Carlos Newton
Sobre o caso da refinaria de Pasadena, o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, alega que há algum tempo foi ao Senado e falou por três horas “para explicar as estratégias e as razões econômicas da operação”. “Desmontei a falsidade da informação que está sendo veiculada insistentemente dos US$ 42 milhões, do preço inicial, do US$ 1,1 bilhão do preço da refinaria. Expliquei que o mercado naquele momento era outro”, disse ele ao Estadão.
Gabrielli argumentou ainda que o preço da refinaria, em termos de
ativo, foi de US$ 486 milhões. “Isso, a 100 mil barris por dia,
corresponde a US$ 4.860 por barril. Desafio qualquer analista a dizer
que este preço está acima do mercado, mesmo com a disputa judicial”,
afirmou, acrescentando: “O custo de refinaria foi de US$ 486 milhões, o
US$ 1,2 bilhão corresponde ao custo da matéria-prima adquirida, as
garantias bancárias e o processo judicial. Portanto, não é custo da
refinaria”.
Segundo o Estadão, ele argumentou ainda que é preciso ponderar que a
refinaria está produzindo. “Se ela hoje produz 100 mil barris por dia, a
US$ 100 dólares o barril, são US$ 10 milhões de faturamento diário. US$
3,6 bilhões por ano de faturamento. Isso não conta?”, pergunta. “A
usina está dando lucro”.
PIADA DO ANO
As declarações de Gabrielli podem ser consideradas como a piada do
ano. É uma conta sem sustentação dizer que o custo foi apenas “US$ 486
milhões, e o US$ 1,2 bilhão corresponde ao custo da matéria-prima
adquirida, as garantias bancárias e o processo judicial”. Ele nem sabe
direito o valor das parcelas desse cálculo. Seus números não batem. A
contradição é flagrante.
Mas o pior mesmo é dizer que a refinaria produz 100 mil barris por
dia. Instalada em 1934 pelo grupo Rockefeller, 100 mil barris é a
“capacidade nominal” daqueles áureos tempos. A unidade hoje
completamente está sucateada. Por isso foi vendida por míseros US$ 42,5
milhões. Ninguém sabe quanto a Petrobras investiu (Além dos US$ 1,2
bilhão) para mantê-la operando. Mas esses números logo serão conhecidos.
Quanto aos 100 mil barris/dia alegados por Gabrielli, isso é um
verdadeiro delírio. Se Pasadena produzir 25 mil barris/dia já será uma
façanha extraordinária. Justamente por isso, a produção real da
refinaria de Pasadena é hoje o segredo mais bem guardado da Petrobras.
Mas a verdade em breve virá à tona, e os argumentos de Gabrielli vão
virar piada de salão, como diz seu amigo Delúbio Soares.
Fonte: Tribuna da Internet