Deu na Veja: Por falta de proficiência em inglês, 110 bolsistas do Ciência sem Fronteiras vão voltar para o Brasil
Pelo menos
110 bolsistas do programa Ciência sem Fronteiras, organizado pelo
Ministério da Educação (MEC), terão que voltar ao Brasil por não terem
conseguido nível de proficiência em inglês. Os estudantes estão morando
no Canadá e na Austrália desde setembro de 2013 e já custaram mais de
2,6 milhões de reais aos cofres públicos — cada um deles recebeu 12.000
dólares, além de passagens aéreas e seguro saúde. Esse investimento não
retornará ao país em forma de capacitação profissional e acadêmica, que
seria a contrapartida do programa.
Atualmente,
cerca de 12.000 universitários estão fora do Brasil pelo Ciência sem
Fronteiras. Os 110 bolsistas, que já receberam o aviso para voltar,
foram aprovados em edital para universidades de Portugal, aberto em
2012.
No entanto, o governo federal decidiu excluir o país do programa por
causa do grande número de estudantes que já estava lá sem dominar um
segundo idioma. Atualmente, 2.343 estão em Portugal, que concentra o
maior número de bolsistas do programa. Assim, 3.445 universitários
tiveram de escolher outro país e viajaram mesmo sem a proficiência.
A notícia, vergonhosa em si, trouxe-me à
mente a triste lembrança de como a ideologia antiamericana tem
prejudicado os brasileiros. O inglês ainda é visto por muitos como
sinônimo do “imperialismo ianque”, e aprender ou usar a língua seria
sinal de mente colonizada, subserviente ao controle “estadunidense”. É
muita bobagem…
O inglês serve para unir povos muito
diferentes, uma linguagem comum que facilita as trocas. O latim já
desempenhou essa importante função no passado, e hoje o papel cabe ao
inglês, uma língua objetiva e relativamente fácil de ser aprendida. O
esperanto não passou de uma utopia de românticos. E o francês pode ser
útil para conquistar mulheres da esquerda caviar, mas não muito mais do
que isso.
Quem quer se comunicar com o resto do
mundo precisa aprender bem o inglês. Fato. Mas vivemos num país que
ainda trata com desconfiança toda palavra inglesa. Há colunistas, como
Ancelmo Gois, que vivem repetindo que usar palavra em inglês “é o
cacete”. Nossa, que nacionalistas rebeldes!
Nelson Rodrigues diria que se trata de
complexo de vira-lata. Enquanto o Chile ensina inglês como sua segunda
língua obrigatória, dando bastante ênfase ao seu aprendizado, o Brasil
prefere flexibilizar seu uso até em provas para a diplomacia. O
resultado está aí.
O “pai fundador” de Cingapura, Lee Kuan
Yew, que transformou uma cidade-estado pobre e suja em uma potência com
renda per capita maior do que a americana, enfatiza a enorme importância
do inglês nesse processo. A língua não foi a segunda, mas a primeira em seu país. E Yew acredita que se a China não for pelo mesmo caminho, terá problemas à frente.
Graças ao inglês, qualquer um pode ler
livros de pensadores importantes de praticamente qualquer nacionalidade,
traduzidos para a língua de Shakespare (mas adaptada para o mundo
moderno). Imagina ter de aprender alemão para ler Freud, russo para ler
Dostoiévski e dinamarquês para ler Kierkegaard. Nada disso é necessário:
basta o inglês.
Nem consigo pensar em como seria minha
formação intelectual sem o domínio do inglês. Grande parte dos melhores
livros que li não tem tradução para o português, sem falar de revistas e
artigos. Quem não fala inglês hoje sofre um enorme handicap no mercado de trabalho, e também na própria educação.
O mercado tem tentado atender a crescente
demanda. Basta ver a grande quantidade de cursos de inglês que surgiu
nos últimos anos, assim como o valor pelo qual alguns desses grupos
foram vendidos. O potencial é gigantesco. Só não esperem muita ajuda do
governo, pois esse é dominado por gente que sofre da patologia
antiamericana também.
Aos leitores, principalmente mais jovens,
que porventura não sabem ainda falar inglês, fica meu recado: It’s time
to learn English!
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