocrática e da incompetência dos gestores, desvendou o mistério de um país que melhora, mas que está sempre na rabeira das nações em desenvolvimento.

A vontade de manter o poder a qualquer preço, diferentemente da propaganda, tem preço e está sendo, agora, cobrado. Os programas políticos que começam a ser apresentados no rádio e televisão não serão suficientes para modificar o que todos já sabem: as milhares de obras prometidas e anunciadas, como quase prontas, estão paralisadas por falta de recursos, ou por decisões do Poder Judiciário e do Tribunal de Contas da União.

Na campanha, o governo cata canteiros de obras para mostrar o andamento; logo a seguir, a oposição mostra as mesmas obras inacabadas. É fato que num país das dimensões do Brasil é difícil não apontar o certo e o errado, mas o que interessa é que o cidadão não está satisfeito com o governo, além de estar submetido a um verdadeiro toque de recolher pela insegurança que nos assola. Os números do desemprego oscila mensalmente e, em comparação com o ano anterior, apresenta tendência de baixa.

Os escândalos de corrupção que estão destruindo a Petrobrás, a nossa mais importante empresa, são estarrecedores com o envolvimento de dirigentes e doleiros em operações ilegais de transferência de dinheiro e imóveis.

Por outro lado, na base, são descobertos políticos com mandato, acusados de ligação com organizações criminosas e participação em atos de violência entre torcidas de futebol. É este descontrole moral que, mais uma vez, está enterrando o Partido dos Trabalhadores, que tem, depois de tanta gente presa, renascido como fênix, até quando não se sabe.

Fonte: Diário do Poder

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