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terça-feira, agosto 05, 2014

RECORDAR É VIVER: Conflito de Interesses




Em 4 de novembro de 2010, foi publicado na seção Radar on-line da Veja.com


Conflito de interesses?



A C Foster Serviços e Equipamentos presta serviços na área de petróleo e gás para empresas estrangeiras e brasileiras – entre elas, a Petrobras. Pertence a Colin Foster (foto). E daí? Daí que Colin vem a ser marido de Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobras, uma das pessoas mais próximas de Dilma Rousseff e hoje cotada para alguns cargos relevantes no governo da amiga.
A própria Petrobras informa que no período de 2005 a 2010 foram efetuados 43 processos de compra. O valor total não é alto: 614 000 reais. Mas é um prato cheio para um curto-circuito.

Por Lauro Jardim



Contratos com fornecedores: resposta ao Radar on-line


Leia o post “Conflito de interesses?”, publicado nesta quinta (4/11) no Radar on-line e a resposta da Petrobras encaminhada ao blog.

Pergunta: A C. Foster Serviços e Equipamentos de Petróleo LTDA é fornecedora da Petrobras?

Resposta: A empresa, com CNPJ 31.043.482/0001-90, forneceu componentes eletrônicos para as áreas de Tecnologia da Informação e Telecomunicações – TIC, Serviços Compartilhados e Exploração e Produção da Petrobras. No período de 2005 a 2010, foram efetuados 43 processos de compra, totalizando R$ 614 mil, sendo 33 inferiores a R$ 10 mil.




Em 14 de novembro de 2010, foi publicado na Folha de São Paulo:




Negócios saltaram em 2007, quando Graça Foster assumiu diretoria da estatal
Engenheira é cotada para assumir cargo no 1º escalão do governo Dilma; Petrobras nega que haja favorecimento


FERNANDA ODILLA

DE BRASÍLIA 



A empresa do marido de Maria das Graças Foster, nome forte para o primeiro escalão do governo Dilma Rousseff, multiplicou os contratos com a Petrobras a partir de 2007, ano em que a engenheira ganhou cargo de direção na estatal.



Nos últimos três anos, a C.Foster, de propriedade de Colin Vaughan Foster, assinou 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes unidades da estatal.



Entre 2005 e 2007, apenas um processo de compra (sem licitação) havia sido feito com a empresa do marido de Graça, segundo a Petrobras.



A C.Foster, que já vendeu R$ 614 mil em equipamentos para a Petrobras, começou na década de 1980 com foco no setor de óleo e gás, área hoje sob a responsabilidade de Graça Foster.

Funcionária de carreira da Petrobras, Graça é cotada para um cargo no primeiro escalão do governo dilmista, como a presidência da Petrobras, a Casa Civil, a Secretaria-Geral da Presidência ou outro posto próximo da presidente eleita, de quem ganhou confiança.

Foi por indicação de Dilma que Graça ganhou, a partir de 2003, posições de destaque no Ministério de Minas e Energia, Petroquisa e BR Distribuidora e, há três anos, assumiu a diretoria de Gás e Energia da Petrobras.

Antes de a C.Foster firmar esses 42 contratos com a Petrobras, a relação de Graça com a empresa do marido, Colin Vaughan Foster, já havia gerado mal-estar.

Em 2004, uma denúncia contra a engenheira, relacionada ao suposto favorecimento à empresa do marido, foi encaminhada à Casa Civil.

O então ministro José Dirceu pediu esclarecimentos ao Ministério de Minas e Energia, sob o comando de Dilma. A fonte da denúncia não é identificada nos documentos obtidos pela Folha.

Na ocasião, foram listados dois contratos da C. Foster com a estatal: um de 1994, e outro, de 2000.

Coube à própria Petrobras elaborar um ofício com explicações sobre duas investigações internas envolvendo Graça no período em que ela era gerente do Cenpes (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras).

Sem detalhar as apurações, a Petrobras informou no ofício que durante as entrevistas "surgiram críticas contundentes" a Graça Foster e alguns empregados agregaram "denúncias de irregularidades nos negócios com a C.Foster".

O documento diz ainda que foram encontradas "evidências de que houve prejuízos à Petrobras", mas não revela o tamanho nem os responsáveis por ele.

A Petrobras informou no documento que a "comissão não encontrou provas de má-fé ou intuito de auferir vantagens financeiras".

Em defesa de Graça Foster, a estatal destacou ainda no documento que a engenheira informou ao assumir o cargo que se casou com o dono da C.Foster em 1994, depois de 13 anos de namoro.


TEMPERAMENTO

O ofício diz que "não ficou caracterizada a existência de prática de crime ou improbidade administrativa", mas enfatizava o temperamento difícil da engenheira.

"Cumpre agregar que nas declarações prestadas, verificou-se que Maria das Graças era objeto de restrições por grande parte do pessoal de seu setor, dado principalmente, como veio externar a comissão, "o modo com que tratava seus subordinados'", diz o ofício da Petrobras para a Casa Civil.

Assim como a presidente eleita, a diretora da Petrobras carrega a fama de dura, exigente e agressiva.

Se vingar a ideia de Dilma de "desidratar" a Casa Civil, aumentam as chances de Graça ser nomeada ministra. A avaliação da equipe de transição é a de que a diretora da Petrobras não tem jogo de cintura para chefiar um superministério.

Em 17 de novembro de 2010, foi publicado no Blog Alerta Total:

Ingleses identificam José Dirceu como fonte de ataques a marido maçom de Graça Foster


Através da Maçonaria Inglesa, a Oligarquia Financeira Transnacional terá uma ligação politicamente estreita com o futuro governo Dilma Rousseff. A melhor amiga da Presidenta eleita, Maria da Graça Foster, é casada com Colin Vaughan Foster. Além de já ter faturado 43 contratos com a Petrobrás, empresa da qual Graça é diretora de Energia e Gás, Colin é Grão-Mestre Distrital da Divisão Norte da Grande Loja Unida da Inglaterra, cujo “Grand Master” é o Príncipe Edward George Nicholas Paul Patrick – primo da Rainha Elisabeth. Quem comanda a Grande Loja Unida da Inglaterra, junto com o príncipe, é Peter Lowndes membro do Royal Institution of Chartered Surveyors (RICS).


No ramo em que opera a empresa de Foster (componentes eletrônicos), as compras da Petrobras somam R$ 10 milhões por ano. Portanto, não chega a ser escandaloso o valor de R$ 614 mil em 43 processos de compra feitos pela Petrobras entre os anos de 2005 e 2010. O problema é que Maria da Graça Foster é cotada para assumir a Casa Civil ou até a presidência da Petrobrás, onde é empregada de carreira. Por isso, seu marido maçom virou alvo do “fogo amigo” do PT na disputa por espaço de poder. Sua empresa C Foster Serviços e Equipamentos, que presta serviços na área de petróleo e gás para empresas estrangeiras e brasileiras, ganhou destaque em notinhas e reportagens plantadas na mídia amestrada pelo esquema de José Dirceu. O controlador do PT não quer Graça forte junto a Dilma. Os maçons ingleses querem, e podem criar problemas para o Zé – que não é membro de irmandade secreta, mas adora agir nas sombras do poder.

Em 2004, quando José Dirceu mandava no governo, a Casa Civil uma recebeu uma “denúncia” contra Graça, na época gerente do Cenpes (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras). Graça foi acusada de favorecer a empresa do marido Colin. Dirceu cobrou explicações oficiais a Dilma Rousseff, então ministra das Minas e Energia de Lula. A Petrobrás informou que a comissão constituída para apurar a demúmcia “não encontrou provas de má-fé ou intuito de auferir vantagens financeiras", e “não ficou caracterizada a existência de prática de crime ou improbidade administrativa”.

Mexer com Graça pode não ser um bom negócio para o cardeal Dirceu. Dilma e ela são amigas desde quando a Presidenta eleita era secretária de Energia do Rio Grande do Sul. As duas cuidaram do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) – negócio que envolveu o poder da British Gás e da Shell. Daí a ponte favorável a Dilma com o braço britânico da Oligarquia Financeira Transnacional – que pode ser ampliado, agora, via lobby do maçom Colin Foster.

Times muito parecidos
As amigas Dilma e Graça têm fama de “duronas”. As duas chegam a ser agressivas no trato com suas equipes de trabalho. Ambas odeiam tentativas de ingerência política em suas decisões. Até os times de futebol delas têm camisa alvinegra: o Atlético Mineiro de Dilma e o Botafogo da Graça...

Bope da Dilma
Na Petrobrás, Graça tem o pesado apelido de “Caveirão”. Não por ser magra, mas por “passar por cima de obstáculos” igual ao famoso carro do Bope (o batalhão de operações especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro, astromóvel dos filmes Tropa de Elite). Para evitar ingerências petralhas além das previstas em seu governo, para Dilma Rousseff, pode ser interessante ter um “carro de combate” de sua inteira confiança e amizade na Casa Civil.

Maçom prestigiado
Na Maçonaria, o marido da Graça tem prestígio. No ultimo dia 15 de maio de 2010, na sede do Grande Oriente do Brasil, em Brasília, foram comemorados os 75 anos do Tratado entre a Grande Loja Unida da Inglaterra e o Grande Oriente do Brasil. O acordo foi assinado em 6 de maio de 1935, embora as relações formais entre a Maçonaria Inglesa e o GOB datem de janeiro de 1880.

Big Brother
A sessão publica de comemoração contou com a presença dos granadeiros da guarda presidencial e banda do batalhão da guarda presidencial que executou o hino nacional brasileiro. Na cerimônia, Colin mostrou uma jóia de membro efetivo da Loja Morro Velho, de Minas Gerais, confeccionada em ouro e diamantes retirados da mina Morro Velho em Minas Gerais. De Marcos José da Silva, Grão-mestre-geral da mais antiga potência maçônica brasileira, o “brother” Colin recebeu a Medalha Cruz da Perfeição Maçônica.


Em 24 de novembro de 2010, foi publicado na Folha de São Paulo:
Empresa de Colin Foster descumpriu contrato com a ANP e não foi punida
Pena poderia variar de advertência à perda de contrato; mulher de Foster é cotada para cargo próximo a Dilma 

FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA 

empresa do marido de Maria das Graças Foster, diretora da Petrobras e nome cotado para o primeiro escalão do governo Dilma Rousseff, deixou de cumprir contrato com a ANP (Agência Nacional do Petróleo) e foi poupada de punição.

Mesmo depois de constatar que a C. Foster descumpriu o plano de trabalho inicial para explorar petróleo em Sergipe, a ANP isentou a empresa de punições, justificando que houve "fornecimento tardio" de informações pela Petrobras.

A decisão da ANP foi tomada em novembro de 2007, dois meses depois de Graça, como Maria das Graças Foster é conhecida, assumir diretoria de Gás e Energia da Petrobras.

Na resolução em que poupou a empresa, a ANP diz que a Petrobras forneceu com atraso "informação relevante e restrições ambientais" para a exploração.

De propriedade de Colin Foster, a C. Foster venceu leilão, em 2005, e assinou contrato com a ANP para explorar uma área inativa na Cidade de Pirambu (SE).

Segundo a Petrobras, as informações com os detalhes da área foram encaminhadas à ANP em abril de 2006, 26 dias depois de a agência ter feito a solicitação.

À Folha a ANP não disse quanto tempo a Petrobras demorou nem o prazo que tinha para fornecer os dados.

Mas, no final de 2007, a diretoria da agência isentou de punição a C. Foster, que desistiu da exploração do local por considerar inviável.

A decisão que cita o fornecimento tardio de dados pela Petrobras e que favoreceu a empresa do marido de Graça foi registrada em ata.

A ANP e a Petrobras negam, porém, que a C. Foster tenha sido beneficiada.

As punições para quem não cumpre contratos e licitações podem variar de advertência à perda de contrato, com multas de R$ 10 mil a R$ 1 milhão.

Na semana passada, a Folha revelou que a C. Foster firmou 42 processos de compra com a Petrobras a partir de 2007, ano em que Graça ganhou cargo de direção na estatal. A Petrobras nega ter favorecido a empresa.

A relação de Graça com a empresa de seu marido já provocou indisposição no governo Lula e foi alvo de sindicância na Petrobras -que diz não ter encontrado provas de improbidade.


Em 23 de janeiro de 2012, Reinaldo Azevedo escreveu na sua coluna:



Maria das Graças e seu marido.Ou: A família do petróleo & gás

Em novembro de 2010, reportagem de Fernanda Odilla, da Folha, informava — e não houve contestação — que, desde 2008, a C.Foster, de propriedade de Colin Vaughan Foster, marido de Maria das Graças, futura presidente da Petrobras, havia assiando 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes unidades da estatal. À época, ela cotada para o Ministério das Minas e Energia.
Huuummm… Talvez a C.Foster seja mesmo a melhor da área. Também entendo o fato de o casal ter interesse comum em petróleo, gás e coisa e tal. É comum os casais partilharem de certos gostos. O que é incomum — e seria em qualquer país democrático do mundo — é a mulher (ou o marido) presidir a principal empresa do Estado que compra serviços fornecidos pelo cônjuge. Collin e Maria das Graças podem ser dois franciscanos, dois Caxias, mais honestos e retos do que as freiras dos pés descalços. E daí? Isso é diferente da, por exemplo, “Rede Bezerra Coelho”?
Na própria base aliada, fosse outro o partido de Maria das Graças, que não o PT, e já haveria um enorme bochicho. Como é com petistas, sabem como é… A regra é a seguinte: os não-petistas, especialmente se oposicionistas, são sempre culpados ainda que não haja nem indícios contra eles. Já os companheiros são sempre inocentes, até mesmo contra as provas.
Eu olho para esse ar, vamos dizer, severo de Maria das Graças e só consigo pensar em sua dedicação aos derivados de petróleo. Gente que sabe fazer cara de brava sempre leva alguma vantagem sobre os de aparência mansa. Mas e daí? Ela terá de arbitrar, sim — ou algum subordinado dependente de suas graças o fará por ela — questões que dirão respeito aos negócios do marido. Se ele já mudou de ramo, não sei. Mas é claro que seria o caso, né?
A Petrobras até chegou a fazer uma investigação interna para saber se havia alguma incompatibilidade entre a atuação do marido de Maria das Graças e a da própria. Não se encontrou nada. No máximo, constatou-se que ela não era muito querida pela equipe porque parece compartilhar com Dilma certo gosto por, como direi?, dar um esculachos nos subordinados. Braveza de chefe, que deixa a equipe triste ou ressentida, é coisa do mundo da fofoca e de publicações de auto-ajuda. Para mim, é o de menos. Acho que Maria das Graças tem de ser, segundo reza o clichê ainda válido, como a mulher de César: não basta ser honesta; tem também de parecer honesta.
Ora, se o marido dela pode, por que os demais maridos e demais mulheres não podem? Não há de ser porque ela tem esse ar de quem só pensa em derivados de petróleo e gás.
Segue reportagem da Folha de novembro de 2010. Volto para encerrar.
A empresa do marido de Maria das Graças Foster, nome forte para o primeiro escalão do governo Dilma Rousseff, multiplicou os contratos com a Petrobras a partir de 2007, ano em que a engenheira ganhou cargo de direção na estatal. Nos últimos três anos, a C.Foster, de propriedade de Colin Vaughan Foster, assinou 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes unidades da estatal. Entre 2005 e 2007, apenas um processo de compra (sem licitação) havia sido feito com a empresa do marido de Graça, segundo a Petrobras. A C.Foster, que já vendeu R$ 614 mil em equipamentos para a Petrobras, começou na década de 1980 com foco no setor de óleo e gás, área hoje sob a responsabilidade de Graça Foster.
Funcionária de carreira da Petrobras, Graça é cotada para um cargo no primeiro escalão do governo dilmista, como a presidência da Petrobras, a Casa Civil, a Secretaria-Geral da Presidência ou outro posto próximo da presidente eleita, de quem ganhou confiança. Foi por indicação de Dilma que Graça ganhou, a partir de 2003, posições de destaque no Ministério de Minas e Energia, Petroquisa e BR Distribuidora e, há três anos, assumiu a diretoria de Gás e Energia da Petrobras. Antes de a C.Foster firmar esses 42 contratos com a Petrobras, a relação de Graça com a empresa do marido, Colin Vaughan Foster, já havia gerado mal-estar. Em 2004, uma denúncia contra a engenheira, relacionada ao suposto favorecimento à empresa do marido, foi encaminhada à Casa Civil.
O então ministro José Dirceu pediu esclarecimentos ao Ministério de Minas e Energia, sob o comando de Dilma. A fonte da denúncia não é identificada nos documentos obtidos pela Folha. Na ocasião, foram listados dois contratos da C. Foster com a estatal: um de 1994, e outro, de 2000. Coube à própria Petrobras elaborar um ofício com explicações sobre duas investigações internas envolvendo Graça no período em que ela era gerente do Cenpes (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras).
(…)
O ofício diz que “não ficou caracterizada a existência de prática de crime ou improbidade administrativa”, mas enfatizava o temperamento difícil da engenheira. “Cumpre agregar que nas declarações prestadas, verificou-se que Maria das Graças era objeto de restrições por grande parte do pessoal de seu setor, dado principalmente, como veio externar a comissão, “o modo com que tratava seus subordinados’”, diz o ofício da Petrobras para a Casa Civil.
Encerro
Não sei o regime de união do casal. Sendo um casamento ou uma união estável, na prática, Maria das Graças terá negócios privados com a empresa pública que ela preside. E por que o PT vai adiante? Porque está convencido de que pode tudo.

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