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sexta-feira, abril 11, 2014

JORGE OLIVEIRA: André Vargas foi muito bondoso com seus companheiros nas eleições de 2010, dividiu o precioso bolo das doações de 1 milhão de reais com vários candidatos

Na entrevista, Lula não fala sobre dinheiro de Vargas na conta da Dilma



Brasília – O ex-presidente Lula inovou na maneira de falar à imprensa. Ele agora convoca os blogueiros oficiais – aqueles patrocinados pelas estatais – para falar à nação sobre os últimos escândalos do seu partido. Lula não queria ser importunado com perguntas inconvenientes sobre os últimos acontecimentos do PT que coloca na berlinda o deputado André Vargas, defensor radical do “Volta Lula”, envolvido numa sociedade rasteira e repugnante para um homem público com o doleiro Alberto Youssef em operações de lavagem de dinheiro.

Para quem quis amordaçar a liberdade de imprensa com um tal de conselho que restringiria a atuação livre da mídia, Lula até que foi coerente ao chamar os aliados chapas-brancas para uma coletiva. Evitou assim perguntas incomodas como a de que André Vargas foi muito bondoso com seus companheiros nas eleições de 2010. Além de arrecadar para a própria campanha, ele dividiu o precioso bolo das doações de 1 milhão de reais (é o que está registrado no TRE) com vários candidatos. Mas na divisão da grana já mostrava à época que não nutria muita simpatia com a candidata Dilma. Mandou-lhe apenas parcos 45 mil reais para a sua campanha.

Na entrevista, se questionado, Lula não teria explicações para esse ato fraternal de Vargas. Não teria também como explicar porque o doleiro  Alberto Youssef, preso na operação Lava-Jato, teria sido um dos convidados da comitiva de governo numa das viagens presidenciais à Cuba. Ora, se a atividade de Youssef é negociar dólar no paralelo não é difícil imaginar que a sua intenção seria a de vender a moeda no mercado negro no país dos Castro.  Pode-se deduzir também que os financiamentos do BNDES à Cuba, que têm cláusulas sigilosas, poderiam voltar ao Brasil em forma de ajuda de campanha. Aliás, essas denúncias foram feitas – e não investigadas – nas duas campanhas de Lula.

Não conheço político tão generoso com dinheiro como André Vargas. É inédito em campanha o que o deputado fez para ajudar companheiros do partido. Pelo que declarou à Justiça Eleitoral, Vargas contribuiu para a campanha de 32 candidatos. Imagine, sacou do seu bolsão de doações 900 mil reais e distribuiu aos amigos através do seu comitê de campanha. Desse total, doze candidatos eram do PT. Receberam 876 mil reais. Nesse “bolão”, a presidente Dilma recebeu apenas 45 mil.

Diante dessas revelações, agora dá para entender porque o deputado soltou a palavra de ordem, comum  a todos os petistas flagrados em associação com o crime: “Não cairei sozinho”. Vargas tentou chantagear a própria presidente, a quem ajudou na campanha, e seus parceiros de parlamento, lembrando-os do envolvimento com seu dinheiro de origem criminosa, como apurou a Polícia Federal.

Na entrevista aos blogueiros, Lula – que vestia uma guayabera dos revolucionários cubanos – não queria passar pelo constrangimento de responder que o dinheiro do doleiro chegou ao gabinete da presidente Dilma. Era esse modelo de entrevista que Lula imaginou quando atentou contra a liberdade de imprensa: jornalistas adestrados, perguntas previamente formuladas e jornais submissos às notícias oficiais. Dessa forma, os brasileiros jamais saberiam o que os petistas estão fazendo com o dinheiro público e porque quebraram a Petrobrás, que, mesmo diante das provas contundentes de corrupção, o ex-presidente teima em afirmar que tudo isso é coisa da oposição em época pré-eleitoral.

O Brasil tem saudades do PT ético!


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