o meliante homiziado no Congresso ordena ao ministro que passe o Carnaval no Bola Preta
Depois de processar o jornalista Ricardo Noblat por ter enxergado uma
ofensa racista que não houve, o ministro Joaquim Barbosa preferiu não
escutar insultos criminosos berrados a poucos metros dos seus ouvidos
por Rodrigo Grassi, assessor da deputada federal Erica Kokay. “Nem
notei”, minimizou Barbosa. “Quando fui notar, já estava dentro do carro.
Foi quando eu vi que eram três, quatro pessoas se manifestando. O
Brasil é uma democracia, faz parte das liberdades”. A brandura do
ministro animou a parlamentar do PT do Distrito Federal a absolver
liminarmente o subordinado.
“Ele não estava em horário de trabalho”, alegou a chefe do caso de
polícia. ”Não vou entrar no mérito se ele agiu corretamente. O que posso
dizer é que não estava em horário de trabalho e nem estava
representando o gabinete. Ele só representa quando está a serviço. E ele
cumpre sua jornada de trabalho absolutamente dentro daquilo para o que é
contratado”. Conjugados, o equívoco de Barbosa e o cinismo da deputada
autorizam um funcionário do Congresso a agir, assim que o expediente
termina, com a selvageria dos bucaneiros de torcida organizada.
O que muda é o alvo: em vez de adversários do seu time, o torcedor do
Fluminense atacou o chefe do Poder Judiciário. Como atesta o vídeo que documentou a agressão,
o ministro foi provocado com palavras de ordem que celebram o
presidiário José Dirceu e acusado aos gritos de projeto de ditador,
autoritário, tucano e corrupto. Pela reação misericordiosa, não ouviu
nada de mais. Talvez mude de ideia, e descubra que está lidando com um
reincidente sem cura, depois de apresentado ao vídeo acima, que registra
a estreia de Rodrigo Grassi no combate ao inimigo de toga. Embora tenha
sido divulgado antes da agressão ocorrida em Brasília, só virou sucesso
de público na internet quando o protagonista pousou no noticiário
político-policial.
Batizado de “Recado pro Joaquim Barbosa”, assim começa o desfile de abjeções:
“Eu
queria mandar aqui um recado pra o ministro Joaquim Barbosa, o Batman
da VEJA, das elites e da Rede Globo: Oh, ministro, quer dizer então que o
único que detém saber jurídico, o único que vota de acordo com o
jurisdiquês é o senhor? Quer dizer então que quem votar em desacordo com
Vossa Excelência é político, é isso? Seu autoritário!”.
Sem
camisa, de óculos escuros, carregando no sotaque carioca, o quarentão
que prolonga os fios traseiros para disfarçar o desmatamento dos cabelos
da frente sublinha o falatório com o tom cafajeste dos que se julgam
condenados à perpétua impunidade:
“Outra coisa: já que o senhor é o bonzinho, o senhor é o
santinho, explica aí para a sociedade como foi que o senhor comprou à
vista um apartamento, um milhão de dólares, em Miami? Explica aí que o
senhor se apropriou do endereço do seu apartamento funcional para criar
uma empresa particular. Explica, ministro! Explica também como é que o
senhor tem utilizado as passagens aéreas do Supremo para o senhor, para a
sua esposa, para eventos que nada têm a ver com o Supremo. Explica,
ministro!” O atrevimento chega ao climax no fecho nos segundos finais: “Então, senhor ministro, tá brabinho? Tá com raivinha?. Vai
pular o Carnaval. Aproveita o Carnaval aí. Pega uma daquelas máscaras
de Vossa Excelência que ficou encalhada, que ninguém quis comprá lá e
vai cantá lá: Lugar quente é na cama ou então no Bola Preta. Quebrou a
cara, seu coxinha!”
Especialmente sensível a insinuações racistas, Joaquim Barbosa
decerto enxergará o que está embutido na escolha do bloco carnavalesco. O
delinquente sustentado com o dinheiro dos pagadores de impostos poderia
ter sugerido, por exemplo, a Banda de Ipanema. Não foi por acaso que
ordenou ao ministro que se juntasse ao Bola Preta. Gente assim parece
perigosa, mas nem precisa de castigos duros para ficar exemplarmente
mansa. A valentia dos rodrigos grassis não dura mais que uma semana na
cadeia.
Fonte: Blog do Augusto Nunes
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