Por Lauro Jardim na Veja.com
Dilma Rousseff cometeu uma
gafe, mais uma, hoje durante a cerimônia de transferência do Galeão
para a iniciativa privada. Lá pelas tantas, emocionada, declamou o
belíssimo Samba do Avião, de Tom Jobim. E disse:
- Esse Samba do Avião faz uma ligação entre o Brasil de hoje e o Brasil de ontem, porque o Samba do Avião
descreve a chegada no Brasil, e em especial no Galeão, dos brasileiros
que voltavam ao Brasil após a Anistia, alguns após 21 anos de exílio,
outros menos do que isso, mas essa é a realidade, o Samba do Avião é isso. É de fato, e nessa semana é um momento especial, uma homenagem aos exilados…
Dilma embargou a voz, encheu os olhos de lágrimas com justa emoção. Só que o Samba do Avião foi lançado em 1962, dois anos antes do golpe – nada tem a ver com exilados.
A canção de Tom que remete aos exilados é Sabiá, parceria dele com Chico Buarque, de 1967. Diz a letra: “”Vou voltar/Sei que ainda vou voltar/Para o meu lugar”.
Além disso, os exilados não voltaram ao “Brasil após 21 anos de
exílio”. Negativo. A Anistia é de 1979, quando a quase totalidade dos
exilados retornou – ou seja, quinze anos após o golpe.
Nos discursos de improviso o risco de gafe é enorme. Mas não custava a assessoria de Dilma tê-la preparado melhor.