Rodrigo Constantino cada vez mais se firma como um dos melhores articuladores e cronistas do Brasil contemporâneo. Sua capacidade de escrever textos curtos e de forte impacto é surpreendente; além disso, consegue se superar a cada dia, como nesta pequena e altamente informativa postagem sobre a Petrobras.
Vejam,
caros leitores, como as coisas no Brasil muitas vezes andam em
círculos. A sensação de déjà-vu é constante. Se você pensa que o PT
inventou a roda aparelhando a Petrobras com seus “vermelhinhos”, levando
a infindáveis escândalos e a uma enorme destruição de valor, engana-se.
Isso já ocorreu antes, em um governo que também sonhava em transformar o
Brasil em uma grande Cuba.
Abaixo, editorial do GLOBO publicado em 7
de setembro de 1963, data muito sugestiva e propícia, o nosso Dia da
Pátria, a Independência do Brasil. Qualquer semelhança não é mera
coincidência:
Impressionante, não? Hoje, por exemplo, a Petrobras continua
financiando, com o nosso dinheiro, “campanha de agitação e subversão”,
ao bancar o MST, entre outros grupos subversivos. Mas calma que ainda
não acabou! Logo depois, o jornal segue subindo o tom e demandando
ajustes por parte do governo:
Instrumento de sovietização! Atentai para
tal expressão, estimados leitores! Para concluir, o jornal diz:
“Deveria o Presidente João Goulart iniciar pela Petrobras a purificação
de seu governo. Afaste, imediatamente, os diretores comunistas, faça
voltar os técnicos, ponha a empresa à margem da Política, e a decepção
que ele vem causando ao povo brasileiro se transformará em novas
esperanças. Ao mesmo tempo dará Sua Excelência à Nação – se assim
proceder – uma cabal demonstração de seus propósitos, provando que
deseja governar afastado dos extremos, cujo facciosismo tantos males vem
causando ao Brasil”.
O presidente não deu ouvidos. Sabemos como tudo acabou, e não foi nada bom…
SALVE-SE A PETROBRÁS!
Editorial do GLOBO publicado em 7
de setembro de 1963
A PETROBRÁS, a maior empresa industrial do País, a que detém a maior
soma de recursos, a que deveria dispor dos melhores técnicos,
encontra-se hoje numa situação lastimável, reduzida á função de orgão
atuante na comunização do Brasil. Seus índices técnicos e financeiros
são, atualmente, dos mais baixos, e os escândalos se sucedem, sem que o
governo se anime a dizer um “Basta!” a esse estado de coisas.
O presidente da companhia, General Albino Silva, deixou a chefia da
casa militar do Presidente João Goulart para assumir a direção da
empresa. Ilhado na diretoria, cercado de comunistas por todos os lados,
S. Exª está lutando para restabelecer a disciplina e a hierarquia da
Petrobrás. Seus esforços merecem ser acompanhados com simpatia por todos
os patriotas, mas a nosso ver uma ação mais drástica se impõe.
O único diretor não comunista, o Sr. Ispard do Amaral, técnico dos
mais competentes, nomeado para empresa pelo Sr. Getúlio Vargas, foi
demitido por pressão dos sindicatos controlados pelos vermelhos. Era o
único técnico na diretoria, seus serviços sempre foram considerados
valiosíssimos, mas excomungado pelas forças da subversão, que com ele
não contam, teve de dar lugar á outro, mais dócil e cooperativo.
A diretoria não se reúne, os processos se acumulam, nada se resolve.
Ou melhor, só se resolve aquilo que tem sentido político. Paga-se, por
exemplo, rapidamente a divulgação de manifestos do CGT, alugam-se
veículos para transportar figurantes em comícios políticos, custeia-se
com o dinheiro do povo, a campanha de agitação e subversão.
Até quando persistirá tal panorama? Quando será a Nação satisfeita
pela verificação de que o governo resolveu tomar uma atitude, expulsando
da Petrobras aqueles que a transformaram num instrumento de
sovietização do País e entregando a companhia á uma direção de técnicos
apolíticos, que possam fazê-la progredir?
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