Na entrevista, Lula não fala sobre dinheiro de Vargas na conta da Dilma
Brasília – O ex-presidente Lula inovou na maneira de
falar à imprensa. Ele agora convoca os blogueiros oficiais – aqueles
patrocinados pelas estatais – para falar à nação sobre os últimos
escândalos do seu partido. Lula não queria ser importunado com perguntas
inconvenientes sobre os últimos acontecimentos do PT que coloca na
berlinda o deputado André Vargas, defensor radical do “Volta Lula”,
envolvido numa sociedade rasteira e repugnante para um homem público com
o doleiro Alberto Youssef em operações de lavagem de dinheiro.
Para quem quis amordaçar a liberdade de imprensa com um tal de
conselho que restringiria a atuação livre da mídia, Lula até que foi
coerente ao chamar os aliados chapas-brancas para uma coletiva. Evitou
assim perguntas incomodas como a de que André Vargas foi muito bondoso
com seus companheiros nas eleições de 2010. Além de arrecadar para a
própria campanha, ele dividiu o precioso bolo das doações de 1 milhão de
reais (é o que está registrado no TRE) com vários candidatos. Mas na
divisão da grana já mostrava à época que não nutria muita simpatia com a
candidata Dilma. Mandou-lhe apenas parcos 45 mil reais para a sua
campanha.
Na entrevista, se questionado, Lula não teria explicações para esse
ato fraternal de Vargas. Não teria também como explicar porque o
doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava-Jato, teria sido um dos
convidados da comitiva de governo numa das viagens presidenciais à
Cuba. Ora, se a atividade de Youssef é negociar dólar no paralelo não é
difícil imaginar que a sua intenção seria a de vender a moeda no mercado
negro no país dos Castro. Pode-se deduzir também que os financiamentos
do BNDES à Cuba, que têm cláusulas sigilosas, poderiam voltar ao Brasil
em forma de ajuda de campanha. Aliás, essas denúncias foram feitas – e
não investigadas – nas duas campanhas de Lula.
Não conheço político tão generoso com dinheiro como André Vargas. É
inédito em campanha o que o deputado fez para ajudar companheiros do
partido. Pelo que declarou à Justiça Eleitoral, Vargas contribuiu para a
campanha de 32 candidatos. Imagine, sacou do seu bolsão de doações 900
mil reais e distribuiu aos amigos através do seu comitê de campanha.
Desse total, doze candidatos eram do PT. Receberam 876 mil reais. Nesse
“bolão”, a presidente Dilma recebeu apenas 45 mil.
Diante dessas revelações, agora dá para entender porque o deputado
soltou a palavra de ordem, comum a todos os petistas flagrados em
associação com o crime: “Não cairei sozinho”. Vargas tentou chantagear a
própria presidente, a quem ajudou na campanha, e seus parceiros de
parlamento, lembrando-os do envolvimento com seu dinheiro de origem
criminosa, como apurou a Polícia Federal.
Na entrevista aos blogueiros, Lula – que vestia uma guayabera dos
revolucionários cubanos – não queria passar pelo constrangimento de
responder que o dinheiro do doleiro chegou ao gabinete da presidente
Dilma. Era esse modelo de entrevista que Lula imaginou quando atentou
contra a liberdade de imprensa: jornalistas adestrados, perguntas
previamente formuladas e jornais submissos às notícias oficiais. Dessa
forma, os brasileiros jamais saberiam o que os petistas estão fazendo
com o dinheiro público e porque quebraram a Petrobrás, que, mesmo diante
das provas contundentes de corrupção, o ex-presidente teima em afirmar
que tudo isso é coisa da oposição em época pré-eleitoral.
O Brasil tem saudades do PT ético!
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