Para empresário, que também preside a Câmara de Políticas de Gestão do governo, a infraestrutura e a qualidade dos serviços no País são inaceitáveis
PORTO ALEGRE - O empresário Jorge Gerdau Johannpeter
criticou a insistência do Brasil em se aproximar do Mercosul, propôs que
o próximo governo brasileiro tenha apenas seis ministérios e chegou a
sugerir que a população se rebele diante da falta de infraestrutura e da
qualidade dos serviços do País.
As afirmações do empresário foram feitas durante palestra para os
participantes da 27.ª edição do Fórum da Liberdade, ontem em Porto
Alegre. O evento é promovido anualmente pelo Instituto de Estudos
Empresariais (IEE), entidade de jovens empresários de tendências
liberais.
"Uma placa que vi e achei interessante diz que a Central do Brasil há
30 anos é igual", citou.
"Tem de ter rebelião, gente", prosseguiu.
"Quem tem esposa e uma filha e tem de enfiar dentro daquele trem não dá
para aceitar."
Ao longo dos 40 minutos da palestra, Gerdau insistiu na necessidade
de o Brasil aumentar sua poupança, investir em infraestrutura e melhorar
sua governança e produtividade para crescer mais dos que os índices
próximos a 2% dos últimos anos. Também sugeriu metas ousadas, como
dobrar o Produto Interno Bruto (PIB) per capita até 2030.
O empresário - que preside, desde o início do governo Dilma Rousseff,
a Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade do
governo -, também revelou que, na conversa reservada que teve com o
pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, na
segunda-feira, foi questionado sobre o número de ministérios que
considera ideal para o Brasil. "Eu disse que com seis dá", confidenciou.
E citou cinco pastas, sem mencionar qual seria sexta: para a área
social, área econômica, segurança, parte internacional e condução
política.
Gerdau deu a entender, ainda, que preferiria ver o Brasil menos
ligado aos países vizinhos e mais atento ao mercado global. "Enquanto os
países do grupo do Pacífico têm crescimento de 5% a 6% ao ano,
aproximando-se do bloco americano, que está se integrando com a Europa,
nós ficamos brincando de Mercosul bolivariano", comparou. "Será que a
Cristina Kirchner (presidente da Argentina) tem que dizer o que o Brasil
tem que fazer? Não dá!", concluiu.
Procuradas para comentar as declarações de Gerdau, a Casa Civil e a
Secretaria de Comunicação da Presidência da República não responderam
até o fechamento desta edição.
Eficiência
Jorge Gerdau é conselheiro da presidente
Dilma desde a campanha eleitoral de 2010. A Câmara de Políticas de
Gestão, Desempenho e Competitividade, que comanda, tinha o objetivo de
aperfeiçoar a condução da máquina pública, eliminando gargalos e
tornando mais eficiente o atendimento ao cidadão. Sem resultados
aparentes, a câmara reduziu o ritmo dos trabalhos desde o ano passado.
O colegiado chegou a elogiar programas de monitoramento remoto, por
vídeo, implementados pelos ministérios da Previdência Social, da Saúde e
pelo grupo de acompanhamento das obras do Programa de Aceleração do
Crescimento. Gerdau sempre foi crítico do número de ministérios do
governo Dilma.
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