Negócios saltaram em 2007, quando Graça Foster assumiu diretoria da estatal
Engenheira é cotada para assumir cargo no 1º escalão do governo Dilma; Petrobras nega que haja favorecimento
FERNANDA ODILLADE BRASÍLIA
A empresa do marido de
Maria das Graças Foster, nome forte para o primeiro escalão do governo Dilma
Rousseff, multiplicou os contratos com a Petrobras a partir de 2007, ano em que a engenheira ganhou cargo de direção na estatal.
Nos últimos três anos, a
C.Foster, de propriedade de
Colin Vaughan Foster, assinou 42 contratos, sendo 20
sem licitação, para fornecer
componentes eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes
unidades da estatal.
Entre 2005 e 2007, apenas
um processo de compra (sem
licitação) havia sido feito
com a empresa do marido de
Graça, segundo a Petrobras.
A C.Foster, que já vendeu
R$ 614 mil em equipamentos
para a Petrobras, começou
na década de 1980 com foco
no setor de óleo e gás, área
hoje sob a responsabilidade
de Graça Foster.
Funcionária de carreira da
Petrobras, Graça é cotada para um cargo no primeiro escalão do governo dilmista,
como a presidência da Petrobras, a Casa Civil, a Secretaria-Geral da Presidência ou
outro posto próximo da presidente eleita, de quem ganhou confiança.
Foi por indicação de Dilma
que Graça ganhou, a partir
de 2003, posições de destaque no Ministério de Minas e
Energia, Petroquisa e BR Distribuidora e, há três anos, assumiu a diretoria de Gás e
Energia da Petrobras.
Antes de a C.Foster firmar
esses 42 contratos com a Petrobras, a relação de Graça
com a empresa do marido,
Colin Vaughan Foster, já havia gerado mal-estar.
Em 2004, uma denúncia
contra a engenheira, relacionada ao suposto favorecimento à empresa do marido,
foi encaminhada à Casa Civil.
O então ministro José Dirceu pediu esclarecimentos
ao Ministério de Minas e
Energia, sob o comando de
Dilma. A fonte da denúncia
não é identificada nos documentos obtidos pela Folha.
Na ocasião, foram listados
dois contratos da C. Foster
com a estatal: um de 1994, e
outro, de 2000.
Coube à própria Petrobras
elaborar um ofício com explicações sobre duas investigações internas envolvendo
Graça no período em que ela
era gerente do Cenpes (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras).
Sem detalhar as apurações, a Petrobras informou
no ofício que durante as entrevistas "surgiram críticas
contundentes" a Graça Foster e alguns empregados
agregaram "denúncias de irregularidades nos negócios
com a C.Foster".
O documento diz ainda
que foram encontradas "evidências de que houve prejuízos à Petrobras", mas não revela o tamanho nem os responsáveis por ele.
A Petrobras informou no
documento que a "comissão
não encontrou provas de má-fé ou intuito de auferir vantagens financeiras".
Em defesa de Graça Foster,
a estatal destacou ainda no
documento que a engenheira
informou ao assumir o cargo
que se casou com o dono da
C.Foster em 1994, depois de
13 anos de namoro.
TEMPERAMENTO
O ofício diz que "não ficou
caracterizada a existência de
prática de crime ou improbidade administrativa", mas
enfatizava o temperamento
difícil da engenheira.
"Cumpre agregar que nas
declarações prestadas, verificou-se que Maria das Graças
era objeto de restrições por
grande parte do pessoal de
seu setor, dado principalmente, como veio externar a
comissão, "o modo com que
tratava seus subordinados'",
diz o ofício da Petrobras para
a Casa Civil.
Assim como a presidente
eleita, a diretora da Petrobras
carrega a fama de dura, exigente e agressiva.
Se vingar a ideia de Dilma
de "desidratar" a Casa Civil,
aumentam as chances de
Graça ser nomeada ministra.
A avaliação da equipe de
transição é a de que a diretora da Petrobras não tem jogo
de cintura para chefiar um
superministério.
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