Sergio
Raposo de Medeiros (Pesquisador Nutrição Animal – Embrapa Gado de
Corte)
Há
cada 10 segundos, cerca de três toneladas
de carne bovina são produzidas no Brasil, o que dá uma boa ideia
como ela é grande em nosso país. Somos o maior exportado de carne
bovina, atendendo a quase 150 países. Para 2014, a Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) projeta como
meta faturar oito bilhões de dólares em exportações com a carne
bovina.
Apesar
do seu gigantismo, nossos índices produtivos médios estão muito
aquém do potencial. Há vários motivos para isso, mas o
super-pastejo, ou seja, o uso de mais animais do que a pastagem
suporta, surge em destaque. O resultado é pasto degradado, sem
condições de sustentar uma produção bovina com retorno econômico.
Hoje, considera-se que mais da metade das nossas pastagens tenham
algum grau de degradação.
Para
um problema tão complexo, eis que um equipamento extremamente
simples e de fácil uso pode contribuir grandemente para sua solução.
É a régua de manejo que serve como referência para as alturas
máximas e mínimas indicadas para pastejo dos principais capins
utilizados no Brasil. Maiores informações sobre ela e em que altura
os capins devem ser manejados podem ser obtidas em
http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/folderusodaregua.pdf.
A disseminação do seu uso pode ser um bom antídoto contra o
super-pastejo, que é o primeiro passo para uma pecuária de sucesso
no Brasil.
Outra característica marcante da pecuária brasileira é o
fornecimento à vontade de misturas minerais nas pastagens, da qual
poucos produtores tem dúvida dos benefícios. Com relação à ela,
a maior preocupação deve ser quanto ao consumo dos suplementos.
Valores médios de consumo, nem que sejam apenas do cálculo
decorrente da divisão da diferença de estoque (Estoque Inicial –
estoque atual) pelo número de animais e pelos dias que este estoque
serviu a eles, são de grande valia. Se o valor obtido desta conta
for menor que a recomendação de uso, é preciso estimular o
consumo. No caso de ser superior, mas a diferença for pequena, menos
mal, pois o maior prejuízo é quando ocorre deficiência dos
minerais. É melhor sobrar do que faltar, pois a deficiência limita
o desempenho do animal e reduz o retorno do investimento na
suplementação. Se o consumo estiver muito superior, pode-se limitar
o fornecimento.
Nossa produção quase exclusiva em pastagem nos dá uma grande
vantagem, mas, como em grande parte onde se concentra o rebanho
brasileiro há uma época seca bem definida, manter apenas com pasto
e sal mineral é sinônimo de perda de peso na seca e avançada idade
de abate. Felizmente, as técnicas de suplementação na seca estão
bem evoluídas e há opções para variadas intensidades de
investimento. O sal com ureia é a porta de entrada, com menor
desembolso e, consequentemente, com resultado mais modesto:
manutenção de peso. Os proteinados, que são misturas múltiplas
contendo os minerais, ureia e ingredientes concentrados em proteína
e energia, são de maior investimento (Consumo: 1 a 2 gramas/ kg
peso), mas que resultam em ganhos de cerca de 300 g/cabeça, com
ótima relação de benefício:custo. Por fim, para aqueles que
pretendem maiores ganhos, temos o semi-confinamento, quando 10 g/kg
peso ou mais é usado, para ganhos próximos a 1 kg/cabeça.dia,
geralmente usado para terminação.
Ajuste de lotação das pastagens, mineralização nas águas e
suplementação estratégica na seca são atitudes sem grandes
complicações, mas que podem trazer grande benefício para o
pecuarista. Antes de pensar em quaqluer outra tecnologia e
investimento, vale à pena dar uma revisada a quantas andam esses
fundamentos na propriedade.