O Indec
argentino, que a arrogante senadora Gleisi Hoffmann, nova pit bul do
lulopetismo (e sempre de nariz empinado), queria imitar, chegou a
falsificar dados sobre a inflação. Editorial do jornal O Globo:
A
experiência desaconselha misturar interesses político-partidários com
instituições públicas de pesquisa, entre outras. Como prova, aí está o
problema criado pela senadora petista Gleisi Hoffmann (PR) — aguerrida
defensora do governo Dilma, de quem foi ministra-chefe da Casa Civil —
com o corpo técnico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), entidade respeitável do Estado brasileiro. A polêmica trata de
parte da nova pesquisa por amostra de domicílios, a “Pnad Contínua",
importante aperfeiçoamento na apuração de indicadores sócio-econômicos
no Brasil, por ser aplicada num universo bem mais amplo que a conhecida
Pnad. Ao abranger 3.500 dos 5.700 municípios, ela garante informações
mais precisas.
A questão
é que sairão da nova Pnad os dados regionais de renda para efeito de
cálculo dos novos parâmetros aos quais se subordinará a distribuição dos
recursos do fundo de participação de estados e municípios — um assunto
crucial para governadores e prefeitos.
O
problema começou quando a senadora colocou sob suspeita a capacidade de o
IBGE fornecer informações de qualidade para a recalibragem do fundo de
participações, e nos prazos legais. O conselho diretor do IBGE suspendeu
a Pnad Contínua, jogando sua retomada para 2015 — depois das eleições.
De maneira compreensível, a diretora do IBGE Marcia Quintslr se
exonerou, sendo acompanhada por técnicos. Entende-se o gesto como
pertinente ação cautelar diante de precedentes de interferência
político-partidária. O exemplo mais conhecido é a ingerência de frações
petistas no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), também
estatal, durante um certo período, quando chegou a haver uma caça
ideológica às bruxas. Seu presidente à época, o economista Márcio
Pochmann, depois candidatou-se pelo partido, sem êxito, à prefeitura de
Campinas.
Foi
lógico relacionar a ação da senadora ao fato de a Pnad Contínua, por
características técnicas, mostrar um índice de desemprego diferente
daquele que é divulgado mensalmente. Mesmo que os números não possam ser
comparados, os 7% de desemprego da nova pesquisa desagradam os
marqueteiros da campanha de Dilma, já certamente com peças de propaganda
nas gavetas para exaltar o índice de 5% apurado pelo indicador velho,
em apenas seis regiões metropolitanas.
O clima
ontem à tarde era de desanuviamento. Os técnicos tratam de reformular o
esquema de trabalho, para a Pnad Contínua fornecer os dados de renda
regionais nos prazos legais, enquanto a ministra do Planejamento, Míriam
Belchior, considera tudo um mal-entendido e reafirma que o instituto
tem total autonomia operacional.
Melhor
assim. Seria inaceitável o IBGE seguir o destino do congênere argentino
Indec, subjugado aos interesses do governo de Cristina K, a ponto de
falsificar as taxas oficiais de inflação. Como Casa Rosada e Planalto
têm preocupantes afinidades, é preciso manter-se vigilante.
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