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domingo, agosto 17, 2014

EMBRAPA: É época de confinamento

Especialista dá dicas de como conseguir bons resultados
Confinar bois é uma estratégia do pecuarista que tem dado certo quando o planejamento é bem feito. Calcula-se que cerca de 10% dos animais abatidos hoje no Brasil vem de confinamentos, um número em torno de 3,6 milhões de cabeças. O índice é considerado baixo, mas que tem crescido ano a ano. Um dos fatores da expansão dos confinamentos é por conta do aumento da produção de grãos, alimento este incluído nas rações permitindo maiores ganhos de peso com rapidez.

A técnica de confinar bois deve ser usada de forma estratégica como, por exemplo, de aproveitar melhor os recursos disponíveis na propriedade integrando lavoura com pecuária, quando for o caso. É também uma forma de manejo para aliviar os pastos na seca; aumentar o giro da fazenda - já que se reduz a idade de abate dos animais; de colocar no mercado uma carne de melhor qualidade e aumentar a produção do produto por área. Outra vantagem do confinamento é a possibilidade de o produtor conseguir preços melhores de venda dos bois.

A decisão de confinar ou não deve ser do produtor que deve pedir ajuda a especialistas do ramo para analisar todos os pontos que envolvem a atividade. O pesquisador da Embrapa Gado de Corte Sérgio Raposo de Medeiros preparou algumas dicas para aqueles que estão se preparando para confinar e que esperam bons resultados.

O primeiro passo é a seleção de animais. Sérgio Raposo alerta de que o confinamento é uma estratégia de alto investimento e que é importante que os animais escolhidos tenham as melhores condições como potencial de ganho. Um segundo critério de corte é o peso dos animais ao início do confinamento. “O lote deve ser dividido nos animais da faixa dos “não precisa” e os da faixa dos “não adianta”. Os do grupo “não precisa” são os cabeceiras que teriam peso suficiente para irem ao abate apenas com o ganho esperado na pastagem. Os do grupo “não adianta” seriam aqueles cujo ganho projetado no confinamento não seria suficiente para fazê-los atingirem o peso de abate”.

A segunda dica do especialista diz respeito à formação dos lotes. Segundo ele, a palavra chave é homogeneidade. “Animais do mesmo sexo, com pesos próximos, de tamanhos equivalentes e com grau de terminação semelhante formam o lote ideal”, aponta Sérgio. Ele acrescenta que uma das vantagens do lote homogêneo é que a competição por recursos (acesso ao cocho, por exemplo) é mais equilibrada e em segundo lugar é que os animais tendem a estar prontos em datas próximas.

Outro cuidado é quanto aos tratamentos sanitários na entrada do confinamento. “É interessante vermifugar os animais, mesmo que se faça o controle estratégico, pois seria uma garantia de não ter a perda do animal contaminado com vermes”, alerta.

A quarta dica do pesquisador é quanto à adaptação à dieta. Os animais não devem mudar o regime de forma brusca, pois mais na frente eles podem apresentar problemas como acidose e timpanismo e se prejudicarem tanto em ganho de peso como eficiência. A adaptação acontece de 10 a 15 dias. Já o manejo da alimentação, Sérgio explica que o controle de alimentos deve ser por lote, número de refeições, quantidade por refeição e espaçamento entre dietas. “Quanto ao número de refeições, na hipótese de que todos os animais tenham acesso simultâneo ao cocho, não há grandes benefícios em se fazer em mais do que três vezes”, diz. Nesta situação Sérgio sugere 30% no início do dia, 20% no meio do dia e 50% no trato final do dia, uma vez que é o maior período de tempo que os animais ficam sem receber alimento. No caso de não haver espaço para os animais de o lote consumir ao mesmo tempo, Sérgio sugere dividir cada um dos tratos descritos acima em dois, de forma que no primeiro os animais dominantes tomem a frente, mas que no segundo trato haja chance dos submissos terem a sua vez. Dessa forma, os tratos ímpares seriam mais bem aproveitados pelos dominantes e os pares pelos submissos.

Água no confinamento deve ser limpa e suficiente para três dias
Toda atenção deve ser dada à água que os animais vão beber. Os bebedouros devem estar limpos para garantir a qualidade da água e a quantidade deve ser calculada para no mínimo três dias e deve-se levar em conta que um animal consome por dia, cerca de 100 litros de água. O acesso aos animais deve ser facilitado.

Outro item importante do confinamento é saber manejar as sobras de alimentos nos cochos. O pesquisador Sérgio diz que a melhor forma de lidar com isso é calibrar a quantidade de alimento por lote de maneira a minimizá-las. Sérgio ensina fazer um sistema de notas para os cochos e associar a cada uma delas uma ação. Por exemplo: para um cocho limpo ou “lambido” = - 2; cocho com pouquíssima sobra = -1; cocho com pouca sobra = 0; cocho com sobra visível = +1 e cocho com muita sobra = + 2.

A ação a ser tomada no caso do cocho com a nota - 2 significa que faltou comida, então se coloca dois quilos a mais por animal do lote e para um do lado com a nota + 2, significa que a oferta de alimento está excessiva, deve-se, então, reduzir dois quilos por cabeça no lote todo. Esses valores representariam uns 10-15% da oferta do confinamento e podem ser ajustados caso a caso, salienta o pesquisador.
A pesagem intermediária apesar de não ser obrigatória é recomendada pelo especialista para avaliar como o confinamento está se desenvolvendo permitindo ao produtor identificar problemas e corrigi-los e também, permitir identificar animais que podem sair antes e o grau de terminação de cada lote. “Esse grau de terminação pode ser baseado apenas nos quilogramas faltantes para atingir o peso de abate ou, no caso de se usar a ultrassonografia, considerar a terminação propriamente dita em termos de deposição de gordura. Ter a informação do grau de acabamento com a espessura de gordura subcutânea ajuda na decisão de tirar os animais menos eficientes antecipadamente, o que é interessante”.

A hora certa de vender os animais
Normalmente o produtor é tentado a manter o animal pronto à espera de melhores preços. Sérgio diz que frequentemente, isso não vale à pena, pois é grande a chance do ganho diário desse animal ser baixo e ao se converter em valor de carcaça, este seja menor do que aquele que se gasta por dia. Em outras palavras, manter esse animal significa prejuízo diário. Pior ainda se, além de manter o animal no confinamento, altera-se a dieta com energia para apenas manter o peso. O que ocorre nesta situação é que o animal se ressente da passagem de um nível superior para o inferior e isso faz com que ele perca peso, em vez de manter. Por esses dois aspectos, é que o pesquisador Sérgio orienta os produtores a vender o quanto antes os animais terminados.

“A venda antecipada pode ser considerada pelo confinador uma possibilidade de vender os animais no mercado futuro ou adiantado ao frigorífico. Uma das vantagens disso seria garantir o suficiente para fechar as contas do confinamento e deixar os bois que sobrarem com uma maior margem para esperar por uma venda mais vantajosa. Importante reforçar aqui o escrito no item anterior que não vale à pena especular com animais muito terminados, ou seja, seria restrito aos animais com menor grau de terminação”.
  


Redação: Eliana Cezar (DRT/15410/SP)
Jornalista Embrapa 
Foto: Arquivo Embrapa. 

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