Cerca de 50 alunos invadiram a Reitoria da Universidade de Brasília (UnB) no final da semana passada e destruíram parte daquelas instalações. Para evitar o risco de serem expulsos da instituição e processados criminalmente, eles permaneceram encapuzados durante a depredação. “As câmaras de segurança flagraram uma agressividade inacreditável em um ambiente acadêmico”, afirmou o reitor Ivan Camargo, depois de comparar a violência dos estudantes com a “barbárie de uma guerra civil”.
O pedido da UnB para reintegração de posse das instalações da Reitoria foi autorizado pela Justiça. Como os invasores se negaram a sair, a luz e a água foram cortadas e a área ocupada se converteu em “chiqueiro”, segundo os dirigentes da instituição. “É pesaroso e inaceitável. A situação é de calamidade total”, afirma o reitor.
Tão inadmissível e absurda quanto a forma criminosa do protesto é a reivindicação dos estudantes. Eles querem que os líderes de uma invasão do restaurante universitário, ocorrida no ano passado, não sofram sanções administrativas nem sejam obrigados a pagar – jurídica e financeiramente – pelos estragos que causaram. Na ocasião, depredaram catracas e destruíram parte do restaurante universitário, causando um prejuízo de R$ 27 mil.
O quebra-quebra ficou conhecido como “catracaço” entre os alunos da UnB. A arruaça foi objeto de uma comissão de sindicância e vários professores pediram a expulsão dos baderneiros. Tentando impor-se na base do grito, da ameaça e da intimidação, os vândalos que invadiram a Reitoria exigem o arquivamento dos processos. Suspeita-se que, na ocupação, alguns tenham tentado encontrar os documentos e as provas incorporadas a esses processos para destruí-las, o que também configura crime.
Para os invasores da Reitoria, os processos administrativos e judiciais abertos contra os responsáveis pelo “catracaço” seriam ilegais. No panfleto que distribuíram, também exigem garantia de imunidade política, civil e criminal. E ainda pedem que o reitor seja responsabilizado por “criminalizar e jubilar” estudantes da UnB que participam de “manifestações democráticas de protesto”.
A arrogância, a truculência e a pretensão de impunidade dos invasores da Reitoria da UnB são apenas um dos lados do problema. O outro lado diz respeito à maneira como justificam a falta de civilidade, a afronta à ordem pública e o desprezo pelas instituições de direito.
Classificando a aplicação da lei como repressão e exigindo impunidade total por atos e comportamentos que são tipificados como delitos pela legislação penal, em nome de uma mal definida democracia na Universidade, esses alunos alegam que invasões e depredações de patrimônio público são apenas atos políticos – e como tal não poderiam ser criminalizados, ainda que violentos e ilegais.
O argumento é praticamente o mesmo do que tem sido invocado pelo Movimento dos Sem-Terra, pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, pelo Movimento Passe Livre e pelas chamadas Frentes de Luta pelos Direitos de Moradia. Trata-se de um disparate, que tem resultado em sucessivas ameaças à democracia e ao Estado de Direito, sob o olhar complacente de determinados dirigentes governamentais. Quando desrespeitam a ordem jurídica e acusam as autoridades encarregadas de aplicá-la de “criminalizar” as lutas sociais, o que esses movimentos querem é um salvo-conduto para o uso irrestrito da violência.
São grupos radicais e intolerantes que há muito tempo ultrapassaram os limites da civilidade. O invasionismo desenfreado por eles praticado, estimulado e justificado sob qualquer pretexto é uma ameaça real à democracia. Quanto mais receberem tratamento leniente, por parte das autoridades, mais depredações vão promover e mais violência irão semear. A barbárie demonstrada pelos alunos que invadiram e depredaram a Reitoria da UnB, exigindo impunidade para os baderneiros que promoveram o “catracaço” no ano passado, faz parte do ensaio geral.
30/05/2014 no Correio Braziliense: Após festa, UnB amanhece tomada por lixo e com materiais roubados
Segundo professor do diretor do Instituto de Ciências Humanas, festa não tinha autorização para ocorrer e grupos consumiram drogas
O motivo da sujeira teria sido uma festa realizada pelo Centro Acadêmico de três cursos: Filosofia, Química e Antropologia
A Universidade de Brasília (UnB) amanheceu tomada por lixo no ICC Sul, nesta sexta-feira (30/5). O motivo teria sido uma festa - happy hour - realizada pelo Centro Acadêmico de pelo menos três cursos: Filosofia, Química e Antropologia. Materiais de alguns laboratórios chegaram a ser furtados, como duas mesas do curso de Desenho Industrial. Além disso, uma vidraça do laboratório de pesquisa de Física foi quebrada, um cadeado de alambrado no interior do departamento chegou a ser "serrado", e uma garrafa de bebida foi encontrada dentro do departamento.
Uma vidraça do laboratório de pesquisa de Física foi quebrada, um cadeado de alambrado no interior do departamento de Física chegou a ser "serrado", e uma garrafa de bebida foi encontrada dentro do departamento
06/06/2014 no Correio Braziliense: Depois de ser agredido, homem escapa de tiros em festa da UnB. A polícia informou que ainda houve registros de furtos de objetos durante a festa
Mais uma festa na Universidade de Brasília (UnB) terminou em confusão na madrugada desta sexta-feira (6/6). Na semana passada, um prédio da instituição foi tomado por lixo após um happy hour organizado por estudantes de pelo menos três cursos. Dessa vez, até tiros foram disparados em um evento organizado por alunos da instituição.
Um homem de 22 anos foi agredido com socos e pontapés no início da madrugada desta sexta-feira (6/6) por um grupo de pessoas no Instituto Central de Ciências Sul (ICC Sul). Segundo a Polícia Civil, ele estava em uma festa que começou na noite de quinta-feira (5/6).
O jovem conseguiu fugir do bando, mas um dos agressores disparou três tiros na direção do rapaz. Os disparos não atingiram a vítima, nem as outras pessoas que estavam na festa. A polícia ainda informou que houve registros de furtos de objetos. Ninguém foi preso. O caso foi registrado na 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte).
Um estudante de 24 anos, que prefere o revelar o nome, viu a confusão. De acordo com ele, após disparar os tiros, o agressor fugiu acompanhado de uma mulher. "Com o barulho, a maioria das pessoas da festa foi embora. Os técnicos do som recolheram os equipamentos porque a festa não tinha permissão para ocorrer", relatou.
De acordo com o prefeito da UnB, professor Marco Aurélio Gonçalves de Oliveira, as festas que ocorrem fora do Centro Comunitário Athos Bulcão são irregulares. "Já existe um documento de normas de convivência sobre festas na universidade, mas alguns grupos ainda insistem em fazer eventos com esses no ICC, o que é proibido", salientou.
O prefeito informou ainda que a prefeitura está investigando quem são os organizadores do happy hour de ontem para responsabilizá-los. "Estamos verificando esses grupos que fizeram convocações para a festa pelas redes sociais. Eles colocam em risco a segurança do patrimônio e das pessoas", ressaltou o professor.
Oliveira ainda disse que a prefeituranão sabe se o rapaz agredido é estudante da universidade. Sobre a segurança na instituição, Oliveira afirmou que a UnB não está preparada para controlar a realização de festas como essa.
Sujeira no ICC
O happy hour da quinta-feira passada deixou a universidade tomada por lixo com garrafas de bebidas alcoólicas. Alem disso, uma vidraça do laboratório de pesquisa de Física foi quebrada e um cadeado de alambrado no interior do departamento chegou a ser "serrado".
06/06/2014 no G1: Festa de estudantes na UnB termina com três tiros
Jovem se desentendeu com grupo de estudantes e apanhou, diz polícia.
Ninguém foi atingido pelos disparos; UnB não se pronunciou sobre o caso.
Uma festa na Universidade de Brasília (UnB) terminou com três disparos de arma de fogo na madrugada desta sexta-feira (6). Segundo a Polícia Civil, os tiros não atingiram ninguém, e o jovem apontado como alvo conseguiu fugir.
A vítima é um jovem de 22 anos, que se desentendeu com um grupo por volta das 2h, no Instituto Central de Ciências, segundo a polícia. Depois de levar socos e pontapés, ele conseguiu fugir. Um dos agressores disparou três vezes na direção dele, mas não conseguiu acertar.
O G1 procurou a UnB, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
Um aluno de engenharia civil, que afirma que estava em outra parte do prédio no momento dos disparos, disse que o tumulto chamou a atenção. “Saí para ver e o pessoal falou que teve tiro. Acho que aconteceu no subsolo. Eu não ouvi os tiros, mas o pessoal da limpeza achou as cápsulas”, afirma o jovem, que não quis se identificar.
Segundo o estudante, o local abriga festas todas as quintas-feiras. É comum ver consumo de álcool e drogas no local, diz. “Toda semana é assim. O pessoal costuma correr pelado, tem sujeira todo dia seguinte de manhã. Fica um nojo a UnB. E não adianta fechar porque o pessoal pula e faz a festa assim mesmo”, disse o estudante.
09/06/2014 no Correio Braziliense: UnB vive dias de guerra civil, afirma reitor Ivan Camargo
Estudantes com os rostos escondidos ocupam a reitoria há quatro dias para protestar contra a abertura de processos administrativos que apuram responsabilidade em vandalismo no câmpus da Asa Norte. Professores e servidores realizam hoje ato pela paz na instituição
A Universidade de Brasília (UnB) vive um clima de guerra civil, nas palavras do reitor da instituição, Ivan Camargo. Diante da ocupação do prédio da reitoria por estudantes, desde quinta-feira passada, e de episódios recentes de festas que terminaram em quebra-quebra e pessoas feridas, a coordenação promete manter a medida administrativa de responsabilização de oito estudantes por um “catracaço” no ano passado, além de medida judicial de reintegração de posse do edifício. O prazo para a desocupação dos estudantes terminou ontem, às 20h30, mas até esse horário cerca de 50 pessoas permaneciam no local.
Por conta dos últimos incidentes, Camargo decidiu antecipar a restrição de entrada de pessoas a partir das 22h no Instituto Central de Ciências (ICC), o Minhocão. Desde o início da gestão dele, há um ano e meio, esse sistema funcionava a partir das 22h30 — quando termina o período noturno na instituição. A antecipação do horário ocorre junto ao incremento no número de funcionários da segurança, cujo objetivo é coibir as ações de vandalismo e violência no espaço.
Uma vertente de estudantes, servidores e professores, descontentes com os últimos episódios, realizam um ato, hoje, às 10h, na reitoria da UnB. Nomeada “Democracia contra a Violência”, a ação visa repudiar a invasão e a transgressão às regras de convivência na universidade. Em entrevista exclusiva concedida ontem ao Correio, o reitor Ivan Camargo confirmou presença na manifestação. Um texto escrito pelo docente da universidade Roberto Ellery foi publicado em uma rede social numa página que convoca pessoas para a mobilização.
ENTREVISTA - Ivan Camargo
Como está o clima na Universidade de Brasília hoje?
É assustador ver que existe um movimento mascarado na universidade. Estamos vivendo um momento de muita violência, contrário a tudo o que nós pregamos: democracia, decisões colegiadas e respeito à diversidade. Estamos vendo essa violência cotidianamente em festas. A administração faz tudo para não permitir que se transforme o ambiente acadêmico numa bagunça, e a gente não consegue. Temos cercas, entradas subterrâneas, caminhos que as pessoas fazem para ocupar o ICC. A descrição que se tem no ICC e as visitas que faço são de guerra civil. Laboratórios são quebrados, todos os banheiros depredados. A gente encontra bebida e todo o tipo de lixo espalhado, além de pessoas no início da manhã alcoolizadas, completamente inúteis, completamente passadas.
O que se pode fazer?
A administração não pode permitir uma situação dessas. E há uma postura institucional não só do reitor. Tivemos uma reunião do nosso Conselho de Administração para responsabilizar as pessoas que organizam essas festas. Ninguém pode imaginar que a ação de estudantes dentro da universidade, que são donos da universidade, pode ser uma ação criminal. Então, o primeiro ponto é a não criminalização da ação. O ponto muito importante é a responsabilização. Se você faz um dano ao patrimônio público, deve ser responsabilizado por ele. Então, estamos passando a conta da quebradeira, da limpeza, as várias contas do dano ao patrimônio público, aos CAs (Centros Acadêmicos) que divulgaram as festas.
FONTE: CORREIO BRASILIENSE
Nenhum comentário:
Postar um comentário