A
esmagadora maioria da imprensa insiste na fábula da luta dos
Chapeuzinhos Vermelhos contra os Lobos Maus, e, por amor aos fatos e à
história, reitero que, em 1964, o país iniciou a trajetória rumo ao
estado da natureza, com o homem sendo o lobo do homem. Eram concepções
opostas e combinadas do Estado Leviatã. A única chance de isso resultar
em civilização é a ordem democrática. Quem a queria? Ninguém.
A imagem
acima, como muitos já perceberam, é um flagrante da invasão da aula do
professor Eduardo Gualazzi, da Faculdade de Direito da USP, promovida
por estudantes de extrema esquerda, que certamente consumiram mais
Toddynho & Sucrilho do que literatura marxista — ou não
protagonizariam uma pexotada ridícula como aquela.
Quem é
aquele senhor no círculo vermelho? E o hoje militante petista Antônio
Carlos Fon, 68 anos, ligado, desde que o mundo é mundo, ao Sindicato dos
Jornalistas de São Paulo. O que faz lá, invadindo uma aula na São
Francisco? Sabem como é… Toda praça é praça para levar adiante “a luta”.
Fon foi
militante da área de Inteligência da ALN (Ação Libertadora Nacional),
comandada por Carlos Marighella. Era jornalista e cobria a área de
polícia, infiltrado — era a sua tarefa — justamente no meio policial que
estava ligado à repressão. Sua missão era se fazer de íntimo da turma
para colher informações que facilitassem as ações terroristas da ALN.
Eu falei
em “ações terroristas”? Mas, afinal, a ALN praticava terrorismo? Os
jovens vitaminados com sucrilho, mas não necessariamente com livros, não
precisam acreditar em mim. Devem acreditar em Marighella, que escreveu o
Minimanual do Guerrilheiro Urbano. E de lá que extrio os trechos
abaixo. Leiam. Os entretítulos em azul são meus. Volto em seguida.
TRECHOS DO MANUAL DE MARIGHELLA
Já na abertura
A acusação de “violência” ou
“terrorismo” sem demora tem um significado negativo. Ele tem adquirido
uma nova roupagem, uma nova cor. Ele não divide, ele não desacredita,
pelo contrário, ele representa o centro da atração. Hoje, ser “violento”
ou um “terrorista” é uma qualidade que enobrece qualquer pessoa
honrada, porque é um ato digno de um revolucionário engajado na luta
armada contra a vergonhosa ditadura militar e suas atrocidades.
Missão
O guerrilheiro urbano é um inimigo
implacável do governo e inflige dano sistemático às autoridades e aos
homens que dominam e exercem o poder. O trabalho principal do
guerrilheiro urbano é de distrair, cansar e desmoralizar os militares, a
ditadura militar e as forças repressivas, como também atacar e destruir
as riquezas dos norte-americanos, os gerentes estrangeiros, e a alta
classe brasileira.
(…)
é inevitável e esperado necessariamente, o conflito armado do guerrilheiro urbano contra os objetivos essenciais:
a. A exterminação física dos chefes e assistentes das forças armadas e da polícia.
É pra matar
No Brasil, o número de ações
violentas realizadas pelos guerrilheiros urbanos, incluindo mortes,
explosões, capturas de armas, munições, e explosivos, assaltos a bancos e
prisões, etc., é o suficientemente significativo como para não deixar
dúvida em relação as verdadeiras intenções dos revolucionários.
A
execução do espião da CIA Charles Chandler, um membro do Exército dos
EUA que veio da guerra do Vietnã para se infiltrar no movimento
estudantil brasileiro, os lacaios dos militares mortos em encontros
sangrentos com os guerrilheiros urbanos, todos são testemunhas do fato
que estamos em uma guerra revolucionária completa e que a guerra somente
pode ser livrada por meios violentos.
Esta
é a razão pela qual o guerrilheiro urbano utiliza a luta e pela qual
continua concentrando sua atividade no extermínio físico dos agentes da
repressão, e a dedicar 24 horas do dia à expropriação dos exploradores
da população.
Razão de ser
A razão para a existência do
guerrilheiro urbano, a condição básica para qual atua e sobrevive, é o
de atirar. O guerrilheiro urbano tem que saber disparar bem porque é
requerido por este tipo de combate.
Tiro
e pontaria são água e ar de um guerrilheiro urbano. Sua perfeição na
arte de atirar o fazem um tipo especial de guerrilheiro urbano – ou
seja, um franco-atirador, uma categoria de combatente solitário
indispensável em ações isoladas. O franco-atirador sabe como atirar, a
pouca distância ou a longa distância e suas armas são apropriadas para
qualquer tipo de disparo.
Espalhando o terror
[a guerrilha deve] provar sua
combatividade, decisão, firmeza, determinação, e persistência no ataque
contra a ditadura militar para permitir que todos os inconformes sigam
nosso exemplo e lutem com táticas de guerrilha urbana. Enquanto tanto, o
governo (…) [terá de retirar] suas tropas para poder vigiar os bancos,
industrias, armarias, barracas militares, televisão, escritórios
norte-americanas, tanques de armazenamento de gás, refinarias de
petróleo, barcos, aviões, portos, aeroportos, hospitais, centros de
saúde, bancos de sangue, lojas, garagens, embaixadas, residências de
membros proeminentes do regime, tais como ministros e generais, estações
de policia, e organizações oficiais, etc.
[a
guerrilha deve] aumentar os distúrbios dos guerrilheiros urbanos
gradualmente em ascendência interminável de tal maneira que as tropas do
governo não possam deixar a área urbana para perseguir o guerrilheiro
sem arriscar abandonar a cidade, e permitir que aumente a rebelião na
costa como também no interior do pais
Retomo
E então? O que lhes pareceu? Marighella,
como se nota, não tinha nada a ver com aquele verso tonto de Geraldo
Vadré, sobre os que “acreditam nas flores vencendo o canhão”. Não! Era o
canhão vencendo o canhão. Na impossibilidade de os terroristas terem
um, então recorriam a outras táticas letais. Está confessado ali.
Gualazzi
teve a sua aula interrompida justamente quando falava do caráter
autoritário e discricionário do comunismo. Foi interrompido por um dos
“fiéis de Marighella”. Ao fazê-lo, o grupo dava razão, teórica ao menos,
ao professor.
Leia o restante deste artigo no Blog do Reinaldo Azevedo