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quarta-feira, abril 16, 2014

Cuba admite ter enviado armas que foram apreendidas em navio rumo à Coreia do Norte

Cuba admitiu estar por trás de um carregamento militar que foi descoberto dentro de um barco com a bandeira da Coreia do Norte retido pelo governo do Panamá.
 
O navio Chong Chon Gang, procedente de Cuba, foi detido na semana passada quando se aproximava do Canal do Panamá com armas não declaradas escondidas sob um carregamento de açúcar.
 
O governo do Panamá disse que a embarcação contrabandeava "um equipamento sofisticado de mísseis" através do canal.
 
Na noite dessa terça-feira, o ministro de Relações Exteriores de Cuba disse em comunicado que o navio levava armas obsoletas cubanas para serem consertadas na Coreia do Norte.
Sanções da ONU impedem que a Coreia do Norte exporte e importe armas. No caso das importações, apenas armamentos leves são permitidos.

Entenda o que se sabe até agora sobre o incidente:
 
O que aconteceu?
O ministro da Segurança do Panamá, José Raúl Mulino, disso à BBC que "o barco foi detido na quarta-feira passada, por causa de uma informação relacionada com drogas".No entanto, ele afirmou que os armamentos foram descobertos na segunda-feira.
 
"O fiscal antidrogas foi quem deu a ordem. No entanto, como houve resistência e violência da tripulação ─ o capitão tentou suicidar-se duas vezes ─ tivemos esse problema até o sábado à noite, quando o barco já estava no porto e a tripulação fora do barco. Pudemos então começar a trabalhar sem parar, como se está trabalhando", disse o ministro.
 
Na terça-feira à noite, um comunicado oficial do Ministério das Relações Exteriores cubano admitiu que o navio levava armas obsoletas de Cuba para serem consertadas na Coreia do Norte.
 
No entanto, a nota diz que Cuba reafirma seu compromisso com "a paz, o desarmamento, incluindo o desarmamento nuclear, e o respeito pelas leis internacionais".

O que se sabe sobre o carregamento?
Cuba afirmou que o navio carregava 240 toneladas de "armamento de defesa obsoleto" ─ dois complexos de mísseis anti-aéreos, nove mísseis divididos em partes menores, dois aviões de caça MiG 21-Bis e 15 motores de MiG.
 
O comunicado cubano disse que as armas haviam sido fabricadas em meados do século 20. Elas passariam por uma manutenção na Coreia do Norte e seriam levadas de volta ao país.
 
"Os acordos assinados por Cuba nesse campo incluem a necessidade de manter nossa capacidade defensiva para preservar nossa soberania nacional", diz a nota.
 
O país afirmou ainda que o navio estava carregado com cerca de 10 mil toneladas de açúcar.
 
O governo do Panamá estava descarregando o navio para investigar seu conteúdo. "É uma barbaridade de açúcar e como os tripulantes danificaram os guindastes do próprio barco, é preciso tirá-la com guindastes de fora e com mão de obra humana, saco a saco. É um trabalho grande", disse o ministro de Segurança José Mulino.
 
O presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, fez o anúncio da detenção do barco em sua conta no Twitter.
 
Martinelli afirmou não é permitido navegar através do Canal do Panamá com armas de guerra não declaradas.
 
O navio norte-coreano deixou o extremo leste da Rússia em abril e cruzou o oceano Pacífico com seu sistema de localização automática desligado ─ uma manobra "suspeita", segundo o correspondente de segurança da BBC, Frank Gardner.

O que aconteceu com o barco e com a tripulação?
As autoridades detiveram cerca de 35 membros da tripulação, quem teriam resistido fortemente, segundo Martinelli.
 
A agência de notícias Reuters cita uma entrevista do presidente a um canal de televisão do país, em que ele teria dito que o capitão do navio tentou o suicídio depois que a embarcação foi apreendida.
 
Os tripulantes e o capitão foram levados à ex-base aeronaval americana de Sherman, que agora está sob a direção do Serviço Aeronaval do Panamá.
 
O ministro de Segurança, José Raúl Mulino, afirmou que o governo consultará a ONU para determinar a que organismo teria que entregar os prisioneiros caso se confirmasse o contrabando de armas de guerra.
 
O navio Chong Chon Gang já havia sido objeto de controvérsias em anos anteriores.
 
Hugh Griffiths, especialista em tráfico de armas do Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo, na Suécia, diz que a embarcação havia sido capturada anteriormente por traficar drogas e munições, segundo a agência de notícias Associated Press.
 
O barco foi retido em 2010 na Ucrânia e foi atacado por piradas na costa da Somália em 2009. Nesse mesmo ano, chamou a atenção do Instituto por causa de uma parada que fez em Tartus, o porto sírio onde a Rússia tem uma base naval.

Que restrições pesam sobre a Coreia do Norte em relação a armamentos?
As sanções da ONU impedem a Coreia do Norte de exportar e importar armamentos. No caso das importações, só armas leves são permitidas.
 
As restrições se intensificaram logo depois que Pyongyang realizou seu terceiro teste nuclear em 12 de fevereiro, quando os Estados Unidos passaram inspecionar navios norte-coreanos suspeitos.
 
Nos últimos anos, diversos barcos norte-coreanos foram confiscados sob o regime de sanções da ONU.
 
Em julho de 2009, um navio da Coreia do Norte rumo à Birmânia (também conhecida como Mianmar) foi obrigado pela marinha americana a voltar a seu porto quando se suspeitou que ele levava armas.
 
Especialistas acreditam que Pyongyang está desenvolvendo uma ogiva nuclear suficientemente pequena para ser colocada em um míssil de longo alcance.
 

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