Atualizado em 16 de julho, 2013 - 23:48 (Brasília) no BBC Brasil
Cuba admitiu estar por trás de um carregamento
militar que foi descoberto dentro de um barco com a bandeira da Coreia
do Norte retido pelo governo do Panamá.
O navio Chong Chon Gang, procedente de Cuba, foi
detido quando se aproximava do Canal do Panamá com
armas não declaradas escondidas sob um carregamento de açúcar.O governo do Panamá disse que a embarcação contrabandeava "um equipamento sofisticado de mísseis" através do canal.
O ministro de
Relações Exteriores de Cuba disse em comunicado que o navio levava armas
obsoletas cubanas para serem consertadas na Coreia do Norte.
Sanções da ONU impedem que a Coreia do Norte
exporte e importe armas. No caso das importações, apenas armamentos
leves são permitidos.
Entenda o que se sabe até agora sobre o incidente:
O que aconteceu?
O ministro da Segurança do Panamá, José Raúl
Mulino, disse à BBC que "o barco foi detido, por
causa de uma informação relacionada com drogas". No entanto, ele afirmou que armamentos foram descobertos.
"O fiscal antidrogas foi quem deu a ordem. No
entanto, como houve resistência e violência da tripulação ─ o capitão
tentou suicidar-se duas vezes ─ tivemos esse problema até o sábado à
noite, quando o barco já estava no porto e a tripulação fora do barco.
Pudemos então começar a trabalhar sem parar, como se está trabalhando",
disse o ministro.
Um comunicado oficial do
Ministério das Relações Exteriores cubano admitiu que o navio levava
armas obsoletas de Cuba para serem consertadas na Coreia do Norte. No entanto, a nota diz que Cuba reafirma seu
compromisso com "a paz, o desarmamento, incluindo o desarmamento
nuclear, e o respeito pelas leis internacionais".
O que se sabe sobre o carregamento?
Cuba afirmou que o navio carregava 240 toneladas de "armamento de
defesa obsoleto" ─ dois complexos de mísseis anti-aéreos, nove mísseis
divididos em partes menores, dois aviões de caça MiG 21-Bis e 15 motores
de MiG.
O comunicado cubano disse que as armas haviam
sido fabricadas em meados do século 20. Elas passariam por uma
manutenção na Coreia do Norte e seriam levadas de volta ao país. "Os acordos assinados por Cuba nesse campo
incluem a necessidade de manter nossa capacidade defensiva para
preservar nossa soberania nacional", diz a nota.
O país afirmou ainda que o navio estava carregado com cerca de 10 mil toneladas de açúcar.
O governo do Panamá estava descarregando o navio
para investigar seu conteúdo. "É uma barbaridade de açúcar e como os
tripulantes danificaram os guindastes do próprio barco, é preciso
tirá-la com guindastes de fora e com mão de obra humana, saco a saco. É
um trabalho grande", disse o ministro de Segurança José Mulino.
O presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, fez o anúncio da detenção do barco em sua conta no Twitter.
Martinelli afirmou não é permitido navegar através do Canal do Panamá com armas de guerra não declaradas.
O navio norte-coreano deixou o extremo leste da
Rússia em abril e cruzou o oceano Pacífico com seu sistema de
localização automática desligado ─ uma manobra "suspeita", segundo o
correspondente de segurança da BBC, Frank Gardner.
O que aconteceu com o barco e com a tripulação?
As autoridades detiveram cerca de 35 membros da tripulação, quem teriam resistido fortemente, segundo Martinelli.
A agência de notícias Reuters cita uma
entrevista do presidente a um canal de televisão do país, em que ele
teria dito que o capitão do navio tentou o suicídio depois que a
embarcação foi apreendida.
Os tripulantes e o capitão foram levados à
ex-base aeronaval americana de Sherman, que agora está sob a direção do
Serviço Aeronaval do Panamá.
O ministro de Segurança, José Raúl Mulino,
afirmou que o governo consultará a ONU para determinar a que organismo
teria que entregar os prisioneiros caso se confirmasse o contrabando de
armas de guerra.
O navio Chong Chon Gang já havia sido objeto de controvérsias em anos anteriores. Hugh Griffiths, especialista em tráfico de armas
do Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo, na Suécia,
diz que a embarcação havia sido capturada anteriormente por traficar
drogas e munições, segundo a agência de notícias Associated Press.
O barco foi retido em 2010 na Ucrânia e foi atacado por piradas na
costa da Somália em 2009. Nesse mesmo ano, chamou a atenção do Instituto
por causa de uma parada que fez em Tartus, o porto sírio onde a Rússia
tem uma base naval.
Que restrições pesam sobre a Coreia do Norte em relação a armamentos?
As sanções da ONU impedem a Coreia do Norte de
exportar e importar armamentos. No caso das importações, só armas leves
são permitidas.
As restrições se intensificaram logo depois que
Pyongyang realizou seu terceiro teste nuclear em 12 de fevereiro, quando
os Estados Unidos passaram inspecionar navios norte-coreanos suspeitos.
Nos últimos anos, diversos barcos norte-coreanos foram confiscados sob o regime de sanções da ONU.
Em julho de 2009, um navio da Coreia do Norte
rumo à Birmânia (também conhecida como Mianmar) foi obrigado pela
marinha americana a voltar a seu porto quando se suspeitou que ele
levava armas.
Especialistas acreditam que Pyongyang está
desenvolvendo uma ogiva nuclear suficientemente pequena para ser
colocada em um míssil de longo alcance.
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