Prezada Letícia,
Antes de mais nada, gostaria de dizer que
admiro seu talento como atriz e também te considero muito bonita.
Infelizmente, você tem endossado certas ideias um tanto estapafúrdias,
aplaudido regimes nefastos como o cubano, e alegado que se arrepende de
ter usado uma camisa com a bandeira americana no passado, chegando a
afirmar que se fosse hoje usaria uma com o Che Guevara.
Ontem, sua casa no Itanhangá foi
assaltada por bandidos armados, que lhe fizeram de refém enquanto sua
filha dormia logo ao lado. Lamento o que você passou, pois deve ser, sem
dúvida, uma experiência traumática. Nossa casa é nosso castelo, e se
sentir inseguro nela é terrível, especialmente quando temos filhos
menores morando com a gente. A sensação de impotência é avassaladora, e
muitos chegam a decidir se mudar do país após experiências deste tipo.
O que eu gostaria, entretanto, é que você
fosse capaz de fazer uma limonada desse limão, ou seja, que pudesse
extrair lições importantes desse trauma que ajudassem a transformá-la em
uma pessoa melhor, mais consciente dos reais problemas que nosso país
enfrenta. Se isso acontecesse, então aquelas horas de profunda angústia
não seriam em vão.
Como você talvez saiba, sou o autor do livro Esquerda Caviar,
que fala exatamente de pessoas com seu perfil (aproveito para lhe
oferecer um exemplar autografado, se assim desejar). Artistas e
“intelectuais” ricos, que vivem no conforto que só o capitalismo pode
oferecer, protegidos pela polícia “fascista”, mas que adoram pregar o
socialismo, a tirania cubana ou tratar bandidos como vítimas da
sociedade: eis o alvo da obra.
Essa campanha ideológica feita por esses
artistas famosos acaba tendo influência em nossa cultura, pois, para o
bem ou para o mal (quase sempre para o mal), atores e atrizes são
formadores de opinião por aqui. Quando um Sean Penn, por exemplo, abraça
o tiranete Maduro na Venezuela, ele empresta sua fama a um regime
nefasto, ignorando todo o sofrimento do povo venezuelano. Isso é algo
abjeto.
No Brasil, vários artistas de esquerda
têm elogiado ditaduras socialistas, atacado a polícia, o capitalismo, as
empresas que buscam lucrar mais de forma totalmente legítima, etc.
Muitos chegaram a enaltecer os vagabundos mascarados dos black blocs,
cuja ação já resultou na morte de um cinegrafista.
Pois bem: a impunidade é o maior convite
ao crime que existe. Quando vocês tratam bandidos como vítimas da
sociedade, como se fossem autômatos incapazes de escolher entre o certo e
o errado, como se pobreza por si só levasse alguém a praticar uma
invasão dessas que você sofreu, vocês incentivam o crime!
Pense nisso, Letícia. Gostaria de
perguntar uma coisa: quando você se viu ali, impotente, com sua
propriedade privada invadida, com armas apontadas para a sua cabeça,
você realmente acreditou que estava diante de pobres vítimas da
“sociedade”, coitadinhos sem oportunidade diferente na vida? Ou você
torceu para que fossem presos e punidos por escolherem agir de forma tão covarde contra uma mãe e uma filha em suas próprias casas?
Che Guevara, que você parece idolatrar
por falta de conhecimento, achava que era absolutamente justo invadir
propriedades como a sua. Afinal, o socialismo é isso: tirar dos que têm
mais para dar aos que têm menos, como se riqueza fosse jogo de soma zero
e fruto da exploração dos mais pobres. Você se enxerga como uma
exploradora? Ou acha que sua bela casa é uma conquista legítima por ter
trabalhado em várias novelas e levado diversão voluntária aos
consumidores?
Nunca é tarde para aprender, para tomar a
decisão correta. Por isso, Letícia, faço votos para que esse desespero
que você deve ter sentido ontem se transforme em um chamado para uma
mudança. Abandone a esquerda caviar, pois ela não presta, é hipócrita, e
chega a ser cúmplice desse tipo de crime que você foi vítima. Saia das
sombras do socialismo e passe a defender a propriedade privada, o
império das leis, o fim da impunidade e o combate ao crime, nobre missão
da polícia tão demonizada por seus colegas.
Te espero do lado de cá, o lado daqueles
que não desejam apenas posar como “altruístas” com base em discurso
hipócrita e sensacionalista, daqueles que focam mais nos resultados
concretos das ideias do que no regozijo pessoal com as aparências de
revolucionário engajado. Será bem-vinda, como tantos outros que já
acordaram e tiveram a coragem de reconhecer o enorme equívoco das lutas
passadas em prol do socialismo.
Um abraço,