Era o único candidato que o ex-presidente Lula, o PT e a ainda presidente Dilma Rousseff (citados aqui pela ordem de importância, claro)
realmente temiam. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro
Joaquim Barbosa, era mesmo o adversário a vencer, caso tivesse aceitado
os diversos convites que partidos políticos tentaram lhe fazer.
Motivo 1: um candidato limpo, com impressionante
histórico de superação familiar e pessoal, sem antecedentes políticos,
com serviços prestados ao país, falando fluentemente quatro línguas e
tocando dois instrumentos sofisticados – piano e violino.
Motivo 2: com esse currículo de ascensão social e intelectual, Barbosa reunia, ao mesmo tempo, as qualidades de Lula e de FHC.
Motivo 3: a imensa maioria do respeitável público
está inteiramente decepcionada com os políticos profissionais e anseia
pelo surgimento de uma terceira via.
Motivo 4: é verdadeiramente negro, o que atrairia a simpatia dos afrodescendentes no país mais miscigenado do mundo.
MUITOS CONVITES
Não faltava partido para acolhê-lo, seja para se candidatar a
presidente da República, deputado federal ou senador pelo Rio de
Janeiro, onde tem domicílio eleitoral. Em pesquisas nacionais para a
sucessão de Dilma Rousseff, estava em segundo lugar, com cerca de 15%
das intenções de voto. Nada mal, para quem não é político nem era
candidato. E sua participação significaria segundo turno na certa.
Mas Barbosa acabou desistindo, em função das “notícias” que começaram
a ser “vazadas” para a imprensa, como a nota saída em O Globo,
publicada pelo colunista Ilimar Franco, anunciando que Barbosa já
iniciara conversas informais com dirigentes do Partido Verde, visando a
uma possível filiação.
Ilmar Franco foi traído pelo informante do PV, um partido dominado há
mais de 15 anos por um grupo verdadeiramente desqualificado (assim como o demais partidos, ressalve-se).
Apesar do assédio,
Barbosa jamais havia se encontrado com qualquer
representante de partido político. A notícia era rigorosamente falsa.
GOTA D’ÁGUA
Revoltado com a farsa montada pelo PV, o ministro Joaquim Barbosa
então jogou a toalha. Foi uma pena. Milhões de eleitores ficaram
decepcionados, não há a menor dúvida. Numa disputa presidencial,
alcançar 15% de preferência tem um significado enorme.
Barbosa deve ficar no Supremo até o final de seu mandato na
presidência do tribunal, no final do ano, depois pedirá aposentadoria,
sendo substituído pelo petista Ricardo Lewandowski. Terá uma despedida
melancólica, pois vai ser repetidamente derrotado nesta fase dos
embargos infringentes.
Como se diz na linguagem política, “o cavalo passou encilhado em sua
frente”, mas Barbosa não quis nem se aproximar da montaria. Mas ainda há
tempo. Tem até 5 de abril para mudar de ideia.